Gente na História de Loriga - Figuras |
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Padre
Theotónio Luiz da Costa * |
Em 1813 foi
colocado em Loriga como pároco-colado, como se dizia na altura e lhe esteve
atribuída durante muitos anos, apesar de temporariamente deixar esta localidade
por motivo se ter alistado na milícia então organizada na época,
para expulsar do solo da Pátria os franceses.
Novo e cheio de vida, tinha a particularidade e tudo leva a crer que sim, de ser um
homem combativo e enérgico, capaz de dar a vida pela causa que defendesse. Depois
de ter contribuído para a expulsão dos franceses, viria novamente a participar
nas "lutas" liberais, só depois regressando a Loriga em 1852, já
cansado mas ainda com forças para paroquiar nesta "sua" paróquia
até aos fins de Novembro de 1855.
Apesar de cansado e velho mas estando por dentro das "lutas" liberais, quando
regressou a Loriga, teve que enfrentar uma população verdadeiramente
inclinada para a causa "Miguelista" tendo por isso muitos problemas, nomeadamente
quando no altar e nas suas pregações expressava as suas ideias politicas
e, por conseguinte feria aqueles com ideias contrárias. Por esse motivo, chegou
ao ponto, de pegar numa cadeira e correr com todos eles até ao adro, quando
lhe vinham, no final das mesmas, pedir explicações.
Era de comprovado zelo paroquial e apesar da avançada idade permaneceu pároco-colado
de Loriga até à sua morte. |
* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Padre
Sebastião Mendes de Brito * |
Pertencendo
a família abastada era natural de Loriga, foi na sua terra pároco-encomendado,
como se dizia na altura, logo após o pároco-colado Theohtónio
Luiz da Costa se ter alistado nas milícias.
Padre rígido, disciplinado e bastante zeloso, ao ponto de pensar todos terem
por obrigação o cumprimento da religião católica. Muitas
vezes, e já paramentado, saía da igreja e obrigava a entrar nela, para
assistir à missa, todos aqueles que se encontravam no adro ou que na altura
por ali passavam.
Viria a falecer no dia 24 de Dezembro de 1851 e segundo os escritos desse tempo foi
sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor, no lugar onde o celebrante principiava
as missas. |
* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Padre
Manuel Matias dos Santos e Figueiredo * |
Nasceu na Vide,
e depois de ter sido Pároco de Piodam, foi colocado em Loriga como Pároco-colado,
onde esteve, desde Janeiro de 1860 até 1893.
Os 33 anos como Pároco na freguesia de Loriga, foram ferteis em acontecimentos.
Homem de uma personalidade bem vincada, onde acima de tudo era reconhecido por ser
paciente, teve sempre contra si duas das famílias mais poderosas da terra, as
famílias Marques e Britos.
Em Novembro de 1882, desabou a igreja matriz, em consequência de um tremor de
terra que se tinha sentido em Loriga, no mês de Setembro desse mesmo ano, o Padre
Manuel Matias dos Santos Figueiredo, teve arte em conseguir unir todos os loriguenses,
juntando a isso todas as forças possíveis, para concretizar a reconstrução,
que se viria a verificar. Tendo sido restituída ao culto em fins de Setembro
de 1884, para satisfação de todos e do próprio Pároco,
que quando ao ver a igreja por terra, pensou que já não seria na sua
vida que voltaria a ver a igreja edificada.
Foi no seu tempo, quando Pároco de Loriga, que foi construída a Capela
de Nossa Senhora da Guia, que na altura se tornou num problema conflituoso, por motivo
do local escolhido pelos loriguenses, serem de família abastada na localidade
e não aceitava de maneira nenhuma a ocupação abusiva daquele local.
Em todo esse processo mais uma vez o Padre Matias, deu mostra da sua total paciência,
que tanto o caracterizava.
O Padre Matias, ficou na história da igreja de Loriga, que não sendo
natural desta localidade, mais anos esteve efectivo como Pároco da Freguesia. |
* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Monsenhor
António Mendes Gouveia Cabral *
1866 - 1936
Era
natural de Loriga, onde nasceu em 24 de Janeiro de 1866, foi Pároco
na sua terra de 1893 até 1910, ano que deixou ser o Pároco da
Paróquia, por motivos de saúde. Foi elevado à dignidade
de Monsenhor. Promoveu uma missão em 1902, incentivou a comunhão
nas primeiras sextas-feiras do mês e incrementou o Apostolado da Oração.
Faleceu em Loriga no dia 4 de Janeiro de 1936, ia portanto a fazer os 70 anos
de idade Sabe-se que foi sepultado no cemitério de Loriga, no caminho
mesmo em frente à capela do cemitério. |

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Padre Doutor António
Mendes Lages *
1838 - 1916 |
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Nasceu em Loriga
no dia 2 de Janeiro de 1838, era filho de António Mendes Lages e de Maria do
Rosário de Moura. Com a idade de 21 anos entrou para a Universidade de Coimbra
matriculando-se, ao mesmo tempo, em matemática e teologia. Em 1862 matriculou-se
em medicina e arrastado pelas doutrinas desvairadas do tempo acamaradou com sociedades
suspeitas, perdeu a fé abandonando mesmo as práticas religiosas que frequentara
desde criança, chegando até a inscrever-se na Maçonaria.
Terminada a formatura em 1867
sempre com excelentes classificações foi exercer clinica no Sabugal onde
obteve o partido médico. Em 1870 deixou essa vila e foi para o Porto onde exerceu
clínica no Hospital de St. António, esteve também na Golegã
e, mais tarde, vai para Lisboa, onde se fixou, chegando a ser chefe de serviço
no Hospital de S.José.
Foi um dos fundadores do primeiro
jornal de Loriga chamado "Estrella D´Alva" ocupando o lugar de Redactor
principal tendo a cargo a Redacção e Administração.
Casou com Dona Adelaide Soriano
em 1874, e foi pai de dois filhos. Com a morte da esposa em 1908, começou a
sentir continuados rebates de consciência que o convidavam a servir a igreja
e a emendar a vida desleixada, ingressou na Companhia de Jesus como noviço.
Pensou ir a Roma expor ao Santo Padre a sua vida, mas antes foi confessar-se em Coimbra
onde fez, durante oito dias, os exercícios de Santo Inácio, no final
dos quais se sentiu de consciência tranquila e de bem com Deus.
Colocando de parte a ideia de
ir a Roma dedicou-se à defesa dos operários vindo a fundar a Associação
"A Cruz do Operário e Artistas" promovendo conferências sociais
que despertaram muito interesse em numerosas localidades e arrastaram muitos à
conversão. Pediu admissão como noviço da Companhia de Jesus com
70 anos de idade, pedindo para entrar na Ordem de Jesuítas de Campolide em 1908,
seguindo depois para Torres Vedras onde inicia o noviciado durante três anos.
Em 1908 começou então
a preparar-se para o Sacerdócio, ordenando-se em 8 de Maio de 1911, dia da festa
do Patrocínio de S.José em Exaten na Holanda, com 73 anos de idade.
Há no entanto, outros
relatos que nos dão conta ter concluído o noviciado e obtida a licença
necessária para a ordenação em 11 de Fevereiro de 1911, "
atendendo às circunstâncias absolutamente extraordinárias do caso"
, tendo de facto celebrado a sua primeira missa em Maio desse ano.
Com a implantação
da República teve muitos problemas e sofreu perseguições, tendo
mesmo sido preso em 1910 e colocado na prisão de Caxias com outros jesuítas.
Quando foi posto em liberdade, exilou-se na Holanda, chegando mesmo a ser-lhe suspensa
a carta médica.
Os últimos anos da sua
vida foram passados na oração e no sacrifício, edificando os religiosos
da Companhia pelas suas altas virtudes. Faleceu em Múrcia - Espanha, no dia
11 de Janeiro de 1916. A Companhia de Jesus em Portugal considerou-o como uma das suas
glórias e Loriga pode orgulhar-se de ter sido o berço de tal filho. |
* Padre
António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Augusto Luis Mendes
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1851 - 1925 |

