Memórias
no Tempo |
Acontecimentos, Factos e Registos em Loriga de
outras eras |
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Registar a História é
uma cadeia de solidariedade no tempo e um abraço das gerações
que nos faz conviver com os que já viveram.
Registos da Vila de Loriga em tempos há muito passados: |
I - Loriga no Ano de 1931
* |
Santa Maria Maior (a 42 Km da estação
férrea de Nellas e a 22 Km de Ceia, sede de concelho. J.P.. Altitude 741 metros
- População: 2.488 habitantes. C.Postal - 3 - T.P a L.
A 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra.
É a primeira e a mais importante freguezia do Concelho e uma das principaes
do districto da Guarda, pela sua população, commercio, industria e riqueza
precuária; no fabrico de laníficios, empregando diariamente cêrca
de mil operários de ambos os sexos. N`esta freguezia se fabrica o conhecido
queijo Serrano.
Possue os seguintes templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa
Senhora da Guia; Nossa Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora.
Tem minas de volfrâmio, ferro, estanho, e arsénico, descobertas, mas não
exploradas. Por emquanto é o terminus da estrada districtal que há-de
ligar Viseu à Covilhã, estabelecendo communicação, directa
entre os dois districtos. Está projectada uma estrada de penetração
para a Serra e um funicular electrico, quando aproveitadas as quedas d´agua de
Loriga. Possue seis artisticos chafarizes publicos mandados construir pela colónia
loriguense de Manaus (Brasil-Amazonas) e é iluminada à electricidade.
Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Viseu. |
*** |
-Abegoarias (Proprietarios de):-António
Duarte Leitão; António Lapeiro.
-Agências Bancárias:-Banco Aliança; Borges & Irmão, José
Henriques & Totta, Limitada, José
Moura Pina & Filho; J.M. Fernandes
Guimarães & C. Limitada, José
Luiz Duarte Pina & Irmãos;
Banco Nacional Ultramarino, Lisboa & Açores, Espirito Santo, Banco do Minho
e Borges & Irmão, António
Gomes Leitão & Filho.
-Agências Seguros:-Accidentes de trabalho, Emilio
R.Leitão; Mundial; António G. Leitão& Filho; Portugal Previdente e Lisbonense, José Moura Pina & Filho.
-Alambiques:-José
Cabral; José Mendonça Gouveia Cabral.
-Almocreves:-Elisa
de Jesus; José Alves de Oliveira; Vicente de Jesus.
-Alfaiates:-António
de Brito Pereira; Francisco Martins de Clara; José Fernandes Urtigueira; Placido
Pinto Luis dos Santos.
-Annuario Commercial de Portugal:- correspondente, Carlos
Cabral Leitão.
-Apicultura mobilista:-António
Cabral Leitão.
-Armador de Igrejas:-José
Fernandes de Brito.
-Artigos Photographicos:-Francisco
Manazes.
-Automóveis (Aluguer de):-Garage
Commercio e Industria; Garage Estrella Leitão & Irmãos.
-Avicultura:-Carlos
Santos; José Bonito & C.; José Lemos de Moura.
-Azeite
(Negociantes de):-José Alves
de Oliveira; José Lages; Natividade do Fidão; Vicente de Jesus.
-Azeite
(Productores de):-António Cabral
(Herdeiros de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura.
-Azenhas:-António
Cabral (Viuva de); António Gomes Leitão; António Lopes Canhão;
António Cardoso de Moura; Elisa Cecilia; Joaquim Fernandes Gomes, Joaquim Lucas.
-Barbeiros:-Francisco
do Senhor; Joaquim Alves Simão Junior; José Farias, Filho.
-Cabedaes:-José Luiz Lages Junior.
-Cabo d`Ordens:-José
Amaro de Brito.
-Calçado de ourelo (Fabricante de):-Libania
Pereira.
-Carnes frescas (Açougueiros):-Francisco
Gomes; José Cardoso de Pina; José da Costa; José Fernandes de
Brito.
-Carpinteiros:-Abilio
Pires Figueiredo; Francisco Augusto; Manuel António Mendes.
-Cereais e Legumes:-José
Diniz; Augusto Pinto das Neves; Francisco Gomes; Joaquim Nunes Luiz Junior; José
de Moura Pina & Filho.
-Chá e Café:-José
de Moura Pina & Filho.
-Chapeus:-António Gomes Leitão & Filhos; António
Luiz Duarte Pina & Irmãos; António Pinto Caçapo; Felismina
Simões & Filho; José Lages Junior.
-Cinematographo:-Salão Viriato.
-Conservas:-António
Mendes Luiz d`Abreu.
-Correio:-Chefe
da estação telegrapho-postal, Lucinda
Direito.
-Correio:-Distribuidor,
José Fernandes de Brito.
-Drogas e tintas:-João
Velloso.
-Escolas Primarias officiaes (Professores):-Alice
d`Almeida Abreu; Irene d`Almeida Abreu; Pedro d`Almeida.
-Electricista:-António Pedro.
-Fazendas:-António Gomes Leitão & Filho; António
Luis de Brito Inácio & C.;. António Pinto Caçapo; Felismina
Simões de Moura; José Diniz; José Mendes Simão; Libania
Pereira; Luciano Simões.
-Ferragens:-António
Luis Duarte Pina & Irmãos; Manoel de Jesus Pina.
-Gados
(Creação de):-Vacum, lanigero e caprino (Vide proprietários).
-Garage de automoveis de aluguer:-Garage
Commercio e Industria;Garage Estrella, Leitão & Irmão; José
Bonito & C.
-Gazolina (Deposito de):-Carlos
Cabral Leitão; José de Moura Pina & Filho; Leitão e Irmão.
-Guia da Serra:-Emygdio
Moço.
-Horticultores (Fornecedores de generos de):-Augusto
Luis Mendes & C.
-Hospedarias:-Joaquim
Fernandes Gomes; José Fernandes Brito (Pensão)
-Hotel:-José Lemos de Moura
-iIluminação:-Empresa Hidro-Electrica da Serra da Estrela, representante,
Antonio Pedro.
-Julgado da Paz, Juiz de paz:-Pedro
d`Almeida.
-Escrivão:-Joaquim
de Moura Simão Junior.
-Lanificios (Fábricas de):-Antonio
Cabral, Sucessores; Augusto Luiz Mendes & C. Limitada; Leitão & Irmãos;
Moura Cabral & C.; Manoel Gomes Leitão & Filho; Pina,Nunes & C..
-Lanificios (Fabricantes de):-Alfredo
Mendes Cabral; Antonio Luiz Duarte Pina; Antonio Nunes Luiz; Carlos Nunes Cabral; José
Lages; Pina & Simão.
-Latoeiros:-João
Apparicio de Carvalho; José Fernandes Mendes.
-Louça:-Antonio
Luiz de Brito Ignacio & C.; Antonio Luiz Duarte Pina & Irmãos; Antonio
Pinto Caçapo: Felismina Simões & Filho; Manoel de Jesus Pina.
-Louça esmaltada:-Antonio
Luiz de Brito Ignacio; Manoel de Jesus Pina.
-Machinas de costura (Deposito de):-Antonio
Gomes Leitão & Filho.
-Madeiras
(Deposito de):-Antonio Mendes Cabral
-Marceneiro:-Antonio
Pires Figueiredo
-Médico:-Dr. Antonio
Gomes.
-Mercearias:-Alexandre
Moura; António G. Leitão, & Filho; António Luis de Brito Inácio,
& C.;Antonio Luiz Duarte Pina & Irmãos; António Pinto Caçapo;
Arthur Dias; Antonio Pinto Neves; Felismina Simões & Filho; Francisco Gomes;
José de Almeida (Viuva de); José Lages; José Memdes Pina; José
Mendes Simão; José Moura Pina & Filho (armazem); Libania Pereira; Luciano Simões; Manoel Mendes Luiz
d`Abreu (Viuva de); Seraphim Lopes Cardoso (Viuva de); Vicente Joaquim.
-Minas de estanho:-Companhia das Minas do Malhão.
-Miudezas:-António Gomes Leitão & Filho; Antonio Luiz
Brito Ignacio & C.; Antonio Pinto Caçapo; Felismina Simões &
Filho; José Mendes Simão; Libania Pereira.
-Modas e bordados:-Antonio
Gomes Leitão & Filho; Antonio Luiz de Brito Ignacio & C.; Felismina
Simões & Filho.
-Modistas:-Maria Thereza Antunes de Moura; Emilia do Conde; Maria do
Carmo do Gaudencio; Eduarda Ambrosia.
-Moveis:-Antonio Gomes Leitão & Filho; Felismina Simões
& Filho; José Lages.
-Padarias:-António da Costa Neves; Francisco Gomes; Gracinda
Mendes de Jesus.
-Papel para embrulho (Deposito de):-José
de Moura Pina & Filho.
-Papelarias:-Antonio
Gomes Leitão & Filho; António Luiz de Brito Ignacio & C.; Antonio
Luiz Duarte Pina & Irmãos; Antonio Pinto Caçapo; Felismina Pinto
Caçapo; José de Moura Pina & Filho.
-Parocho:-António Mendes Cabral Lages.
-Parteiras:-Anna Cecilia;
Maria Thereza Barona.
-Pedreiros (Mestres d`obras):-Arthur
de Brito Amaral; José Machado.
-Peixe fresco:-Francisco
Gomes; José Bonito.
-Perfumes:-Pharmacia Manazes.
-Petrechos de caça:-Manoel
Mendes Luiz d`Abreu.
-Pharmácia-Popular:-Thomaz
Manazes.
-Pintor:-João Velloso.
-Pneus e accessorios:-José
de Moura Pina & Filho.
-Postaes illustrados:-Felismina
Simões & Filho; José de Moura Pina & Filho; Leitão &
Irmãos.
-Proprietários:-António
Cabral (Herdeiros de); Antonio Elias; Antonio Fernandes Gomes; Antonio Gomes Leitão;
António Gomes Luiz; Antonio Lopes Vide; Antonio Luiz Banco; Antonio Luiz Brito
Ignacio & C.; Antonio Mendes Gouveia Cabral; Antonio Moura Romano; Antonio Pinto
Luiz; Augusto Gomes Lages; Augusto Gomes Leitão; Augusto Luis Mendes (Herdeiros
de); Augusto Luis Mendes Junior; Augusto Pereira dos Santos; Emygdio Santos Manuelito;
José Luiz Alfaiate; João Mendes Velloso; Joaquim Gomes Pina (Viuva de);
Joaquim Lucas; José Gomes; José Gomes Luiz Lages; José Gomes Luiz
Pina; José de Lemos; José Luiz Duarte Pina; José Macedo; José
Mendes Abreu (Herdeiros de); José Mendes Cabral; José Monteiro; José
de Moura Pina; José de Moura Galvão; José Nunes Luiz; José
de Pina Pires; José dos Santos Furtado; Manoel Dias Aparicio; Manoel Gomes Lages;
Manuel Gomes Leitão; Manoel de Jesus Pina; Manoel Mendes Luiz Abreu; Manoel
dos Santos Silva.
-Queijos (Produtores
de):-José Alfaiate; José
Alfaiate (Filho); Manoel Correio.
-Regedor:-Luciano Mendes Cabral Lages-Substituto:-Alfredo Nunes Luiz.
-Registo Civil (Posto de):-Ajudante, Pedro
de Almeida.
-Sociedades de recreio:-Associação Catholica de Operários
e Artistas; Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga; Sociedade Philarmonica.
-Relojoaria:-Manuel
Alves Galinha.
-Sapatarias:-Antonio
de Brito Amaro; Antonio Fernandes Gomes; Antonio Lourenço; Emilio João
de Brito; José Cardoso de Pina; José Fernandes de Brito.
-Saúde Pública (Sub-inspector):-Dr.
António Gomes.
-Serralharia:-Loriguense
-Tabacos:-José Lages; José de Moura Pina.
-Tamancos e Chancas (Depositarios de):-Antonio
Gomes Leitão & Filho; António Pinto Caçapo; Felismina Simões
& Filhos; José Diniz; José Fernandes Conde; José Moura Pina
Fernandes; Manoel de Jesus Pina.
-Vidraria:-Luiz de Brito Ignacio & C.
-Vinhos
(Produtores de):-Amalia Nunes de Pina;
Antonio Cabral (Viuva de); Antonio Cabral Leitão; Antonio Cardoso de Moura;
Padre Antonio Mendes Lages; Carlos Luiz Mendes; José de Mendonça Cabral;
José Tapora; Manoel Gomes Leitão; Matheus Moura Galvão.
-Vinhos
(A retalho):-Alexandre Moura; Arthur
Dias; José Diniz; José Mendes de Pina; Manoel Jesus Pina; Manoel Mendes
Luiz d`Abreu; Vicente Joaquim. |
* (Esta Transcrição foi
escrita na integra, tal como se escrevia na época) |
(Registado aqui - Ano de 2003) |
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II -Loriga no Ano de 1942 |
É a primeira e a mais importante
freguesia do concelho de Seia e uma das principais do Distrito da Guarda, pela sua
população, comércio, industria e riqueza pecuária no fabrico
de lanifícios, empregando diariamente cerca de mil operários de ambos
os sexos. Nesta freguesia se fabrica o conhecido queijo da serra.
Altitude 741 metros. População 3.040 habitantes. Possui os seguintes
templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa Senhora da Guia;
Nossa Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora.
A 42 Km da estação férrea de Nelas, a 22 Km de Seia, sede de concelho,
a 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra.
Tem minas de volfrâmio, estanho, ferro e arsénio. Tem artísticos
chafarizes públicos mandados construir pela colónia loriguense de Manaus
(Brasil-Amazonas) e é iluminada à electricidade - voltagem 220 Kv.
Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Alvôco
da Serra, aos sábados |
*** |
-Agências
Bancárias:-Borges & Irmão António
Pinto Caçapo; Credit Franco Portugais, Soto-Maior, Lisboa & Açores,
Espirito Santo e Comercial de Lisboa; António
Gomes Leitão Sucessor; Banco
Nacional Ultramarino, António
Cardoso Moura; Banco Aliança
e Cupertino de Miranda & C., Carlos
Nunes de Pina; J.M. Fernandes Guimarães
& C., António Luis Duarte
Pina & Irmãos.
-Alfaiates:-Àlvaro
Mendes Simão; António de Brito Pereira; António de Pina Pires;
Carlos Fernandes Urtigueira; Plácido Pinto Luis dos Santos; José Fernandes
Urtigueira..
-Apicultores:-António Cabral Leitão; Augusto de Brito Braga.
-Armador de Igrejas:-António de Moura Pina.
-Automóveis (Aluguer
de):-Auto-União Serra da Estrela, Limitada; Ernesto
Duarte Pina; José Bonito.
-Azeite (Produtores de):-António Cabral (Herdeiros de); António Cabral
Leitão; António Cardoso de Moura; Augusto Gomes Leitão; Pedro
Vaz Leal; Urbano Ambrósio de Pina.
-Barbeiros:-Abilio Alves Costa; Francisco Farias.
-Carreiras de Camionetas:-Auto-União
Serra da Estrela, Limitada, de Adelino
Pereira das Neves.
-Casas de espectáculos e recreio:-Grupo
Desportivo Loriguense; Sindicato Nacional dos Operários da Industria de Lanifícios
(Secção de); Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga; Sociedade de
Protecção à Escola Popular; Sociedade Recreativa Musical Loriguense.
-Cereais (Negociantes de):-José Diniz; Manuel de Moura Pina.
-Construção Civil:-António Gomes de Pina Machado; Fonseca & Felix;
João Oliveira & Irmãos; Joaquim Félix & Irmão.
-Correio:-Chefe, Lucinda Direito.
-Despacho Central, (combinado
com a B.A.) Chefe, Ramiro Henriques
Correia.
-Drogarias:-António Gomes Pina Machado; Manuel Moura Pina.
-Escrivão:-José Luis dos Santos.
-Fábricas:-José Lages; Leitão & Irmãos; Augusto
Luis Mendes & C. Limitada; Moura Cabral & C.; Nunes Brito & Pina, Irmãos,
Limitada; Nunes & Cabral, Sucessor; Pina,Nunes & C..
-Farmácia-Popular:-Directora
Técnica, Amália de Brito
Pina.
-Fazendas:-António Gomes Leitão, Sucessor; António
Luis de Brito Inácio & C.;. António Pinto Caçapo; Carlos Nunes
de Pina; Felismina Simões de Moura; José Diniz.
-Ferragens:-António Luis B. Inácio, Sucessor; José
Diniz; Manuel de Moura Pina; Pedro Vaz Leal.
-Filarmónica:-Regente,
António Brito Pereira.
-Funerárias:-António Luis de Brito Inácio, Sucessor; António
Pinto Caçapo; António Gomes Leitão, Sucessor.
-Guia da Serra:-Manuel Pires Figueiredo.
-Iluminação (empresa
concessionada):-Empresa Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela, representante,
João Pereira.
-Jornais:-Diário
de Noticias-Abílio Alves Costa; Século-Artur
Simões de Moura.
-Julgado da Paz:- Juiz,
Alberto Pires Gomes.
-Junta de Freguesia:- Presidente, António Mendes Cabral Lages.
-Lacticinios-Queijos (Fabricantes
de):-Emídio Correio, José
Alfaiate; José Alfaiate (Filho); Manuel Correio.
-Lanifícios (Armazem
de):-António Gomes Leitão
& C.; Augusto Luis Mendes & C. Limitada; José Lages; Leitão &
Irmãos; Manuel Gomes Leitão & Filho; Moura Cabral & C.; Nunes
Brito & Pina, Irmãos, Limitadas.
-Marcenarias:-António Pires Figueiredo; Joaquim de Andrade.
-Médico:-Dr. António Andrade.
-Mercearias:-António G. Leitão, Sucessor; António
Luis de Brito Inácio, Sucessor; António Pinto Caçapo; Carlos Nunes
de Pina; Felismina S. de Moura; José Diniz; José Vicente Figueiredo;
Laura Mozarga; Manuel M. Pina; Maria dos Anjos Antunes; Maria do Carmo Mendes Melo.
-Minas de Volframio e estanho:-José Lages Júnior;
Minas de Loriga, Limitada; Minas do Rombo, Limitada; Sociedade Mineira de Loriga, Limitada.
-Modista:-Alcina de Almeida Abreu; Elvira de Jesus Pina; Maria Teresa
Antunes; Maria Tereza Nunes Amaro; Urbana Ambrósio de Pina.
-Padarias:-António Alves Galinha; José Lopes Junior; José
Maria Pinto.
-Pároco:-António Mendes Cabral Lages.
-Parteiras:-Constança de Brito Pina; Maria Gomes Torrozelo.
-Pensão:-Palmira de Brito Crisóstomo.
-Polvora (Depósito
de):-José Diniz; José
Luis dos Santos.
-Professores:-Alberto Pires Gomes; Irene de Almeida; Alice de Almeida Abreu.
-Proprietários:-António Cabral (viúva de); António Cabral
Leitão; António Cardoso de Moura; António Luis Duarte Pina; António
Mendes Cabral Lages; António Mendes Gouveia Cabral; António de Moura
Cabral; Augusto Gomes Leitão; Augusto Luis Duarte Pina; Augusto Luis Mendes
Júnior; Carlos Cabral Leitão; Carlos Nunes Cabral; Carlos Simões
Pereira; Joaquim Gomes Leitão; Joaquim Gomes Pina (viúva de); José
Lages; José Luiz Duarte Pina (viúva de); Manuel Gomes Leitão;
Maria Helena Cabral Leitão; Pedro Vaz Leal.
-Regedor:-Carlos Simões
Pereira.
-Registo Civil (Posto de):-Ajudante,
Alice de Almeida Abreu.
-Sapatos de Ourelo (Fabricantes
de):-Amélia Moura Pina; Amélia
Pinto Urtigueira; Eduarda Martins Ferrito; Laura de Almeida; Teresa Alves.
-Saúde Pública,
Subdelegado:-Dr. António Andrade.
-Seguros:-Manheimer e Sociedade
Portuguesa de Seguros-António
João de Brito Amaro; Nacional
e a Pátria-Carlos Nunes Cabral; Acidentes de Trabalho-Emílio
R. Leitão; Mundial-António Gomes Leitão, Sucessor; Portugal Previdente-António
Fernandes Carreira.
-Serralharias Mecanicas:-Pedro Vaz Leal; Joaquim Augusto Correia.
-Tabacos (Depósito
de):-José Luiz dos Santos.
-Talhos:-Adriano do Amaral; Alexandre Jorge Moura; José Luiz
dos Santos Firminio.
-Turismo:-Sociedade Defesa
e Propaganda de Loriga. |
(Registado aqui - Ano de 2001) |
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Recortes da Emigraçao
- O "Salto"
Os finais da década de 1950
e principio da década de 1960, está ainda na memória de muitos
de nós, quando ainda eramos crianças e a vivermos nas nossa vilas e aldeias
do interior, ao nos apercebermos que algo de novo acontecia e dominava as conversas
no seio das famílias, mas também nos barbeiros e tabernas, com a noticia
da partida deste e daquele, desses que, pela calada da noite e em absoluto segredo,
desapareciam com destino à França "a
salto", como se dizia.
Sem dúvida que foi um dos recortes da história da emigração
portuguesa que mais pareceu marcar uma geração, com a emigração
clandestina principalmente de Portugal para a França, a ser uma verdadeira realidade,
clandestinidade que vulgarmente se passou a conhecer por o "Salto", marcando uma população em autenticas aventuras
e onde os "engajadores" ou "passadores" tiveram um papel fulcral na saída de muitos portugueses,
que faziam passar nas fronteiras para países prometidos de melhor vida.
Eram tempos que sair do nosso país era delito, que mais se acentuava quando
dependia da idade e circunstâncias, por isso, se poderá compreender da
utilização dos meios ilegais da clandestinidade a que muitos se sujeitavam,
na esperança de uma vida melhor para lá dos Pirinéus. Na altura,
não era fácil a saída da mão-de-obra do nosso país
pelos meios legais, que mais complicado se tornava quando se era de localidades industriais,
como era por exemplo Loriga. |
Estando os países europeus
para lá do Pireneus em grande desenvolvimento, a França para
os portugueses era um horizonte onde a perspetiva de conseguir aquilo que a
suas próprias terras parecia não lhes poder proporcionar, ou
seja uma melhor remuneração ou mesmo uma outra independência
económica e acima de tudo uma vida melhor para os seus familiares, Portugal
vivia num circulo fechado ao mesmo tempo isolado dos restantes países,
a sua população não era dona da sua própria liberdade,
o progresso era lento, o poder económico e social não abrangia
a maioria do povo, ao se ter em conta que o poder se concentrava apenas em
alguns e que lhes interessava o sistema.
Quanto ao potencial interessando nessa aventura, tudo era planeado com o maior
secretismo possível, por isso, na maioria das vezes só se saber
quando o "Salto" era dado ou mesmo já quando se encontravam
por terras de França. Eram na realidade autênticas aventuras sendo
também preciso muita coragem, a saída clandestinamente do país,
sem Passaportes, nem vistos, sem contratos de trabalho, nem amigos à
espera. Eles partiam, hoje um, amanhã outro, homens, só homens
ao começo depois também algumas mulheres.
Já depois em França procuravam trabalho e também a prioridade
de arranjar "papeis", que lhes permitiria depois voltar legalmente a
Portugal (sem medo de serem presos ao atravessarem as fronteiras) para verem
a família.
Passaram-se então a conhecer as histórias de quem teve de andar
a monte a fugir à guarda em Portugal e na Espanha, ou muitos daqueles
que só conseguiram chegar ao destino, graças à muita fantasia
dos "passadores" mais experientes e espertos, que os levavam em todo
o tipo de transportes de cargas, escondidos no meio de mercadorias declaradas.
Na maioria das vezes essas viagens de autenticas aventuras, tanto poderiam
demorar poucos dias como até 20 ou mais, como poderiam também
ser "encerrados"
na lona de uma velha camioneta
sem água e sem comida, como poderia ser uma viagem a maior parte a pé,
como poderia ser uma viagem normal, como poderiam ter de andar sempre escondidos
como animais, assim como, poderem ter a chegada a determinado destino ou não
chegarem vindo por acabar de serem detidos pelas autoridades, como poderiam
também, ser apenas uma mão cheia de pessoas, ou serem grandes
grupos, enfim, uma infinidade de circunstâncias a que se poderá
juntar os caminhos muitas das vezes difíceis e perigosos em que muitos
até perderam a vida. |
|
Percursos por trilhos
desconhecidos |
|
|
Esta emigração clandestina
do chamado "Salto" apesar de nunca ter sido reconhecido, foi também
uma autêntica revolução que modificou culturas, mentalidades e
outra forma de viver em muitas localidades desfavorecidas, principalmente do interior.
O potencial candidato a este meio de emigração clandestina passava acima
de tudo a ser um aventureiro, que começava mesmo pela viagem que tinham pela
frente e que eram realmente de autenticas aventuras para chegarem às terras
de França e assim alcançado o objetivo, que ao serem então "largados"
passavam a partir dali entregues aos seus próprios destinos e se muitos a sorte
logo os protegeu outros não tendo essa melhor sorte, podiam muito bem ver adiado
melhores dias |
|
Por terras desconhecidas
à procura de uma melhor vida |
|
Todo aquele com o pensamento
de emigrar, parecia apenas se concentrar na ideia de lá longe terem
uma vida melhor e conseguirem também adquirir a casita que tanto ambicionava,
por isso mesmo viam no "Salto" o meio de conseguirem ter tudo isso, na maioria
dos casos não tendo posses para pagarem a quantia pedida pelos "engajadores"
se empenhavam, pedindo dinheiro emprestado ou mesmo vendendo a vaca ou a lameira
ou mesmo outros géneros, na esperança de a curto prazo poder
ter bastante dinheiro e poder ver compensado todo esse sacrifício que
começava a fazer.
No meio da engrenagem desta emigração do "Salto"
sobressaia a existência de um sistema marcante, com os mais variados
truques, entre o "passador" e a família do potencial emigrante. O mais
comum era aquele conhecido, como o método truque da "fotografia rasgada" muito utilizado quando metia por meio diversos "passadores",
assim, uma fotografia era rasgada em duas partes, ficando uma em poder do "passador"
inicial ou mesmo na posse da família do emigrante e outra parte era
levada por este, que se encarregava de entregar ao segundo "passador"
que os levava por terras espanholas e depois de estarem já no local
do destino ou seja as terras de França, este "passador" ao
regressar e de posse dessa metade da fotografia, recebia então a restante
quantia para completar o pagamento, como tinha sido previamente combinado.
Como se disse os "engajadores" ou "passadores" tiveram um verdadeiro papel de relevo nesta emigração
clandestina, ao fazerem passar nas fronteiras para países prometidos
de melhor vida, milhares de portugueses. Muitos deles normalmente de localidades
da raia de Espanha, eram grandes conhecedores dos muitos trilhos e caminhos,
bem como, muito habituados a movimentarem-se por terras espanholas mesmo até
na travessia da fronteira francesa.
Se muitos recordam que os "passadores" eram vistos como "pessoas
de bem" que a troco
de um determinado pagamento, que muitas das vezes nem sempre lhes "compensava os trabalhos passados" para levarem até ao fim o que tinha então
sido previamente combinado, o mesmo não se poderá dizer dos muitos
fraudes, enganos e vigarices em que muitos emigrantes caíram, muitas
das vezes acabando mesmo de conhecer prisões e por conseguinte o inevitável
agravamento das suas vida e das suas próprias famílias.
Hoje muitos ainda desses antigos "passadores"
e esses muitos emigrantes,
recordam esses tempos e essas aventuras passadas e apesar de terem sentido
na pele o sacrifício a perseguição e até prisão,
ainda se ouve das suas vozes dizer "valeu
a pena" por verem em
terem contribuído para a evolução e desenvolvimento das
terras praticamente esquecidas e acima de tudo por as pessoas terem melhorado
as suas vidas. |
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São alguns os loriguenses,
que já nos contaram também as suas aventuras e que fizeram parte dessa
emigração do "Salto", contam como os "passadores" vinham a Loriga, normalmente à noite, movimentavam-se
pelas tabernas. Com muito segredo era combinado o preço a pagar, o modo, o local
e o meio de transporte. A partida era sempre de noite, começando logo ali a
aventura. Quanta vezes esperaram horas e horas escondidos na estrada, entre o "Vicente"
e Ponte do "Zé Lages" ou entre o "Portugal" e Senhora da Guia Nova, à espera da chegada de uma
velha camioneta de carga com lona, que os vinham recolher, que muitas das vezes só
aparecia já muito perto da madrugada. |
(Registado aqui - Ano de 2013) |
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1960 - Um Domingo
trágico em Loriga |
Foi no dia 11 de Dezembro de 1960,
era o segundo domingo desse mês que parecia ser igual a muitos outros. O sol
nasceu risonho e a vida quotidiana em Loriga tinha começado, a maioria das pessoas
dirigiase para a missa das 11h00 enquanto outras nomeadamente as donas de casa (que
já tinham assistido à primeira missa) preparavam-se para fazer as lidas
de casa e o almoço. |
|
Pouco depois da 11h00 e quando
muitas das mulheres já estavam a começar a preparar o almoço,
falta a luz em Loriga, que foi demorando algum tempo até novamente voltar.
A senhora Maria dos Anjos Lopes de Brito mais conhecida pela "Tia dos Anjos da Ramalha" na sua casa situada no Largo Dr. Amorim da Fonseca,
estava nesse momento a cozer grão para fazer a sopa, normalmente a sopa
do domingo em quase todas as casas.
Como demorava a vir novamente a luz a senhora dos Anjos, resolveu acender o
fogão a petróleo para adiantar e mesmo antes que o grão
encarolace, só que colocou o fogão a petróleo
por cima do fogão eléctrico, esquecendo-se de desligar este.
Entretanto voltou a luz a "Tia
Ramalha" continuava
a sua lida na cozinha não se apercebendo que a luz tinha voltado.
Costuma-se dizer que é o destino e a sina de cada um, o que é
certo e quando o fogão a petróleo aquece dá-se uma tremenda
explosão que abalou as casas vizinhas e seguindo-se até um foco
de incêndio. Ao primeiro embate as pessoas ficarem aterradas sem saber
o que se tinha passado, foi quando vêm sair de dentro da casa a "Tia Ramalha" completamente
queimada ainda como que o corpo arder mas ainda com algumas forças para
conseguir chegar à rua.
De imediato os mais corajosos correram até ela com mantas ao mesmo tempo
que caia ao chão, enquanto outros apagavam o foco de incêndio
na casa. Ocorreram entretanto outras vizinhas com lençóis com
que embrulharam o corpo da senhora do Anjos gravemente queimado e logo alguém
com carro ali perto se prontificou levá-la para o consultório
do Dr. Mineiro situado na escada que dá aceso à "Rua Escura",
enquanto outros o foram chamar com urgência á sua residência |
|
A rua encheu-se de gente coincidindo
com a saída da missa, comentava-se e lamentava-se o sucedido enquanto
o Dr. Mineiro lutava contra o tempo nos curativos ao corpo queimado e tentado
por sua vez minimizar o sofrimento à pobre mulher.
O corpo da senhora Maria do Anjos, ficou gravemente
queimado com queimaduras profundas que desde logo o diagnóstico era
dito de de gravidade. Foi depois levada para casa onde se manteve em estado
crítico, vindo a falecer 4 dias depois na tarde do dia 15 de Dezembro,
quando não conseguiu mais resistir a todo aquele sofrimento, tinha então
56 anos. O funeral realizou-se no dia seguinte, estava o dia cinzento parecendo
triste, com um mar de gente a acompanhar a "Tia
Ramalha" até
ao cemitério local sua última morada, onde passou a descansar
em paz.
A consternação apoderou-se de
todos os loriguenses, que durante bastante tempo não poderam esquecer
esse tão trágico acontecimento que ficou para muitos gravados
na memória. Um domingo trágico em Loriga, que começou
parecendo um domingo igual a muitos outros. (Registado
aqui - Ano de 2007) |
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Incêndio
na Sede do "Socorro Paroquial" |
O Dia de Natal tinha passado como
que igual a muitos outros, estava um frio de "rachar"
a noite foi tomando conta do dia
numa serenidade própria, o povo foi-se deitando e adormecendo num aprazível
sono reflexo do dia passado em família.
A data de 26 de Dezembro de 1962 tinha acabado de entrar, notando-se aquela habitual
acalmia e do povo sereno dormindo, até que cerca da 4 horas da madrugada, são
os loriguenses acordados com o sino da torre da Igreja a tocar arrebate e simultaneamente
os gritos a se ouvirem "acudam
ao fogo". Num impulso levanta-se o povo com toda a gente a correr na
direcção do "Terreiro
do Fundo" onde se situava a
sede do Socorro Paroquial Loriguense que as chamas devoravam impiedosamente e com muitas
pessoas a empreenderem esforços para evitar que o fogo se propagasse aos edifícios
limítrofes. |
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Aglomerou-se grande multidão
nas cercanias do "Terreiro
do Fundo" olhando aterrados
as chamas enormes que não param de destruir todo o imóvel com
todo o recheio do "Socorro Paroquial" - aparelho de televisão,
telefonia, mobiliário, jogos, etc. - bem como, a casa por baixo e conjunta
da senhora D. Maria do Carmo Luís Abreu proprietária, bem como,
a sua família de todo aquele imóvel que ali estava a ser consumido
pelas chamas.
Choravam e lamentavam-se as pessoas perante tal cenário, impotentes
perante tão grandes labaredas que iam devorando tudo. Entretanto, os
Bombeiros de Seia já tinham sido avisados e que também se sabia
já virem a caminho de Loriga. Os
Bombeiro Voluntários de Seia compareceram na realidade o mais rápido
possível, 20 Km. de estrada que levaram cerca de meia hora a percorrer,
mas ao chegarem já nada havia a fazer, mesmo assim depois de terem chegado
ainda levaram mais de duas horas a extinguir por completo o rescaldo.
Os prejuízos foram avaliados em cerca de duas centenas de contos, lamentou-se
profundamente o sucedido, que constitui grave dano para os proprietários
do prédio e grande prejuízo para o "Socorro
Paroquial", tendo em
conta que nem o edifício da família da senhora D. Maria do Carmo
L. Abreu nem o mobiliário da sede do "Socorro Paroquial" se
encontravam cobertos pelo seguro.
Nos dias seguintes os comentários sobre o incêndio era tema obrigatório,
enquanto uns diziam que tinha sido a causa uma braseira esquecida ainda acesa,
onde diziam ter sido o curto-circuito, nunca se chegando a ter uma certeza
concreta sobre o que na realidade tinha acontecido.
O que pareceu ficar com mais certeza, foi que em casos tais se reconhecer a
grande necessidade de uma delegação de corporação
de Bombeiros Voluntários em Loriga, ideia que já há muito
era falada e que a partir de então passou a ter mais firmeza, só
que depois foi novamente esquecida.
A lição que ficou foi aquele ditado do povo "depois de casa roubada trancas na porta" quando nos dias seguintes se foi tendo conhecimento
de um corrupio de proprietários de prédios ou simplesmente das
casas, correrem aos agentes de seguros a porem suas casas asseguradas. (Registado aqui - Ano de 2010) |
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1971 - Acidente trágico |
Nas primeiras horas da manhã,
do dia 24 de Setembro de 1971, ocorreu um trágico acidente de viação,
que vitimou 3 pessoas e ainda muitos feridos graves e ligeiros. O acidente aconteceu numa curva muito perto de Alvoco da
Serra, quando uma carrinha de transporte de operárias, da empresa de malhas
Lorilan - Nunes & Comp. Lda. de Loriga, embateu violentamente contra um autotanque
da firma de Transportes Jaime Dias, Sucurs, Lda, de Coimbra, que circulava em sentido
contrário. |
O pequeno autocarro pertencia
à fábrica de malhas Lorilan - Nunes & Comp. Lda. de Loriga,
e fazia o transporte diário das operárias para a fábrica
onde trabalhavam e depois o regresso às suas terras, procedimento habitual
como medida recomendada pela própria economia.
Recorde-se que, uma das vítimas mortais,
foi Victor Simão Mendes, natural de Loriga, jovem motorista do pequeno
autocarro, onde viajavam 21 pessoas todas elas mulheres, na grande maioria
jovens, com idades compreendidas estre os 12 e 31 anos.
Na altura, segundo a imprensa escrita, a carrinha
ou mini autocarro como queiram chamar vinha superlotado, o que parecia ser
habitual, tendo mesmo alguns órgãos da comunicação
social avançado, que as pessoas neste mini autocarro vinham autenticamente
engaioladas.
Nos finais da década de 60 e também
nos anos da década de 70 do último século, a expansão
da industria de malhas em Loriga era uma realidade e constituía, à
época, um pilar importante no poder económico da vila de Loriga.
Paralelamente, o fluxo da emigração
loriguense para os países europeus era cada vez mais acentuado. Todas
as semanas havia noticia da saída de pessoas para países como
a França, Alemanha, Luxemburgo, entre outros, e daí, a necessidade
de os patrões recorrerem ao recrutamento, principalmente de operárias,
nas localidades vizinhas.
Nessa altura, começou a ser norma corrente,
no concelho de Seia, os proprietários das firmas procederem à
aquisição de veículos novos ou usados, neste caso autocarros
ou carrinhas, para o transporte de operárias das localidades vizinhas,
uma forma rentável e de grande conveniência para a produtividade
das empresas.
A firma Lorilan - Nunes & Comp. Lda, não
fugiu à regra, só que neste caso concreto a carrinha desta firma
foi adquirida nova em Gouveia. Passando a partir de então a ser também
um meio usual nesta firma de Loriga, com o mini autocarro a percorrer as localidades
vizinhas na recolha do pessoal e, findo o dia, o retorno das operarias às
suas terras e residências. |
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O estado em como ficou
a carrinha |
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Na altura, correu muita tinta quanto
às causas do acidente, e houve muita especulação na atribuição
das culpas. Todavia, nada parecia apontar que o acidente se devesse ao facto de a carrinha
circular superlotada. Pelo contrário, tudo levou a crer ter sido uma entrada
demasiado confiante na curva que terminou em acidente. De qualquer das formas, ficou
para a memória que a carrinha e o autotanque, apesar de tudo, circulavam no
local e na hora errada, por isso ter ficado uma região de luto. (Registado aqui - Ano de 2003) |
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Poema - Ruas da
minha terra * |
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Rua Viriato |
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Ruas da minha terra
Como eu me lembro bem
Comecei a percorre-las
Ao colo de minha mãe
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Ainda hoje sinto o
calor
Que do seu peito imanava
Quando rezando ao Senhor
Na procissão me levava
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Ruas da minha terra
Ruas do meu amor
Um pouco mais crescido
Ia ao lado de meu pai
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Com uma vela na mão
Seguindo atrás do andor
Cantando ao mesmo Senhor
Na mesma procissão
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Ruas da minha terra
Ruas da minha alegria
Quantas saudades sinto
De quando as percorria
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Juntamente com os amigos
Com um ramo na mão
Cantando a todos os Santos
No Domingo da Paixão
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Ruas da minha terra
Como eu me lembro bem
Quem me dera voltar a vê-las
Ao colo de minha mãe
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* Fernando
Alves Pereira (Requinta) |
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(Registado aqui - Ano de 2006) |
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1961 - Um dia
de consternação em Loriga - Acidente de Aviação |
Era 1 de Novembro de 1961 "Dia dos Finados",
dia calmo com as pessoas a fazerem os seus preparativos com a ida ao cemitério,
visitarem os seus ente queridos. Parecia ser um dia de finados igual a muitos outros,
que tirando o dia simbólico que se celebrava, as pessoas faziam as suas lidas
normais dentro de uma acalmia vivida em Loriga.
Até que de momento para o outro, as pessoas que já tinham rádio
nessa altura, começou a dar noticias que dava conta de um grave acidente de
avião ocorrido em Recife - Brasil, com o avião a despenhar-se e a incendiar-se
ao procurar aterrar no aeroporto dessa cidade e já muito perto da pista.
Um ou outro mais atento começou a associar que nesse mesmo dia tinha partido
de Lisboa com destino ao Brasil os loriguenses, José Simões de Pina e sua esposa Laura
da Conceição F. Moura Pina,
que iam passar os meses de inverno naquele país, a convite dos seus filhos ali
radicados. |
Os rumores foram-se acentuando
e começando a ter mais consistência ao saber-se que esse avião
era da carreira Portugal-Brasil "Voo
da Amizade" as notícias
dava conta de haver sobreviventes mas também dezenas de mortes.
Por toda a vila era notório nas pessoas uma certa ansiedade, nos minutos
e horas seguintes as pessoas foram procurando saber de mais notícias
que iam chegando a conta gotas Passado poucas horas houve mesmo a confirmação
entre os mortos encontravam-se o casal loriguense, a partir de então
uma onda de consternação apoderou-se do povo nesse dia que parecia
ser um Dia de Finados igual a muitos outros.
O senhor Simões Pina e a D. Laura eram um casal que gozavam da maior
estima e verdadeira amizade dos seus conterrâneos. Ele na altura, era
presidente da "Sociedade
Loriguense de Recreio e Turismo",
que vinha desempenhando essas funções desde a fundação
desta associação loriguense.
No dia 17 de Novembro seguinte, chegaram a Loriga os restos mortais da esposa
D. Laura da Conceição F. de Moura Pina. De Lisboa, acompanharam
o préstito fúnebre muitos loriguenses e pessoas amigas. Por sua
vez em Loriga o povo uniu-se numa manifestação de sentido pesar,
incorporando-se, em grande multidão no funeral como já não
havia memória, com a rua apinhada de gente sendo arrepiante o momento
em que a sua urna parou junto à sua residência, situada no Largo
do "Poleirinho". Foi depois na Igreja Matriz realizado os solenes
Ofícios de Defuntos.
Por alma de José Simões de Pina foram de igual modo cantados
Ofícios na Igreja Paroquial no dia 25 de Novembro. |
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Laura da
Conceição F. Moura Pina e José Simões de
Pina
Falecidos no dia 1.Novembro.1961 |
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(Registado aqui - Ano de 2008) |
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O Relógio
da Torre da Igreja de Loriga |
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Torre da Igreja - Ano
1969 |
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A colocação
de um relógio, na Torre da Igreja de Loriga era uma ideia que vinha
de há anos muitos atrás. No entanto, só viria a tornar-se
realidade em Abril de 1969, quando foi colocado, tornando-se assim um velho
sonho realizado. Para o efeito foi também necessário efectuar,
obras de adaptação na torre da igreja, na altura era pároco
em Loriga o Senhor Padre António Nascimento Barreiros.
Com vista à angariação
de fundos para custear o relógio e a sua colocação, foram
tomadas algumas iniciativas, nomeadamente uma subscrição pública,
bem como outros eventos, entre os quais se destaca a realização
de uma peça de teatro "Casa
de Pais", exibida por
três vezes, no Salão Paroquial, cujas receitas revertiam a favor
da colocação do relógio.
À época, fizeram-se ouvir algumas
vozes críticas, designadamente quando ao facto de a torre não
ter levado uma obras mais, para ficar um pouco mais elevada, bem como, o facto
de terem sido colocados dois mostradores em vez de quatro, permitindo dessa
forma que o relógio fosse visível de todos os quadrantes da vila.
O "Braga"
como popularmente ficou conhecido na altura, foi negociado e adquirido a uma
firma sediada na cidade de Braga, que para o efeito se deslocaram a Loriga
para a respectiva instalação, por isso o hábito de a população
assim o passar a chamar, quando se referia ao relógio da torre da igreja
ou mesmo quando ouviam tocar as horas.
Nos primeiros tempos, a população
estranhou muito ao ouvir o bater das horas e meias horas, principalmente os
habitantes das casas mais próximas, no entanto, com o decorrer do tempo,
lá se foram habituando e mais tarde já não podiam passar
sem ouvir, passando a ser uma companhia e uma presença viva ao ouvir-se
por toda a Vila e, nos campos era um meio de as pessoas estarem informadas
com as horas. (Registado aqui
- Ano de 1999) |
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Salão Paroquial
de Loriga |
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Interior do Salão Paroquial
de Loriga |
O Salão Paroquial de Loriga,
situa-se no Largo do Adro da Igreja, e é parte integrante da "Residência"
como popularmente é assim chamado aquele imóvel.
O referido prédio foi construído em 1945, por um custo orçamental
de 100.000$00, sendo o pároco em Loriga, o Sr. Padre António Roque Abrantes
Prata, natural de Manteigas, que tinha chegado a esta localidade um ano antes.
Obra paroquial de grande vulto, para a época, com o piso superior destinado
para a residência do Pároco local e o espaço inferior idealizado
para Salão Paroquial, no sentido de servir em prol da comunidade em actividades
religiosas, culturais e recreativas.
Desde então passou a ser a Sala de espectáculos de Loriga, onde ao longo
de todos estes anos da sua existência, ali se tem realizados os mais variados
eventos, onde se destaca, o cinema, o teatro, variedades, concertos, entre outros.
Em certa época, chegou mesmo serem ali realizadas celebrações
litúrgicas, nomeadamente missas, em substituição da Igreja Matriz,
enquanto nesta se procediam a grandes obras de restauro.
O velhinho "Salão" é pois uma casa pela qual os loriguenses
têm um carinho especial e, hoje com dantes continua a ser a sala de espectáculos
de Loriga, sempre aberta para receber ali, todas as actividades para a qual foi idealizada
a sua construção. (Registado
aqui - Ano de 2007) |
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As Festas da Vila de Loriga |
É ainda da lembrança
de muitos quando se realizavam em Loriga, na decada de 1950 e nos primeiros anos da
década de 1960, as Festas da Vila, que decorriam durante três dias organizadas
pela Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga. As
Festas da Vila de Loriga, realizavam-se em Agosto, mais concretamente no fim de semana
seguinte à Festa da Nossa Senhora da Guia. Começaram a realizar-se no
ano de 1952, na ideia generalizada de afastar a vil tristeza que dominava as almas
e, ainda instituir estas festas com o objectivo honesto de as pessoas se divertirem
anualmente, dando largas ao seu entusiasmo e exultando a alegria.
Este festejo anual radicou-se de tal maneira no coração das gentes de
Loriga, que todos suspiravam pela sua aproximação, pois era motivo de
agradável a reunião das famílias, que trabalhavam em terras distantes,
que aproveitando esta ocasião, Festa da Nossa Senhora da Guia e Festas da Vila,
para virem de alongada visita à terra natal em romagem de saudade, revendo ao
mesmo tempo os encantos da natureza deste recanto onde nasceram. |
A vila de Loriga tomava o
ar festivo, as ruas eram caprichosamente engalanadas, milhares de lâmpadas
formando fantástico clarão, iluminavam toda a povoação
e seus campos à volta, havia arcos de cores, com luzes, bandeiras e
balões. Vinham muitos e os mais variados divertimentos populares que
se espalhavam pela vila, a festa centralizava-se principalmente na "Carreira",
"Carvalha", Fonte do Mouro, Terreiro da Lição, com
milhares de pessoas a encher por completo estes locais. Houve até um
ano em que um dos divertimentos os "Aviões" foi colocado no
largo, existente no lugar conhecido por "Portugal", situado onde
hoje começa o Bairro Padre Lages.
Um vastíssimo programa em que a música,
divertimentos, desporto, concursos, cor e alegria, completavam três dias
de muita animação. O Largo do Santo António ou Largo da
"Carvalha" como popularmente também era assim chamado, era
fechado em todo o seu redor, pois passava a ser o "recinto da Festa",
onde decorria os mais importantes actos de variedades musicais, onde era necessário
pagar o ingresso de entrada, pois era ali que actuavam os vários artistas
da Rádio vindos de Lisboa.
Este recinto fechado da "Carvalha",
era apetrechado com um palco, onde ao som das músicas dos conjuntos
de Jazz, decorria baile, alegria e animação, durante toda a noite,
onde não faltava um esmerado serviço de bar e restaurante, para
satisfazer os assistentes.
Se olhar-mos os programas das Festas desse
tempos, poderemos ver que parecia nada faltar. Como se disse vinham grandes
nomes da Rádio, conjuntos de Jazz musicais, Bandas de Músicas,
divertimentos vários, como Automóveis Eléctricos, Carrosséis,
Poço da Morte, a grande Roda Girassol, os "Aviões",
Mulher eléctrica, por todo lado várias barracas de vendedores
de guloseimas, brinquedos e jogos variados e, ainda a parte desportiva, que
decorria durante a tarde no recinto do Campo de Futebol do Grupo Desportivo
Loriguense, com um Jogo de futebol, Atletismo e o sempre grande Torneio de
tiro aos pratos. Também chegou-se a efectuar exposição
e concursos de gado bovino.
As Bandas de música normalmente davam
os seus concertos, no terrasse existente e pegado à fábrica Nunes
& Brito, e diga-se de passagem, na altura da actuação da
Banda de música de Loriga, o local e toda sua extensão até
à "Carreira" propriamente dita, era um mar de gente, ainda
hoje presente na memória de uma geração que ainda recorda
com saudades.
As Festas tinham o seu inicio às sete
horas da manha de Sábado com uma salva de 21 foguetes, com a Banda de
Loriga a percorrer as ruas da vila, anunciando a abertura dos importantes festejos,
no entanto, era a partir da 20,00 horas que tomava o verdadeiro ar festivo,
com abertura dos locais de diversões na vila, que passavam a ficar apinhados
de gente.
Todas as noites as Festas eram encerradas com
um arraial de fogo de artificie que era lançado, no aqueduto perto do
"Vale dos Alhós" por volta das 24,00 ou 00,30 horas, que encantava
todos os assistentes.
O arraial de Segunda-Feira, era o mais importante
numa sessão fantástica de fogo, luz e cor. Esta sessão
de fogo de artificie que representava o encerramento das Festas da Vila de
Loriga, era na verdade deslumbrante, que terminava com um admirável
arraial chamado "Boquet Surpreza" e ao qual parecia ninguém
querer perder e por isso todos queriam contemplar antes de recolherem a suas
casas para se deitarem.
De regresso aos seus lares, parecia ver-se
no rosto de todos já a uma certa saudade, todos suspirando para que
as festas do ano seguinte, voltassem bem depressa. |
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- Ano 1955 -
As ruas engalanadas e os visitantes
a tirar os retratos
que levavam para recordação. |
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Nota:- No ano de 1961, as Festas da
Vila em Loriga não foram realizadas, em virtude dos acontecimentos registados
em Angola no mês de Fevereiro desse ano, que veio a ser o mote para o inicio
da Guerra do Ultramar, seguindo assim a comissão das Festas da Vila o exemplo
de muitas outras localidades que nesse ano não organizaram Festas. |
(Registado aqui - Ano de 2004) |
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Arco do Emigrante
- Projecto nunca concluído - |
Decorria a década de 1970,
o êxodo da emigração loriguense estava no topo, nessa altura surge
a ideia da construção de um Arco do Emigrante a ficar situado logo à
entrada da ladeira que leva à ermida da Nossa Senhora da Guia, tendo como grande
impulsionador Manuel Dinis Pereira (1923-1996) popularmente conhecido por "Manuel
Barriosa" homem bem recordado pelas iniciativas e ideias que ficaram registadas
na história de Loriga.
Apresentada essa ideia o impulso dos emigrantes foram de imediato, com a contribuição
dos seus donativos para a obra, não tardando mesmo que a curto prazo fosse apurada
razoável quantia, tanto em escudos como moeda estrangeira, ficando mesmo em
registo que o dinheiro apurado era já o suficiente para o projecto.
Como se disse, logo do inicio foi definido o local para a construção
do Arco do Emigrante, a ficar colocado logo após o cemitério e no principio
da descida da ladeira que leva ao recinto. Entretanto, num dos anos dessa década
de 1970, na altura da Festa da Nossa Senhora da Guia, foi mesmo ali colocado um esboço
em madeira do Arco, para transmitir a ideia de tal como iria ficar, parecendo até
o primeiro passo para o projecto idealizado. Por
várias razões, muitas vezes sem se compreender muito bem, o projecto
foi sistematicamente adiado, o tempo foi passando e quando se deu por ela, segundo
alguns, o dinheiro apurado e existente que ao princípio chegava, passou depois
a já não chegar para a sua conclusão da obra. |
Com a revolução
do 25 de Abril de 1974, com o país ainda sem uma definição
e em situação complicada, começou a pairar no ar umas
certas desconfianças, só se compreendendo esse facto pela rocambolesca
história a que esteve sujeito o dinheiro destinado para a construção
do Arco do Emigrante, que se deve recordar.
O dinheiro dos emigrantes destinado para o Arco, foi dado a guardar a uma pessoa
credível, conceituado comerciante de Loriga, que pelo facto de ter um
cofre forte, pensaram ser um local seguro para ter o dinheiro, em vez de ser
depositado numa conta bancária, um primeiro erro.
O tempo foi entretanto passando, sendo depois empreendidos esforços
de retirar o dinheiro à guarda desse comerciante, que levou algum tempo
e depois sim depositado numa conta bancária, desta feita com um segundo
erro, de ser depositado apenas no nome de uma só pessoa.
O tempo não parava e continuavam a passar-se os anos e nada ser resolvido,
com os emigrantes a levantarem a sua voz de protesto, mas logo serenadas com
a promessa de que a situação estava a ser resolvida. Chegando-se
a avançar de em vez do Arco do Emigrante, ser construído nalgum
local de Loriga um monumento simbólico sobre a emigração,
tendo em conta da terra de emigração que era Loriga.
Com o regresso definitivo de alguns loriguenses emigrantes à sua terra,
pareceu haver uma ideia mais fixa para a resolução do problema
do referido Arco do Emigrante, ou então e no essencial dar solução
e uma definição concreta ao dinheiro existente.