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Nasceu em Loriga
no dia 23 de Janeiro de 1851, filho de Manuel Mendes Aparício Freire e de Maria
Teresa Luis Brito, foi um dos maiores industriais desta localidade. Na sua infância
frequentou um colégio em Valezim, que nessa época ali existia.
Homem culto, dinâmico e acima de tudo muito católico, de muito novo começou
a ser atraído para os meios empresariais, passando a ter um conhecimento grande
na industria de Lanifícios que o levaria a ser um industrial de sucesso. Era
na sua fábrica da Redondinha que teciam os melhores panos e onde os melhores
operários de Loriga tinham grande orgulho em ali trabalhar.
Casou com D.Eduarda Guimarães, de quem veio a ter cinco filhos, e que viria
a falecer quando ainda seus filhos eram novos. Tempos depois voltaria a casar pela
segunda vez, com D. Maria do Carmo Monteiro, senhora abastada cuja riqueza junta à
do marido, formaram uma das famílias mais ricas existentes nessa época
em Loriga.
O seu solar era um esmero naquele tempo, tendo ali recebido grandes personagens sociais,
políticas e religiosas, mandando mesmo construir uma capela dedicada a Nossa
Senhora Auxiliadora onde, aos Domingos, fazia questão de ali assistir à
missa rodeado da sua família e convidados. Nela foram também realizados
os casamentos de seus filhos, o baptismo dos seus netos, e velado o corpo da sua primeira
esposa, da sua filha Ermelinda, dos seus netos e também o seu próprio
corpo, quando do seu falecimento em 1925.
Foi sócio da empresa Hidroeléctrica e o grande impulsionador para trazer
a electricidade para as industrias de Loriga, que fez também estender pelas
ruas da povoação. Foi um dos maiores lutadores para conseguir a ligação
da construção da estrada de São Romão a Loriga, assim como
teve um papel importante para a criação do Posto Telegráfico e
Correios nesta localidade, mandando também construir os poços na serra
para que no Verão não falta-se a água para a rega.
Reconhecido pelas suas virtudes humanas, era grande amigo dos pobres a quem distribuía
esmolas semanalmente. Sendo possuidor de imensas terras de cultivo, viria a ser um
grande benemérito para a sua terra que tanto adorava, oferecendo mesmo os terrenos
que eram seus para neles ser construído o acesso principal à povoação
por estrada. Esta doação foi de grande importância para a sua terra,
bem reconhecida pelos seus conterrâneos loriguenses que, como prova de gratidão,
e desde logo perpetuaram o seu nome naquele local, passando aquela via a chamar-se
Av. Augusto Luis Mendes.
Envelhecido, foi ficando quase cego, adoece e é levado para Coimbra, vindo a
falecer no dia 26 de Novembro de 1925. O funeral é realizado numa manifestação
de dor, onde toda a população chora o homem que muitos consideravam como
pai dos pobres, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir para sempre um dos
seus maiores beneméritos. |
* Albrito |
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Cónego Manuel
Fernandes Nogueira *
1861 - 1944 |
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Nasceu em Loriga
no dia 7 de Abril de 1816, era filho de Joaquim Fernandes Nogueira e de Custódia
Mendes Jorge e foi baptizado a 18 do mesmo mês.
Cursou no Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 10 de Outubro de
1884. No ano seguinte, foi nomeado pároco do Píodam concelho de Arganil,
onde transformou aquela freguesia de tíbia em fervorosa, iniciando e radicando
nela práticas de piedade e devoções que não eram comuns
naquela época, o que demonstra a sua intensa vida interior de fervoroso apostolado.
Em 1886 levou para junto de si alguns rapazes para o ensino do curso preparatório
dos seminários e do liceu, tendo formado no Píodam uma espécie
de colégio por onde passaram filhos de famílias de todas as categorias
sociais da região que durou até 1906.
Durante esses 22 anos que esteve à frente daquela paróquia, para a população
local o Sr.Cónego Nogueira foi como que um anjo enviado por Deus, onde a sua
piedade era um dos aspectos mais característicos da bondade e zelo cristão.
A sua pregação estendia-se também às freguesias vizinhas
onde, percorrendo rudes caminhos pelas serras, levava a doutrina de Cristo e exercendo
a sua verdadeira caridade, e distribuindo pelos pobres aquilo que lhe sobrava.
Em 1907 foi colocado como director espiritual no Seminário de Coimbra e, em
1914, foi nomeado arcipreste do distrito eclesiástico de Coimbra. Em 5 de Janeiro
de 1922, foi nomeado cónego da Sé, pelo Bispo D. Manuel Luiz Coelho da
Silva. Mesmo assim e, dentro da feição espiritual que lhe era comum,
ficou ainda pároco de Moinhos (Miranda do Corvo) conquistando ali também
muita simpatia e admiração.
A última vez que voltou à sua terra foi em 19 de Setembro de 1941, com
81 anos, já muito débil. Sentado no altar-mor a população
de Loriga desfilou perante ele, ajoelhando-se e beijando-lhe as mãos, numa singela
homenagem, para depois se dirigirem para junto do Largo Dr.Amorim, onde seria descerrada
uma lápida colocada na casa onde oitenta e um anos antes ali tinha nascido tão
ilustre Loriguense.
Faleceu em 28 de Fevereiro de 1944 no Seminário de Coimbra e foi sepultado no
cemitério do Pio, num dia em que choveu torrencialmente o dia inteiro, mesmo
assim, não deixaram de ser centenas, as pessoas que o acompanharam à
sua última morada, onde se podiam ver todas a classes sociais, assim como, mais
de 50 sacerdotes que vieram de longe, representações de muitas comunidades
religiosas, representações de muitas paróquias e organismos e
até de Piodam, foram pessoas a pé até Coimbra para assistirem
ao funeral.
Em 1972, no Piodam, foi realizada uma homenagem dos 111 aniversário do seu nascimento,
com a presença de muitas centenas de pessoas, onde foi inaugurado um monumento
erguido ao Santo Cónego Nogueira, tendo sido dado o seu nome ao Largo da Igreja.
Uma homenagem merecida a essa figura que ficou para sempre no coração
do povo dessa localidade. |
* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Dr.Joaquim Augusto
Amorim da Fonseca *
1862 - 1927 |

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Natural de Varziela
concelho de Felgueiras (Minho) onde nasceu no ano 1862, era filho de Francisco da Fonseca
e de D. Emília da Fonseca. Foi médico municipal em Loriga mais de 30
anos (1893 a 1927) onde viria a falecer com 65 anos, vítima do dever profissional
quando nesta localidade se lutava contra a grave epidemia do "Tifo Exantematico"
Homem de profundos sentimentos religiosos, era sempre com um sorriso nos lábios
que falava aos pobres, ricos e até às criancinhas. Era verdadeiramente
dedicado aos seus doentes, ao ponto de, muitas vezes, o verem chorar quando se via
impotente para debelar a doença ou minorar o sofrimento dos seus pacientes.
Quando concluiu a formatura médica, casou com D.Urbana Madeira natural da freguesia
de Poiares concelho de Arganil, onde fixou residência até à sua
colocação como médico municipal na freguesia de Loriga, e onde
viria a construir a sua casa de habitação em terreno cedido gratuitamente
pelo industrial Abilio L.Brito Freire.
Além de Loriga prestava assistência médica às localidades
vizinhas, onde se deslocava a pé ou de "mula" quer chovesse ou desse
Sol, nevasse ou estivesse vento, nada cobrando a quem quer que fosse. Vivia feliz e
alegre e nada lhe faltava, porque lhe ofereciam muitas recompensas materiais, pois
era acima de tudo muito adorado pelo povo.
Quando faleceu, em 21 de Maio de 1927, depois das respectivas exéquias, o seu
corpo ficou depositado no jazigo do Sr.Augusto Luis Mendes. Mais tarde, em 19 de Setembro
desse mesmo ano, foi transladado para a sua terra natal e sepultado no cemitério
de Pedreira-Felgueiras, por decisão da família, num dia que ficou assinalado
com a despedida emocionante do povo de Loriga, todo a chorar e dando adeus a tão
grande e bom benemérito desta Vila.
Anos mais tarde como prova de gratidão, a Junta de Freguesia mandou erguer uma
estátua num dos largos da povoação, que passou também a
chamar-se de seu nome. Em 1977 e quando da passagem do Cinquentenário da sua
morte, ali lhe foi prestada uma homenagem alusiva a essa data, assim como, a todas
as vítimas dessa epidemia de 1927. |
* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) |
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Professor Pedro
de Almeida
1873 - 1959 |
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Nasceu em Santiago
de Cassurrães - Mangualde, em 2 de Dezembro de 1873.
Colocado em Loriga como professor
primário, exerceu proficientemente o magistério, durante longos anos,
nesta localidade, onde se veio a radicar.
Professor culto, competente,
profundamente dedicado aos seus alunos, tinha uma característica própria
de ser também muito exigente nos seus ensinamentos, atraiu à sua escola
estudantes de freguesias distantes, confiados pelos pais ao saber e cuidados do ilustre
professor.
Muito rigoroso nas suas ideias
e naquilo que acreditava, tinha uma característica de ser um orador influente,
por isso, era ouvido com grande atenção, mesmo tendo em conta de facilmente
alterar a sua atitude e mostrar alguma irritação, quando tinha momentos
mais enervantes, mas mesmo isso nunca deixou de ser respeitado e admirado pelos loriguenses.
Reconhecido por um republicano
convicto e verdadeiramente fervoroso, foi o grande impulsionador na criação
em Loriga do organismo Clube Recreativo Luzo Brasileiro, em 12 de Junho de 1910, de
orientação republicana, aproveitando a estadia em Loriga de um número
expressivo de loriguenses da colónia residente em Manaus do Pará, também
estes de ideias de mudança no nosso país da Monarquia para a República.
Pedro d´ Almeida, passou
então a ser o presidente do Clube Recreativo Luzo Brasileiro, segundo relatos
escritos da época, no dia da apresentação deste organismo e tomada
de posse dos membros directivos ficou na memória, ao terem aderido a este movimento
mais de mil e quinhentas pessoas, com a Banda Filarmónica a percorrer as principais
ruas da vila, tendo depois decorrido uma palestra com muitas pessoas influentes a terem
o dom da palavra, com o professor. Pedro d´ Almeida a ser o mais brilhante orador,
explicando a todos aqueles que o ouviam, os benefícios que a república
ia trazer aos povos e concretamente a Loriga.
Contribuiu sempre, quando solicitado,
para várias organizações loriguenses, tendo chegado a desempenhar
diversos cargos, entre os quais de Julgado da Paz e Registo Civil.
Casado com D. Adelaide Abreu
Amaral Almeida, tiveram 9 filhos, seis raparigas e três rapazes - Guiomar; Alice; Irene; Celeste; Maria
Rosa; Ester; Rodolfo; José; e Severo, que seguiram as pisadas do pai todos virados para o ensino,
passando a ficar para a história de Loriga esta família com sendo conhecida
por a "Família dos Professores". Todos os seus filhos foram professores
do ensino primário, que se distinguiram, por onde quer que passaram, e aos quais
também doou a tradição republicana. Deixou ainda na hora da sua
morte numerosa descendência entre a quais netos e bisnetos, que no ensino primário
e secundário e em outras actividades ocupavam relevantes posições
sociais.
Muito católico, tanto
ele como sua esposa e seus filhos, nunca faltavam à missa dominical ou mesmo
nas devoções das tardes celebradas na igreja, privando ainda com todos
com da sua estima, deixando muitas saudades e se tornando uma figura de Loriga, mesmo
não sendo natural da terra que ele optou como sendo também dele.
Faleceu em Loriga no dia 4 de
Dezembro de 1959, com 87 anos, ao funeral incorporaram-se centenas de pessoas, muitas
delas vindas de vários pontes distantes do país. Na igreja foram cantados
Ofícios Solenes, o funeral realizou-se depois para o cemitério local,
onde ficou sepultado. |
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Coronel José
Mendes dos Reis
1873 - 1971 |

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Oficial Superior
da Armada de Infantaria (Coronel) nasceu em 1 de Abril de 1873 em Macapá-Pará
- Brasil, era filho de José dos Reis e de Maria Águeda Mendes Lemos naturais
da Vila de Loriga.
Alistou-se com voluntário em Infantaria 5, a 19.11.1889, sendo promovido a Alferes
em 30.11.1895, tendo alcançando o seu posto de Coronel em 11.3.1922.
Foi professor de esgrima na Escola Prática de Cavalaria e altamente premiadoem
diversos concursos dessa disciplina. Em 1911-12 por ocasião das incursões
e movimentos monárquicos do Norte comandou um grupo de metralhadoras em operações
efectuadas em Braga, Arco de Valdevez, Chaves e Montalegre e foi comandante do destacamento
que sufocou a rebelião de Celorico de Bastos em 1912.
Comandou a força de Infantaria e Metralhadoras que forçou o Batalhão
de Infantaria 21 mobilizado, a depor, a sua atitude de recusa para C.E.P. em França
e comandou também uma força que prendeu os oficiais de Infantaria 34
que se recusavam, também a embarcar para a França em 1917. No ano seguinte
foi ele mesmo também incorporado no C.E.P em França e em Inglaterra como
chefe de uma missão militar.
De 1919 a 1926 foi Senador da República em quatro legislaturas consecutivas
e ainda 2. e 1. Secretário dessa Assembleia e representou-a como vogal no Concelho
Colonial. Por ter chefiado a revolução de 7.1.1927 contra o governo saído
do movimento de 28 de Maio, foi separado do serviço de 15.11.1927 a 11.7.1930,
tendo sido preso e deportado para Angola e reformado a 12.7.1930.
Passando pela ilha da Madeira por motivos de saúde, ali secundou o general Sousa
Dias no movimento revolucionário eclodido no Funchal, sendo novamente preso
e demitido do Exército em Abril de 1931, mas em 1937 foi reintegrado em situação
de reforma.
A folha de serviços como militar regista dezenas de altos louvores e condecorações
que depois da sua morte e, a após a revolução dos cravos (Abril
1974) passaram a poderem ser visionadas e que fazem parte de um espólio que
pertence e está à guarda da Junta de Freguesia de Loriga.
São realmente muitas as condecorações e louvores que recebeu,
no entanto são apenas algumas as que aqui se registam: -Medalha de Ouro comemorativa
das Campanhas do Exército Português com a legenda "Sul de Angola
1914-1915"; Medalha Comemorativa do C.E.P. com a legenda "França 1917-1918";
Medalha da Vitória com estrela; Cruz de Guerra 1.Classe; Grau de Oficial da
Ordem de Torre e Espada com palma dourada; os Graus de Comendador das Ordens de Cristo
e de Sant´lago de Espada e a Ordem de Mérito Militar de Espanha com distintivo
branco.
Segundo relatos antigos, quando na passagem e, com alguma influência, pelos meios
governamentais da época, o Sr. Coronel Mendes Reis conseguiu fixar em Loriga
os Correios Centrais que eram já de grande necessidade, falta que se fazia sentir
pois, nesses tempos, era já uma realidade o desenvolvimento das fábricas
de Lanifícios nesta localidade.
Por motivo de todos os contornos e audácia ao longo da sua vida militar, passou
a sentir-se vigiado pelo poder governamental, refugiando-se em Lisboa na sua casa e
junto à família, onde velho e cansado viria a falecer com 98 anos de
idade, no dia 19 de Novembro de 1971. |
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Emilia Mendes Brito
1874 - 1946 |
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Nasceu em Loriga
a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível a sua piedade, talvez
fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à igreja da sua terra a sua
total fidelidade, onde tratava da limpeza, no ornamento dos altares e dando catequese
aos mais novos.
Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como ela
compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus infinitamente
humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a viu, que não
fosse no lugar mais solitário do templo, entregue à oração
mais concentrada.
Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era sempre uma
presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão
grande a sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar de comer o
pão para com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não saiam
da sua porta
Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu
dia. Ela era igualmente a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da
sua queridíssima Propagação da Fé, inscrevendo novos associados,
visitando os pobres protegidos pela Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas
das vezes se encontrava à cabeceira dos moribundos recitando-lhes o ofício
da agonia, apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos humanos.
Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão diariamente.
As pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as suas vestes a varrer
o chão, passando pelas ruas sempre de olhos baixos como que desejando que ninguém
a visse e, quando falava, a sua voz suave prendia todos aqueles que a escutavam, mas
ela própria se arrepiava ao ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais
insignificante que fosse.
Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Janeiro de 1946 ocorre o
seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um sorriso
na sua boca, como que feliz, por partir para junto do Senhor a quem dedicou toda a
sua vida.
O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga,
ao verem partir para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a sepultura onde
descansa eternamente, e o povo da sua terra, como prova de gratidão, mandou
colocar a mármore.
Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se encontrar intacto
na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das Santas mantém-se tal
como foi durante a sua passagem pela vida". |
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Maria Ermelinda
Mendes Guimarães e Cunha *
1881 - 1926 |

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Nasceu em Loriga,
era filha de Augusto Luís Mendes e de Eduarda Guimarães.
Notabilizou-se como uma senhora de grande sensibilidade e de uma enorme ternura e amor
pelos outros, principalmente para com os pobres da sua terra.
Desde muito nova se evidenciaram as suas qualidades de bondade e de amor pelo próximo,
bem demonstradas na sua atitude para com os mais necessitados. Numa época em
que em Loriga, a pobreza extrema era bem visível, frequentemente, saía
do seu Solar da Redondinha, a fim de visitar as casas dos mais carenciados, onde para
além de esmola, levava carinho.
A virtude de querer fazer o bem, aliada a outras qualidades, fizeram com que fosse
adorada pelos pobres de Loriga. Para além das cestas com comida que mandava
entregar em casa dos pobres, pelas suas criadas, intercedeu junto de seu pai para que
fosse distribuída semanalmente uma esmola pelos mais carenciados, um gesto que
se manteve durante muito tempo.
Era uma excelente pianista, dando uma certa alegria àquele solar, quando o som
das teclas do seu piano se faziam ouvir. Casou com o Sr. Fernandes da Cunha, vindo
a ser mãe de quatro filhos.
Faleceu no ano seguinte à morte de seu pai, com apenas 45 anos, deixando os
filhos ainda muito novos. A sua morte causou grande consternação, e o
povo chorou a sua perda. As cerimónias fúnebres foram realizadas na capela
da Nossa Senhora Auxiliadora, na Redondinha, propriedade da sua família, sendo
o seu corpo depositado no jazigo da família no cemitério local. |
* Albrito |
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José Gomes
Luís Lages
1881 - 1950 |
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Nasceu em Loriga
no lugar do Cabrum em 1 de Outubro de 1881, filho de José Gomes Luís
Lages e de Ana Jorge.
Era o mais velho de três irmãos, que com o falecimento precoce do seu
pai (com 24 anos) com apenas 8 anos e, após a abolição da escravatura
no Brasil, viaja com o padrasto e o irmão António para este país,
mais precisamente para o Rio de Janeiro.
Residiu no vale do Rio Paraíba e depois foi viver para Belém do Pará
e também para Manaus, onde já existia uma vasta comunidade loriguense,
que trabalhava no Café, na cana-de-açúcar e na borracha e onde
consegue sobreviver à febre amarela, na altura muito comum naquela região.
Teve a sorte de regressar a Portugal
em 1900, enquanto o irmão partiria para Argentina que à semelhança
de tanta gente de Loriga, nunca mais voltou à sua terra.
Em Portugal, começa por viver em Loriga com a irmã Teresa e com a avó
paterna Emma. Depois trabalha com um primo em Mangualde até regressar a Loriga
em 1902, para o casamento da irmã com José Gomes Luiz de Pina. Nesse
mesmo dia, começa um namoro com a irmã do cunhado, com quem acaba por
casar passado meio ano.
Por via da mulher, Maria Emília de Luís Duarte Pina entra na Fábrica
do Regato de onde sai após a morte do cunhado José, por tifo, e em divergência
com a sogra e os restantes cunhados.
Em 1929, trabalhou para Carlos Nunes Cabral e travou conhecimento e amizade com o Conde
da Covilhã. Em 1930, após hipoteca das terras que herdou da avó
no lugar do Cabrum, no "Portugal" e no Teixeiro, perante o Conde da Covilhã
contrai um empréstimo de 500 contos que serviria para construir a Fábrica
das Lamas, aproveitando a levada de água que alimentava também a Fábrica
da Redondinha.
Funda a Fábrica das Lamas e inicia a sociedade de lanifícios Lages que
posteriormente adopta as designações de Lages, Santos & Companhia,
Lda e mais tarde Lages Santos & Sucessores, Lda., não tendo já pertencido
a esta sociedade que cessaria laboração em 1973 e que foi vendida por
500 contos em 1980 à firma Pedro Vaz Leal e Companhia.
Da memória dos netos, na sua maioria afilhados, fica a ideia de um homem que
se gabava de travar amizade e histórias com salteadores e nobres e de ser de
estatura notoriamente mais baixa que a esposa.
Católico e monárquico com um bigode com pontas encaracoladas e cicatrizes
profundas nas mãos que passava muitas tardes a jogar às cartas com amigos
de Loriga, como Joaquim Leitão, José Carreira e Pedro de Almeida, entre
outros, no "Clube", que ficava na sua casa.
Durante a vida, dos 14 filhos que teve, perdeu dois rapazes (António e Augusto),
finalistas da Faculdade de Coimbra com tuberculose e um filho (Isaac Luís) de
sete anos, afogado no poço que posteriormente teve o nome pelo qual era vulgarmente
conhecido, na Ribeira de Loriga.
No final da vida, fez as pazes com a família da esposa e viaja constantemente
para Belas, onde visita a irmã, internada por demência após ter
contraído meningite, em 1930.
Veio a morrer em Coimbra, em 11 de Dezembro de 1950, aos 69 anos, após internamento
por acidente cardíaco. A sua casa no "Pátio" , no local conhecido
pela "Praça" em Loriga, continua a ser parte indivisível de
todos os seus herdeiros.
Loriga viu partir mais um dos seus filhos, fundador de uma das suas Fábricas de Lanifícios, que o tornou
num dos muitos industriais que contribuíram em muito para o engrandecimento
da sua terra. |
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Padre António
Mendes Cabral Lages *
1884 - 1969 |
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Nasceu em Loriga
em 23 de Agosto de 1884, filho de Augusto César Mendes Lages e de Rosalina Mendes
Gouveia. Foi ordenado sacerdote em 18 de Julho de 1909, pelo Prelado D.Manuel Vieira
de Matos na Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa em 25 do mesmo mês em
Loriga.
Pouco tempo depois foi colocado como pároco encomendado como se dizia na altura,
na freguesia de Santa Maria de Manteigas e no ano seguinte foi nomeado pároco
da freguesia de Aldeia da Ponte onde permaneceu até fins de Junho. Entretanto,
como o seu tio e padrinho Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral por motivos
de saúde e impossibilitado de estar à frente da paróquia de Loriga,
fez um pedido ao Prelado para a vinda para a sua terra, que viria a acontecer em Julho
desse mesmo ano e na sua terra permaneceu como pároco cerca de 34 anos. Paroquiou
também em Valezim, Alvôco da Serra e foi o maior impulsionador para a
construção das capelas da Teixeira de Baixo, Frádigas e Fontão.
Formado em Teololgia no Seminário da Guarda além de sacerdote sentia-se
politico, sendo caracterizado pela sua frontalidade e determinação, defensor
dos mais desfavorecidos e dos pobres. Conhecia bem as diferencias sociais existentes
na sua terra, por vezes dizia não serem justas e que apesar de não concordar
com elas, estranhamente era com elas mesmo que tinha um mais estreito relacionamento.
Muito devoto do Sagrado Coração de Jesus primava por ser um verdadeiro
cristão. No entanto era, acima de tudo um disciplinador e exigente no ensinamento
da catequese, tendo fundado em Loriga alguns organismos da Acção Católica
que, mais tarde, o seu sucessor reorganizou.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga em 1944, nos anos da II Guerra Mundial,
onde a lei e justiça eram superados pelos interesses dos mais poderosos e teve
grandes problemas com os seus paroquianos. Talvez fosse essa uma das causas mais marcantes
para que o Bispo lhe retirasse a paróquia de Loriga, tendo-lhe até sido
retirado o direito de celebrar missa no altar-mor da igreja, vindo a ser substituído
pelo Sr.Padre Prata natural de Manteigas.
Chegou mais tarde a ser pároco da localidade da Cabeça onde durante anos
realizou ali obras de grande vulto e de valor, sendo o grande obreiro na edificação
da igreja local de bela arquitectura.
Já velho e cansado com frequência se podia ver passar umas horas no café
do "Zé Maria" ou no "Clube", mas muitas mais horas passava
refugiado na sua casa a bater nas "teclas" da sua velha máquina, escrevendo
as suas memórias que intitulava de "Para Constar" que infelizmente
muitas delas se viriam a perder.
Possuidor de muitos bens, ainda em vida resolveu doar tudo à igreja paroquial,
doação que foi importante para a Acção Social e Religiosa
em Loriga, sendo instalada nesta vila uma Ordem de Irmãzinhas, onde passaria
a viver mais acompanhado e acarinhado o resto dos seus anos de vida e onde viria a
falecer após doença em 19 de Fevereiro de 1969, com a idade de 84 anos. |
* Albrito |
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António
João de Brito Amaro
1890 - 1961 |