Cabe aqui realçar a honestidade do loriguense, único assinante
da conta onde estava o dinheiro depositado, que a todo tempo pedia para que
fosse resolvida a situação desse dinheiro, pedindo mesmo que
fosse aberta outra conta em nome de outros, o que veio acontecer, precisamente
um ano antes da morte desse loriguense, evitando-se assim um problema mais,
a juntar à história do dinheiro para o Arco do Emigrante.
O dinheiro que continuava a existir, passou então a figurar numa conta
em nome de Mário Lemos Conde e Fernando Moura Aparício, pertencentes
à nomeada Comissão dos Emigrantes da qual fazia também
parte José Nunes Dias.
Estando-se já ciente que o projectado Arco do Emigrante dedicado em
honra de Nossa Senhora da Guia, tinha deixado de ser uma realidade para passar
a ser uma miragem, tendo também em conta de ser necessário muito
mais dinheiro para conseguir levar em frente o projecto e com a desconfiança
a pairar na classe emigrante para novos contributos, ninguém se sentia
capaz de continuar a manter a ideia da construção dos Arco do
Emigrante ou o que quer que fosse, nomeadamente, algo como uma simbologia presença
dos emigrantes loriguenses.
Nesse prisma, foram então realizadas reuniões para resolver o
que fazer ao dinheiro existente, foram algumas efectuadas sem ter saído
delas a deliberação esperada, parecendo não se encontrar
uma solução condigna de comum acordo. Até que finalmente
no ano de 1992, o consenso floriu com a deliberação consensual
de proceder à entrega do dinheiro existente, que nessa altura se cifrava
em 484.190$60, a duas instituições loriguenses, Associação
do Bombeiros Voluntários de Loriga e Sociedade Recreativa Musical Loriguense.
Assim em Março de 1992, foi entregue a cada uma dessas instituições
a quantia igual de 242.095$30, que foi depois lançada em acta de acordo
com os serviços orgânicos desses organismos loriguenses.
Assim chegou ao fim um sonho de um projecto idealizado no sentido de ser concebido,
mas que o não foi, que só veio a finalizar numa resolução
ao fim de e uma dezena e meia de anos, que não sendo possível
ver-se o sonho realizado, valeu no entanto, o facto de que o dinheiro foi entregue
a causas justas, ficando assim os emigrante loriguenses agraciados pelo dever
cumprido. |
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Esboço de
como seria o Arco do Emigrante, |
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Transcrições no
Jornal da "A Neve" em Maio de 1992 |
Agradecimento
A direcção da
Sociedade Recreativa Musical Loriguense, vem muito sensibilizada agradecer
à Delegação dos Emigrantes senhores Mário Lemos
Conde, Fernando Moura Aparício e José Nunes Dias, por nos terem
entregue a quantia de 242.095$30.
Esta importância é uma fatia de 50% do dinheiro que há
muito detinham em Caixa para o "Arco do Emigrante". Tal verba foi
aplicada na compra de um Trombone e um Clavicórneo. ….em gíria
Beirã, o nosso Bem Hajam a todos os Emigrantes que haviam subscrito
aquele valor. |
Donativo
A Associação
dos B.V. de Loriga, em reunião de direcção a sete de Março
de 1992, registou e sublinhou, no livro de actas dos B.V.L., a generosa oferta
de 242.095$40 verba proveniente de um simpático grupo de emigrantes
que constituiu a Comissão para execução do Arco a colocar
na Ermida da Senhora da Guia.
A Direcção e Corpo de Bombeiros, sensibilizados, agradeceu e
fazem votos para que outros lhes sigam o exemplo. |
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(Registado aqui - Ano de 2007) |
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A Virgem de Fátima
em Loriga * |
No dia 14 de Maio de 1949, Loriga
viveu horas de intensa alegria espiritual, ao ter a honra de receber a Veneranda Imagem
da Virgem de Fátima Peregrina.
Já há muito que Loriga se vinha preparando para a recepção.
A Vila engalanou-se, as próprias fábricas dias antes dispensaram alguns
operários, para que tudo estivesses lindo e em ordem. Fizeram-se arcos, as fábricas
deram enormes tiras de pano branco, onde se pintaram com arte, grandes frases de profundo
sentido cristão, alusivas à vinda da Celeste Rainha.
O Fonte do Mouro foi coberto com pétalas de maia e outras flores. As crianças
das escolas, vestiram os seus bibes, que juntamente com os cruzados, fizeram um cordão
central de cimo ao fundo, por onde iria subir o carro com a Virgem Maria.
Eram cerca de 16H30, quando chegou à Portela do Arão, recebida ali pelos
Revmos. Bispo da Diocese Dom Domingos, Padre Prata, Presidente da Junta de Freguesia
e muitas mais pessoas. Quando chegou junto à Fábrica Leitão &
Irmão, foi um verdadeiro delírio, sobem ao ar foguetes com 21 tiros,
fogo repetido com grandes girândolas de foguetes. Já na "Carreira",
a Banda toca o Avé de Fátima, enquanto o povo cantava, chorava e rezava.
Além das autoridades concelhias e muitos sacerdotes, todas as forças
vivas da Freguesia estavam presentes com os seus estandartes, bem como, todos os organismos
religiosos com os seus guiões, JOC; JOCF; LOC; LOCF, Irmandade e Apostolado
da Oração.
O carro com a Virgem Maria sobe o Fonte do Mouro até à "Cabine"
onde foi retirada do carro e exposta à veneração de todos. O Sr.
Padre Prata chorou de alegria, os seus olhos eram como raios luzentes, e dos seus lábios
foram pronunciadas palavras de profundo interiorização cristã
e humana, como era seu timbre. Afinal ele tinha empenhado todo o seu prestígio
nesse evento.
Seguiu-se a reza de muitas orações, acompanhadas de um coro de 300 raparigas
de Loriga, foram lidos diversos telegramas de loriguenses ausentes, para depois o Sr.
Bispo fazer a consagração ao Coração de Maria, da Freguesia
e os povos ali representados.
O cortejo desceu o Fonte do Mouro acompanhando o carro com a Senhora dos Peregrinos.
A comoção chegou ao rubro, junto com o silêncio mórbido
de muitos que nunca julgaram ver tão perto a Senhora da Azinheira. Todos subiram
o Outeiro, contagiados no amor total à Virgem de Fátima.
Quando o carro avançou para deixar Loriga, lenços acenaram o adeus. Muitos,
voltaram a ver a Imagem diversas vezes em Fátima. Outros, ficaram com a Senhora
retida nos seus olhos lacrimosos. Porque, sem possibilidades económicas, não
era possível ir à Cova da Iria. Ficaram na esperança de no céu
a encontrar. |
* Albrito |
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Fotos do dia da visita da Imagem da
Virgem de Fátima Peregrina a Loriga - Ano 1949 |
(Registado aqui - Ano de 2006) |
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Congresso Eucarístico
em Loriga |
Realizou-se nos dias 27, 28, 29 e
30 Outubro de 1932 em Loriga e pela primeira vez o Congresso Eucarístico do
Arciprestado de Sandomil, numa homenagem de todas as freguesias (que o compunham) em
honra do SS. Sacramento para a fervorar tantas almas que mal conheciam o Divino Prisioneiro
dos Sacrários e para fazer vibrar de entusiasmo e alegria tantas outras que
conhecendo-O e amando-O, ansiavam vê-lo homenageado como Rei e Senhor.
Durante estes dias do Congresso, Loriga encheu-se de gente vindas das freguesia de
Alvoco da Serra, São Romão, Carragozela, Santa Eulália e Torroselo.
Mesmo hoje e passados já mais de 70 anos, ainda é considerada uma das
maiores demonstrações religiosas, em Loriga, em todos os tempos.
Um vasto programa religioso ocupou as pessoas durante
esses dias e que aqui se documenta: |
- Dia 26 - Às 7 horas da
tarde - Entrada solene do Exmo. Bispo Auxiliar D. João de Oliveira Matos, na
Igreja paroquia e seguidamente, terço dos benditos com exposição
do SS. Sacramento, cânticos, pratica e Benção.
- Dia 27 - Às 11 horas - Missa solene pelas crianças da Catequese com
sermão e comunhão da Pia União e Congregações de
Nossa Senhora.
Às 2 horas da tarde - Sessão de estudos para o Clero.
Às 6 horas da tarde - Exposição solene do SS.
Às 8 da noite - Terço, Sermão e Benção.
- Dia 28 - Às 9 horas - Missa Solene com sermão e comunhão dos
Zeladores e Associados do Apostolado da Oração.
Às 12 horas - Sessão de estudos para leigos.
Às 6 horas da tarde - Exposição solene do SS. Sacramento.
Às 8 horas da noite - Terço, sermão e benção.
- Dia 29 - Às 9 horas - Missa Solene com sermão e comunhão das
crianças da catequese.
Às 4 da tarde - Sessão de estudos para leigos.
Às 9 ½ da noite - Adoração nocturna até às
12 ½ (meia-noite) seguindo-se a missa e comunhão geral.
- Dia 30 - Às 9 horas - Missa paroquial.
Às 12 horas - Missa campal no largo da ermita da Nossa Senhora da Guia, com
sermão e a seguir a procissão Eucarística.
Às 5 ½ horas da tarde - Sessão solene.
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O Congresso Eucarístico do
Arciprestado de Sandomil, começou a ser preparado logo nos primeiros dias de
Outubro desse ano de 1932, com a realização de vários retiros,
tendo sido disponibilizado para o efeito a Casa da "Redondinha", bem como,
a capela da Nossa Senhora da Auxiliadora.
Um dos pontos mais altos do Congresso, aconteceu no dia do encerramento (30 de Outubro)
com a realização da missa campal no Recinto de Nossa Senhora da Guia,
que se tornou pequeno para tanta gente, segundo os registo, foi uma das maiores enchentes
naquele local, de que há memória em Loriga.
A missa foi celebrada pelo Exmo. Senhor Bispo Auxiliar, num silêncio impressionante
de profundo recolhimento de devoção e fé. Seguiu-se depois a majestosa
procissão para a vila, incorporada pelas freguesias pela ordem prevista.
A procissão foi subindo até ao cemitério e depois até à
Senhora da Guia Nova, seguindo pela estrada, na altura ainda com poucos anos de existência.
Segundo relatos e registos escritos da época, era tanta gente incorporada na
majestosa procissão, que ainda as últimas pessoas estavam a sair do Recinto,
já as primeiras pessoas do principio da procissão estavam a chegar à
"Redondinha".
A sessão do encerramento ocorreu na Igreja Paroquial, mas como não cabia
lá tanta gente, as pessoas tiveram que se espalhar pelas ruas e travessas adjacentes.
(Registado aqui - Ano de 2003) |
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25 de Abril
de 1974 - Revolução dos Cravos |
Tal como na generalidade
aconteceu um pouco por todo o país, em Loriga foram poucos aqueles
que souberam do que se estava a passar em Portugal antes de se deitarem.
A maioria da população em Loriga só veio a ter
conhecimento de que alguma coisa se passava, quando as pessoas se começaram
a levantar da cama, logo desde então toda atenção
se concentrou com os ouvidos nas telefonias e os olhares nos televisores.
Nas primeiras horas da manhã do dia 25 de Abril de 1974, as
pessoas na vila de Loriga começaram ao principio por ter algum
receio e, mesmo alguma desconfiança, o que era normal, tendo
em conta de ter havido sempre nos loriguenses alguns cuidados, por
influência de ser do conhecimento geral de também existir
em Loriga, alguns dos chamados informadores do sistema.
Com o passar das horas as pessoas foram ficando a par, com mais profundidade,
da realidade da transformação que estava a surgir no
país, então sim, foi notório o contentamento das
pessoas a virem para as ruas dando largas à sua alegria, que
teve continuação nos dias seguintes e mais concretamente
no dia 1 de Maio, pela primeira vez a festejar-se o feriado oficial,
com as ruas de Loriga apinhadas de gente, onde era bem visível
a união entre ricos e pobres, comerciantes, patrões e
empregados, velhos e novos, todos unidos no mesmo espírito do
sonho da LIBERDADE.
Graças á Revolução dos Cravos, começou-se
então a ver-se em Loriga, cada um a viver em liberdade e sem
medo da sua ideologia política, vindo dessa forma repor a história
da frontalidade e posição politica que parece sempre
ter existido nos loriguenses, se nos lembrarmos quando da guerra civil
entre D. Pedro e D. Miguel e também quando da implantação
da República.
Curiosamente nos finais da década de 1970, chegou a existir
uma sede do Partido Comunista em Loriga, coisa impensável antes
do 25 de Abril de 1974. |
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Sede do Partido Comunista
Rua José Mendes Veloso - Ano 1979 |
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O 1º. de Maio de 1974 em Loriga |
O 1º. de Maio de 1974 em Loriga,
foi na verdade o dia que ficou marcado na sua história, o povo saiu para a rua
festejando o primeiro dia do Trabalhador em Liberdade, a "Praça" na
altura o centro da vida apinhou-se de gente, bem como a Rua Sacadura Cabral e Rua Cónego
Nogueira, dando largos ao seu contente, numa manifestação como não
havia memória em Loriga, pensa-se mesmo que continua até hoje, a ter
sido a maior manifestação realizada nesta harmoniosa vila, numa união
sem precedente de patrões e operários, comerciantes e industriais, velhos,
novos, jovens, crianças, ou seja, toda a população em geral nesses
festejos de Liberdade.
Durante horas também a população percorreu as principais artérias
da vila, com cartazes escritos alusivos ao Dia do Trabalhador, numa alegria sem igual
com as mulheres a virem às janelas e às portas, numa solidariedade de
festejos a favor da Liberdade com a qual muitos sonhavam. |
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Vozes da Liberdade com as ruas de Loriga
apinhadas de gente - Ano 1974 |
(Registado aqui - Ano de 2004) |
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O primeiro Café
em Loriga *
Foi na década de 1940 que abriu o primeiro Café em Loriga, mais precisamente
por volta do ano de 1945, que ficava situado, onde é hoje a garagem do prédio
do "Zé Maria" como é mais conhecido. Foi seu primeiro proprietário
António Machado, um bem conhecido negociante e comerciante natural de Loriga.
Curiosamente anos mais tarde nesse mesmo prédio veio a abrir o Café "Neve"
que se veio a transformar no mais problemático café de Loriga. |
* Relatos verbais (Registado
aqui - Ano de 2007) |
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Café "Neve" |
O café "Neve" propriedade
de José Maria Pinto, era um mimo, de design agradável e com um mobiliário
mesas e cadeiras, tipo arte nova a atestar o seu gosto verdadeiramente requintado.
Poderia ser chamado o "Magestic" de Loriga, era um autêntico ex-libris
de Loriga, local privilegiado de encontros, tertúlias e de leitura matinal do
jornal.
Na década de cinquenta e até meados princípios da década
de sessenta, o ambiente do café não ocultava uma marcante divisão
de classes. Os frequentadores assíduos eram selectivos, o que levava o "Ti
Zé Maria" a desencorajar a frequência de uma clientela mais popular.
Eram outros tempos, em que os mais endinheirados impunham as suas exigências.
Com o rodar dos anos, o café transformou-se, paulatinamente, num espaço
privilegiado de encontro de estudantes e seminaristas da década de sessenta,
os quais, apesar da escassez, sempre iam arranjando umas coroas para o bilhar. (1) |
O Café "Neve" foi dos primeiros
lugares públicos de Loriga a ter Televisão. |
(1)
José Mendes |
*** |
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Interior do Café Neve (Ano 1949) |
Nota:-
Depois de deixar de ser explorado pelo seu proprietário José Maria Pinto,
o Café Neve, foi conhecendo outras gerências, inclusivamente chegou a
mudar de nome. Encerrou definitivamente em princípios de 2004. |
(Registado
aqui - Ano de 2006) |
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As sinetas de
mão
(Campainhas) *
As sinetas de mão
ou campainhas, são arte e criatividade que nos fazem recordar o passado,
o presente e o esplendor da igreja nas nossas vidas. |
As sinetas de
mão
*
No Domingo de Páscoa se ouvem
Percorrendo as ruas a anunciar
Assim o povo fica a saber
Que a Cruz do Senhor está a chegar
Já em pequeno eu ouvia
As badaladas destas campainhas
Eram os mordomos das festas
Pedindo às portas uma esmolinha
Nas ruas da minha terra
As sinetas de mão se fazem ouvir
São badaladas que nos chegam
Nos dias quando toca a reunir
*apina |
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(Registado
aqui - Ano de 2008) |
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Os Paramentos na Igreja Católica
Um olhar na Sacristia
de Igreja de Loriga, leva-me a fixar os Paramentos ali pendurados e
o pensamento leva-me aos tempos de menino, quando criado e cumprindo
os mandamentos da religião e da igreja.
Se hoje em dia existem uma grande diversidade de Paramentos, muito
mais usuais nos tempos actuais e já pouco utilizados aqueles
mais comuns em outros tempos, a recordação leva-nos aos
tempos passados e numa Loriga de outras eras, em que as vestes litúrgicas
no seu enquadramento de modelos e cores tinham para uma mente de criança
um certo fascínio, sem por vezes se saber o seu significado,
mas mesmo que lhe fosse ensinado, por e simplesmente não se
dava ouvidos, só vendo que de quando em vez as cores alternavam
ficando-lhe na memória isso mesmo.
Mas se para uma criança o simbolismo do Paramentos pareciam
passar ao lado o mesmo acontecia com as pessoas adultas, que pouco
sabiam a esse respeito, que no entanto, parecia terem principalmente
nos pais o objectivo de pista para confrontarem os seus filhos se iam
ou não à missa aos domingos.
Como se disse é grande a diversidade de Paramentos usados consoante
a liturgia, sendo de relevo todo o empenho dos fabricantes em introduzir
neles todo um saber e beleza, que faz em todos nós ter uma admiração
abalizada, sem no entanto, se esquecer os tempos passados. De qualquer
das formas as cores e o simbolismo das vestes paramentais continuam
a ter um registo preponderante na história da igreja e na religião
católica. |
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(Registado
aqui - Ano de 2010) |
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A Caldeirinha
de Água Benta da Igreja de Loriga
De metal prateado é
muito usual de modo muito especial na celebração da liturgia
na Igreja católica no enquadramento da bênção aos
fiéis, em que a Água
Benta nela depositada
é bem presente e tem uma função purificadora da representação
do próprio Cristo na alma, nos lábios, na mente e no coração. |
A Caldeirinha
de Água Benta*
Está na Caldeirinha
de prata
A água-benta ditosa
É o suor de Nosso Senhor
Para todos nós gloriosa
A Caldeirinha de água-benta
Trás a mim recordações
O senhor Padre faz a bênção
Que purifica os nossos corações
Com fé e devoção
A água-benta nos é grata
Sempre benzida e purificada
Está na Caldeirinha de prata
* Apina |
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(Registado aqui - Ano de 2008) |
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A Confirmação
ou a Crisma |
Segundo a doutrina da Igreja Católica
o Crisma ou a Crisma ou a Confirmação é um sacramento da Igreja
Católica em que o fiel recebe através da ação do bispo
uma unção com o Crisma (óleo). Trata-se de um rito em que o ministro
impõe as mãos sobre os confirmados, invocando o Espírito Santo,
e os unge com óleo.
A Crisma é inseparável do Batismo. Juntamente com o Batismo e a Eucaristia
por exemplo, são considerados pela Igreja Católica como sendo os "sacramentos da iniciação cristã". A imposição das mãos é reconhecida
pela tradição católica como a origem do sacramento da Confirmação.
Na Igreja Católica, o sacramento deve ser ministrado por um Bispo, sendo este
sacramento administrado quando se atinge a idade da razão, e normalmente se
reserva sua celebração ao Bispo, significando assim que este sacramento
corrobora o vínculo eclesial |
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Um dos exemplos
dos Santinhos oferecidos
para simbolizar esse dia |
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O Crisma em Loriga no Ano de 1959
Parece ter ficado definitivamente
na história de Loriga o Ano de 1959, quando a realização
do Crisma, nada menos que 867 pessoas crismados, considerando-se mesmo um record,
não só na história de Loriga, como na região, cerimónia
que teve lugar no dia 22 de Fevereiro (domingo) com a deslocação
à vila de Loriga, do senhor Bispo da Diocese da Guarda, D. Domingos
da Silva Goncalves, para ministrar esse sacramento do Crisma.
Nesses tempos, levava alguns anos de intervalo
a realização do sacramento do Crisma numa freguesia, nada tendo
haver como nos tempos atuais. Nessa altura já havia alguns anos que
não vinha a Loriga o senhor Bispo, por isso, aguardava-se com grande
ansiedade e entusiasmo a sua visita, a vila de Loriga e as pessoas engalanaram-se
para receber tão ilustre figura da igreja, num dia radioso de sol apesar
de uma brisa fresca que vinha do alto da serra.
Eram precisamente 13h15, quando o Venerado
Prelado foi recebido na Portela do Arão pelas entidades oficiais e por
umas dezenas de pessoas, que apresentaram os primeiros cumprimentos de boas-vindas,
organizando-se de imediato um longo cortejo de automóveis com a chegada
do senhor Bispo à "Carreira" onde o aguardava uma multidão
de gente e quando os ponteiros dos relógios marcavam precisamente 13h30,
repicam então os sinos da igreja, sobem ao ar os foguetes, ouve-se os
sons da Banda de Loriga, estrugem palmas vibrantes, gritam-se vivas, tudo isso
brindado com um sorriso bondoso do Prelado, visivelmente comovido, perante
tanta manifestação de carinho.
De seguida o senhor Bispo paramenta-se na capela
do Santo António, iniciando-se logo de seguida um grande cortejo, ao
som da Banda de Música de Loriga, trajeto efetuado pela principal rua
da vila, também ela apinhada de gente, com o Venerado Prelado sob o
Pálio, ladeado pelos elementos representativos da freguesia em rigoroso
trajo de cerimónia, muitas bandeiras em representação
de todos os organismos locais, com muito povo acompanhar e, com o senhor Bispo
lançando a sua Bênção às pessoas que o aplaudiram
ao longo do percurso até á Igreja Paroquial, onde decorreu a
cerimónia do Crisma, tornando-se bastante longa essa cerimónia
litúrgica.
Recorde-se que a Igreja ficou cheia de gente,
até não caber mais, com muitas e muitas pessoas mais a ficarem
na rua, que encheram também por completo o Adro da Igreja e ruas circundantes,
foi sem dúvida um dia memorável e diferente na vila de Loriga.
Recorde-se também que das 867 pessoas
crismadas, fica o registo para a história de terem sido 409 do sexo
masculino e 458 do sexo feminino, que se repartiram por adolescentes, jovens
e até homens e mulheres de idade adulta e das mais variadas idades. |
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Verso dos Santinhos que simbolizava
o evento, dedicatória escrita pelos Padrinhos ou irmãos
ou mesmo outros familiares |
(Registado aqui - Ano de 2013 |
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A
"Desfolhada" em Loriga |
O cultivo
do milho em Loriga tem raízes seculares e foi sempre
uma actividade agrícola de extrema importância
no impacto económico e muito importante para o sustento
da sua população.
Ainda está na lembrança de muitos ver os campos
cultivados de milho, mesmo pequenas courelas que fossem o milho
era cultivado, quase todas as pessoas cultivavam este precioso
cereal, porque nas casas de maneira alguma poderia faltar a
broa.
A sementeira do milho era em Abril/Maio, com a colheita a ser
efectuada em Setembro. Era então colhido cortado pelo
pés do milho e colocado a secar até ao dia da
Desfolhada "Descamisar o milho" como popularmente
assim se dizia. A "Desfolhada do milho" é
um duro trabalho agrícola em que a espiga (ou maçaroca
com popularmente se dizia) era retirada da cana de milho e
a serem amontoadas em cestos que, depois de cheios são
despejados no canastro ou espigueiro
A "Desfolhada do milho" ou "Descamisar o milho"
como mais popularmente se dizia nos tempos passados em Loriga,
era um acontecimento social com as famílias, vizinhos
e amigos, a unirem-se em comunidade nesse trabalho agrícola,
os rapazes e raparigas encontravam-se, debaixo do olhar atento
de todos, lá conseguiam enamorar-se ou então
"aproveitar" um pouco para ver a sua amada.
Como caso ainda mais curioso de tempos ainda mais antigos em
que era uma verdadeira festa de tradição, porque
os jovens participavam nas desfolhadas sempre na esperança
de encontrar o milho-rei (espigas avermelhadas) que eram guardadas
religiosamente, dado serem raras e constituírem um símbolo
de sorte, para darem um beijo ou um abraço à
namorada. A desfolhada terminava, como sempre, com uma petiscada
de (comes-e-bebes), ao som da concertina e com um baile onde
todos os presentes participaram com um misto de alegria e nostalgia.
Com o tempo o cultivo do milho em Loriga foi-se perdendo, hoje
em dia apesar de ainda haver algum cultivo, já nada
é como nos tempos passados, com tudo isso também
a perderem-se as tradições à moda antiga
do "descamisar" o milho. |
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A "Tapada da
Redondinha" cultivada |
Os "Palheiros
das Canas" de milho
para comida do gado |
A "Tapada da
Redondinha" depois do milho cortado |
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(Registado aqui - Ano de 2008) |
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Os
Picarotos de Gelo |
A água desliza
por tudo que é lugar em Loriga, quando as temperaturas chegam
a níveis negativos, ficará deslumbrado ao contemplar
cenários, que a natureza se encarregou de criar dando ainda
uma melhor beleza às paisagens de Loriga.
Nesses dias procure esses encantos, nomeadamente nos combâros
das courelas, onde poderá visionar as geleiras de cristais formados
por água que escorre, que toma forma de uma exposição
de ourives, cujas belezas artísticas mostra o mais variado sortimento
de escultores e filigranas de gelo. |
(Registado aqui -
Ano de 2001) |
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Picarotos de Gelo |
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A
Campainha quadruplar
Perde-se o conto aos anos
que existe esta campainha em Loriga, que faz parte da história da igreja
e seu valor sacra e cultural, fazendo também parte de recordações
de anos, que por mais que passem, nos vem sempre à memória gerações
e gerações que a ouviram tocar. |
A Campainha na
Igreja *
Quantas vezes já tocou
A Campainha quadruplar
Quantas gerações já a ouviram
Tocando na missa junto ao altar
Perde-se o conto que eu ouvi
A campainha a tirilintar
Mãos calejadas as manobram
Que nos fazem também rezar
Na Igreja Matriz de Loriga
Ouve-se a campainha a tocar
Elevam o som bem alto ao céu
Acompanhando os Anjos a cantar
*apina |
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(Registado aqui - Ano de 2007) |
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O "Apagador
das Velas de cera" |
O "Apagador das Velas
de cera" é um utensílio usual nas Igrejas, que foi e nalguns
casos contínua ainda a ser muito útil, apesar de os tempos serem
outros e o modernismo existente hoje em dia, fazer arredar para um canto um
meio prático e de utilidade, que fazem no presente parte das memórias
e recordações do passado, mas que tem uma história bem
actual em muitos de nós que deles se recordam.