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Natural de
Loriga onde nasceu em 4 de Janeiro de 1890, foi um industrial e comerciante de sucesso,
que muito contribuiu no desenvolvimento industrial da sua terra, e que se destaca,
entre outros, na verdadeira expansão dos tecidos fabricados em Loriga para outros
localidades nomeadamente ao mercado da Beira Baixa.
Na sua infância fez parte da Banda Musical de Loriga onde tocava cornetim Era
um cristão convicto e um verdadeiro católico praticante, possuidor de
um coração bondoso tendo, ao longo da sua vida angariado a estima e amizade
dos seus conterrâneos que, mesmo depois da sua morte o recordavam com saudade.
Após o seu casamento com Maria José Nunes Brito, também natural
de Loriga, o casal rumou para o Brasil - Estado de Manaus. Ali adquiriu uma mercearia
que tinha em anexo uma olaria iniciando, assim, a sua actividade comercial que o levaria
a manter-se por lá durante alguns anos.
Regressou à sua terra em 1923, com alguns dos seus filhos ainda muito pequeninos,
e que entretanto por lá tinham nascido e, mais tarde, o casal voltaria a ter
mais filhos, mas desta feita nascidos em Loriga.
No ano seguinte (1924) fundou em Loriga uma sociedade do ramo de lanifícios
com os cunhados António e Alfredo Nunes Luis. Um ano mais tarde (1925) e na
ideia de expandir as vendas dos tecidos que nesta localidade se fabricavam e ainda
para estarem mais perto dos clientes na Beira Baixa, para onde se destinava a grande
parte dos mesmos, compraram uma loja de mercearia na Covilhã, centro industrial
por excelência, alterando a gerência da dita casa comercial com o sócio
António Nunes Luis, um mês na Covilhã e outro em Loriga.
Esta casa comercial na Covilhã viria a encerrar em 1935, passando a Sociedade
a ter os seus negócios sediados apenas em Loriga. Entretanto esta sociedade
é extensiva a mais familiares, com a finalidade de se expandirem um pouco mais
na industria de lanifícios, tendo nesse mesmo ano arrendado a Fábrica
da Redondinha (Augusto Luis Mendes & Comp.). Os sócios nomearam-no como
gerente da dita fábrica, funções que viria a desempenhar até
1953.
Foi também um dos sócios fundadores da fábrica Nunes Brito &
Comp., criada em Loriga no mês de Fevereiro de 1948, que nessa época passou
a ser uma das mais modernas.
No ano de 1939 acontece o falecimento de sua esposa, Maria José Nunes Brito
(28.10.1887 - 15.6.1939) com a idade de 51 anos, uma mulher muito sensível no
seu trato e dotada de uma inteligência pouco vulgar para a época onde,
o seu grande sentido de administração, contribuiu parte muitos dos êxitos
nos negócios do marido. A morte de sua esposa foi um duro golpe que abalou profundamente
o Sr. António João.
Esta figura de Loriga viria a falecer em 5 de Fevereiro de 1961, ficando esta Vila
mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus maiores industriais que em muito contribuiu
na divulgação e expansão da industria de lanifícios da
sua terra. |
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Carlos Simões
Pereira *
1890 - 1977 |
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Nasceu em Loriga
em 9 de Agosto de 1890. Segundo se sabe, parece ter nascido para a música e,
quando surge a ideia da fundação da Banda nesta vila, passou logo a fazer
parte dela, aprendendo música com o mestre espanhol que viria a ser o primeiro
regente.
Eram tão grandes as suas qualidades para a música, que depressa aprendeu
o suficiente e, em 1911, com apenas 21 anos, passou a ser o regente da Banda de Loriga
funções que viria a desempenhar até 1914.
Emigrou um dia tendo como destino o Brasil, onde esteve sempre em contacto com a música,
fazendo mesmo parte e sendo até regente de diversas tunas. Regressou a pedido
da família mas, mais tarde, partiu novamente, desta feita até ao Congo
(África), mas só, que por lá, não esteve tão perto
da música como desejaria.
Regressou a Portugal e a Loriga por altura de 1937, e é ainda com mais intensidade
que se dedica à música, e entra novamente como músico na Banda
da sua terra ocupando-se, também, a ensaiar o Grupo Coral da Igreja Matriz e
destacando-se ainda ao serviço da Paróquia em assuntos de secretaria
no tempo que era o Paroco de Loriga o senhor Padre António Ruque Abrantes Prata.
Era homem de verdadeiro sentido de interpretação musical, exigente, disciplinado
e educador, ficando para sempre ligado como uma legenda pelas gerações
de músicos que com ele muito aprenderam e, que a instituição musical
desta localidade muito lhe ficou a dever. Pensou e reuniu uma série de músicas
brasileiras que depois transcreveu para a banda executar com o título de Rapsódia
Brasileira, assim como, copiou e aperfeiçoou muitas peças musicais, algumas
das quais foram tocadas pela Banda de Loriga.
Foi regente da Banda Musical de Loriga, de 1911-14; de 1922-24; de 1951-61 e de 1966-68,
era também, acima de tudo,
um cristão convicto que muito fez pela igreja da sua terra, tendo ainda, e durante
muitos anos, desempenhado as funções de Regedor da Freguesia. Foi casado
com Herminia Mendes Cabral Lages (23.12.1889-23.07.1974), recordando-se que esta distinta
senhora era irmã do senhor Padre António Mendes Cabral Lages.
Nos anos da década de 1950 e principio de 1960, consegue elevar a Banda Musical
de Loriga a altos níveis e que ficaram famosos na história desta instituição.
Entre outros feitos, recorda-se quando, entre muitas outras Bandas, foi a Banda Musical
de Loriga honrada a tocar o Hino Nacional ao Cardeal António Cerejeira nas Festas
da Rainha Santa realizadas em Coimbra no ano de 1956.
O "Mestre
Carlos"
como popularmente assim era chamado, deixa de colaborar na Banda já velhinho,
afastando-se completamente aos oitenta anos, vindo a falecer em Loriga no dia 13 de
Agosto de 1977, com 87 anos, sendo sepultado no cemitério de Loriga. |
* Albrito |
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António
Cardoso de Moura
1892 - 1967 |

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Nasceu em Loriga,
em 20 de Janeiro de 1892, filho de Emídio Cardoso de Moura e de Benedita Luiz
Moura.
Uma vida recheada de múltiplos aspectos, teve na sua inteligência a virtude
de angariar considerável fortuna, que foram frutos para que ao doá-los
à sua querida terra, se tornaria no maior benemérito da Vila de Loriga.
Nascido de uma família humilde, passou os primeiros anos entre a educação
de seus pais e a frequência escolar, tendo obtido o diploma da 4ª. classe
na Guarda.
Tinha apenas 11 anos quando foi para o Brasil, com a sua família, trabalhou
em diversos estabelecimentos comerciais, mas cedo começou a alimentar a ideia
de se emancipar profissionalmente, assim aos 17 anos iniciou o trabalho por conta própria,
e foi tão evidente a sua qualidade de trabalho, que se veio a impor-se como
verdadeiro comerciante.
Posteriormente viria a construir a primeira sociedade com o conterrâneo José
Fernandes Gomes, surgindo assim a "União" para impor no conceito geral
como casa de sólida constituição e renome no meio comercial.
Todavia, seria na sua terra que não esquecia, que viria a começar novo
ciclo, ao associar-se com alguns cunhados na constituição da firma industrial
Moura Cabral & Comp.
Homem de brio e de excepcionais qualidades de trabalho, que vindo de um meio comercial
diferente para uma actividade industrial completamente desconhecida, veio a firmar-se
como um orientador perspicaz, aliando ao exemplo de homem activo e de nobreza de trato,
que fazia de cada fornecedor ou cliente um amigo.
Desempenhou funções públicas tanto na Junta de Freguesia da sua
terra, como também na Câmara Municipal de Seia, onde foi vereador durante
muitos anos. Tinha o lema de acarinhar todas as obras ou iniciativas que tinham por
fim desenvolver ou valorizar a sua terra, tendo mesmo pelos seus conterrâneos
um certo carinho, que tentava por certos meios proteger, com todos colaborava e a todos
subsidiava.
Os desprotegidos da sorte ou instituições loriguenses, muito dele receberam,
não só no incentivo moral, bem como material, como nunca ninguém
o tinha feito.
Era casado com D. Eduarda Mendes Cabral e Moura (11.11.1894 - 3.3.1971), onde a formação
moral e cristã de ambos, se manifestou ao longo de 55 anos do casamento.
Se a sua vida não bastasse para constituir um hino de exaltação
ao trabalho generoso e honrado, à riqueza de carácter e à generosidade
esclarecida, quis ainda prolongar para além da morte esse mesmo lema, deixando
a maioria dos recursos tão laboriosamente adquiridos à sua terra Natal.
Depois da sua morte e perante a doação feita a Loriga, foi constituída
a Fundação Cardoso de Moura, sendo o prédio em que viveu este
ilustre loriguense, situado na Rua Coronel Reis (antiga Amoreira), aquele que mais
tem sido utilizado em prol da comunidade desta localidade. Já ali esteve sediado,
a Junta de Freguesia; a Banda de Loriga; os Bombeiros quando a sua fundação;
a Biblioteca; os CTT , enquanto se procediam a obras no edifício dos correios,
assim como, foi utilizado com as máquinas da Associação da 3ª.Idade,
enquanto não tinham sede, também funcionou ali o Curso dos Tapetes de
Arraiolos e os Cortes e actualmente funciona ali o Posto de Informação
Turística.
Faleceu em 31 de Outubro de 1967, em Lisboa, com a idade de 75 anos, sendo o seu funeral
realizado para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, conforme sua vontade.
Os seus conterrâneos quiseram estar presentes, tomando em massa, parte activa
nos ofícios fúnebres e missa, numa expressão sentida de estima
e admiração. Esta presença espontânea de toda a freguesia,
foi sinal de gratidão que tinham na alma, pois nesta altura ainda ninguém
sabia das suas últimas vontades. |
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António
de Brito Pereira
1895 - 1987 |
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Nasceu em Loriga,
em 17 de Maio de 1895, filho de António Pereira e de Emília Lopes de
Brito.
Desde muito novo começou a ter um gosto especial pela Banda, onde ingressou,
vindo a notabilizar-se ao tocar diversos instrumentos, mas seria o Bombardino, a consagrá-lo,
dizem até, que era um verdadeiro artista a tocar esse instrumento.
Homem humilde, de poucas falas, sofreu na carne a sua condição social.
Alfaiate de profissão, ou por necessidade, era no entanto, a música que
mais lhe estava no coração.
Era do pão que lhe faltava em casa, cujo filhos bem sentiram. Só que
em vez de cortar mais pano, copiava papéis de música horas e horas sem
conto. Só que em vez de alinhavar mais, perdia-se no sonho belo da cultura musical
da sua terra.
Foi regente da Banda de Loriga, quando era ainda relativamente muito novo, funções
que viria a desempenhar muitas mais vezes. No total deve ter estado na regência
da Banda de Loriga cerca de 30 anos.
Trabalhou sempre incansavelmente para não deixar acabar a Banda da sua terra,
porque em determinada altura parecia agonizar, devido a uma boa parte de loriguenses
partirem para outras paragens, nomeadamente Sacavém e Brasil.
Esteve arredado da Banda Musical durante 30 anos, sofrendo interiormente quase um degredo.
E era fácil vê-lo escutando a sua Banda, procurando ser discreto, mas
a paixão não o deixava ocultar. Voltaria novamente à regência
da Banda Filarmónica da sua terra, depois de todos esses anos, já velhinho,
uma vez mais para a salvar.
Popularmente mais conhecido por "Mestre Barriosa", foi a muitos que ensinou
música, passando-lhe pelas mãos quase todos os executantes da Banda de
Loriga no seu tempo, até se dizia que era "ele a fazer a Banda, e depois eram outros a possuí-la".
Sendo pessoa de bem tinha na sua modéstia, uma virtude, que ao longo dos tempos
lhe fez angariar a estima, a amizade e o respeito dos seus conterrâneos.
Chegou a ser regente de outras Bandas, a de Silvares e depois a de Candosa, mas nelas
não "murou" muito tempo, pois a Banda de Loriga e a sua terra, para
ele eram tudo.
Era casado com Maria dos Anjos Alves Dinis, e pai do Albano, Manuel, João, António
e Idalina, que tal como o pai muito viriam a fazer pela comunidade loriguense.
Faleceu velhinho e cansado em Loriga, no dia 24 de Junho de 1987, o funeral foi realizado
para o cemitério local onde ficou sepultado. Perdendo Loriga um dos seus filhos
queridos, que adorando a sua terra, acima de tudo amava a sua Banda, que por ela, grande
parte da sua vida lutou, para que continua-se a manter-se bem viva e bem activa. |
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Joaquim Pinto Ascensão
1895 - 1971 |