O "Apagador das Velas de cera" espécie de funil sem saída,
neste caso e propriamente melhor dito é uma forma de cone, base circular
ou elíptica de extremidade aguda, colocado numa espécie de um
tubo comprido também em cone saliente, onde era enfiado o extremo de
uma vara ou tubo, curto ou comprido, que dessa forma era o meio de utilidade
eficaz no apagar as velas quando colocadas em zonas altas ou mesmo em altos
castiçais.
Hoje em dia a iluminação efectuada por meio de velas de cera
nas igrejas, concretamente também na igreja de Loriga, está de
certa forma a ficar ultrapassada, a substituição dessas mesmas
velas por sistema de electricidade, faz com que o "Apagador das Velas
de cera" deixe de ter aquela utilidade quase permanente que estávamos
habituados a ver, quando o sacristão ao fim do acto religioso tinha
a missão de apagar todas as velas, previamente acesas nos altares, ficando
no ar o cheiro da vela acabada de apagar.
Alguns "Apagadores das Velas de cera" tinham também a função
de acender as velas, para isso, era necessário adaptar na parte do cone
superior um cordel também de cera que assim tinha também a função
de acender as velas, para além de as apagar. |
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(Registado aqui - Ano de 2007) |
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Memórias numa Loriga
de outras eras
- Os Grilos o encanto da garotada - |
O Grilo (do latim grillus) é
designação comum dos insetos ortópteros, subordem ensifera, que
constituem a família dos gryllidae ou grilídeos, que possuem, além
de longas antenas filisiformes, órgãos auditivos para perceber os sons
que produzem com possantes estriduladores situados nas suas asas anteriores.
Somente os grilos machos produzem sons e o fazem para atrair as fêmeas para a
reprodução. Para tanto, os machos possuem uma série de pelos nas
bordas de suas asas, alinhados como pentes, e produzem os sons roçando uma asa
contra a outra. |
Assim cada espécie
produz um canto peculiar que varia com a época do ano, e que é
mais intenso para atrair a fêmea e mais suave quando ela já está
presente e se inicia a fase do cortejo.
São memórias dos nossos tempos de meninos, quando se andava pelos
campos na procura dos Grilos, que se levavam para casa e que numa gaiola própria
ou outro qualquer utensilio da ocasião, ali se colocavam, passando com
o seu som musical a abrilhantar as casas e as ruas.
Os campos em Loriga, com o cantar dos Grilos, se enchiam de alegria e como
que em orquestração, logo assim que chegava a Primavera, pareciam
autênticas sinfonias que enchiam de música os belos recantos de
uma "Loriga de outras eras", também passando a ser, como que
uma azáfama da garotada, principalmente a partir do mês de Abril,
na procura dos Grilos aqueles que fossem sem dúvida verdadeiros cantantes.
Existia até uma certa arte para se caçar os Grilos, bastava que
conseguisse ver o buraco onde à porta o Grilo ali estava a expandir
o seu som musical. Tinha-se que chegar bem perto do buraco no maior silêncio,
pois ao eventualmente pequeno ruído ele se refugiava dentro do buraco,
então nessa altura a arte da utilização de uma pequena
palhinha o fazia sair, para assim fora se poder caçar.
A alface era a comida habitual para dar aos Grilos, que estavam assim em cativeiro,
convencia-se assim a garotada, de que a alface tornava estes pequenos animais
ainda mais cantantes, o que na realidade não era bem assim.
Está ainda na memória de muitos, quando a garotada colocava os
grilos em caixas de fósforos e colocavam a mesma nos ombros por baixo
da roupa e assim os levavam para a Igreja, nomeadamente para as cerimónias
do Mês de Maria, onde depois os grilos se ponham a cantar, para arrelia
do senhor Padre e das pessoas mais idosas, que por vezes não saía
lá muito bem para aquele que tivesse essa ideia de levar o seu Grilo
para a Igreja. |
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(Registado aqui - Ano de 2008) |
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Camão de
Neve em Loriga |
Numa manhã gelada de um rigoroso
inverno, a Natureza com todo o seu esplendor vem brindar Loriga, com um panorama dos
mais belos e deslumbrante que se possa imaginar.
Ainda debaixo de grossos cobertores e mantas de pêlos, através da vidraça
das janelas entra a claridade provocada pela brancura do grande e belo lençol
de neve, desde a escarpada "Penha d´Àguia" assim como nos telhados
e nas courelas, a findar lá prós lados do "Pisão do Barruel"
Olhamos a beleza dos pinheiros, cerejeiras e castanheiros, despidos de folhas os quais
parecem gigantescas árvores de Natal artisticamente prateadas pela neve acumulada
em seus galhos.
Nos quintais, as roseiras e outros arbustos curvam-se com o peso da neve e com alguns
pardais empoleirados e famintos à procura de algum lugar não atingido
pelo gelo, a fim de colherem algumas migalhas para seu sustento.
Os passos das pessoas que passam nas ruas, ficam marcados, primeiro bem definidos,
depois em sulcos compridos talvez porque os não possam erguer. Nas fontes a
água copiosamente cai, a neve a ela se junta, tornando-a ainda muito mais gelada
e mais cristalina.
São estas as imagens, que ficam para sempre gravadas com infinitas saudades
em nossos olhos, mostrando a grandeza de Deus na perfeição da Natureza
e que jamais se extinguirá dentro da nossa existência, relembrando sempre
um Camão de Neve em Loriga. |
**** |
Batem leve levemente
Como quem chama por mim
Será chuva, será gente
Gente não é certamente
E a chuva não bate assim |
É talvez a ventania
Mas à pouco à poucochinho
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho |
Quem bate assim levemente
Com tão estranha leveza
Que mal se ouve mal se sente
Não é chuva não é gente
Nem é vento com certeza |
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*** |
*** |
|
*** |
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Queda de Neve em Loriga |
*** |
Olho através da vidraça
Está tudo da cor do linho
Passa gente e quando passa
Seus passos imprime e traça
Na brancura do caminho |
Fico olhando estes sinais
Da pobre gente que passa
E noto por entre os mais
Uns traços minaturais
Duns pezinhos de criança |
É uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim e fica presa
Cai neve na Natureza
E cai no meu coração |
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(Registado aqui - Ano de 2004) |
Vídeos |
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As Trovoadas |
Pelas características
montanhosas de Loriga, a trovoada, ao fazer-se sentir, chega por vezes
a ser medonha, inspirando muito receio e uma certa preocupação.
Em tempos, era muito usual em Loriga, guardar um ramo de oliveira benzido
no Domingo de Ramos, no sentido de ser utilizado quando havia trovoada.
Assim, logo que as trovoadas se faziam ouvir, as pessoas apressavam-se
a queimar o ramo de oliveira ou, em alguns casos, ramos de louro, ao
mesmo tempo que rezavam e entoavam cânticos a Santa Bárbara,
para que a Trovoada abrandasse ou se afastasse para outras paragens. |
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Inicio de uma Trovoada |
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Prece a Santa Bárbara, a
que apazigua os trovões:
Santa Bárbara bendita. Que
no Céu está escrita. Com um raminho de água benta. Nos livra desta
tormenta... |
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Cântico
Bendito e louvado seja
O Santíssimo Sacramento
Da eucaristia.
Do fruto do ventre sagrado
Da Virgem puríssima
Santa Maria... |
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Também muito usual em Loriga
este Provérbio dedicado à Santa Barbara: |
-Só
te lembras de Santa Barbara quando dá trovoada- |
(Registado aqui - Ano de 2004) |
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Lembrar
Loriga!.. Minha Terra |
Loriga, lembro-me de ti, das tuas ruas,
becos e "quelhas", onde passei os meus tempos de menino sem reparar! |
Loriga, lembro-me de ti, das fogueiras
de Natal no Adro e na Carreira, com os "tocos" que levavam horas a queimar
e à noite as Janeiras às portas se iam cantar! |
Loriga, lembro-me de ti, das tuas imponentes
"Penhas" bem altas que pensávamos que no céu estavam a tocar. |
Loriga, lembro-me de ti, nos dias de
inverno junto à lareira, ouvindo aos mais velhos histórias contar! |
Loriga, lembro-me de ti, da "Residência"
onde havia teatro e cinema e onde se tentava entrar sem bilhete pagar! |
Loriga, lembro-me de ti, e dos muitos
serões televisivos na "Praça" e ao luar! |
Loriga, lembro-me de ti, dos muitos
pinhais que havia onde pinhas e carumas se ia apanhar! |
Loriga, lembro-me de ti, das muitas
árvores de frutos que em alguns lados havia e que à noite essa fruta
se ia furtar! |
Loriga, lembro-me de ti, do mês
de Maria com as meninas a cantar e aos ombros da garotada cantavam os grilos a acompanhar! |
Loriga, lembro-me de ti, das Festas
da Vila com arcos, luzes e divertimentos de admirar, gente de todo lado vinha e à
noite, foguetes de lágrimas iam para o ar! |
Loriga, lembro-me de ti, das maceiras
com o bom pão cozido que vinha dos fornos e que deixavam ao passar um apetitoso
aroma no ar! |
Loriga, lembro-me de ti, das Festa
de N. S. da Guia onde a sineta não parava de tocar e na Vila as mulheres entoavam
seus cânticos, limpando as ruas e casas pois a festa estava a chegar! |
Loriga, lembro-me de ti, das tuas ribeiras
de águas cristalinas e onde nos seus "poços" no Verão
todos se queriam banhar! |
Loriga, lembro-me de ti, dos professores
e das escolas improvisadas, onde aprendi a ler e a contar! |
Loriga, lembro-me de ti, das muitas
tabernas que havia, e onde principalmente aos Sábados os homens se encontravam
para conversar! |
Loriga, lembro-me de ti, dos muitos
jovens que estavam fora a estudar e vinham a Loriga as "férias grandes"
gozar! |
Loriga, lembro-me de ti, das raparigas
bonitas e de faces coradas que sorriam para namorar! |
Loriga, lembro-me de ti, e de uma garotada
infernal em S.Genês, Terreiro do Fundo e Carvalha, que em jogos de bola, "pau
de bico; eixo; rabisco e mosca" os mais velhinhos se faziam arreliar. |
Loriga, lembro-me de ti, quando muitas
fábricas havia e muita gente nelas trabalhavam e bem longe se ouvia suas máquinas
em grande laboração. |
Loriga, lembro-me de ti, e quando qualquer
palmo de terra era cultivado e assim te transformavam em jardim. |
Lembro-me de ti, Loriga .........................! |
Quem me dera voltar a ser menino
Poder brincar apenas por brincar
Sentir-me, como outrora pequenino
Chorando sem saber porque chorar |
|
(Registado aqui - Ano de 1999) |
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"1944
- A Queda do Avião" |
A guerra assolava
ainda por toda a Europa mas, em Loriga, a vida era tranquila e nada fazia prever que
algo viesse alterar esse cenário de acalmia, até que um certo dia que
já vai longe, num Fevereiro perto do fim algo aconteceu.
O dia estava a chegar ao fim, e a "Garganta e as Penhas" de Loriga começaram a ser cobertas por flocos
de nevoeiro, parecendo como que algodão, apesar do dia de Céu azul que
tinha estado, parecendo Primavera. |
Já
a meia-noite tinha ficado para trás, quando se começou a ouvir
o trabalhar de um forte motor de avião, parecendo voar mais baixo que
as "Penhas", também estas surpreendidas por alguém
se aventurar a sobrevoar os seus domínios. A Penha do Gato abriu seus
braços como que para os abraçar e lhes dizer que ali só
ela era soberana.
Dos Loriguenses ainda acordados saíram gritos de aflição,
pois se o avião estava a voar assim tão baixo, por certo iria
bater em alguma "Penha". O barulho do motor estava cada vez mais
próximo e, a seguir um grande estrondo se fez sentir, não havendo
dúvidas de que o avião embatera na serra. O povo ficou aterrado
e, de imediato os mais corajosos partiram serra acima com destino ao local
.
Ao chegarem, compreenderam então que o inevitável tinha acontecido.
O avião embatera contra as rochas, explodindo, constatando-se, então
que se tratava de um avião militar estrangeiro.
Apesar dos vestígios
do incêndio que se gerou depois da explosão, era visível
o diverso material de guerra que transportavam. Foram vários os loriguenses que se mandaram
caminho acima até ao local, logo após o avião
ter batido na "Penha" , um desses foi Emídio Calçada, que
depois relataria que ao chegar local, "
as balas espalhadas eram tantas que até parecia milho".
Por sua vez os corpos não tinham sido totalmente calcinados porque entretanto
tinham sido projectados à distância.
Lentamente e piedosamente foram recolhidos os restos mortais daqueles cadáveres
e transportados para a vila a fim de ali serem sepultados, o que veio acontecer.
Verificando-se que se tratava de soldados ingleses, pelo facto de serem de
religião protestante, não deixaram de ter um funeral digno de
respeito pelo povo como nunca tinha acontecido até então. Confiados
piedosamente às gentes de Loriga, aqueles mártires da catástrofe
vieram acabar os seus dias numa terra verdadeiramente católica, e repousam
em paz e para sempre no cemitério local numa campa rasa, cedida gentilmente
pela Junta de Freguesia.
Nunca ficaram totalmente esclarecidas as causas do acidente, no entanto pensa-se
ter ficado a dever-se ao nevoeiro. Era um avião inglês "Hudson Aircraft" que tinha deixado nesse mesmo dia Gibraltar com
destino ao Reino Unido, transportando os seguintes ocupantes: |
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Foto de
Carlos Ramos
- Gente de Loriga junto
dos destroços do avião militar inglês - |
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-Capitão-Roberto
Tavener HILDICK; Tenente-John BARBOUR; Tenente-Daniel De Waal WALTERS; Tenente-John
Patie THOM; 1.Cabo-Jack Learoyd WALKER; 1.Cabo Henry Ernest HEDGES.
Conforme consta das Certidões de Óbitos passadas pelo Registo Civil de
Seia, as mortes ficaram registadas como tendo acontecido à uma e cinquenta minutos
desse dia 22 de Fevereiro de 1944.
Desde sempre a "Campa dos Ingleses", como assim ficou a chamar-se, tem sido
pelo povo de Loriga um local de respeito, sendo muitas vezes visitada por familiares
e organismos ingleses. Este acontecimento da Queda do Avião já foi, em
tempos (1989), tema de reportagem na Televisão (RTP). |
** |
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Campa dos
Ingleses no Cemitério de Loriga |
** |
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Era assim
igual a este o modelo, o avião "Hudson" fabrico americano,
que caiu na "Penha do Gato" na noite de 22 de Fevereiro de 1944,
pertencente à força aérea inglesa. |
** |
Nota:-Segundo os dados da época o local exacto
da "Penha do Gato" onde se deu a queda do Avião, foi o local
a que o povo chama por "Marte Amieiro", e junto à fraga do
Alcabreiro. Na altura, com versos ou simples quadras o povo foi registando
este dramático acidente, no entanto, ao longo dos anos foram-se simplesmente
esquecendo e hoje são poucos aqueles ainda em lembrança. |
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Quadras ao avião que caiu
na Serra da Estrela no dia 22 de Fevereiro de 1944
I
Meus senhores vou-lhe contar
Um caso de grandes horrores
Morreram na Serra da Estrela
Seis grandes aviadores |
V
No alto da Serra da Estrela
Na barroca do Marteamieiro
O avião ficou despedaçado
Junto à Fraga do Alcabreiro |
IX
Loriga ficou comovida
Assim como Portugal inteiro
Por serem nossos aliados
Desde o reinado de D. João I |
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II
D uma hora para as duas da manhã
Do dia vinte e dois de Fevereiro
Sobrevoou esta região
Um grande avião bombardeiro |
VI
Veio a justiça do concelho
Para os corpos levantar
A mil e quinhentos metros de altura
Essa noite não podiam lá ficar |
X
Homens de grande envergadura
Cobertos de feitos e glória
Seus nomes ficaram escritos
Nas lindas páginas da sua história |
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III
Era de noite não se via
A nação de onde ele era
Mas ao outro dia já se sabia
Porque tinha caído na serra |
VII
Uns dizia que eram Sul-Africanos
Outros diziam que eram franceses
Veio um pessoa competente
Disse logo que eram ingleses
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XI
Levantaram de Gibraltar
As noves horas depois de comerem
Nunca haviam eles pensar
Que a Loriga vinham morrer |
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IV
Ocorreram em grande correria
Ao lugar assinalado
Quando o povo lá chegou
Ficou todo horrorizado |
VIII
Homens fortes e valentes
Da RAF eles eram soldados
Quatro tinham o cargo de tenentes
E dois também já eram cabos |
XII
Os brilhantes aviadores
Da Real Aero Inglesa
Vieram morrer num cantinho
Deste grande Nação portuguesa. |
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* Filomena Nunes Brito
05/Abril/1944 |
*** |
Outra referência à
queda do avião, ainda hoja muitas vezes recitada * |
No dia 22 de Fevereiro de 1944
Um dia bem assinalado
Na Malhada do Marte Amieiro
Junto à Fraga do Alcabreiro
Um avião despedaçado |
* Autor desconhecido |
(Registado aqui - Ano de 1999 e 2005) |
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"1927
- Um ano Trágico em Loriga" * |
Dois trágicos acontecimentos,
ocorridos simultaneamente em 1927, tornariam este ano o mais dramático na história
desta localidade. É desse fatídico ano e desses acontecimentos que aqui
se registam alguns apontamentos: |
"Tifo Exantemático/Epidemia
em Loriga" |
Nos primeiros dias de Janeiro
de 1927, começaram a aparecer uns primeiros focos de febre, tendo tudo
começado quando trabalhadores loriguenses a trabalharem em fábricas
na Covilhã chegaram a Loriga, para passarem uns dias.
Primeiro foi no Vinhõ, depois no "Terreiro das Figueiras" hoje Largo do Dr. Amorim, os locais onde começo
as pessoas a ficarem doentes, rapidamente se foi alastrando, com muita da população
em Loriga a ficar doente, começando mesmo algumas pessoas a serem vitimadas
mortalmente, ao princípio, não se sabia bem do que se tratava.
Com o aparecimento de cada vez mais casos, o médico e as autoridades
administrativas locais começaram a notar que algo de anormal e grave
se estava a passar, receando mesmo estar-se perante uma epidemia, o que de
facto se viria a verificar.
Essas mesmas autoridades expediram vários telegramas para a Direcção
Geral de Saúde, dando conta do que se estava a passar e do estado das
condições sanitárias em Loriga, apelando para uma intervenção
urgente e rápida.
Entretanto morrem, vítimas desta epidemia, o médico local Sr
.Dr. Amorim da Fonseca, o Sub-Delegado de Saúde Dr. Simões Pereira
e ainda Francisco Faria (barbeiro), precisamente as pessoas que lidavam mais
de perto com os doentes.
De Lisboa, chegou finalmente a Loriga pessoal especializado, com material de
desinfecção e de isolamento, bem como os medicamentos necessários,
tendo-se improvisado um Hospital em casa dos herdeiros de Maria de José
Baia no bairro de S.Genês começando, assim, a combater-se a grave
Epidemia, em que os doentes eram atingidos por febres altíssimas.
A febre chegava a ser superior a 40 graus e, quando isso acontecia, os doentes
eram introduzidos numa banheira de água fria com criolina e, seguidamente
eram colocados numa cama limpa, ficando muitas das vezes inconscientes.
Houve na realidade muitas vitimas mortais, por isso se ter dito "que Loriga parecia uma verdadeira necrópole". Loriga chegou a estar isolada do resto do país,
dado tratar-se de uma doença altamente contagiosa, tendo como característica
ser transmitida através do "piolho", que se proliferava de forma incrível, sendo
por essa razão necessário proceder à depilação
completa do doente.
No dia 24 de Julho, (Dia do São João), viria a ser considerado
finalmente extinto o "Tifo
Exantemático",
tendo-se procedido a um jantar de despedida de todos aqueles que tomaram parte
no combate a essa grave Epidemia, com a população local a festejar
com bailes e divertimentos em quase todos os Largos da Vila, dando assim largas
à sua alegria depois de muitos meses a viver a dor da perda de muitos
entes queridos. |
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Agente
transmissor que foi
responsável pelo Tifo em Loriga |
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* Registos das memórias do Padre
António Mendes Cabral Lages (1951) |
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"A
Queda do Coro da Igreja" * |
Estando ainda Loriga a viver as consequências
da grave Epidemia, outra tragédia viria acontecer. No dia 24 de Abril, Quarta-feira
da Semana Santa, viria a ruir um anexo que fazia parte do Coro da Igreja, que havia
há pouco tempo sido construído, precisamente para as crianças
da catequese.
Esse anexo consistia num tipo de "palanque",
em frente do actual, e que, nesse dia, quando começou a ficar ocupado, de imediato
começou a desabar no meio de muitos gritos e confusão.
Houve como balanço trágico, a morte de
uma criança e de uma mulher que ficou esmagada por uma coluna e, mais tarde,
no hospital viria a falecer uma outra. Houve ainda muitos feridos, principalmente crianças,
que foram transportadas de camioneta, para o Hospital de Coimbra, nessa mesma noite.
Viveram-se momentos de grande aflição
e ansiedade e, entre choros e gritos, as pessoas procuravam os seus familiares. Enquanto
eram socorridos os feridos, havia sempre alguém que tentava transmitir calma.
Mesmo assim, e felizmente, este acidente não tomou maiores proporções
porque, na altura, a Igreja não estava ainda cheia de gente como decerto iria
estar um pouco mais tarde.
Ainda na noite do acidente, uniram-se esforços
para remover os escombros e, no dia seguinte, Quinta-Feira Santa, as cerimónias
puderam continuar com a respectiva afluência dos fiéis. A Igreja foi encerrada
logo após a Semana Santa, por motivo da Epidemia que continuava a manter Loriga
em alerta, uma vez que a aglomeração das pessoas facilitava o contágio.
Sabe-se que o dito "Palanque" anexo ao Coro, tinha sido construído por um senhor
de fora, que na altura vivia em Loriga, depois do trágico acidente e com medo
de represálias por parte da população resolveu fugir, provavelmente
para a sua terra. |
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Factura paga à Farmácia
- Feridos do Coro |
Coro da Igreja Paroquial (Actual) |
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* Registos das memórias do Padre
António Mendes Cabral Lages (1951) |
(Registado aqui os dois acontecimentos - Ano
de 1999) |
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"O
Minério em Loriga" |
Sendo parte integrante da
Serra da Estrela, a região circundante de Loriga era prodigiosa em várias
qualidades de minério, como parece, segundo alguns, acontecer ainda
hoje em dia. Era, no entanto, o Volfrâmio aquele que foi mais procurado,
dando origem a muitas histórias.
Efectivamente, a exploração do Volfrâmio nesta região
de Loriga, quedou-se apenas numa exploração espontânea
e popular, nunca tendo grande dimensão industrial. Objectivamente foi
de facto marcante, nomeadamente em determinada época, em que houve uma
certa euforia de procura, que ficou para sempre na recordação
de muitos dos seus habitantes, dando até origem a um certo desenvolvimento
económico, que chegou a ser notório nesta localidade.
O Volfrâmio, sendo um elemento químico tipo metálico, muito
duro, era muito usado na fabricação de aços especiais,
filamentos para lâmpadas e para válvulas de aparelhos eléctricos,
bem como outras aplicações. Nessa época já distante,
antes e principalmente durante a 2a. Guerra Mundial, o volfrâmio foi
um minério que contribuiu para o grande desenvolvimento industrial das
grandes potências, servindo ainda de componente para material de guerra,
pelo que chegou a atingir valores elevados. Daí a grande exploração
por muitas das serras em todo o país, onde parecia existir de facto
grande quantidade, não só deste minério como de outros
também.
Foram realmente tempos de euforia, que em Loriga se viveram com o negócio
do Volfrâmio. Um grande número de pessoas desta localidade, e
também de outras terras, diariamente subiam a serra na procura desse
minério. Nos dias que a sorte sorria, regressavam felizes cantando,
vendendo o fruto desse dia de sorte a pessoas endinheiradas ou volframistas.
Chegou a ser relevante a abundância de dinheiro em muitas famílias,
não se questionando, ou saber sequer, a que fins se destinava aquele
minério.
Parecia sinfonia, em orquestração, os martelos que diariamente
martelavam na serra, manejados por braços e mãos calejadas de
duro trabalho, percorrendo caminhos perigosos debaixo de um calor abrasador
no verão, ou suportando baixas temperaturas no rigor do rigor do inverno.
A esperança de fazer fortuna e de ganhar bom dinheiro, estava sempre
presente no pensamento de todos. Mas, passada a euforia, surgiram os tempos
de frustração, chegando muitos à triste conclusão
de nada lhes ter valido suportar esse subir e descer aqueles serras, que tão
bem ficaram a conhecer.
Com os tempos, o alto valor desse minério foi gradualmente diminuindo
tendo sido, no entanto, em Loriga, comercializado durante algum tempo mais.
Hoje restam vestígios de histórias passadas e que se transmitem
de geração em geração, onde se realça acima
de tudo, uma vida ambiciosa, mas dura sobre a "Febre de Volfrâmio",
que nem sempre foi bem sucedida para todos. |
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Exploração
do volfrâmio (Entrada de uma Mina) * |
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Pequena porção
de Volfrâmio |
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* A foto aqui documentada, que se desconhece a data
certa, foi tirada à entrada de uma mina na zona circundante de Loriga. Uma das
pessoas reconhecidas nesta foto é o senhor da camisa branca chamado José
Gomes Luís Júnior, filho do senhor José Lages que construiu a
fábrica Lages Santos. |
*** |
Nota:-Na
altura, por toda a serra se ouviam cantar versos que o povo ia fazendo relacionado
ou Volfrâmio, ma com os anos foram-se simplesmente esquecendo e hoje são
poucos aqueles ainda em lembrança. |
Pois agora tudo morre
Porque o Volfrâmio não corre
Devido à Exportação
Pois a toda a gente deu ouro
Dentro da nossa nação |
(Registado aqui - Ano de 2007) |
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Ano de 2011 - Fotos das antigas
minas da exploração do volfrâmio |
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Mina do "Filão
Rico" |
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A Extracção do Minério
em Loriga *
A extracção
de minério em Loriga durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945),
sendo uma parte da história de Loriga sobre a qual pouco está
registado, aquilo que se sabe provém da memória popular/oral.
A exploração de minério em Loriga parece ser anterior
ao auge da extracção de minérios, nomeadamente do volfrâmio.
Na segunda metade do século XIX chegou a esta comunidade uma família
inglesa da qual pouco se sabe: ajudaram ou mesmo lançaram a indústria
têxtil de Loriga, dedicaram-se à exploração mineira,
para a qual já deteriam aparelhos que os loriguenses nunca tiveram para
a prospecção dos minérios.
A extracção
mineira conheceu forte incremento, naturalmente, no período da Segunda
Guerra Mundial (1939 - 1945), consistiu principalmente na extracção
de volfrâmio, o qual era detectado à superfície e depois
explorado por mina, tendo surgido em Loriga, no total, mais de cinquenta minas.
A exploração mineira empregou quase toda a população
na época, trabalhavam cerca de mil pessoas por dia na Serra, os trabalhadores
eram jovens e adultos. De Loriga o minério seguia para os arredores
de Nelas e de Mangualde, onde era separado por maquinaria específica.
Este minério era considerado dos melhores porque era mais pesado, proporcionando
aço de melhor qualidade. Na década de quarenta do século
vinte o minério - ainda em Loriga e em estado bruto - era vendido a
200$00/kg, tendo sido assim que muitas pessoas compraram casa e/ou terrenos,
levando à existência de contrabando e de imitações
(por exemplo, fritando pirite) e ao esbanjamento de dinheiro.
Acontecimento marcante durante a exploração do minério
foi a queda de um avião da força aérea inglesa na madrugada
de 22 de Fevereiro de 1944, tendo vitimado seis militares.
Com o fim da Guerra ainda continuou a exploração por algum tempo,
sendo vendido o volfrâmio a preço mais barato até deixar
de dar dinheiro e ser abandonada esta actividade, voltado a miséria
que caracterizava o tempo anterior a ela.
* Uma Pesquisa
De Gonçalo Brito Cabral |
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Este presente texto é um
resumo do folheto que a Comissão das Marchas Populares de Loriga 2012, sob o
tema "O Minério", |
(Registado aqui - Ano de 2012) |
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Crime de Morte pela
Autoridade |
Era 11 de Janeiro de 1964, dois soldados
da G.N.R dos Posto de Loriga são destacados para patrulhar por terras próximo
da freguesia da Vide. Nessa altura as patrulhas eram efectuadas a pé, percorrendo
caminhos, montes e vales. Cedo ainda
saíram de Loriga os guardas Abel Marques Pimentel, casado de 27 anos natural
de Vermiosa, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e Vergílio Augusto Salgueiro
Gonçalves, casado de 29 anos de Rendo concelho de Sabugal. |
Em dada altura e no lugar
conhecido por Carvalhinho, desentenderam-se e empreenderam numa violenta discussão
com agressões pelo meio, que veio a culminar com o guarda Gonçalves
a disparar a sua arma sobre o guarda Pimentel atingindo este com cinco tiros
um dos quais fatal que lhe atravessou o coração.
Depois de consumido o crime regressou ao Posto
contando o sucedido ficando de imediato detido e o corpo do desventurado a
ser levado para Seia, onde foi autopsiado pelos médicos Dr. Guilherme
Correia de Carvalho e Dr. António Joaquim Evaristo do Instituto de Medicina
legal de Coimbra.
Este insólito crime deixou o povo de
Loriga consternado, merecendo a condenação geral, sabendo-se
mais tarde que o relacionamento destes dois guardas já á muito
que não era amistoso, com disputas e quezilas entre eles, que se tinha
vindo a gravar através dos tempos, nunca se sabendo em profundidade
as totais razões.
Após as formalidades legais de Justiça,
o cadáver do malogrado guarda foi transladado para a sua terra de naturalidade,
deixando viúva e dois filhos de pouca idade, com o assassino a ser conduzido
para a Secção do Comando de Coimbra.
Foi assim um dia insólito em Loriga,
com as noticias a colocar a harmoniosa e pacata vila nas bocas do mundo, que
por algum tempo deixou de ter acalmia que parecia existir num Janeiro do começo
de mais um ano em Loriga. (Registado
aqui - Ano de 2008) |
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Aqui
se documentado a foto de um Caroleiro, cheio de água, hoje
provavelmente transformado em bebedouro de animais. |
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Caroleiros
de pedra
Parece ser
ainda da lembrança de muitos loriguenses a existência
dos caroleiros de pedra, que se podiam encontrar em
Loriga, um pouco por toda a parte, onde as pessoas com a ajuda
de uma outra pedra, normalmente reboluda, partiam ou moíam
o milho de maneira que ficasse o mais possível miudinho,
para a confecção do carolo, muito apreciado nesta
vila,
Os caroleiros são pedras trabalhadas, que mãos
habilidosas na arte de trabalhar a pedra, executavam com certa
perícia, aprofundando uma cavidade bem acentuada e larga,
num trabalho moroso, em que eram normalmente utilizadas pedras
com um certo diâmetro e consistência.
Como se disse os caroleiros eram muito usados em Loriga.
Até ainda há bem pouco tempo, um ou outro desses
resistentes caroleiros, se podiam ainda ver numa ou
noutra rua da parte histórica da vila, no entanto, os
tempos do modernismo os fez desaparecer.
"O milho no caroleiro
Partido bem partidinho
Está pronto a escolher,
E com leite a fazer
O famoso carolinho"
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(Registado aqui - Ano de 2007) |
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A
Fisga - A "Funda"
Está ainda
na recordação de muitos o objecto conhecido por Fisga,
popularmente chamada em Loriga por "Funda", objecto este
que fazia parte das brincadeiras da garotada em épocas já
distantes, que tinha também a parte negativa da sua utilização
na caça aos pássaros.
Era necessário ter uma certa perícia para uma boa pontaria,
havendo mesmo em Loriga alguns bons atiradores, chegando-se a fazer
torneios para ver quem atirava mais longe ou acertar em determinado
ponto ou local, que só os melhores o conseguiam fazer. Só
que algumas vezes o acertar num vidro de janela era por vezes o alvo
errado e por isso os inconvenientes inerentes às consequências
que daí derivava, para os que faziam tamanho estrago.
As Fisgas ou Fundas, como se dizia, eram feitas com os melhores materiais.
Eram procurado as árvores de boa madeira, donde eram retirados
os ramos com as melhores ganchas. Procurava-se a borracha da melhor
e com muita elasticidade para atirar mais longe, dizia-se na altura
que a camara de ar dos pneus das camionetas era o melhor. Um pedaço
de cabedal unia as duas borrachas, amarradas nas extremidades com fio
bem forte para poder suportar bem o projéctil, ou seja as pedras,
até nas pedras que serviam de projéctil havia escolha,
o seixo arredondado das ribeiras era mais maciço e mais denso,
por isso dizer-se que era de maior precisão, porque não
se desviava com a velocidade do vento.
A parte negativa era a sua utilização na caça
aos pássaros ou a tudo que tinha asas, que quando isso acontecesse,
escusado será dizer, ser tema de euforia e gabarolice por aqueles
que conseguiam tal feito. |
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Fisga ou "Funda" |
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(Registado aqui - Ano de 2005) |
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Os bebedouros |
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Os bebedouros para os animais
Os bebedouros de pedra são
obras trabalhadas, que mãos habilidosas na arte de trabalhar a pedra
executaram com certa perícia, aprofundando com mestria a cavidade bem
acentuada e larga, num trabalho moroso, em que eram normalmente utilizadas
pedras com certo diâmetro e consistência.
Hoje os bebedouros são pedras silenciosas, mas com história,
lembranças de muitos de nós leva-nos a um passado distante em
que víamos esses bebedouros ou pias, como se assim se chamam mais popularmente,
utilizados um pouco por todo o lado, onde era colocada a comida ou água
para os animais, nomeadamente nas capoeiras das galinhas ou em locais onde
estavam outros animais. |
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(Registado aqui - Ano de 2011 |
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Pastores
de Loriga |
Desde sempre os pastores fizeram parte
da história de Loriga, o mesmo acontecendo hoje em dia, apesar de não
terem a dimensão de outrora.
Nas recordações ainda de muitos nós, estão épocas
de grandes rebanhos e de pastores, alguns bem nossos conhecidos, que continuam a ser
referência na nossa história.
Eram homens simples, alguns até analfabetos, mas dotados de inteligência,
de coração e de coragem. Eram também, acima de tudo, gente que
sabia aconselhar.
Da Primavera ao Outono, dormiam sob as estrelas, num simples abrigo de palha, a poucos
metros dos seus rebanhos. Geralmente tinham com companheiro o cão, seu fiel
amigo. |
** |
Homenagem
aos Antigos Pastores de Loriga
Muito cedo de manhã
partiam
Mesmo antes de o dia nascer
Ao encontro dos rebanhos iam
Só voltando depois do escurecer |
Vezes sem conta a serra
subiram
Deixando Loriga para trás distante
Uma longa vida na serra viviam
Como que uma vida de emigrante |
Da serra tinham sempre
histórias
Para aos mais novos contar
Histórias lendárias que ficaram
Que ainda hoje são de recordar |
Não eram os
ventos velozes
Nem os trovões que temiam
Eram sim os grandes nevões
Que muitas vezes os venciam |
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Subiam bem ao alto
à Estrela
Pensando que ao céu iam chegar
Muitas vezes lhes parecia ver Jesus
Que no seu reino estava a rezar |
Caminhos misteriosos
e difíceis
Só mesmo eles pareciam conhecer
Vezes infinitas por eles passaram
Muitas dessas vezes neles a padecer |
Numa vida dura e de
paciente
A Estrela os acolhia como amantes
Homens calejados e destemidos
Eram na serra sentinelas vigilantes |
Tantas vezes subiram
à Estrela
Vezes que nem deu para contar
Quantas vezes também a subiram
Por vezes com vontade de chorar |
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Como companhia tinham
seus cães
Companheiros e seus fieis amigos
O perigo os espreitava por vezes
Sendo os lobos os maiores inimigos |
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(Registado aqui - Ano de 1999) |
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Loriga de outros tempos |
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Ano 1950
- Fábrica Nunes Brito (Carreira) |
Ano 1980
- Rua Sacadura Cabral |
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Sou de Loriga sou
sim senhor, de lá como as fragas e as ribeiras.
Como as andorinhas, que vão e sempre voltam, nas festas de verão.
Melros que devoram, frutos ainda verdes, da natureza são desventuras.
Banda a tocar, trinados da requinta, sonata ao luar, tocata ao serão.
|
Medo que assusta ao
chegar, Ponte Jogais no embalo, do Arão é a Portela.
Tuas estradas e curvas, são colares de fantasia, de cristais
a emoldorar.
Escondida que ficas, pra seres encontrada, brilhante que és
ó Estrela.
És admirada, cantada e em prosa idolatrada, tola tua timidez
a encenar.
|
Sou de Loriga sou
sim senhor, como as bicas d'água, sempre a correr.
Do Mirante te olho, saúdo, aplaudo e te venero, tua beleza deslumbra.
Ouço o sino da matriz que repete, é hora de voltar, saudades
a bater.
Sopa fumegante na tigela, broa de milho, chá de tília
bem que cheira!
|
Levada de paixões,
juras de amor sem fim, cânticos em coral na capela.
Na esplanada de tudo se fala, do somenos ao adufo, trelecas e castanholas.
Fados de Coimbra no adro, saudades em harmonia, gala maior fundo cala.
Passado bom de lembrar, mas mal já não medra, brisa fria
tange-nos ao relaxas.
|
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Sou de Loriga sou
sim senhor, como o zimbro, as mimosas e os castanheiros.
Como as cerejeiras, Penhas do Gato e dos Abutres, os rosmaninhos e
as giestas.
Águas cristalinas, descem a serra a desfilar, com as pedras
da ribeira aos abraços,
Sem pressa de abalar, invejam as rochas que ficam, em adula eterna
majestosas.
|
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De Suevos e Visigodos,
Mouros e Romanos a descendência, ao passado o culto
Passeios na estrada à tardinha, gangorras da memória,
de emoções faz baloiço.
Courelas; presépio de sulcos teu povo esculpiu, palheiras e
moinhos fazem vulto.
Garganta de Loriga; arauto de frio manto vestido, prantos de despedida
já oiço.
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Av.Augusto Luis Mendes
(Carreira)
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Autor : Antero Almeida Figueiredo (Brasil)
Agosto/2004 |
(Registado aqui - Ano de 2004) |
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As braseiras
e bugias
Quando hoje apetrechamos as nossas casas com os mais sofisticados meios de
aquecimentos, parece já se ter esquecido a Loriga de outras eras, quando
as braseiras e as bugias
eram os aquecedores usuais,
com que se aqueciam as casas, as pessoas e ao mesmo tempo também como
meio de enxugar a roupa.
As casas já por si muito frias, as braseiras eram de facto fundamentais,
por isso muito usuais em Loriga. Feitas de latão ou cobre, colocadas em estrados próprios,
proporcionavam um calor bem necessário para as pessoas se aquecerem,
quando o frio mais apertava. Também os próprios proprietários
das tabernas, cafés e as direcções das colectividades
tinham também a preocupação de terem bem acesas as braseiras,
para as pessoas se aquecerem, normalmente os homens que por ali se juntavam
passando parte do serão.
Para além do aquecimento que proporcionava numa casa e nas pessoas,
o calor da braseira depois de apetrechada por enxugadores próprios,
feitos de arame mais forte ou ferro, eram uma mais-valia e de importância
vital para enxugarem os cueiros (fraldas de pano para as crianças) meias
ou outras roupas, se nos lembrarmos que o agregado familiar era composto por
muitas crianças, nessa Loriga quando a população era mais.
Recorda-se os serões à volta da braseira, onde muitas histórias
se ouvia contar, numa caracterização própria que o calor
fazia nas pessoas, principalmente nas mulheres, com as pernas sempre avermelhadas
e que popularmente se dizia enchouriçadas, as folhas de prata para fazerem
renascer mais as brasas, a borralha depois aproveitada ao ser espalhada pela
terra de cultura, a pá sempre presente e imprescindível para
mexer as brasa, são tudo isto recortes de história passada, que
parecem já estar hoje esquecidos.
As bugias, como assim se chamavam, feitas de ferro fundido
com buracos à sua volta, era menos usuais, porque para meio de aquecimento,
a sua utilização necessitava de outros condicionalismos, não
podendo ser utilizado por qualquer outra dependência da casa, como se
fazia com a braseira. Por isso, era mais usada como meio de fogão para
confeccionar as refeições.
De qualquer das formas as braseiras e bugias, foram na realidade os utensílios de muita
importância e muito usados em Loriga, no entanto, ainda hoje há
quem utilize a braseira, apesar da existência de outros meios do modernismo.
De qualquer das formas as braseiras
e
bugias, fazem hoje parte
das recordações de uma geração, que ao lhes vir
à memória, recordam estes utensílios com saudade.
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Bugia 1970 |
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Uma Braseira ainda
usual em Loriga,
que aqui se documento com a foto, que
foi tirada numa casa em Loriga no mês de Dezembro (2008) |
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Braseira de aquecimento,
com enxugador (1960) |
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(Registado aqui - Ano de 2007) |
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Caminhada ao
Covão d´Areia - 26.Agosto.1989 |
Foi no dia 26 de Agosto de
1989, que se realizou a maior e mais significativa "Caminhada ao Covão
d´Areia" idealizada por jovens à qual aderiram pessoas de
todas as idades, numa grande jornada de aventura, passeio, laser, convívio
e fraternidade, que ficou marcado para sempre na recordação de
todos aqueles que fizeram essa subida à serra.
Essa caminhada teve também o impulso do Padre Jorge Manuel L. Almeida,
que tinha sido ordenado sacerdote dois meses antes, que aproveitou e em pleno
Covão d´Areia celebrar uma missa. |
Cedo ainda, reuniram-se
a pessoas na vila, unidos no mesmo sentido de subir a serra naquele
espírito de aventura e de convívio como é timbre
dos loriguenses. Iniciada a caminhada ainda pela fresca, antes que
o sol despontasse, o grupo começou a subir o caminho e à
medida que se foi tornando com um nível de dificuldade mais
elevado, a totalidade do grupo foi-se dividindo distanciando em pequenos
grupinhos, com os mais jovens a palmilharem o percurso com muita mais
agilidade.
Os trilhos foram-se enchendo de grupos, que a passo a passo lá
iam caminhando, até a própria "Penha do Gato"
parecia admirada com tanta gente a percorrer os seus domínios,
parecendo mesmo abrir seus braços para abraçar os visitantes
tendo como sol o seu sorriso.
Aos poucos as pessoas lá foram chegando e cerca de duas horas
depois da partida da vila, já todo o grupo estava reunido no
Covão d´Areia, local aplanado de grande dimensão
e rara beleza, resguardado por altos rochedos, local aprazível
onde a natureza se mistura com o ar cristalino que purifica os pulmões
e o espírito, onde todos estavam certos de estarem ali para
passar um dia encantador e inesquecível.
Foram momentos de verdadeiro convívio e amizade, com os mais
velhos a contarem histórias e lendas, cantaram-se músicas
populares, jogaram-se jogos e houve prática desportiva, com
o sol sempre sorridente a dar uma ajuda, para que nada faltasse. |
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Padre Jorge
Manuel L. Almeida, a celebrar a missa |
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Foi construído um altar
improvisado para que o então jovem Padre Jorge Manuel L. Almeida, celebrasse
a missa campal, que todos assistiram numa verdadeira manifestação
de fé e devoção em plena Serra da Estrela, onde as "Penhas"
parecem tocar o céu e pedir a Deus que abençoasse aquela gente.
Foi algo de inédito a celebração de uma missa naquele
local, que ficou para sempre na recordação.
Um trabalho árduo foi efectuado pelo senhor António M. Nunes
(Moita) e o Carlos (o Barbas) que levaram bastante tempo a fazer os buracos
num dos rochedos de granito circundante no Covão d´Areia, onde
foi colocado uma chapa alusiva a esta jornada de convívio, assinalando
para a posteridade este dia memorável.
Uma organização perfeita que pareceu nada faltar, cabendo aqui
um papel fundamental do apoio prestado pelo Grupo de Escoteiros, houve atribuição
de medalhas aos vencedores dos vários jogos efectuados, homenageados
também com medalhas várias pessoas não sendo esquecido
aquelas de mais idade, sem dúvida, uma jornada de convívio que
ficou bem assinalada nos corações de todos.
Chegou-se a tardinha e a hora do regresso, felizes e contentes voltaram aos
trilhos que os levaram de volta à vila, as "Penhas" os viram
partir e com pena e saudosas ficaram por aquele gente ter proporcionado um
dia diferente aquele local.
No rosto de todos eram bem visível a felicidade de um dia diferente
e bem passado no local onde a natureza é rainha e mais perto se vê
o pico das Penhas que parecem tocar no céu. |
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Aqui de registam várias
fotos da Caminhada ao Covão d´Areia em 26. Agosto.1989 |
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No momento da pregação
do Padre Jorge Manuel L.Almeida |
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Momentos de laser e descanso |
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Preparação
para uma corrida |
Jogo de cartas entre
as mulheres |
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Momentos de distribuição
de Madalhas |
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Continuação
de distribuição de Madalhas |
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Trabalho árduo levado
a cabo pelo senhor António Nunes e Carlos (o Barbas) para fazer os buracos
para a colocação da chapa alusiva a esta Caminhada |
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Colocação
da chapa pelo Carlos (o Barbas) |
O mais jovem e o
mais idoso |
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Nota:- Fotos retiradas de filmagens efectuadas com câmara
Vídeo, filme realizado por Joaquim Brito, natural de Alvôco da
Serra, casado com uma loriguense, que desta forma fez a cobertura total deste
evento, que com a ajuda da tecnologia de hoje podemos registar com a colocação
desse mesmo Vídeo em DVD. |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
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Loriga
de outras eras
Recordar "Loriga de outras
eras" é uma nostalgia que percorre os loriguenses onde quer que
se encontrem, lembram com ternura e saudade tempos já passados, que
ao recordá-los, os faz viver tempos que ficaram para sempre nos seus
corações. |
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DETALHES SERRANOS * |
1
Vem-me à lembrança
Como era a vida
No meio da serra
Quase esquecida |
2
Sem a liberdade
Escrita nas leis
Assim se vivia
Sem esses papéis |
3
Nas ruas e becos
Largos ou terreiros
Viam-se os meninos
Quase "dinqueiros" |
4
Joelho esfolado
A unha a cair
Mãos sujas de terra
E o rosto a sorrir |
5
Passavam o tempo
Em grupo ou sozinhas
Às vezes com um pau
Atrás das galinhas |
6
Naquela calçada
Tão irregular
As pedras luziam
De tanto passar |
7
Ao toque da Música
Se havia " arruada"
Alegre atrás dela
Ia a garotada |
8
Usar roupa nova
Oh! Que alegria
Para a procissão
Da Senhora da Guia |
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9
Ao som dos foguetes
Miúdos "sacanas"
Fugiam à mãe
Para ir às canas |
10
Nos dias de Maio
Alguém se atrevia
A levar os grilos
P'ró Mês de Maria |
11
Era obrigação
Todos os meninos
Pedirem a bênção
Aos pais e padrinhos |
12
Aprender a ler
E ir à doutrina
Sem faltar à missa
Menino ou menina |
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13
Andar de pó pó
Oh! Que alegria
Na camioneta
Da mercearia |
14
Queimados p'lo sol
No mês do calor
Sabiam nadar
Sem ter professor |
15
Sopinha e pão
Quase sempre havia
Raro era comer-se
Outra iguaria |
16
Jogos não faltavam
Para diversão
Desde o pau-de-bico
Ao eixo e ao pião |
17
Brincar às pedrinhas
À corda, ao bulir
Batendo às portas
E logo fugir |
18
Assim a canalha
Dos tempos antigos
Ainda tem hoje
Velhos amigos |
19
Qual berço de ouro
Fazer um ó ó
No xaile embrulhados
Ao colo da avó |
20
Ao sol do Inverno
Tarde soalheira
Sentavam-se os velhos
Em qualquer soleira |
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21
Um peito sereno
É caixa sagrada
Que guarda lembranças
Da era passada |
22
Já pouco se escuta
O som das Trindades
Ao raiar da aurora
E ao cair das tardes |
23
Com mais casario
Mas com menos gente
Loriga é um ai
Que só a alma sente |
24
Hoje quem lá volta
Sem lá ter ninguém
Qualquer beco ou rua
Lhe fala de alguém |
25
São pedacinhos
Do tempo passado
Só cada um sabe
Como foi criado |
26
As ruas desertas
Cheiram a memórias
As casas velhinhas
São livros de histórias |
27
Passado é passado
È recordação
Que tem num cantinho
Qualquer coração |
28
Somente lembranças
Que há dentro de nós
Escutem os netos
Contem os avós. |
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* Adélia Prata |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
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Uma Loriga
de outras eras
- A Rua da Amoreira -
A nossa bem conhecida
loriguense, Maria Eugénia
Gonçalves de Moura,
mais conhecida no meio loriguense por "Genita", faz parte daquele rol utópico
dos "Poetas
da Minha Terra",
que nos tem habituado a expressar Loriga, num bem real sentimento de alma poética
Mais uma vez e recentemente a "Genita"
postou nas
redes sociais, um esplendor, belo e extenso poema, cheio de nostalgia que nos
faz voar pelas nuvens densas do passado e levar-nos até àquela
Loriga de outras
eras, onde
uma rua existia toda ela cheia de vida, onde as crianças despontavam
como flores, que apesar de quase nada se ter, parecia que toda a gente tinha
tudo do que melhor havia, Amor, Amizade, Alegria e Afeição.
Parabéns
amiga Eugénia por este belo poema, que me fez voltar àqueles
tempos que há muito deixamos para trás, mas que continua e continuará
a estar sempre bem presente nos nossos corações. |
***** |
A Rua da Amoreira * |
I
Na rua da Amoreira
Vivi minha mocidade.
Éramos uma família
Brincávamos em liberdade. |
II
Uma grande amoreira
Num dos quintais existia.
E assim ficou o nome
Da rua que a possuía. |
III
Uma rua movimentada
A qualquer hora do dia.
Casas cheias de gente
Repletas de alegria. |
IV
Crianças não faltavam
P´rás diversas brincadeiras.
Nos balcões nós morávamos
Às filhas e mães verdadeiras |
V
Nas caixas dos sapatos
Bonecas de trapos dormiam.
Mais tarde as de casquilho
Até os olhos abriam |
VI
Fazíamos-lhes as roupas
Dávamos-lhes de comer.
Arroz apanhado nos muros
Cachilros pr'azeite fazer. |
VII
Nos frascos das injecções
Tapados com a borrachinha
Guardávamos o azeite
P'ra temperar a comidinha. |
VIII
Os cantinhos, as pedrinhas,
O rebisco, a apanhada,
As semanas , a macaca,
A bonzera bem acertada. |
IX
O óculo e o pula um
Brincadeiras tradicionais.
A gancha e o rodízio
Pau de bico e outros mais. |
X
Todos tínhamos um nome
Com o qual nos baptizavam
Mas era pelo alcunha
Que nos identificavam. |
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XI
Os alhos,tripas,
leitões,
cozinhas, cebolas, gigis,
cigueiras,grilos, pregos,
santa,gordos, cabrais,
rata, barromona,demo,
farias, linos, tanganhos,
chixas,sabanicos,
zé morto,rufinas,as d'avó,
menano,chagas, rolhas,
pirolas, tomé, machado,
canhão, carneiro,pipineira,
Todos viviam na rua da Amoreira. |
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XII
Figuras que nos marcaram
Vou lembrar a vida inteira.
Tia Batista, Tia Elvira,
Cego da Cecília, Tia Pinheira. |
XIII
Nos balcões vasos floridos.
Sardinheiras e outras mais.
Coloriam a nossa rua
E as quelhas laterais. |
XIV
Na quelha do Sr. Velozo
Zé Rufina e a boa disposição.
Tocava a concertina
Reinava a animação. |
XV
Na quelha da Cecília
Havia um caroleiro
Com uma pedra redonda
Partia-se o milho inteiro. |
XVI
Descer a quelha do Rato
Era uma grande aventura.
Pois nossos sapatos pisavam
Uma poia mole e escura. |
XVII
Descer os Passos do Senhor
Escorregando no varão.
Era uma das brincadeiras
Das crianças d'então. |
XVIII
Tinha muitos recantos
A quelha do Sr António João.
Jogávamos ao rebisco
Quem chega primeiro põe a mão. |
XIX
A água corria no rego
Nós atrás dela também.
Um barco que deslizava
Era assim nosso entretém. |
XX
Travava-se a água no rego
Para a rua lavar.
Pés descalços chapinhavam
Neste tradicional refrescar. |
XXI
Os eléctricos do cimo
Passavam aqui também.
Exalando fortes odores
Não agradando a ninguém. |
XXII
Amassa o pão meado
O pregão a ecoar.
A lenha que enchia o forno
Começava a crepitar. |
XXIII
No forno da Tia Morcela
Andava grande agitação.
Batia-se o pão-leve
Para a festa da Ressurreição. |
XXIV
O supermercado da época
Era a loja do Tio Leitão.
Desde o caroseno ao azeite,
Linhas, tecidos e o botão. |
XXV
Morriam muitos anjinhos
Era preciso um caixão.