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Natural de Loriga
onde nasceu em 11 de Outubro 1894, filho de António Pinto D' Ascensão
e Benedita Lopes de Brito.
Nasceu na vigência da Monarquia,
e assistiu à Implantação da República, tinha então
15 anos de idade. Com a idade de 18 anos cumpre o serviço militar e já
depois de ter cumprido todo o tempo, foi novamente chamado para voltar a ser integrado
o serviço militar, mas desta vez para ir combater para França, na 1ª
Grande Guerra Mundial, que ocorreu de 1914 a 1918.
Na altura já casado com
a senhora Amélia de Jesus Florêncio (1894 - 1958) e com dois filhos que
entretanto vieram a falecer, mesmo com todos os problemas inerentes á sua condição
de pai, lá foi integrado no contingente português mobilizado para combater
em França.
Regressado da Guerra são
e salvo, começou a trabalhar na Indústria dominante em Loriga, os Lanifícios.
Devido à competência revelada, cedo se tornou Mestre da Secção
das Cardas, da Fábrica Leitão & Irmãos. Tanto mais que era
uma das poucas pessoas em Loriga que, naquela altura lia e escrevia fluentemente.
Era vê-lo então
um conversador nato a contar os episódios passados na guerra e nesses seus relatos
nunca deixava de contar aqueles que mais o marcou e que mais perto esteve da morte.
Um dia, algures pela França,
o seu contingente foi atacado, para além dos habituais bombardeamentos com gazes
tóxicos, que punham as populações em debandada, nesse dia houve
também uma investida da infantaria alemã.
Da farda, fazia parte um capacete
a que chamavam "franquelete" e foi o "franquelete" que lhe salvou a vida como contava
aos amigos, à família e aos seus netos, que ainda o parece estarem a
ouvir. -"Quando
começou o ataque soaram as sirenes e um homem com uma bandeira na mão
corria no meio da multidão em fuga gritando - Salve-se quem puder!.. -Ao meu
lado corriam duas mulheres. Entretanto uma bala atingiu o meu capacete, o "franquelete"
saltou da minha cabeça com o impacto da bala. Corri ainda mais para fugir da
confusão. As mulheres que corriam ao meu lado e dos meus camaradas, nunca mais
as volta-mos a ver. Acho que ficaram soterradas nos escombros das paredes que desmoronavam.
A morte rondava muito perto de mim. Mas… não tinha chegado ainda a minha
hora!.. O Franquelete salvou-me a vida"
Continuou sempre pregado nas
imensas recordações da guerra. No regresso foi obrigado a viver de perto
com a fome, as epidemias, como a do tifo que dizimou Loriga, tempos difíceis
de uma vida atribulada que apesar de tudo isso o senhor Joaquim Pinto Ascensão
o "ti
Jaquim Faztudo"
como popularmente era assim conhecido não praguejava, raramente se irritava
e a todos aconselhava paciência e tolerância.
A sua curiosidade levou-o a estudar,
por iniciativa própria, História Universal. Da sua paixão pela
leitura, resultou, consequentemente, uma cultura acima da média nessa Loriga
desses tempos. Para alem do mais e, atendendo à sua religiosidade, dedicou-se,
também ao estudo da Bíblia, que passou a conhecer com profundidade.
Passou a dedicar-se de alma e
coração à Igreja da sua terra, ao ponto de, em certas ocasiões
quase substituir o padre. Foi a partir daí que o povo o passou a chamar por
"Joaquim
Faztudo".
As palestras bíblicas
ficaram célebres e ficaram na memória, falava com eloquência dos
vários episódios bíblicos do Antigo Testamento. Com a sua sabedoria
prendia as atenções de todos ao contar os episódios mais heróicos
da História de Portugal, de uma forma apaixonada. Não era fácil
resistir à sua capacidade de argumentação e astúcia quando
se discutia algum assunto mais polémico. Sem nunca perder a calma e o bom senso,
a sua força estava na capacidade de diálogo.
Ao longo dos anos granjeou o
respeito e admiração de toda a comunidade loriguense, fruto da inteligência
e capacidade de se relacionar com os outros. Nunca se impunha, mas era escutado. Foram
seguramente estas qualidades que no trabalho lhe permitiram também ter admiração
dos seus colegas e patrões e rapidamente ficou a liderar a secção
onde trabalhava.
Por volta do final dos anos 30
foi vítima de um aparatoso acidente de trabalho. As fábricas, nessa altura,
eram movidas a força hidráulica motriz que punha em funcionamento um
engenho com rodas mandantes e mandadas, umas maiores e outras mais pequenas, ligadas
por correias.
As uniões das correias
eram feitas com grampos uma espécie de agrafos com tamanhos enormes consoante
o tamanho das correias. Ora, um dia ficou preso num desses grampos e a correia levou-o
até ao tecto tendo depois caído com grande aparato. Foi levado para Coimbra,
para o Hospital da Universidade, onde permaneceu durante bastante tempo em coma. Nos
8 meses que permaneceu no hospital não recebeu visitas. É que ir a Coimbra,
nessa altura era mais difícil do que ir ao Brasil nos dias que correm. Mas...ainda
não tinha chegado a sua hora e sobreviveu a mais uma das muitas provações
que a sua vida lhe reservou.
O casal Joaquim e Amélia
tiveram 11 filhos. Dois antes da ida para a guerra que faleceram e depois da sua vinda
da guerra mais 9, seis rapazes e três raparigas, vivendo então mais dois
rudes golpes com a perda de mais dois dos filhos, o Mário de 7 anos que morre
num acidente com um camião e o José pouco tempo depois de ter nascido.
Em 1958 o destino o fustigou
mais uma vez com a fatalidade a bater-lhe à porta com a morte súbita
da sua esposa no dia 2 de Fevereiro de 1958, um dia lindo de sol e soalheiro, dia que
foi mais um rude golpe para o "ti
Jaquim Faztudo"
que passou ainda mais a encontrar na igreja as forças para o superar.
Perante uma vida de verdadeiros
atropelos do destino, no entanto, foi um homem que soube aceitar com uma resignação
de fazer inveja, transmitindo a todos um exemplo de coragem, incentivando todos, principalmente
a família a superarem-se em tudo e em cada dia que passava.
Faleceu em 21 de Setembro de
1971, Loriga viu partir um dos seus mais queridos filhos e
os seus conterrâneos viram desaparecer um homem da guerra, referência que ficou na memória
de muitos. Partiu para o céu mas em todos o seus conterrâneos e família
ficou a saudade.
No seu funeral realizado em Loriga,
incorporou-se quase toda a população que acompanharam o seu corpo ao
cemitério local, onde ficou sepultado e na última morada passou a repousar
em Paz. |
* Extracto e arranjos dos registos de Jaquim Pinto Gonçalves |
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António
Augusto Moura
1895 - 1980 |
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Nasceu no dia
16 de Fevereiro de 1895, na vizinha localidade da Lapa dos Dinheiros, quando ocasionalmente
sua mãe ali foi, Filho de Francisco Augusto e de Maria Benedita Luiz de Moura,
no entanto, considerava-se como que fosse em Loriga que tivesse nascido.
Notabilizou-se na arte de marceneiro, aliás, seguiu a profissão de seu
pai, tempos foram que o trabalho do "Ti Moura" como assim foi conhecido e também conhecido por "Ti António da Lapa", o consideraram nas redondezas como
o melhor marceneiro do distrito da Guarda, ficando na memória e famosos os trabalhos
em madeira, feitos na Igreja Paroquial de Loriga, solar do Conde de Valezim e em muitas
casas senhoriais e outras.
Foi um dos combatentes loriguenses na 1ª. Grande Guerra (1914-1918) ficaram celebres,
os seus dotes de combatente na famosa Batalha de La Lys, que o levaram a ser considerado
um herói, sendo condecorado com 3 Cruzes de Guerra, que delas muitas vezes e
orgulhosamente falava.
Chegou a ser gazeado, quando as tropas alemãs, tentaram tudo e por todos os
meios levar de vencida recorrendo ao acto condenável do gazeamento das trincheiras,
que sendo vítima desse acto o veio a afectar psicologicamente para o resto da
sua vida.
Não parece restar dúvidas que a guerra o marcou para sempre, sendo uma
vítima dos conflitos mundiais do passado século, foram talvez essas mazelas
da guerra, que tornaram problemática a sua personalidade, nomeadamente no meio
familiar, ficando ainda mais abalado, com o rude golpe do falecimento da sua única
filha Albertina, por motivo de acidente de viação, quando na altura o
seu relacionamento com ela, não parecia ser o mais eficaz, tudo isso a ter a
ver, por ele nunca ter aceitado que a sua filha sonhasse e estivesse a enveredar por
uma carreira de actriz, numa época em que as actrizes não tinham boa
fama.
Era um homem alto e foi sempre de certa maneira elegante, conversador nato, principalmente
quando puxavam por ele para contar as suas façanhas na guerra e por terras de
França, no meio lá ia metendo uma ou outra palavra em francês que
ele ainda tinha na memória, na verdade, contava coisas da guerra que era de
arrepiar.
Foi tendo uma vida de altos e baixos muitas das vezes sem grandes ambições,
figura carismática e emblemática de Loriga, muito conhecido no meio loriguense,
mas a sua maneira de ser o tornavam também muito reservado e muito senhor de
si próprio.
Vivia numa das mais cimeiras casas do Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa, lá
bem no alto de Loriga, mesmo já velho e cansado era vê-lo com regularidade
a descer ao centro da vila, estando ainda na memória de muitos de nós,
sempre de boina basca e a chupar um rebuçado e quando de regresso a casa a obrigatoriedade
que tinha, de entrar em todos os cafés e nalgumas tabernas a beber o seu copito
de vinho ou aguardente, sendo a última etapa a taberna "O Vicente" antes de chegar a casa, já
nessa altura muito bem tratado.
Faleceu no dia 23 de Dezembro de 1980, ficou na memória dos lorigunses, uma
personalidade que viveu a 1ª. Guerra Mundial por dentro, regressou às suas
origens só que um pouco afectado pela vida, que possivelmente nunca pensou ter,
no entanto, teve forças para continuar a viver, só que, à sua
maneira.
Loriga viu assim partir um herói da guerra, tinha então
85 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Loriga, onde então
passou a Descansar em Paz. |
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José
Lopes de Macedo *
1897 - 1974 |

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Nasceu em Loriga
em 13 de Dezembro de 1897. Deixando a sua terra com destino a Belém-Pará
Brasil ainda muito jovem. Estudou na Phenix Caixeral Paraense, onde concluiu o curso
de Contador, vindo a ser um dos mais competentes profissionais numa época em
que o ensino contábil no Pará ainda não era ministrado a nível
superior.
Patriota sincero, trabalhou na administração de todas as associações
portuguesas luso-brasileiras, existentes no seu tempo e, presidiu por alguns anos no
Centro Loriguense de Belém, do qual foi um dos seus fundadores, assim como foi
membro de destaque da União Comercial do Prará-Brasil.
Notabilizou-se nos desportos náuticos, onde alcançou vitórias
para a TUNA, Luso-Brasileira, quando participou de guarnições de remo,
que alcançaram o primeiro lugar nas regatas, conquistando troféus para
a Entidade que representavam e medalhas de ouro individuais.
Grande entusiasta da Obra da Associação do Pão de Santo António,
de amparo às pessoas da terceira idade, juntamente com a sua esposa D.Josefina,
prestaram aquele organismo, relevantes serviços onde durante muitos anos colaboraram
em todas as promoções para angariar fundos para a manutenção
dessa notável entidade filantrópica.
Homem notável e de boas maneiras, apesar de tudo não esquecia a sua terra,
sempre pronto a contribuir quando havia iniciativas a favor dela.
Faleceu no Hospital da Beneficiente Portuguesa em Belém - Brasil, em 23 de Março
de 1974, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos que longe se notabilizou. |
* Eugênio Leitão de Brito |
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Emídio
Gomes Figueiredo
1897 - 1969 |
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Nasceu em Loriga,
e era filho de Manuel Gomes Figueiredo e de Maria Gomes Lages. O "Ti Emídio Correia" como popularmente era mais conhecido,
foi um dos maiores pastores da Serra da Estrela, senão mesmo o maior e foi,
na realidade, uma referência tradicional dos tempos passados dum pastor loriguense
verdadeiramente serrano.
Pai de oito filhos, era um homem bom, honrado e simples, era conhecido por todos e
com todos ele gostava de falar. A dedicação aos seus rebanhos era algo
de impressionante, procurando para eles os melhores pastos que pudessem existir por
toda a serra.
A serra era o seu mundo, onde passou toda a sua vida como pastor, sendo considerado
por muitos, o último guerreiro lusitano dos Montes Hermínios. Ao longo
da sua vida teve sempre muitas histórias para contar da serra e dos seus cães,
autenticas aventuras, que os mais novos as ouvindo as tornaram lendárias.
Praticamente desde criança trabalhou no campo, vivendo da agricultura, mas foi
à pastorícia que ele dedicou toda a sua vida, passando metade do ano
na serra sem vir à povoação, onde guardava a maioria dos rebanhos
da região, chegando mesmo a ser o pastor com o maior rebanho na Serra da Estrela.
Há relatos até que dão conta de ter à sua guarda cerca
de 10.000 cabeças de gado.
Para os seus conterrâneos, o "Ti Emídio Correia", era um símbolo, e tinham por
ele enorme admiração e respeito. A sua fama de grande pastor era bem
conhecida por todos, tendo um dia sido fotografado, assim como, seu irmão Manuel,
também ele um grande pastor, passando a partir de então a figurarem em
postais ilustrados como pastores modelos da serra, postais esses que passaram a fazer
parte das séries da Serra da Estrela.
Conhecia a serra palmo a palmo, percorria caminhos que só ele conhecia, bem
como conhecia todos os segredos e mistérios desse mundo serrano que, apesar
de ser rude ele o adorava e considerava seu, mesmo, quando uma ou outra vez se sentia
frustrado ao sentir-se impotente para lutar com a serra, quando esta era rigorosa e
descarregava a sua ira por todo o lado e o impediam de conseguir para os seus rebanhos
os melhores pastos.
Com a pele enegrecida pelo sol, e pelas aragens frias e rígidas da serra, ainda
hoje muitos dele se recordam, quando, ao escurecer, o viam chegar à povoação
ou, mesmo estando em suas casas ouviam os seus passos lentos e pesados, arrastando
as suas botas cardadas por brochas, ansioso por chegar a casa, e desfrutar um pouco
do calor do seu lar e do amor da sua família. Pela manhã, e bem cedo
ainda, lá partia novamente, voltando para o seu mundo, onde só ali se
parecia sentir bem.
Num começo de dia, que parecia igual a muitos outros, o velho pastor prepara-se
para mais uma saída com o seu rebanho, coloca ao ombro a velha sacola com a
"bucha", pega no seu inseparável cajado, prepara-se para se pôr
a caminho.
Começa a sentir-se mal, senta-se nos degraus da palheira da Tapada do Amial
e, possivelmente deitando um último olhar em seu redor, tranquilamente adormece
no sono eterno, quem sabe feliz por deixar esta vida dos vivos, longe da povoação
e num mundo que foi todo a sua vida - a serra.
Algum tempo mais tarde é encontrado por sua mulher naquele local, onde parecia
existir uma verdadeira paz eterna. Junto dele, o seu cão e fiel amigo, fixava
o seu olhar no velho pastor, e chorava parecendo um humano, cenário que não
mais foi esquecido por aqueles que ali acorreram. Esse mesmo, cão com tal desgosto,
deixou de comer e pouco tempo depois morreu também.
Faleceu com 72 anos de idade, e o seu funeral realizou-se com verdadeiro pesar pelos
muitos dos loriguenses que o acompanharam ao cemitério local, onde ficou sepultado.
A serra pareceu também ficar triste, não vendo mais chegar até
ela, um dos seus últimos guerreiros lusitanos, o velho pastor de Loriga. |
*** |
Pedro Vaz Leal
*
1900 - 1964 |