Ir à rua da Amoreira
Era a única solução. |
XXVI
O Sr José Cruz
Empregado do Armazém
Vendia fazenda a metro
P'ró fato do pai e da mãe. |
XXVII
Em casa da Tia dos Anjos
A labuta era original.
Vendia leite aos quartilhos
Fazia queijo e manteiga divinal. |
XXVIII
O Sr Cardoso de Moura
Doou sua habitação
Além de outros bens
Para uma fundação. |
XXIX
Hoje é a rua Coronel Reis.
Foi feita uma homenagem
A um filho de Loriguenses
Homem bom e de coragem. |
XXX
A rua onde nasci e cresci
Quase já não tem ninguém.
A água ainda corre no rego
Num constante vai e vem. |
XXXI
Santo António está triste
Ninguém passa para pedir
O milagre que tantas vezes
Fez muita gente sorrir. |
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XXXII
Sobre a rua onde nasci
Escrevi o que sabia
Para que a futura geração
Saiba como se vivia. |
* Genita
[Maria Eugénia Gonçalves de Moura (Gomes)] |
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(Registado aqui - Ano de 2015) |
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"Quando o coveiro
fechou o povo no cemitério" |
Carlos Moura Santos,
era um loriguense de gema, como se diz na gira, mais conhecido por "Barbas"
por motivo de usar farta barba, que ele um dia resolveu deixar crescer. Foi sempre
um inconformado e um lutador pelas suas razões, foi funcionário da Câmara
Municipal de Seia em serviço da Junta de Freguesia de Loriga, dentre as suas
várias funções era o coveiro na sua terra. |
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Com o anoitecer mais cedo
na altura do Inverno, o Carlos Moura Santos, nas suas funções
de coveiro, começou a ter uma certa impaciência e alguma irritação,
chamando mesmo atenção ao senhor Presidente da Junta e o Pároco
local, pela marcação tardia da hora dos funerais, que o levava
a sair do cemitério já pela noite cerrada depois de todo o trabalho
feito na nobre função de enterrar o defunto.
Essa sua reclamação parecia não ter eco e o senhor padre
lá ia marcando os funerais sempre a quase ao fechar a claridade do dia.
O Carlos "Barbas" lá ia manifestando o seu desagrado e muitas
vezes chegava mesmo a dizer no seu círculo de amigos "que algum dia fazia das suas".
Até que um dia planeou por em prática o seu desagrado e ao mesmo
tempo a sua chamada de atenção. Era um dia de Outono já
muito perto do começo do Inverno, o funeral lá chegou ao cemitério,
postado como sempre à entrada do cemitério na chegada do funeral,
o Carlos "Barbas"
muito calmo, acabou de fazer
algo diferente, após a entrada do último acompanhante, fechou
o portão à chave e foi então com a mesma calma até
ao féretro, junto do coval onde o pároco iria proferir as últimas
leituras.
Depois disso, os acompanhantes começam a dirigirem-se para a saída
e querer sair e o portão fechado. O Carlos
"Barbas", lá
contínua calminho nas suas funções de fazer descer o caixão
á cova, lançar a terra a cobri-lo e todas as outras tarefas,
gera-se então um burburinho e mesmo até alguns protestos e alguma
exaltação e o Carlos parecia nada ser com ele, lá continuando
o seu trabalho, indiferente aos protestos cada vez mais exaltados, protagonizando-se
assim em pleno cemitério de Loriga um episódio de qual não
havia memória que acontecesse ou que se imaginava que viesse um dia
acontecer.
Já com o serviço quase concluído o Carlos lá desabafou
e disse o que tinha a dizer ao senhor padre, foi então com a mesma calma
abrir a portão e voltando a referir ao senhor Padre, que se continuasse
a praticar os mesmos horários, voltava a fazer o mesmo. Certo é,
que foi "remédio
santo" a partir de então
os horário dos funerais passaram a ser marcados para horas muito mais
cedo.
Este episódio, rapidamente tornou proporções passando
a tema de divertimento e de rizadas, pouco depois passou mesmo para lá
dos montes altos, chegando então à imprensa escrita a nível
do país, com os jornais a darem relevo à notícia como
meio de divertimento e de risos ficando assim na memória "o coveiro fechou as pessoas no cemitério" que ao mesmo tempo foi também na altura,
tema de divulgação do nome de Loriga.
Este episódio ainda hoje muito se recorda, principalmente, quando os
loriguenses em convívios e encontros ocasionais, recordam a sua terra,
a sua gente e as suas memórias. |
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(Registado aqui - Ano de 2013) - (arranjo dum
escrito de Victor Moura) |
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Breve
história do imóvel da "Volta"
O desenvolvimento das obras ao longo dos 6 anos |
Recordar-se aqui a história
deste imóvel situado no local conhecido por "Volta"
e, que foi agora parte das instalações atribuídas ao Grupo,
foram até à pouco menos de meio ano atrás, o Quartel dos
Bombeiros Voluntários de Loriga, encontrando-se atualmente estas instalações
um pouco degradadas, precisando por isso obras de restauro e conservação.
Deve dizer-se, que quando foi pensado construir este imóvel,
aproveitando parte daquele grande terreno, onde também já estavam
a decorrer negociações para a construção da Escola
Básica 2,3 Dr. Reis Leitão, o que veio acontecer também
anos depois, ao principio não havia como objectivo e não era
destinado para ali instalar os Bombeiros Voluntários, devendo-se dizer
que a construção deste imóvel, veio a tornar-se numa das
obras mais problemáticas de Loriga, que desde o começo da sua
construção até à conclusão das mesmas e
pronto como funcional, foram preciso longos 6 anos (1988-1994) que fazia vir
à memória aquela expressão popular de serem como as obras
da "Santa Engrácia", por isso, na altura foi mesmo posta em
causa a credibilidade do poder municipal e local.
Diga-se que a construção daquele imóvel era
a cargo da Câmara Municipal, muitas vezes não se chegando a compreender,
o facto, de as obras pararem sistematicamente meses e meses, por isso se arrastarem
por tanto tempo.
Com a fundação dos nossos Bombeiros no Ano de 1982
e na altura que este imóvel começou a ser construído em
1988, já esta nobre instituição tinha seis anos de existência
e em plena expansão e já a viver um período áureo
da sua história, encontrava-se sediada num barracão situado no
Bairro das Penedas, sem condições condignas e que de maneira
alguma se desejava que estivessem assim naquelas condições.
Com o decorrer da construção daquele imóvel
na "Volta" foi-se formando a ideia de colocar ali o Quartel dos Bombeiros provisoriamente,
tendo até a dita construção sofrido algumas alterações,
depois de construído veio então a concretizar-se e para ali se
mudaram os nossos Bombeiros Voluntários, que como se disse, seria uma
situação provisória, que de provisório se contabilizou
em 18 anos, tempo esse que ali estiveram os nossos soldados da Paz, já
nos últimos anos a viverem ali sem condições dignas.
Diga-se ainda, que quando foi pensado a construção
daquele imóvel, uma das ideias primárias destinava-se à
colocação ali do mercado semanal, como entretanto, tudo foi alterado,
a ideia existente continuou a manter-se e foi mesmo ali colocado o mercado,
sendo então aproveitado uma parte exterior como zona comercial, diga-se
também, que de certa forma a colocação ali do mercado
teve sempre vozes discordantes nunca tendo sido do total agrado da população
e vendedores.
Cada vez que estava mais presente na gente loriguense, o sonho
da construção de um novo Quartel para os Bombeiros de Loriga,
começou também a ser falada a ideia de que as instalações
do imóvel da "Volta", seriam depois destinadas para colocar
ali o Grupo Desportivo Loriguense, o que veio agora acontecer com esta assinatura
protocolar, tornando-se assim finalmente real, aquilo que há muito era
falado. |
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Abril
de 1988 |
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Dezembro
de 1989 |
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Julho
de 1993 |
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Julho
de 1991 |
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Agosto de 1995
Já plenamente funcional |
(Registado aqui - Ano de 2012) |
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A história
do prédio da Carreira
- O Café Restaurante "Império" - |
O prédio da "Carreira" é
sem dúvida o maior imóvel habitacional de Loriga, construído
entre 1971 e 1972, um investimento arrojado e de coragem, de Álvaro
Pinto Ascensão, um loriguense que se encontrava até então
radicado em Belém do Pará - Brasil, com a sua família,
para onde tinha emigrado nos finais da década de 1950.
Álvaro Pinto Ascensão, amava Loriga como ninguém tendo
sempre presente na ideia de poder um dia regressar e poder fazer algo pela
sua terra. A sorte por terras do Brasil o foi acompanhando, não tardando
que estivesse lançado num bom investimento no ramo hoteleiro, com mais
dois sócios, estando perante um grande negócio que lhe fazia
ganhar muito dinheiro.
Esse investimento situado bem no centro da cidade de Belém do Pará,
corria de verdadeira feição, que segundo se sabe era mesmo um
negócio de ganhos bem elevados, assim, pouco tempo depois, começou
a surgir na sua ideia de investir também na sua terra, programando então
na altura o seu regresso a Loriga, bem como, da sua família. |
De regresso a Portugal
deixou o seu próspero negócio, nas mãos dos seus
sócios, na sua ideia tinha em pensamento fazer uma pensão
em Loriga, uma carência com que há muito se debatia a
sua terra, para o efeito era necessário o terreno, de preferência
num local central e estratégico, vendo logo esse terreno em
algumas courelas que ladeavam a Avenida Augusto Luís Mendes
mais conhecida popularmente por "Carreira", na altura já sem árvores e depois de ter recebido
obras de requalificação, que tinha a ver no desenvolvimento
de Loriga, principalmente, relacionado ao projeto do saneamento básico
que estava já em marcha.
Se bem o pensou melhor o fez e, pouco depois adquiria o terreno para
levar em frente o seu sonho, que logo após se saber o projeto
então definido, à partida se passou também a saber
ser um investimento bem corajoso, mas a ideia sempre presente na mente
do senhor Álvaro Ascensão, de andar em frente, nada o
fazia poder desistir, nada mesmo o fazia parar com esse seu sonho.
Em Loriga sempre houve gente para dar opiniões, nessa altura
esses meios de opiniões sucediam-se a quase todo o momento,
nomeadamente, por gente influente da nossa terra, que de certa forma
tiveram preponderância no senhor Álvaro Pinto Ascensão,
convencendo-o a ir mais além. Assim, um "Hotel" em Loriga e se possível de estrelas, passou então
a ser um tema bem real e já bem enraizado na sua ideia sonhada.
Sendo um investimento audacioso, como se disse, estando já a
tomar forma na ideia do senhor Álvaro Ascensão, em destinar
o imóvel em hotel, na verdade também se diga, que nunca
também abdicou da ideia de pensar em alternativas, por isso,
ter projetado a construção dos andares para eventuais
casas habitacionais, por isso mesmo, desde logo o facto de ficarem
apetrechados com cozinhas próprias e uma grande sala comum. |
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Ano
1976- Prédio e a "Carreira" |
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O projeto começou a
ter consistência em 1970, começando o imóvel a tomar a
sua forma em 1971, uma construção sólida com a particularidade
de ter sido utilizada muita pedra de granito da região, trabalhada pelas
mãos de grandes pedreiros de Loriga.
Estava previsto a total conclusão das obras em Abril/Maio de 1972, no
entanto, por essa altura, apenas o r/c do chão, o primeiro andar e o
segundo andar, estavam quase praticamente construídos no essencial,
mas ia faltando sempre o quase, as obras continuavam a decorrer, prevendo-se
então a total conclusão durante o mês de Julho, tendo o
senho Álvaro Ascensão programado a sua inauguração
para o primeiro de Agosto de 1972, vésperas da Festa da Nossa Senhora
da Guia, o que veio acontecer, só que ainda muitos dos acabamentos por
fazer, que só vieram a ser concluídos nos meses seguintes Setembro/Outubro.
Já agora deve-se dizer que os subandares, que consistiam em três
pisos, ficaram na altura por acabar, ou seja ficaram em bruto, como se diz
na gira. Estes andares eram destinados, para um grande salão de festas,
salão de reuniões, salão de jogos, quartos de arrecadação
e ainda para um deles estava projetado a montagem de uma lavandaria para o
serviço do hotel e também para o público em geral.
Deve-se também dizer, que o projeto do café e restaurante teve
uma grande falha, na altura já numa fase de as coisas estarem a ser
feitas precipitadas. Quando já as obras do prédio estavam adiantadas,
havia apenas a ideia de um café e restaurante espaçoso, assim
foram esquecendo detalhes importantes, o mais flagrante, foi quando projetado
o dito café e restaurante ser omitido o local para as Toaletes (casas
de banhos) que veio a ser corregido com a alteração do projeto
do imóvel, sendo construído posteriormente o anexo que sobressai
da estética do prédio, tal como hoje existe, onde se situam as
ditas Toaletes.
Já com a ideia bem definida de o imóvel ser destinado a Hotel,
o senhor Álvaro Pinto Ascensão, nos meses de Abril/Maio/Junho
e Julho de 1972, desdobrava-se nos mais variados contactos a nível do
Turismo, tanto regional como até central, recordo aqui um desse encontros
ao mais alto nível, que decorreu num famoso hotel da Figueira da Foz,
pelo meio com muitas promessas de apoios, que depois nunca chegaram a ser concretizadas.
Recorde-se, que durante esses encontros, saíam sempre novas alterações
a fazer, isto tendo em conta do requerimento de solicitação para
uma categoria de Hotel de três estrelas, devendo-se dizer que alguns
dos quartos não tendo casa de banho privativa, foi necessário
apetrechar os mesmo, com bacia de lavar as mãos, esta uma das exigências,
entre outras. |
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Ano
1985- O Prédio na sua verdadeira plenitude |
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Entretanto, no mês
de Junho/Julho os quartos começaram a ser equipados com os respetivos
mobiliários, o nome de "Império" começou a figurar no café restaurante, na altura,
ainda sem estarem totalmente acabados, nomeadamente, faltando colocar
os azulejos e as pinturas das paredes, mas tanto a cozinha como o café
restaurante, foram equipados com equipamentos sofisticado e do melhor
que havia na época, tendo sido uma firma do Porto que veio instalar
tudo, levando cerca de duas semanas para o fazer.
O dia marcado chegou, com a visita de uma delegação do
Turismo, para dar seguimento sobre o pedido requisitado de Hotel de
três estrelas, que mesmo considerando já estar de acordo
com determinados requisitos, pareceu também desde logo ficar
de fora essa pretensão, tendo em conta da maneira caracterizada
como foram destinados os andares, no entanto, foram dando esperança
e com o tempo se foi esfumando. De qualquer modo ficou desde logo uma
garantia de o "Hotel" em vez de três estrelas passar a ser apenas de duas.
Certo é, que no dia 1 de Agosto de 1972, terça-feira
da semana da Festa da Nossa Senhora da Guia, entrou em pleno funcionamento,
com muita gente vinda de Sacavém para a Festa da Nossa Senhora
da Guia, podendo já pernoitar nos quartos e com o Café
e Restaurante já em pleno funcionamento, passando a ser já
uma mais-valia, que veio tornar aquele local da "Carreira" uma referência e a começar assim dessa forma,
a ser criado ali uma visão futura de desenvolvimento. |
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Recorde-se que a primeira
festa efetuada no Café Restaurante "Império", foi um casamento, três dias antes da inauguração.
Casamento do Luciano Pinheiro com Maria da Conceição Pina, realizado
no (sábado) dia 19 de Julho de 1972.
Durante os seis meses seguintes, que esteve
em atividade, o Café Restaurante e os quartos alugados para dormidas,
o movimento foi sempre regular, quase diariamente chegavam pessoas para ali
pernoitarem, assim como, loriguenses que vinham passar férias a Loriga
ocupando os quartos por semanas, como também o café restaurante
a ter um certo movimento, parecendo tudo correr dentro do que foi sonhado pelo
seu proprietário.
O Café Restaurante "Império" e o aluguer dos quartos, esteve em funcionamento durante seis meses,
(1.Agosto.1972 a 31.Dezembro.1972), entretanto, por altura de Novembro problemas
surgidos com o seu negócio no Brasil e acumulando-se as dificuldades
económicas para pagar o grande investimento efetuado, (em grande parte
dependente desse seu negócio no Brasil) o senhor Álvaro Pinto
Ascensão resolveu regressar ao Brasil, decidindo encerrar o Café
Restaurante "Império"
o que aconteceu no dia 31
de Dezembro de 1972, porque nesse momento não sabia como seria resolvido
esses problemas no Brasil.
Recorde-se que este encerramento foi o primeiro
de vários que depois teve ao longo dos anos, porque o Café Restaurante
"Império" ficou para sempre na história como uma referência, tal
como hoje continua a ser e a manter o nome primitivo.
O senhor Álvaro Pinto Ascensão,
regressou então ao Brasil, apenas ele, deixando a família em
Loriga. Perante os problemas com o seu negócio, com que se deparou ao
chegar a Belém do Pará, desde logo à partida parecia de
difícil resolução, o que se veio a confirmar, sendo obrigado
a deixar o seu grande e prospero negócio, ficando assim de parte a continuidade
de manter o seu prédio em Loriga, como sonho de um "Hotel",
sendo então necessário e urgente a venda dos andares que passaram
a casas de habitação, terminando assim um sonho, esfumando-se
também assim uma grande infraestrutura na vila de Loriga, com a qual
a nossa terra há muito se debatia e que com a construção
do imóvel da "Carreira" se pensava estar garantida. |
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Ano 2007- O Café
Restaurante "Império" |
(Registado aqui - Ano de 2013) |
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Registo
de Memórias
Recortes de história
nos mais elementares registos de memória e recordações
de tempos passados, focados em locais e pessoas, no enquadramento comercial
e industrial. |
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- Sapataria do
"Ti António Calçada" - Uma casa onde mora a
saudade -
Fui até
à sapataria do "Ti
António Calçada"
assim ainda chamada por muitos, perpetuando a memória de António
Moura Pina (1907-1988) uma grande figura de Loriga, sapateiro de profissão
e não só.
Ao entrar pareceu-me parar no tempo e por momentos senti-me envolvido
por uma nuvem que me levou aos tempos já há muito passados,
quando um montão de sapatos esperavam para serem arranjados
e os novos sapatos novos embelezavam as prateleiras, ao mesmo tempo
que ainda pareceu-me ouvir as cordas da velha guitarra tocando música
de uma nostalgia, que apenas o "Ti
António Calçada"
sabia tocar. |
Hoje
damos connosco como que numa casa onde só mora a saudade,
tudo parece estar na mesma, ao recordar-me que não era
só uma sapataria, era um local que era mais que isso,
foi uma autêntica escola de música, onde muitos
aprenderam a tocar com os ensinamentos do "Ti António Calçada", foi um local de tertúlia
onde de tudo se falava, era um local onde arte de bem arranjar
sapatos engrandeceu sempre a nobre profissão de sapateiro.
A sapataria do "Ti
António Calçada" continua hoje e no tempo
sempre presente, fruto da continuidade do seu filho Manuel Abreu Pina o "Manel Calçada"
como
popularmente assim o chamam. O senhor António "Calçada" pai de muitos filhos teve
no Manuel o único que enveredou pelos seus passos na
arte de sapateiro, continuando bem presente ainda no seu posto
de trabalho, esperando que alguém chegue com sapatos
para consertar, mas que se passam dias e dias sem chegarem.
Hoje a profissão de sapateiro nada tem a ver com a que
também conhecemos, o modernismo e a globalização
não se compadece com a arte de trabalhar no arranjo
de sapatos, vemos o nosso amigo "Manel Calçada"
esperando
que lhe entrem pela porta dentro sapatos para consertar, ou
então mandar fazer de novo, ainda muito menos. Diz-nos
o Manuel:- ."Hoje
em dia quase não mandam arranjar sapatos, repara que
hoje compram sapatos por 5Euros ou menos e como podes ver nem
vale a pena arranjar se o valor de um concerto é quase
isso ou meias solas é ainda mais…."
Na verdade basta ver numa feira ou numa casa de artigos chineses,
cheios de artigos de calçado de material duvidoso a
baixíssimo preço, que na verdade não compensa
mandar arranjar, mesmo quando de imediato se estragam.
O nosso amigo "Manel
Calçada" é
já dos últimos sapateiros resistentes de Loriga,
continua também a resistir ao tempo. Nesse dia era dia
da Festa da Nossa Senhora da Guia, estava o "Manel" de seu fato domingueiro no
seu lugar de trabalho à espera da procissão,
saí então daquele local e novamente voltei à
realidade, no entanto, ao abandonar aquela casa me pareceu
voltar a ouvir os sons melancólicos das cordas da velha
guitarra, olhei para trás e com uma certa ansiedade
em mim, voltei a fixar aquela porta e aquela casa "onde
continua a morar a saudade". |
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Manuel
Abreu Pina |
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(Registado aqui - Ano de 2010) |
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- Carlos Mendes
Amaro (Farias) - "O último Barbeiro de Loriga?.."
Na Rua Cónego
Nogueira bem junto ao lugar cognominado por "Praça" encontra-se situada a Barbearia
do Carlos Mendes Amaro mais popularmente conhecido por Carlos "Farias" o resistente Barbeiro em Loriga,
oriundo de uma família de grata tradição nesta
arte de fazer a barba e cortar o cabelo.
Apesar de ter tido a sua ocupação profissional em outras
áreas, Carlos
"Farias" ainda
novo foi-se ocupando nas horas vagas a laborar nas Barbearias do seu
pai Francisco
"Farias"
e do seu tio António
"Farias",
tornando-se assim também barbeiro nas horas livres. Continua
hoje ainda fiel aos seus princípios e ao abrir um dia a sua
própria Barbearia, continua a satisfazer uma clientela, também
ela ainda hoje fiel ao tradicionalismo serviço dos Barbeiros. |
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Carlos
Mendes Amaro |
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É
uma história rica a existência dos Barbeiros em
Loriga, "em épocas em que a população
era muito mais"
com várias Barbearias na vila, se bem que nem todos
os barbeiros viviam dessa profissão, pois tinham outras
ocupações, trabalhando nas fábricas e
mesmo trabalhando no cultivo das terras.
Está ainda na memória de muitos as Barbearias
em Loriga, autênticos lugares de tertúlias onde
se falava de tudo e de todos, era ali o cenário de onde
saiam as novidades, foram na verdade verdadeiros recantos onde
parece todos terem ficado presos na saudade.
Hoje a realidade é bem presente dos tempos que correm
o modernismo, o profissionalismo necessário para desempenhar
a arte de cortar cabelos, conjugado no facto dos cuidados higiénico
no fazer a barba, arredou para segundo plano as tradicionais
Barbearias, que aos poucos vão desaparecendo, principalmente
nos meios pequenos. Neste prisma, se pensa que a Barbearia
do bem conhecido Carlos
"Farias"
ainda bem no presente na vida quotidiana de Loriga, será
porventura a última?.. O tempo não se compadece
do saudosismo, que continua a manter-se em muitos de nós,
mas a realidade parece ser essa.
De qualquer maneira ainda vamos vendo o Carlos "Farias"
a
resistir aos tempos, com a sua Barbearia ainda aberta, no seguimento
da histórica familiar, lembrando seu avô, seu
pai, seu tio e também seu irmão Augusto, que
engrandecem a história familiar de geração
em geração nesta nobre profissão de Barbeiros,
assim cognominados. |
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(Registado aqui - Ano de 2010) |
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- Pedro Mendes
Fernandes -
Pedro Mendes Fernandes, de 74 anos popularmente conhecido
por
"Pedro da Lapa"
é na verdade um génio na arte de trabalhar com o torno.
Torneiro de profissão esteve também alguns anos radicado
na África do Sul, para onde tinha emigrado na ideia de uma vida
melhor.
Num recente encontro que tivemos com ele, venho a reparar nos trabalhos
que vai executando à mão ou recorrendo ao torno, fazendo
artigos decorativos onde desponta a imaginação e ao mesmo
tempo uma misteriosa idealização de um trabalho de verdadeira
perfeição, que é digno de admirar.
Nesta foto aqui reproduzida em madeira podemos ver uma esfera movimentada
dentro de um octógono onde não se visionando uniões,
nos leva a imaginar um certo mistério numa criatividade de um
trabalho perfeito de elevado espírito de bem-fazer.
Sei que já fez várias exposições, no entanto,
muitos outros trabalhos ainda não foram divulgados o que espero
com oportunidade fotografar, para mais tarde aqui colocarmos na divulgação
de um trabalho que vale a pena visionar.
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(Registado aqui - Ano de 2010) |
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José Duarte
Marcos - Uma "Casa comercial no meu Bairro" |
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Situada
no Terreiro da Lição vamos encontrar a casa de
electrodomésticos do bem conhecido amigo José
Duarte Marcos, pequeno espaço que o amigo Zé
aproveitou alguns anos atrás, para ali situar a sua
casa comercial, regressando assim ao Bairro de S. Ginês,
local que fez também parte da sua vida quando menino.
O pai do Zé era um conhecido e conceituado pequeno comerciante
que tinha a sua pequena loja de mercearia na rua José
Mendes Veloso, bem junto ao Bairro de S. Ginês. Depois
do falecimento de seu pai, mesmo tendo a sua ocupação
profissional como trabalhador na Metalúrgica Pedro Vaz
Leal, o nosso amigo Zé continuou com a loja, até
que resolveu abrir uma casa de electrodomésticos no
Vinhô.
Durante alguns anos a sua casa de electrodomésticos
permaneceu situada na casa do senhor Augusto Nunes de Pina,
naquele lugar pitoresco do Vinhô, que faz parte da vila
histórica de Loriga. Mais tarde quando deixou a sua
ocupação como trabalhador na Metalúrgica,
então sim, o mote em endereçar pela via comercial
a tempo inteiro, foi o passo bem significativo que o levou
a ter a sua loja, como equipamento deste ramo em Loriga, que
se vai mantendo e que hoje é a única.
Como que um chamamento
às
suas origens resolveu um dia transferir a sua casa para o Terreiro
da Lição actual local onde se encontra, regressando
ao Bairro que ele tão bem conhecia, ocupando uma pequena
loja que faz parte da história de Loriga, pois por estranho
que pareça, aquele espaço apesar de pequeno,
já ali esteve instalado os Correios, a Junta de Freguesia,
uma Barbearia, uma casa de fotografia, entre outras.
A casa de electrodomésticos do José Duarte Marcos
no Bairro de S.Ginês, é pois uma casa onde se
encontra tudo que diga respeito a artigos eléctricos
e, que mesmo não havendo o que pretende, não
esperará muito para ser servido, por isso a podermos
chamar uma verdadeira "Casa
de Bairro" bem
necessária em Loriga, que vai resistindo aos tempos
e em que o seu proprietário tem como lema o bem servir. |
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José Duarte
Marcos e a sua casa comercial |
(Registado aqui - Ano de 2010) |
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António
Gomes Dias - E a sua oficina numa rua típica de Loriga
Muito
perto do antigo local central da vila histórica de Loriga
a "Praça" encontra-se a rua Sociedade
Recreativa Musical Loriguense, popularmente conhecida por "Rua ou Quelha Escura" onde se situa a pequena
oficina do nosso bem conhecido amigo António Gomes Dias
popularmente conhecido por António "Mitra".