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|
Natural da Póvoa
da Atalaia (Beira Baixa), onde ocorreu o seu nascimento em 8 de Março de 1900.
Completou a instrução primária na sua terra natal, que deixou
ainda novo, seguindo com destino a Loriga para se empregar na oficina do Sr. António
Ferreira situada no Cabeço. Anos mais tarde casou com D. Alzira Machado natural
desta localidade.
Jovem inteligente e com vocação para aprender, depressa adquiriu uns
certos conhecimentos da arte de ferreiro, que levaria a tornar-se em pouco tempo num
brilhante profissional. Desde logo, e como também era dotado de uma certa ambição,
e pretendia alargar os seus horizontes, pensou não ser, a oficina onde trabalhava,
um lugar de futuro. Não foi, por isso, de estranhar a sua mudança para
outro lugar, partindo para perto de Lisboa, onde se empregou desempenhando a profissão
de ferreiro, dando ainda assistência às máquinas agrícolas
nas quintas dessa região.
Em 1931 regressa a Loriga para trabalhar por conta própria e, com alguma ajuda,
alugou a velha forja do Cabeço, iniciando assim um trabalho cujo crescimento
era bem visível e, a partir daí não mais parou. Não se
contentando só em trabalhar para Loriga, depressa alargou o seu trabalho para
o exterior, não tardando mesmo a ser um dos fornecedores mais creditados das
Minas da Panasqueira, sendo ainda no Cabeço, o construtor das primeiras vagonetas
para transporte do minério.
Aumenta os quadros do pessoal, abre uma nova oficina já mais moderna no Terreiro
da Lição, junto com a sua habitação onde sempre viveu.
A expansão da sua firma continua a registar grandes progressos, por isso resolve
fazer uma fundição na Vista Alegre com serviço automóvel
e venda de combustível, acabando mais tarde por fazer novas instalações
para onde passaria todos os serviços. Anos mais tarde, e já depois da
sua morte, a sua empresa viria adquirir a antiga Fábrica das Lamas podendo,
assim, alargar-se ainda mais em Loriga.
Sempre caracterizado por trabalhador patrão, teve sempre presente a preocupação
de que os seus empregados adquirissem cada vez mais conhecimentos e melhor valorização
profissional. Por isso mesmo, a sua Oficina passou a ser uma Escola Técnica
que proporcionou, a muitos jovens que por lá passaram, a profissionalização
naquela área.
A Metalúrgica Vaz Leal, foi uma das maiores Firmas de Loriga, e chegou a ser
uma das principais do distrito da Guarda e uma das melhores do Concelho de Seia.
Era casado com Alzira Gomes de Pina Leal (28.8.1906 - 7.9.1961) virtuosa senhora de
bondade para com os pobres. Aos 64 anos, e após doença prolongada, em
7 de Junho de 1964 morre o Sr. Pedro Vaz Leal. Ficou sepultado em Loriga, à
qual ficou para sempre ligado e que, apesar de não ser natural desta localidade
ele dizia ser também sua. Na realidade, assim pareceu ser, tendo sido considerado
um dos maiores obreiros no desenvolvimento da Vila de Loriga, pelo contributo dado
ao longo da sua vida. |
*Albrito |
*** |
Francisco
Mendes Campos *
1901 - 1957 |
Nasceu em Loriga
em 18 de Fevereiro de 1901, ficando orfãm de pai e mãe, ainda com tenra
idade. Foi uma personalidade de destaque na Colónia Loriguense de Belém,
nas décadas de 1920/50, distinguindo-se como homem de letras, contribuindo também
em muitas iniciativas em prol da sua terra.
Após a morte dos seus pais, passou a ser criado aos cuidados da avó paterna
Emília, que lhe dispensou especial carinho pelo que lhe ficou muito grato, manifestando
publicamente, isso mesmo, num sentimental artigo publicado no "Jornal Lusitano"
editado em Belém e no qual foi secretário.
Foi para Belém do Pará, antes de 1920, onde possuía um tio paterno
e outros familiares, formou-se na Escola Prática de Comércio, mantida
pela Associação Comercial do Pará, e na qual foi um dos mais brilhantes
alunos.
Ainda muito cedo manifestou a sua inclinação para o ensino, sendo um
excelente mestre de português e de contabilidade, exercendo o magistério
na Escola Prática, Phenix Caixeiral Paraense, Grémio Literário
Português e Curso Ciências e Letras. No Grémio foi vice-presidente
e director de curso.
Foi sócio e pertenceu aos corpos administrativos da Beneficente Portuguesa,
Associação "Vasco da Gama", Tuna Luso Comercial, Liga Portuguesa
de Repatriação, Phenix Caixeiral e Grémio Lusitano.
Foi durante muito tempo um assíduo colaborador dos jornais "Lusitano"
e "A Colónia" com artigos patrióticos e em defesa de portugueses
que eram vítimas de ataques e perseguição de uma minoria dotada
de xenofobia.
Embora muito novo os seus artigos demonstravam fina sensibilidade. Assim os artigos
"À minha Mãe além-túmulo"; "À minha
Avó"; "À minha afilhada Vitória" outro sobre o
escritor Gomes Leal e ainda uma réplica ao Padre Dubois por causa do poeta Guerra
Junqueiro e, também pelo que escreveu contra o Marquês de Pombal, essas
réplicas demonstraram grandes conhecimentos e uma maneira própria de
o descrever.
Em 1923 transferiu-se para Recife, onde se manteve pouco tempo, regressando novamente
a Belém. Exerceu o cargo provisório de arquivista no Consulado de Portugal
onde a sua inteligência e zelo nas funções ali desempenhadas, eram
bem reconhecidas por todos.
Viria a falecer ainda novo em 3 de Dezembro de 1957, no Hospital de D.Luiz I em Belém
- Brasil, tendo sido sepultado no cemitério de Belém. Loriga foi o seu
berço, mas foi em terras distantes que viveu e se notabilizou, e onde ficou
também eternamente. |
* Eugênio Leitão de Brito |
*** |

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José Fernandes
Conde *
1901 - 1972 |
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Nasceu em Loriga
em 16 de Maio de 1901, filho de António Fernandes Conde e de Ana Mendes de Moura.
Foi durante muitos anos o varredor das ruas de Loriga e também coveiro com a
nobre missão na "Obra
de Misericórdia"
de enterrar os mortos. Além disso tinha como todos os muitos seus conterrâneos
na época, a natural habilidade de trabalhar as pedras.
Homem robusto, de caris temperamental, no interior era um coração de
bondade. Cumpridor como poucos, era vê-lo logo pela manhãzinha orientando
as águas nos regos, cujos canos ficavam entupir com lixos domésticos,
que as mulheres ainda lusco-fusco deitavam nas águas correntes. As carências
económicas e outras originavam que as pessoas fossem menos limpas. Era assim
no tempo em Loriga com cerca de 4000 almas, tiremos daí as conclusões
sobre a lida deste homem.
Brioso, varria as rua como ninguém. Era vê-lo constantemente a fazer as
suas próprias vassouras, com ramos de azinho e quando encontrava os miúdos
nos regos a fazer traquinices, desviando-lhe as águas, corria-os com estas palavras
"ide
embora senão levais com o vassouram".
Como coveiro tratou do cemitério de Loriga como poucos o fizeram. As campas
na altura eram na maioria térreas, e o "Ti Zé Conde" a todos tratava com o mesmo carinho.
Sabia quem tinha sido sepultado em cada côvado e por ordem de datas, tinha na
sua cabeça aquilo que a Junta de Freguesia devia ter no papel, e não
tinha. Quantas vezes este homem se levantou no meio da noite para abrir covas sozinho,
debaixo de chuva e vento, para os funerais a realizar logo de manhã cedo.
Mal pago pela Junta de Freguesia ignorado ao dever que tinham para com ele, sujeitava-se
a receber alguma coisita que no dia dos finados lhe depositavam no bolso. Quem não
se lembra de o ver à porta do cemitério, recebendo os seus mortos, com
o chapéu na mão em sinal de grande veneração. Foram muitos
anos e, muitas as centenas de Loriguenses que este homem desceu à terra.
Era casado com Maria dos Anjos Brito Conde, tiveram quatro filhos, José, António,
Adélia os três já falecidos e Maria do Carmo ainda viva.
Deixou o reino dos vivos em 20 de Janeiro de 1972, tinha 71 anos de idade, sendo sepultado
no seu cemitério que tantos anos da
sua vida ali passou. Os Loriguenses viram assim partir um dos seus conterrâneos,
que se a sepultura aos mortos é sem dúvida uma obra de misericórdia,
este homem pelas que praticou na sua terra, está de certeza junto do Misericordioso
Deus, gozando a eterna Paz.
*Albrito
(Ano 1999) |
*** |