Para pequenos trabalhos e arranjos, a oficina do António
Gomes Dias espera por todos, mas a vamos considerar como que
sendo uma pequena "oficina
de bairro" com
pouca capacidade, não podendo enveredar para trabalhos
mais alargados, mesmo também tendo em conta que hoje
em dia o modernismo, parece também ter colocado de parte
muito do ferro que era muito utilizado antigamente em quase
tudo e hoje substituído por outras matérias,
por conseguinte a pequena oficina do nosso amigo António
Dias é para ele como que um Job para não estar parado. |
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A
"Rua
ou Quelha Escura"
chamada assim numa "Loriga
de outras eras" é
ainda das poucas ruas de Loriga que mantêm a
calçada primitiva, com pedras da nossa zona
que a tornam numa rua bem típica e pitoresca,
onde numa velha Loija
resolveu
um dia o António Gomes Dias instalar a sua oficina,
que com certa aparência tradicional e como parecendo
escondida e ali parada no tempo, deu vida e mantêm
bem viva essa rua e esse local harmonioso da nossa
terra.
António Gomes Dias foi durante muitos anos trabalhador
na firma Metalúrgica Vaz Leal, S.A., até
que por fim resolveu abrir a sua própria oficina,
dando assim continuidade à sua profissão
na arte de trabalhar o ferro, mantendo ao mesmo tempo
em si uma maneira própria para não estar
parado, se bem que todos lhe conhecemos uma outra faceta
activa de estar sempre pronto e presente para a arte
de representar.
Essa grande paixão de representar o tornaram
num verdadeiro actor do teatro amador e mais que isso
a sua maneira de idealização o tornam
mesmo num verdadeiro encenador, sempre pronto e continuando
ainda hoje a ser o grande impulsionador, para que o
teatro amador de gratas recordações na
nossa terra, não morra.
É pois esta virtude e esta característica
própria, que levou o nosso amigo António
Gomes Dias a transformar também em atracção
aquele local onde tem a sua oficina, sempre idealizando,
ornamentando e enfeitando aquele recanto mediante a
celebração da festa que se aproxima,
como por exemplo, a celebração da Semana
Santa, Pascoa, Santos Populares, Nossa Senhora da Guia,
Natal, enfim, nada parece esquecer fruto da sua ideia
imaginativa de viver a vida e as tradições
da sua terra. |
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A
oficina do nosso amigo António Gomes Dias naquele recanto
da "Rua
ou Quelha Escura"
é pois um marco como local de trabalho para alguém
que quer bem viva em si uma profissão na qual trabalhou
toda a vida, ao mesmo tempo, que uniu essa sua oficina a um
lugar histórico onde se vive um passado e um presente.
Eis uma quadra de inspiração poética ali
colocada numa das paredes de uma casa naquele local, quando
a passagem das Festas Populares de Junho passado. |
Ó
meu rico São João
Ó minha rica doçura
Anda vem dançar
À Quelha Escura |
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António
Gomes Dias na sua oficina |
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(Registado aqui - Ano de 2010) |
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Carlos Nunes
Melo - A mercearia do "Terreiro do Fundo"
Situada
na Rua Viriato no número 39, vamos encontrar a Loja/Mercearia
da linhagem "Melo", vindo de longe a existência
daquela loja naquele local, estando ainda na memória
de muitos quando era o seu proprietário o senhor Eduardo
Gomes Melo, na altura estava instalada na casa ao lado. |
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Nesses
tempos passados eram muitas as mercearias espalhadas
pela vila de Loriga, umas mais bem localizadas que
outras, para serem abastecidas pelas camionetas da
mercearia que vinham de fora, a mercearia do "Ti Eduardo
Melo"
estava enquadrada nas mais mal localizadas, por isso,
os abastecedores das camionetas recorriam à
garotada para transportar os artigos a partir do Adro
até lá, como recompensa para a garotada
eram andar de boleia na camioneta, que se estendia
muitas das vezes até Alvoco da Serra, onde também
iam abastecer.
Com o falecimento do "Ti
Eduardo Melo" com
era assim chamado, ficou a tomar conta da mercearia
a sua esposa D. Maria do Carmo do "Calado"
senhora
de visível seriedade que teve a mercearia durante
alguns anos. Foi então que passados esses vários
anos os seus netos Carlos Nunes Melo e esposa D. Irene
adquiriram a mercearia à avó, ficando
registada em nome da D. Irene, que passaram a ser e
continuam hoje a ser os actuais proprietários.
O nosso amigo e bem conhecido Carlos Nunes Melo, na
altura ainda como trabalhador em fábricas de
malhas, ocupação profissional durante
muitos anos, foi-se ocupando da mercearia nas horas
disponíveis, que tanto ele como a sua esposa
foram conseguindo manter sempre em pé o seu
estabelecimento, que dessa forma vai servindo uma clientela
na maioria moradores nessa parte histórica da
vila de Loriga.
Vamos pois chamar a "Mercearia
de Bairro" de
gratas recordações, onde o Carlos Nunes
Melo a partir de algum tempo então, passou a
ter nela a sua actividade a tempo inteiro, tendo a
preocupação de acompanhar os tempos modernos,
por isso se inserir em ter a sua Loja na linha de orientação
de mini-mercado, que dessa forma parece já nada
ter a ver com os tempos de outras eras.
Hoje esta "Mercearia
de Bairro"
no "Terreiro
do Fundo" é
de certa forma um pequeno mini-mercado, um ar disso
mesmo imposto pelo Carlos Melo, que se não quis
quedar nas recordações dum passado, que
ao contrário disso quer acompanhar o presente.
A Loja da dinastia "Melo" como que parecendo
escondida é pois um passado no presente, bem
apetrechada e onde nada parece faltar, onde a continuidade
da geração "Melo"
continua
firme e a resistir aos tempos, esperando por todos
naquela sua casa, numa maneira própria de bem
servir que vem de longe.
A mercearia do "Terreiro do Fundo" naquele
local situado na Rua Viriato, contínua presente
no tempo e nas recordações, independente
de ter sido na actual casa ou na casa do lado, o que
conta é que continua hoje a ter pedaços
de história num local pitoresco de uma Loriga
histórica. |
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(Registado aqui - Ano de 2010) |
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A linhagem da
família Cristóvão da Teixeira em Loriga |
A família
"Cristóvão" oriunda da Teixeira é uma
referência em Loriga no enquadramento comercial e transporte
(Taxis), que nos leva a registar na nossa história a genealogia
de uma família que foi, é e continua a ser uma referência
de renome numa terra que um dia escolheram de opção,
decorria então o princípio da década de 1950,
quando o primeiro ramo da árvore genealógica "Cristóvão"
(primos) da Teixeira, se instalou em Loriga, ou seja António
Cristóvão Pereira que vamos referenciar como (1) e depois mais tarde a chegada de
outro ramo, os irmãos João e António Cristóvão
Pereira que vamos referenciar como (2). |
(1)
- António Cristóvão Pereira - |
- António
Cristóvão Pereira
deixou a Teixeira sua terra natal nos princípios da
década de 1950, foi na verdade o primeiro a fixar-se
em Loriga ao estabelecer-se na rua hoje chamada Cónego
Nogueira, quando adquiriu a mercearia e a taberna do senhor
"Dinis" marido da senhora Maria de Jesus do "Dinis"
que depois do falecimento do seu esposo viria a casar em segundo
casamento com Emídio Fernandes Conde.
António Cristóvão
casado com Natividade dos Santos, eram um casal de bem, respeitadores
e de uma honestidade extrema, virtudes que lhes permitiu ao
longo da vida granjear a estima e admiração da
gente de uma terra, que não sendo a deles, pareceu desde
logo quando chegaram escolherem Loriga como sua segunda terra
de adopção.
Empreendendo a sua
vida dedicada ao comércio, era bem visível uma
vida de muito trabalho atrás do balcão, como
assim exigia uma mercearia e uma taberna, quase sem tempo para
mais nada, que no entanto, era bem visível também
no "Ti
António Cristóvão" como assim o chamavam, a
sua sempre disponibilidade a qualquer hora a qualquer momento,
naquilo que estava ao seu alcance.
Certo que todo essa
sua vida de trabalho foi tendo o seu proveito. Foi adquirindo
espaços nas casas adjacentes, vindo mais tarde a abrir
um café que o povo cognominou por "Escondidinho"
decorria então os finais da década de 1960, expandindo
dessa forma a sua actividade comercial. Era de facto de relevo
como conseguia ao mesmo tempo dar a assistência aos três
balcões, se bem que na altura da abertura do seu café,
começou então a ter a colaboração
dos seus filhos. |
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António
Cristovão Pereira
o pioneiro da família Cristóvão
da Teixeira em Loriga |
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Parece que
ainda o estamos a ver atrás dos seus balcões numa agilidade
impressionante, nunca prescindindo do seu lápis sempre atrás
da orelha para fazer as contas, sempre também com o seu sorriso
aberto unido na sempre boa disposição que era contagiante
para os seus fregueses, que permitia também ao mesmo tempo ser
um conversador nato, que valia a pena escutar.
Tinha um olhar virado para o futuro, parecendo querer legar aos seus
filhos o mesmo espírito empreendedor no ramo comercial, alias,
disso se deu conta com o seu filho Emídio ao ter esse mesmo
espírito complementado com uma visão progressiva, em
que hoje o seu Mini-Mercado o "Loriguense", é uma
referência comercial em Loriga, ao mesmo tempo que deixa trespassar
bem a ideia demonstrativa de tradição, ao enquadrar naquele
local o meio comercial como sempre ali se conheceu.
António Cristóvão Pereira faleceu em 1998 com
a idade de 76 anos, três anos depois faleceu a sua esposa Natividade
Santos, em 14.8.2001. Os seus corpos regressaram então à
Teixeira, para ali serem sepultados na terra que os viu nascer. Ficando
Loriga mais pobre ao verem desaparecer pessoas que sendo de outra terra
foram marcantes na sua história. |
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Mini-Mercado
o "Loriguenses" |
(Registado aqui - Ano de 2010) |
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(2)
- João Cristóvão dos Santos e António Cristóvão
Pereira - |
- João Cristóvão
dos Santos e seu irmão António Cristóvão
Pereira deixaram
um dia a Teixeira sua terra natal, não sendo preciso viajar
muito para se fixarem em Loriga. O João Cristóvão
na altura era já motorista das camionetas da carreira que actuavam
na região, decorria então o ano de 1962, quando em Abril
desse ano por trespasse adquiriu o Café "Montanha" que na altura pertencia ao
senhor Carlos Nunes Pina. |
Apenas havia
dois cafés em Loriga localizados no mesmo local popularmente
chamado por "Praça"
(hoje
Rua Sacadura Cabral) este o Café "Montanha" e o Café "Neve" do senhor José Maria
Pinto. Na altura era notória uma certa separação
de classes, enquanto o Café "Montanha" era frequentado pela classe média
e baixa, o Café "Neve" por sua vez era apenas e só
frequentado pela classe alta, uma elite de patrões, empresários
e pessoas chamadas de abastadas. |
Fotos
do café "Montanha" na rotina do passado e
o presente |
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João
Cristóvão |
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Os
irmãos "Cristóvãos" tiveram na altura uma visão
comercial bem definida, como se disse, o café na altura
foi adquirido pelo senhor João Cristóvão
dos Santos, era motorista das camionetas da carreira e tinha
já uma certa experiência, não ficando por
aqui lançou-se na aquisição da concessão
de um lugar na praça de Táxis de Loriga, passando
o seu irmão António Cristóvão a
ser parte integrante nesse projecto, que juntos passaram a
por em prática numa idealização de desenvolvimento
a nível de transportes e também comercial.
A expansão
no ramo de negócio era bem demonstrativa e determinada,
o café prosperava e os táxis mais ainda, o senhor
João Cristóvão em princípio, apenas
se dedicava aos táxis nos dias e horas livres, pois
continuou ainda algum tempo na sua profissão de motorista
das camionetas, para depois alguns anos mais tarde passar a
dedicar-se a tempo inteiro à praça de táxis.
Criaram postos de trabalho com a contratação
de motoristas para as viaturas que entretanto foram adquirindo.
O senhor António
Cristóvão dedicava-se mais ao café, mas
também muitas das vezes disponível para conduzir
os táxis. O café dos "Machaqueiros" como se passou popularmente
a chamar ao café "Montanha" passou a ser uma referência
em Loriga onde os irmãos "Cristóvãos"
numa sempre presente visão de progresso, equiparam aquele
espaço com o telefone público muito importante
na época e depois com a máquina do Totoloto,
ainda hoje o único local em Loriga com a concessão
das máquinas da exploração dos jogos da
Santa Casa da Misericórdia.
Mais tarde os "Cristóvãos"
sempre na onda comercial, abriram como complemento ao café,
uma mercearia também de certa forma numa expansão
comercial mais alargada, que ao mesmo tempo foi um equipamento
mais para Loriga, neste género de venda dos artigos
de primeira necessidade. |
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D.
Aida Jesus M.N, Cristóvão esposa de
António
Cristóvão (falecido 2002) |
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Com aquisição
de casa senhorial da "Dona
Prazeres"
como assim se chamava e situada muito perto do café primitivo,
foi a continuação para uma escalada ainda muito mais
alargada num olhar de futuro, em que com abertura do café o
"Degrau"
e com
a criação de pensão a nível de dormidas
e comida, veio na altura preencher um espaço de carência
em Loriga. Anos mais tarde foi colocado de parte o projecto a nível
de pensão, dormidas e comidas e, pelo meio a exigência
de muitas obras de restauro, foi o café o "Degrau" concebido para o futuro,
hoje em dia de uma elegância bem moderna o tornam num dos mais
conceituados cafés existentes em Loriga.
A expansão dos "Cristóvão"
(2) foi e
mesmo hoje é bem visível essa continuação
da realidade de ampliação, fruto das gerações
que tanto a nível comercial como de transporte (Táxis)
continua dessa forma a manter uma das infra-estruturas bem firme e
bem conceituada em Loriga, talvez a ideia sempre presente, desde o
dia que chegaram à terra de opção dos seus progenitores,
em que o João Cristóvão ainda bem presente entre
nós, apesar da idade continua ainda hoje a ser um visionador
atento, já sem ter presente o seu irmão António
Cristóvão Pereira falecido em 2002 em Seia, após
doença prolongada, terra onde veio a ser sepultado. |
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O café
o "Degrau" na senda do presente e da modernização |
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A Praça
(Táxis) e a rota da expansão |
(Registado aqui - Ano de 2010) |
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A Barbearia do António
Farias |
A Barbearia
do senhor António Farias, como assim era conhecida, foi das
últimas baluartes desta actividade em Loriga, que ficou para
a memória como local histórico de Loriga e à qual
a ele gerações de loriguenses ficaram ligados, sendo
o proprietário desta simbólica casa, o senhor António
Luís Amaro Tuna (1918-2003), uma figura de Loriga, que resistiu
aos tempos até já não ser possível mais. |
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A Barbearia
do "Ti
António Farias",
como assim também o chamávamos, faz parte dos memorandos
de muitos de nós, ao se ter prolongado no tempo quando o modernismo
a fazia parecer ultrapassada, assim como, ainda nas nossas lembranças,
quando o senhor António acumulava a sua profissão de
operário têxtil com a de barbeiro, o que o fez durante
muitos anos e que depois se dedicou a tempo inteiro, após encerramento
definitivo da Fábrica da "Redondinha"
onde
trabalhava.
O "Ti António Farias"
palmilhou
os passos de seu pai (José Luis Amaro Tuna) também
ele um dos conceituados Barbeiros de Loriga, que faleceu ainda novo
vitima da epidemia do "Tifo
Exantemático"
que ocorreu em Loriga no ano de 1927. A sua barbearia passou a ser
a sua paixão, parte de si esteve sempre ali naquela casa que
criou, uma casa simples onde dimanava uma atmosfera de bem-estar e
onde o servir e a bondade se geminava numa maneira própria como
sempre conhecemos o "Ti
António Farias",
que nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender.
Não resta dúvida que a barbearia do "Ti António Farias"
foi
uma casa com história, verdadeiro lugar de tertúlia,
onde as horas e o tempo pareciam não existir, eu próprio
ali passei horas e horas só para ouvir histórias, ali
se falava de tudo e de todos, era um regalo ouvir o "Ti António Farias"
um
verdadeiro sábio que tinha sempre alguma coisa para contar,
tempos que passaram e que não voltam mais, fica-nos no entanto,
a lembrança de gente boa e simples, que por ali passaram e que
nos vêm à memória quando visionamos fotos que nos
ficaram na recordação e que foram verdadeiros lugares
onde ficaram perpetuados recortes da história da nossa adorada
Loriga. |
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(Registado aqui - Ano de 2008) |
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Primeiros
anuncios publicitários relacionados a Loriga |
Foi a partir da metade do
século passado, que se começou acentuar a publicidade relacionada
a Loriga, concretamente e exclusivamente à industria e comércio.
Até então e talvez rara excepção, em que um ou
outro anuncio publicitário foi conhecido num ou noutro jornal da região,
não restam dúvidas que a partir de 1950, qualquer publicação
relacionada a Loriga que era feita, os anúncios passaram a ser temas
correntes, que depois se vieram a tornar muito mais usuais nomeadamente nos
jornais e outras publicações, que entretanto, foram aparecendo
pela região e até pelo país.
Pelo valor histórico que representa, aqui se documenta alguns dos anúncios
relacionados e que numa maneira própria eram únicos e exclusivamente
relacionados à indústria (fábricas) e ao comércio
(casas comerciais). |
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(Registado aqui - Ano de 2002) |
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O Passado
no Presente *
I
Recordar o passado
É viver o presente.
Sentir como reais
As sensações emocionais
Que nos fizeram gente. |
II
As montanhas de hoje
São na verdade iguais
Às que nos anos 50
Rodeavam a nossa terra,
Uma estrela da serra. |
III
Acumula-se nelas o mato
Qu´agora não vão cortar.
As cordas e os podões
Pertencem a gerações
Qu´envelheceram a trabalhar. |
IV
As mulheres daquela época
Casavam para procriar.
Era uma alegria, um presente
Ver ruas cheias de gente,
Crianças sempre a brincar. |
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V
Tanta gente a nascer!
Nenhum com hora marcada.
Com grande dedicação
A Constança lá acorria
Para cortar o cordão. |
VI
Nos registos de baptismo
Vemos com grande emoção
Os elevados números
De bebés recém-nascidos
Que à igreja eram trazidos. |
VII
Uma educação religiosa
Pelo Padre Prata orientada.
A primeira comunhão,
As novenas, o mês de Maria
Tudo fazíamos com alegria. |
VIII
Tocava o sino de mansinho
Era a hora de parar.
As Ave-Marias ao meio-dia
À tarde, voltava a tocar
Unindo todos no mesmo orar. |
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IX
O sino todos chamava
Tocava para a doutrina
Ninguém se podia esquecer.
De catecismo na mão
Todos queriam aprender. |
X
Se o sino tocava a rebate
Juntava a população.
Todos juntos ajudavam
Nesta hora de aflição
Com baldes de mão em mão. |
XI
A escola estava dividida
Um professor para os rapazes.
Uma professora para meninas.
Nada se podia misturar,
Era importante aprender e trabalhar. |
XII
Toda a criança brincava
Puxando pela imaginação.
A camioneta de cordas,
O Azeite dos cachilros
Rebolos de mão em mão. |
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XIII
Bonecas de trapo e papelão,
De casquilho com olhos de mexer.
Os saltos ao pula uma
Tábua nas carretas a deslizar
O rodízio no gancho a rodar. |
XIV
As piscinas naturais,
No Zé Lages, na Curilha.
Mergulhos fenomenais!
Toda a criança aprendia
Mesmo fugindo aos pais. |
XV
Carquejas e mais floridas
Maio estava a anunciar.
As crianças divertiam-se
A ver os grilos espreitar
P´ra na caixa de fósforos guardar. |
XVI
Tocava ao mês de Maria
Ninguém podia faltar
Era uma grande melodia.
Com muito fervor cantavam
E os grilos participavam. |
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XVII
O Grupo, Socorro, Sindicato
Lugares de reunião.
Muitos iam até lá
Para ver televisão,
Um luxo da ocasião. |
XVIII
Nas levadas e ribeiras
Ia correndo o sabão.
Nas pedras arredondadas
As roupas eram coradas
Bem batidas com a mão. |
XIX
O giro da água passava
Rego abaixo a correr.
Toda a pequenada vivia
A compensada alegria
Do barco de corcódoa fazer. |
XX
A água fonte da vida
Os campos ia regar.
Um cheiro nauseabundo
Um eléctrico passava
Sem se fazer anunciar. |
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XXI
Das fontes a água brotava
Fresca e cristalina.
Para a poder transportar
O cântaro e a rodilha
Era preciso utilizar. |
XXII
Os campos todos lavrados
Não tardavam a verdejar.
Espigas de milho assadas.
Outras eram desbulhadas
Postas na eira a secar. |
XXIII
O milho no caroleiro
Partido bem partidinho
Está pronto a escolher,
E com leite a fazer
O famoso carolinho. |
XXIV
A tia Adelina moía
No seu moinho o grão
Vamos buscar a taleiga,
Peneirar bem a farinha
Para transformar em pão. |
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XXV
Batia o padeiro à porta
Pão branco e fresquinho
Por todos era apreciado.
Um cruzado por um pão
Com pano branco tapado. |
XXVI
Nos fornos comunitários
A lenha a crepitar.
Amassa o pão meado,
Pão de milho levedado
Vai agora a bailar. |
XXVII
Belisco e buraco são sinais
A massa da levedura
Guardada na tijelinha.
Um bolo com uma folha
Bola de bacalhau, ou sardinha. |
XXVIII
Vacas leiteiras abundavam
O leite fresco a chegar.
Um quartilho, uma canada
Medida generalizada
A nata vai manteiga formar. |
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XXIX
A indústria era forte
Tanta gente a trabalhar!
Quando a buzina tocava
O operário regressava
Era hora de descansar. |
XXX
Peças e peças estendidas
Grandes meadas na mão.
As râmolas bem coloridas
Mostravam a toda a gente
O trabalho do tecelão. |
XXXI
No torno s´amola o aço
Na forja o ferro aquece.
Torneiros e serralheiros
Ma metalúrgica Vaz Leal
Produziam p´ró mercado nacional. |
XXXII
Teciam-se peças de malha
De merino ou angorá.
Não era preciso publicidade
O nome de Loriga
Era sinal de qualidade. |
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XXXIII
Dr. Andrade, Dr Mineiro
Médicos permanentes
Cuidavam bem as maleitas
Bexigas, lombrigas, trasorelho,
Pneumonias frequentes. |
XXXIX
Os Invernos tão rigorosos
O frio, neve, gelo, pingente.
As brasas reacendidas
Pelas braseiras repartidas
Aqueciam toda a gente. |
XXXV
Nos pés frios e delicados
Botas grossas de carneira
Com sebo d´olanda untadas.
Os tamancos de madeira
Com brochas bem marteladas. |
XXXVI
Vamos à limpeza geral
A Páscoa está a chegar.
Os balcões bem roçados
Os cantos escarolados
Para a visita preparar. |
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XXXVII
Nos fornos tudo se agita
Alguidares, colheres e latas.
Bate o pão-de-ló, bolo negro
As broinhas de cagote
Anda tudo num virote. |
XXXVIII
Tocava o sino com qu´a dizer:
Andai, andai, andai
Qu´o padre já lá vai.
Era a hora da cruz beijar
Amigos e parentes visitar. |
XXXIX
Cozinheiras afamadas
De paladar apurado
Faziam festas pontuais.
Casamentos, baptizados
Como autênticas profissionais. |
XL
A fogueira bem acesa
A Laurinda, Adélia, dos Anjos
Mexiam as caldeiras
O arroz-doce a fumegar
Para com canela decorar. |
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XLI
Grupo de jovens amadores
Preparavam com dedicação
Rapsódias, peças de teatro,
As melodias de sempre
Aliciando o povo à distracção. |
XLII
A escola unificou
E nós pudemos usufruir.
A escola pela televisão
Conseguiu levar mais além
Os da nossa geração. |
XLIII
A banda filarmónica
Nosso ex-libris cultural
Clarinetes e trombones
Continuamos a ouvir
Seus sons repercutir. |
XLIV
As loas à Sra. da Guia
Já ecoavam no ar.
Cantavam ao desafio
Enquanto se ocupavam
Das lides a realizar. |
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XLV
O dia da festa chegava
Grande fé e devoção.
Os beijinhos, as medalhas
Em açúcar confeccionados
Eram a nossa tentação. |
XLVI
No largo do Sto. António
O palco estava montado.
Estalejavam foguetes no ar,
As grandes Festas da Vila
Estavam prontas a começar. |
XLVII
Ir até ao Portugal
Cantar serenatas ao luar
Era para todos um prazer.
Entre gargalhadas afinadas
Misturavam-se gargalhadas. |
XLVIII
Juntavam-se na praça
No Cristóvão ou Zé Maria
Uns momentos bem passados,
Com um joguinho de bilhar
E um pirolito a finalizar. |
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XLIX
Se recordar é viver
Posso então afirmar.
No meu tempo de menina
Era tudo bem diferente
Do que é actualmente. |
L
Esta Loriga qu´eu amo
Hoje está adormecida.
Loriguenses, despertai!
A nossa Terra não cai
Se todos lhe dermos vida |
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*
Eugénia Moura (Maio 2005) - Homenagem
aos Nascidos em 1955 - |
(Registado aqui - Ano de 2005) |
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E f e
m é r i d e s |
Aqui documenta-mos algumas datas que
podemos considerar relevantes na história de Loriga e, que temos por dever perpetuar. |
Janeiro |
-Ano 1838:- A 2 de Janeiro nasceu em Loriga o Sr.Doutor António Mendes Lages. |
-Ano 1923:- Criado em Loriga a Associação Católica
de Operários e Artistas, tendo sido nomeado como primeiro Presidente Manuel
Gomes Leitão. |
-Ano 1927:- Começam a surgir neste mês os primeiros doentes
da Epidemia, mais tarde detectada como "Tifo Exantemático". |
-Ano 1962:- Benzida a 1 de Janeiro a primeira Bandeira da Cooperativa
Popular Loriguense. |
-Ano 1987:- No dia 2 de Janeiro, meio bilhete do primeiro prémio
da Lotaria dos Reis é vendido em Loriga, contemplando várias pessoas. |
-Ano 1995:- No dia 4 de Janeiro a Banda Musical Loriguense deslocou-se
a Lisboa para actuar no programa "Minas e Armadilhas" gravado pela TV-SIC. |
-Ano 2005:- Em 30 de Janeiro realiza-se a inauguração
oficial da Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, pelo Senhor Ministro da Segurança
Social, da Família e da Criança, Dr. Fernando Negrão e a celebração
solene da bênção das instalações, foi presidida pelo
Senhor Bispo Coadjutor da Diocese da Guarda, D. Manuel Felício. |
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Fevereiro |
-Ano 1514:- Em 15 de Fevereiro, D. Manuel I concede o Foral de Concelho
a Loriga. |
-Ano 1883:- Foram aprovados em 27 de Fevereiro pelo Governador Civil
da Guarda, os Estatutos da Irmandade das Almas de Loriga. |
-Ano 1910:- Durante o mês de Fevereiro circula pela povoação
uma Lista de subscrição na angariação de fundos, para instalar
a luz eléctrica em Loriga. |
-Ano 1944:- Queda do avião de guerra inglês na "Penha
do Gato" em Loriga, na noite do dia 22 de Fevereiro, tendo morrido todos os seus
ocupantes (seis) que foram sepultados em Loriga.
-Ainda neste mês de Fevereiro no dia 28 deste ano, morre o Cónego Manuel
F. Nogueira, durante muitos anos Pároco em Piodão, onde criou um Seminário. |
-Ano 1954:- Fundado em 13 de Fevereiro de 1954, a Cooperativa Popular
de Loriga. |
-Ano 1966:- Em 17 de Fevereiro é criado em Loriga o Curso Unificado
da Telescola, por Portaria Nr. 21113. Foram de inicio matriculados 21 alunos. |
-Ano 1969:- Morre a 19 de Fevereiro o senhor Padre António Mendes
Cabral Lages. |
Março |
-Ano 1949:-
No mês de Março deste ano, sai o primeiro número do Jornal "A
Neve" fundado em Lisboa, por um grupo de Loriguenses. |
-Ano 1955:-
Fundado em 19 de Março, o Socorro Paroquial de Loriga, uma iniciativa do senhor
Padre António Roque Abrantes Prata. |
-Ano 1962:-
Em 28 de Março, aparece morta uma criança recém-nascida, na Ribeira
de São Bento junto à Ponte do Porto. |
-Ano 1975:-
Em 29 de Março, acontece a primeira actuação do Agrupamento Musical
os "Focos" um conjunto musical de Loriga, que teve como cenário o
salão da Fábrica de malhas "Pinto Lucas Lda" . |
-Ano 1987:- Em 5 de Março é registada em Cartório
Notarial e posteriormente publicado no Diário da República, ficando assim
concretizado a fundação da ANALOR (Associação dos Naturais
e Amigos de Loriga). |
Abril |
-Ano 1873:-
Nasce no Brasil - Pará em 11 de Abril, José Mendes Reis que se veio a
notabilizar-se como militar e político e que ficou conhecido por Coronel Mendes
Reis. |
-Ano 1926:-
Em Abril, feito o primeiro Postal Ilustrado, elaborado a partir da foto tirada do recinto
da Nossa Senhora da Guia. |
-Ano 1927:- Aconteceu
em 24 de Abril (quarta-feira) a queda do Coro da Igreja Paroquial, tendo morrido 2
pessoas bem como houve muitas crianças feridas. |
-Ano 1933:- Aconteceu no mês de Abril, o acontecimento da Chuva
das Estrelas contemplado no céu em Loriga, com receio e panico, que levou muitas
pessoas a refugiarem-se na Igreja Paroquial, a rezar. |
-Ano 1934:-
Em 8 de Abril é fundado o Grupo Desportivo Loriguense. |
-Ano 1958:- Em Abril foram concluídas as obras do Mirante de Loriga
(Miradouro da Penha D´guia) tal como hoje se conhece, aproveitando-se as rochas
salientes alcandoradas sobre o abismo, que já ali existiam. |
-Ano 1969:-
Em Abril, é colocado o relógio na Torre da Igreja, adquirido com o contributo
da população através de uma lista de subscrição
pública, elaborada para esse efeito. |
-Ano 1974:- Na madrugada de 25 de Abril desenrola-se no país
a revolução do golpe de estado levado a cabo pelos chamados capitães
de Abril, em Loriga durante o dia deu-se largas ao contentamento, festejando a Liberdade. |
-Ano 1981:-
Em 22 de Abril morre Constança de Brito Pina, a parteira do povo, que gerações
de loriguenses ajudou a nascer. |
-Ano 1982:- Em 16 de Abril é
fundada Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários
de Loriga, levado a efeito por Loriguenses de evidenciado bairrismos,
simbolizados na figura de:- Herculano Leitão
(12.8.1914 - 13.4.1997) |
-Ano 1994:-
Em 24 de Abril perto de Unhais foi assaltado e assassinado o Sr. Professor José
Coutinho Cunha natural de Gouveia, casado e a residir em Loriga. |
-Ano 1998:-
No dia 20 de Abril, morre José Moura Mourita, o carteiro de Loriga durante longos
anos, que conseguia fixar na memória o nome completo de toda a população. |
Maio |
-Ano 1927:-
Morre no dia 21 de Maio Dr. Joaquim Augusto Amorim da Fonseca, médio em Loriga,
vitima da epidemia "Tifo Exantemático". |
-Ano 1958:-
No mês de Maio deste ano, voltou novamente a ser publicado o Jornal "A Neve"
desta feita como Boletim Paroquial, que passou a pertencer à igreja. |
-Ano 1974:- No dia 1 de Maio, realizou-se em Loriga a maior manifestação
política, que há memória, para comemorar o 1º. de Maio como
feriado nacional resultante da revolução do 25 de Abril. |
-Ano 1977:- Celebrado o 50 Aniversário do "Tifo Exantemático"
com a realização de uma homenagem às vitimas desta epidemia, no
Largo do Dr. Joaquim Augusto Amorim da Fonseca em Loriga. |
-Ano 1985:- Foi a 4 de Maio ordenado Sacerdote Missionário o
Padre Jorge Amaro natural de Loriga, tendo esta ordenação sido realizada
em Fátima pelo Bispo da diocese da Guarda, D. António dos Santos. |
-Ano 1994:-
em 30 de Maio é fundada a Fundação Cardoso de Moura, destinada
para fins em prol de Loriga. |
Junho |
-Ano 1956:-
Em 9 e 10 de Junho foi organizada a primeira "Festa Sportinguista" organizada
pelos loriguenses simpatizantes deste popular clube. |
-Ano 1959:- Em 16 de Junho visitou Loriga o Sr. D. Alberto Guadêncio
Ramos, Arcebispo de Belém do Para-Brasil. Tendo celebrado a Santa Missa na Igreja
paroquial. |
-Ano 1964:-
Faleceu em 7 de Junho, Pedro Vaz Leal um dos maiores industrias de Loriga. Tinha 64
anos de idade. |
-Ano 1979:- Realizado em 25 de Junho um convívio de Loriguenses
em Lisboa, com a presença da Banda Musical de Loriga e Presidente da Junta. |
-Ano 1989:- Em
4 de Junho é ordenado Sacerdote o Padre Jorge Manuel Lages Almeida, cerimónia
que decorreu em Setúbal. |
-Ano 1989: -
No dia 30 de Junho deste ano, foi Aprovado na Assembleia da República, a elevação
de Loriga à categoria de Vila. Sendo festejado em Loriga esse decreto com duas
descargas de foguetes. |
-Ano 1989:-
Realizado a 19-25 de Junho a 1a. Semana Serrana em Sacavém, organizada pela
ANALOR. |
-Ano 1996:- Em 1 de Junho é inaugurada a nova sede da ANALOR
(Associação dos Amigos e Naturais de Loriga) com os apoios da Junta de
Freguesia de Sacavém e Câmara Municipal de Loures, que passou a ficar
localizada na Quinta do Património em Sacavém.
-Nesta data é também assinado pelas respectivas Juntas de Freguesia o
Acordo de Geminação entre Loriga e Sacavém. |
-Ano 2005:- A Banda Filarmónica de
Loriga deslocou-se ao Luxemburgo integrada nas comemorações do Dia de
Portugal e das Comunidades que se realizaram no Luxemburgo, nos dias 10.11.12 de Junho,
sendo esta a deslocação mais longínqua e para fora de Portugal,
desde sempre ao longo da sua existência. |
Julho |
-Ano 1906:- Fundado a 1 de Julho a Banda de Música de Loriga,
sendo seus primeiros directores Joaquim Nunes Pina, Mateus Moura Galvão, Augusto
Luis de Pina, Augusto Luis Mendes e António Cabral. |
-Ano 1909:-
Ordenado sacerdote no dia 18 de Julho, o Sr. Padre António Mendes Cabral Lages. |
Ano 1924: -
Nos dias 26, 27 e 28 de Julho, pela primeira vez na sua história, a Banda de
Música de Loriga, desloca-se a Sacavém, onde já despontava uma
grande comunidade loriguense naquela localidade, deslocação que se tornou
marcante e na altura a viagem mais longe. |
-Ano 1937:-
Fundado no Brasil em 4 de Julho, o Centro Loriguense do Pará, que ficou instalado
na União Comercial do Pará. |
-Ano 1952:- Em 25 de Julho são aprovados pelo Bispo da Guarda,
os Estatutos do Centro de Assistência Paroquial de Loriga, dando seguimento à
sua fundação por iniciativa do senhor Padre António Roque Abrantes
Prata. |
-Ano 1956:- No mês de Julho a Banda Filarmónica de Loriga,
desloca-se a Coimbra às Festas da Rainha Santa Isabel, que juntamente a mais
14 Bandas também convidadas tocaram o Hino Nacional ao senhor Cardeal Patriarca
de Lisboa D. Manuel G. Cerejeira. |
-Ano 1990:-
Em 12 de Julho é fundada a Associação Loriguense de Apoio à
Terceira Idade. |
-Ano 1992:-
Em Julho sai o primeiro número do Jornal "Garganta de Loriga" editado
pela ANALOR (Associação dos Amigos e Naturais de Loriga) à primeira
edição foi atribuído o Número "0". |
-Ano 1993:-
Na madrugada do dia 18 de Julho, morre em Lisboa o Padre António Roque Abrantes
Prata, um dos párocos mais marcantes na história de Loriga. |
-Ano 1995:-
No mês de Julho foi publicado no Diário do Governo o Concurso Público
para a construção da Escola EB 2, 3 de Loriga. |
-Ano 1999:- Em
8 de Julho, a Banda Musical Loriguense desloca-se pela primeira vez para fora de Portugal
Continental, mais precisamente à Ilha de S. Miguel Açores. |
-Ano 2006:-
Realizada em 2 de Julho a celebração oficial das Festividades do Centenário
da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense. |
Agosto |
-Ano 1885:-
Fundado a 15 de Agosto o Apostolado da Oração em Loriga, era Pároco
o Reverendo Manuel Matias dos Santos Figueiredo. |
-Ano 1899:-
Realizado nos dias 14,15 e 16 de Agosto a Festa da Nossa Senhora da Boa Morte e alusiva
à Festa da Passagem do Século. |
-Ano 1918:-
A Festa da Nossa Senhora da Guia realizou-se no dia 3 e 4 de Agosto, ano em que foi
concluída a reconstrução da nova capela. |
-Ano 1939:-
Este ano, em Agosto, não foi realizada a Festa da Nossa Senhora da Guia, por
divergências existentes entre o pároco Sr. Padre Lages e alguns paroquianos. |
-Ano 1949:-
Em Agosto são elaboradas e publicadas pela primeira vez a Loas da Nossa Senhora
da Guia. |
-Ano 1959:-
No dia 2 de Agosto deste ano, foi ordenado Sacerdote, o Sr. Padre Fernando Santos,
tendo para isso se deslocado a Loriga o Sr. Bispo da Guarda, D. Domingos Gonçalves. |
Ano 1972:- Em 1 de Agosto dia da Festa da Nossa Senhora da Guia, foi
realizada pela primeira vez uma Corrida de Atletismo em honra da Padroeira, organizado
pelo FC "Dragões" um grupo de jovens na altura muito activos |
-Ano 1977:-
em 13 de Agosto morre Carlos Simões Pereira, mais conhecido por "Mestre
Carlos" considerado um dos maiores mestre que passou pela Banda de Loriga. |
-Ano 1985:-
Integrado na Festa de Nossa Senhora da Guia, realizou-se uma competição
de Parapentes, com vários atletas entre eles um Loriguense. A aterragem efectuou-se
na malhada da Redondinha, ficando na memória de todos uma demonstração
de perícia num espectáculo digno de registo e que aconteceu pela primeira
vez na Festa da Nossa Senhora da Guia. |
-Ano 1988:-
No mês de Agosto o senhor Cardeal de Lisboa D. António Ribeiro, visitou
Loriga em visita particular e a convite do Senhor Padre Abranches.
-Em 1 de Agosto, foi inaugurado o reconstruído Pelourinho de Loriga, que ficou
situado (Largo do Pelourinho) local onde outrora existia |
-Ano 1989:- Em 26 de Agosto, foi efectuada a 1ª. Caminhada ao
Covão da Areia, em que aderiram muitas pessoas das mais variadas idades, organizada
pelo Padre Missionário Jorge Amaro, que em plena serra realizou uma missa numa
grande jornada de manifestação religiosa e aventura. |
-Ano 1994:-
Em 29 de Agosto morre Dr. Joaquim Jorge Reis Leitão, o grande impulsionador
da Escola Secundária e mais tarde da Escola EB2 Reis Leitão de Loriga. |
Setembro |
-Ano 1929:-
No dia 15 de Setembro aconteceu em Loriga a "Cheia das Botelhas" assim chamada
por as ribeiras terem saído do leito galgando as courelas. |
-Ano 1948:-
Nos dias 4,5,6,7,8, de Setembro, pela segunda vez, a Banda de Música de Loriga
desloca-se até junto da grande Comunidade Loriguense residente em Sacavém,
onde ao mesmo tempo fez parte do programa da Festa da Nossa Senhora da Saúde,
que ali se realizaram. |
-Ano 1950:-
Em Setembro deste ano, é fundado em Sacavém o primeiro Rancho Folclórico
Loriguense. |
-Ano 1953:-
Em 20 de Setembro são nomeados os primeiros Corpos Gerentes da Corporativa Popular
de Loriga, portanto, quando ainda se estava a dar os primeiros passos para a criação
desta Associação e respectiva fundação, que só veio
a ocorrer cinco meses depois, portanto a 13.Fevereiro.1954. |
-Ano 1962:-
Em Setembro a benemérita "Fundação Calouste Gulbenkian"
concede ao "Património dos Pobres de Loriga" o subsidio de 15 contos,
para a construção de uma casa para pobres. |
-Ano 1969:-
Em Setembro, morre Emídio Gomes Figueiredo, mais conhecido por "Emídio
Correia" o pastor mais velho da Serra da Estrela e que chegou a figurar em Postais
Ilustrados. |
-Ano 1971:- Em 24 de Setembro ocorre perto de Alvoco da Serra, um grave
acidente de viação com a carrinha de transporte da firma Nunes Lda. de
Loriga. Morreram 3 pessoas e 18 ficaram feridas, uma das quais com bastante gravidade.
Todas estas pessoas trabalhadores da referida firma. |
-Ano 1972:- Realizado em Piodão no mês de Setembro uma
homenagem do 111 aniversário do nascimento do Sr. Cónego Manuel Fernandes
Nogueira, natural de Loriga que durante muitos anos foi pároco naquela freguesia. |
-Ano 1977:-
Sai neste mês o primeiro número do Boletim "O Loriguense" editado
pela Comunidade Loriguense de Belém do Pará - Brasil. |
-Ano 1990:-
No dia 8 de Setembro é homenageado em Loriga o senhor Padre Prata, dia em que
também fazia as suas Bodas de Ouro Sacerdotais. |
-Ano 2004:-
Em 13 de Setembro começou a funcionar Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia,
em principio com apenas quatro idosos internados. |
Outubro |
-Ano 1855:-
Em 24 de Outubro é extinto o Concelho de Loriga. |
-Ano 1906:-
Sai no dia 28 de Outubro, o primeiro número do Jornal "Echos de Loriga"
fundado no Brasil pela Colónia Loriguense no Pará -Brasil. |
-Ano 1932:-
Realizou-se em Loriga nos dias 27, 28, 29 e 30 de Outubro, o Congresso Eucarístico
do Arciprestado de Sandomil, que deslocou a Loriga muitas pessoas. |
-Ano 1960:-
Inaugurado em 23 de Outubro, a nova Escola Primária, o Edifício Escola
de Loriga com 8 salas. |
-Ano 1962:- Inaugurado
a 14 de Outubro, o Sub-Posto da Guarda Nacional Republicana em Loriga, instalado no
Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa. |
-Ano 1967:-
Faleceu em 31 de Outubro, António Cardoso de Moura, deixando como testamento
a criação de uma Fundação para gerir todos os seus bens
em prol de Loriga. |
-Ano 1979:-
Em Outubro deixou Loriga, depois de 13 anos de pároco o Sr. Padre António
do N. Barreiros. |
-Ano 1994:-
Nos dias 1 e 2 de Outubro a Banda de Loriga esteve presente no V Encontro de Bandas
de Música em Oeiras, organizado pela Banda de Porto Salvo. |
-Ano 2005:- Em 29 de Outubro, faleceu António Pinto Ascensão,
mais conhecido por "Mestre Ascensão" um dos maiores mestre e compositor
de marchas que passou pela Banda Filarmónica de Loriga. Considerado também
um dos maiores bairrista das sua terra. |
Novembro |
-Ano 1882:-
Em Novembro deste ano aconteceu o desabamento da Igreja Matriz, após se ter
sentido um tremor de terra no mês de Setembro anterior. |
-Ano 1912:-
É em 15 de Novembro inaugurada a Electricidade em Loriga. |
-Ano 1925:-
Morre em 25 de Novembro, Augusto Luis Mendes, um dos maiores industriais e beneméritos
de Loriga. |
-Ano 1941:-
Em 19 de Novembro é homenageado em Loriga o Sr. Cónego Manuel Fernandes
Nogueira, dia em que foi descerrada uma lápida na casa onde tinha nascido. |
-Ano 1961:- Em
1 de Novembro dá-se um grave acidente de aviação em Recife - Brasil,
em que perderam a vida os loriguenses José Simões de Pina e sua esposa
Laura da Conceição F. Moura Pina, que iam visitar os seus filhos radicados
naquele país. |
-Ano 1971:- Em 19 de Novembro morre em Lisboa o Sr. Coronel Mendes Reis
com 98 anos.
-Em 16 de Novembro deste ano é fundado o Clube dos Metalúrgicos de Loriga,
por iniciativa dos trabalhadores da Metalúrgica Vaz Leal |
Ano 1996:-
Em Novembro é Inaugurada Oficialmente a Escola EB 2.3 Dr. Reis Leitão
de Loriga. |
Dezembro |
-Ano 1851:- No
dia 24 de Dezembro morre o pároco Reverendo Sebastião Mendes Simão,
natural de Loriga, ficando sepultado ao fundo dos degraus do altar-môr. |
-Ano 1882:-
Em 8 de Dezembro é elaborada a Acta da sessão sa Irmandade das Almas
da Freguesia de Loriga, para aceitação e aprovação da reforma
legal dos Estatutos. |
-Ano 1940:-
Inaugurado a 8 de Dezembro o "Cruzeiro da Carvalha" (Largo do Santo António)
evocado ao Oitavo Centenário da Fundação e Terceiro Centenário
da Restauração da Pátria. |
-Ano 1960:- No dia 11 de Dezembro dá-se uma enorme explosão
na casa da senhora Maria dos Anjos Lopes de Brito, situada no Largo Dr. Amorim da Fonseca,
que originou graves queimaduras em todo o corpo à senhora dos Anjos mais conhecida
por "Tia Ramalha". |
-Ano 1962:-
No dia 26 de Dezembro aconteceu o incêndio no Socorro Paroquial de Loriga, que
ficou totalmente destruído e que ocorreu às quatro da madrugada. |
-Ano 1983:-
Fundado o Boletim "A Voz da Banda" saindo o seu primeiro número em
Dezembro deste ano. |
-Ano 1998:-
No dia 8 de Dezembro, foi inaugurado o reedificado Cruzeiro da Independência,
colocado no local chamado Fonte do Mouro.
-O dia 18 de Dezembro, ficou como data histórica ao ser concedida a adjudicação
das obras da Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia. |
-Ano 1999:- No dia 28 de Dezembro,
morre em Sacavém Mário Gonçalves da Cruz, um dos maiores bairrista
de Loriga, sendo de relevo tudo o que fez pela sua terra que tanto amava e que muitas
vezes expressou nos poemas que fazia dedicados a Loriga e sua gente. |
-Ano 2008:- Em 6 de Dezembro
é realizada a assinatura da Escritura pública que dessa forma deu-se
assim como fundada a Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga. |
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Memórias
de Histórias que o Povo contou |
O "Monte de São Bento"
Neste monte, existiu outrora, uma capela onde vivia um ermitão que tinha por
orago o respectivo Santo e por isso, aquele local, sempre ficou conhecido por São
Bento.
Esta capela viria a ruir totalmente e os habitantes de Loriga quiseram levar a imagem
para a sua igreja. Surgiu, nessa altura, um contencioso entre Valezim e Loriga, com
as populações das duas freguesias a reclamarem para si a dita capela,
cada qual dizendo que lhes pertencia, por ficar nas suas águas vertentes.
Um belo dia, o povo de Valezim, querendo fazer valer os seus direitos, deslocou-se
à capela arruinada e transportaram a imagem de S.Bento para a igreja local.
Foi então, que se deu um grande milagre! Nessa mesma noite, o Santo fugiu da
igreja de Valezim e foi recolher-se na igreja de Loriga, demonstrando a todos, que
aquela capela erguida no monte de São Bento pertencia unicamente à localidade
de Loriga. |
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A Lenda da "Pedra do Ribeiro
das Tapadas"
Ainda a claridade da manhã mal despontava sobre Loriga, e já uma carvoeira
desta localidade, de farnel à cabeça, se dirigia para o trabalho na serra.
Ao chegar ao sítio chamado "Tapadas", viu sentada, numa grande pedra,
uma linda donzela. Ao aproximar-se, esta pediu-lhe de comer, tendo a carvoeira com
ela repartido o pouco farnel que levava.
A bela jovem, como recompensa, ofereceu-lhe um cesto coberto com um pano alvíssimo
recomendando-lhe, que só visse o seu conteúdo quando chegasse a casa.
Continuando o seu caminho, a carvoeira conteve-se durante algum tempo lembrando-se
da recomendação mas, ansiosa e curiosa não resistiu mais tempo.
Ao levantar o pano, ficou furiosa ao verificar que afinal era carvão que levava
no cesto e, de imediato, deitou tudo fora ainda mal refeita da irritação
e desilusão que dela se apoderou.
Quando regressou a casa no final do dia, voltando a olhar para o cesto, verificou que
no fundo do mesmo se encontravam dois bagos que, de imediato, reconheceu ser ouro.
De imediato voltou ao local onde tinha deitado tudo fora, mas nada encontrou.
A "Pedra do Ribeiro das Tapadas", na qual parece estar desenhada uma porta,
diz o povo que está encantada e que no seu interior existe muito ouro. Ainda
não há muitos anos, houve alguém que a tentou abrir, utilizando
para isso pólvora e dinamite das pedreiras, mas apesar de muito tentar, nada
conseguiu. |
** |
A Lenda do "Fragão
da Pêssega"
Em eras já distantes, vivia nesta região um abastado proprietário,
que tinha uma filha muito formosa e de longos cabelos cor de oiro e de faces coradas
e aveludadas como as de um pêssego.
Esta donzela enamorou-se de um pastor jovem e esbelto, amores que seriam, no entanto,
contrariados pelo pai que, depois de tudo fazer para evitar tal namoro, sem o conseguir,
resolveu encantar a filha numa grande fraga que ainda hoje se chama o "Fragão
da Pêssega".
A partir de então, o povo começou acreditar que, em determinados dias
e noites, a donzela vai tocando os acordes de uma música de melancolia, esperando
o seu desencanto, que só poderá ser feito por um pastor serrano jovem
e esbelto. |
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A Lenda da Serra da Estrela * |
O rei ouvira falar num célebre
pastor que habitava no alto da serra e que possuía uma estrela única
no mundo, com quem conversava todas as noites. Sem hesitar, mandou emissários
para que o trouxessem à sua presença.
Quando o velho pastor, um tanto surpreendido, chegou ao palácio do rei este
elucidou-o sobre o seu intento. -Ouve, pobre velho!. Dar-te-ei todas as riquezas que
quiseres... Farei de ti um homem poderoso para o resto da vida. Em troca quero apenas
que me dês a tua estrela.
O velho pastor olhou o rei com desespero. -Pedis o impossível, senhor! A estrela
não é minha, é do céu.
Furioso o rei gritou-lhe: -Que importa?.. Eu sei que ela faz o que tu ordenas... se
quiseres... ela será minha.
Com uma dignidade que assombrou o monarca, o velho pastor replicou:
-Senhor!.. Prefiro continuar pobre, desprezado, mas sempre com a minha estrela!...
E no mesmo assomo de energia, o velho pastor voltou as costas ao rei poderoso e abalou,
de novo, a caminho da serra.
Quando lá chegou, a noite ia já alta. Ele atirou-se para cima da enxerga
e mordiscou uma côdea de pão negro. Então, a tal estranha melodia,
já muito sua conhecida, desceu do alto e veio sussurrar-lhe aos ouvidos:
-Ainda bem que as riquezas não te tentaram... Ficaria tão triste... Deixei-te
passar misérias para te expor ainda mais à tentação, mas
confesso que receei muito. O rei ofereceu-te verdadeiros tesouros...
Erguendo-se da enxerga para onde o cansaço do corpo o tinha atirado, o velho
respondeu com lágrimas na voz:
-Ouve, minha boa estrela!..Não sei desde quando nos conhece-mos!..Mas quero
que fiques sabendo que não poderei viver sem ti, sem a tua presença.
-A estrela explicou-lhe num sussurro, fazendo amainar o vento que corria célere:
-Pois quando morreres, meu bom pastor, podes morrer descansado. Eu aqui te prometo
que jamais te abandonarei.
Num êxtase, o pastor encarou a sua estrela. O seu brilho intenso salpicava-lhe
os cabelos encanecidos, e o velho, numa voz de profeta, proclamou do alto da montanha:
-Eu te agradeço o que fizeste por mim!.. De hoje em diante esta serra há-de
chamar-se para sempre a Serra da Estrela.
E diz finalmente a lenda, que no alto da serra existe, sempre todas as noites, entre
as suas irmãs, uma estrela que brilha ainda hoje, duma maneira estranha e diferente.
Ela possui um brilho que derrama reflexos, de saudades e amor sobre a campa desconhecida
daquele que foi e continuará a ser o seu Pastor.
* Uma
narração de Gentil Marques |
(Registado aqui - Ano de 1999) |
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