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Constança
de Brito Pina
1901 - 1981 |
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Grande
parte da sua vida dedicou
A quem vem ao mundo é para viver
De mãos suaves e até milagrosas
Muitos Loriguenses ajudou a nascer |
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Nasceu em Loriga no dia 9 de Junho
de 1901, filha de Plácido de Moura Pina e de Maria Tereza Luis de Brito. Foi
durante mais de 40 anos a "parteira" da sua terra natal.
Eram épocas há muito passadas, quando os nascimentos
das crianças tirando uma ou outra excepção ocorriam nos domicílios.
Por isso, de maneira alguma se poderá ignorar uma pessoa notável que
através dos anos, décadas e gerações, prestou assistência
a esses muitos nascimentos e que ficou para sempre registada como uma referência
e uma legenda de Loriga.
Com dignidade e amor à sua terra e aos seus conterrâneos,
assistiu e ajudou a nascer gerações de loriguenses, ocorrendo ao chamamento
a qualquer hora do dia ou noite, nunca se preocupando se a assistência que ia
prestar era para rico ou pobre, nunca exigindo qualquer renumeração e,
alguma gratificação que lhe ofereciam, era consoante as posses de cada
um.
Por tradição era a Sra. Constança que no
dia do baptizado, levava ao colo os bebés que tinha ajudado a nascer. Por isso,
perdeu o conto de quantos levou à igreja Matriz para receberem o baptismo, dado
que foram décadas de anos em que a população se habituou a vê-la
com os seus cabelos da cor da neve, a caminho da casa de Deus, sendo até uma
das pessoas mais conhecidas de Loriga.
Entretanto os tempos mudaram, e os nascimentos deixaram de ser
nas próprias casas e aos poucos foi deixando de ser solicitada. Decorria então
o ano de 1975 quando, definitivamente, deixou de prestar assistência de "parteira".
Era casada com José Pinto Romano.
Faleceu em 22 de Abril de 1981, ficando Loriga mais pobre ao
ver partir, de certeza para o Céu, a mulher que durante uma vida inteira, foi
a primeira a ver um Loriguense a nascer. |
Nota:- No dia 15 de Agosto de 2002, numa homenagem singela,
esta figura passou a fazer parte na Toponímia de Loriga, ao ser atribuído
o seu nome a uma das ruas desta localidade. |
*** |
José Mendes
Garcia *
1901 - 1985 |

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Nasceu em Loriga,
no ano de 1901, filho de José Mendes Garcia e Maria Teresa Garcia.
Homem simples, dotado de um coração generoso e uma alma grande. Trabalhador
da industria de lanifícios no sector da ultimação, quedou de velho
quando as portas do seu "Regato" não mais se abriram para voltar a
sentir o martelar dos seus pisões.
Ao falar-se no "Ti Garcia" como popularmente assim era chamado, com naturalidade
é recordado ligado à "Amenta das Almas". A ele se ficou a dever,
pelo seu desempenho, preservação e continuação desta mais
antiga tradição que Loriga se orgulha de ter.
De uma voz grave, taciturna, monocórdica, cantou vezes sem conto, pedindo orações
pelos mortos, durante cerca de 60 anos, em todas as semanas quaresmais de cada ano.
Com ele cantaram várias gerações que seria difícil aqui
descrever. Nunca faltava, até porque o ajuntamento se fazia na sua modesta casa,
onde nunca faltava os figuitos e a aguardente que carinhosamente a esposa, Tia Cândida,
deixava já em cima da mesa toalha de branco.
Para o "Ti Garcia" cantar a "Amenta da Almas" era como que sagrado.
Essas noites da quaresma, para ele, era de grande respeito, exigindo mesmo a todos
que o acompanhavam, um silencio sepulcral, dizia ele, que só assim os corações
podiam ouvir e rezar. Distribuía os pontos, para cantar, sempre com a aprovação
de todos, porque ninguém teria a coragem de contrariar o homem cujo exemplo
era o próprio a dar.
Muito crente e devoto, era homem de bem. Se a Fé a todos acompanha, não
deverá haver dúvidas, que este homem não pode estar noutro lugar
senão junto a Deus.
Após a passagem do centenário do seu nascimento, foi finalmente prestada
uma justíssima e singela homenagem, pena foi, ter pecado por tardia. Em 8 de
Março de 2003, a Junta de Freguesia de Loriga, mandou colocar uma placa evocativa,
na casa onde viveu durante grande parte da sua vida, perpetuando assim para as gerações
vindoiras o nome desta figura loriguense.
Foi casado com Maria Cândida Martins de Ascenção, e desse casamento
tiveram os filhos:- António, Emidio, Eduardo, Mário, Laurinda e Irene.
Faleceu em 17 de Agosto de 1995 na Guarda, o funeral realizou-se em Loriga para o cemitério
local onde ficou sepultado, sendo muitos os loriguenses que o acompanharam à
sua última morada. Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos,
que muito lutou para que a tradição mais antiga desta localidade não
morresse e para que continua-se a manter-se bem viva de geração em geração. |
* Albrito |
*** |

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Alfredo Nunes Luís
1903 - 1983 |
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Nasceu em Loriga
a 22 de Outubro de 1903, filho de Joaquim Nunes Luís e de Maria Antunes de Moura
Desde sempre notabilizou-se na área de lanifícios, distinto empresário
de trato fácil e de uma maneira própria de estar na vida, onde despontava
nele uma personalidade bem vincada e com um educação extrema que o distinguiam
além do empenho e dedicação em tudo que fazia
Em 1924 e apenas com 21 anos faz uma sociedade com o seu irmão António
Nunes Luís e o cunhado António João de Brito Amaro e mais tarde
em 1929, criam a Fábrica do Pomar "Nunes Brito" que depois em 1948
dá origem à fundação (17 de Fevereiro de 1948) da Firma
"Nunes, Brito & Companhia Limitada" de capital social de 252.000$00,
com ele a ter uma das quotas principais (48.000$00) e onde continuou na gerência
juntamente com os familiares que faziam parte da sociedade.
Adorava a sua terra estando sempre disponível para poder contribuir no seu desenvolvimento
e estava sempre pronto para participar em organismo, eventos, ou no que quer que fosse,
em prol da comunidade, nomeadamente, para com a igreja à qual dedicou muito
da sua vida.
Muito religioso e cristão convicto durante muitos anos fez parte da Comissão
da Fábrica da Igreja. Foi Zelador do Apostolado da Oração dos
Homens, Fez parte da liga Eucarística dos Homens, não faltava a nada
relacionado com a igreja, onde o seu contributo era mais que relevante.
Ficou na memória o trabalho de reorganização que fez na Irmandade
das Almas e do Santíssimo Sacramento das Almas de Loriga, pertencendo a diversas
direcções e durante anos a fio era mesmo uma presença de referência
neste organismo loriguense.
Fez ainda parte de outros organismos de Loriga e foi um dos grandes impulsionadores,
pertencendo mesmo a várias comissões das Festas da Vila de Loriga realizadas
na década 50/60, as maiores festas que se realizavam na região e mesmo
a nível do distrito, que ainda hoje predomina e se mantêm bem viva nas
recordações de muitos loriguenses, que as continuam a considerar de terem
sido as maiores festas realizadas em Loriga desde sempre.
Muito devoto à família e à Igreja o Alfredo (Lisboa) com popularmente
era assim conhecido, tinha uma característica própria de ser muito íntegro
e correto, por isso, ser muito respeitado e admirado pelos seus conterrâneos.
Casado com Floripes Gouveia Neves Nunes (falecida em 20 de Agosto de 2002) uma distinta
senhora também ela muito dedicada à Igreja da sua terra e, durante a
sua vida fez também parte de várias associações religiosas.
Tiveram sete filhos.
Faleceu em 1 de Outubro de 1983, com 80 anos, vendo Loriga desaparecer um dos seus
filhos, que muito contribuiu no desenvolvimento e ao qual Loriga muito ficou a dever.
O funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado. |
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Abílio Luís
Ramalho *
1903 - 1974 |

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Nasceu em Loriga
a 8 de Março de 1903, filho de António Luís Ramalho e de Amélia
Pina Calado.
Notabilizou-se pela sua luta sindicalista em prol dos benefícios a que os trabalhadores
tinham direito, nomeadamente, na reivindicação do horário das
8 horas de trabalho.
Muito cedo foi trabalhar na indústria de lanifícios da sua terra, mas
sempre envolto num espírito de revolta com tudo o que achava errado no relacionamento
de trabalho. Loriga tinha, na altura, mão-de-obra em demasia, e quando a oferta
é superior à procura, dá-se um desequilíbrio desfavorável
na uma das partes. Quem perdia era, sem dúvida, a classe trabalhadora.
Na altura horário de trabalho não existia: trabalhava, recebia; não
trabalhava, não havia nada para ninguém. Caixa de Previdência,
Fundo de Desemprego, Férias, Feriados, nada, absolutamente nada. Note-se que
todas as fábricas no tempo eram movida pela força da água e, no
Verões secos a ribeira de S. Bento quase secava, aí os patrões
recusavam-se a pagar os tempos de paragem por falta de água. E quantos problemas
à volta da falta de água. Os agricultores construíam poças
por aquela ribeira acima, os patrões mandavam destruir por operários
"bem mandados".
O jovem Abílio Ramalho rejeitou sempre fazer tal trabalho, e apontou sempre
o dedo a quem
o fazia, informando os agricultores dos que tinham sujados as mãos. Mas outros
problemas o preocupavam mais. A falta de um horário de trabalho, e a prática
do trabalho de sol a sol, que começava cerca das 6 horas da manhã, e
se estendia até às 20 horas num total de 12 horas aproximadamente, revoltavam
o Abílio da "Amélia" também assim conhecido.
O Padre Lages na altura tinha então dado cobertura à criação
da Associação Católica de Operários e Artistas, com fins
duvidosos, da qual nada resultou de benefício para a classe trabalhadora de
então, mais por causa de algumas pessoas colocadas à sua frente. Esta
Associação funcionou na casa ainda hoje conhecida por "Casa do Jesué",
e é ali que o jovem Abílio Ramalho, mais os seu companheiro Manuel Russo
aprenderam as primeiras letras.
Começa, então na Covilhã a luta reivindicativa de 8 horas de trabalho
diário, iniciada em princípio por uma organização anarco-sindicalista,
e seguida pelo Movimento Nacional Sindicalista, fundada recentemente pelo jovem doutor
regressado de Lovaina, Francisco Barcelos Rolão Preto, cuja célula em
Loriga era constituída por Abílio Ramalho, Manuel Russo e Abílio
Melo.
Estes três jovens deslocavam-se a pé por essa serra fora até à
Covilhã, para reuniões várias, estendendo por esta via a luta
travada em Loriga. Contava que numa dessas idas à Covilhã teve de fugir,
pois todos os seus camaradas de luta tinham sido presos nessa noite, e levados para
nunca mais voltarem. Ainda hoje se desconhece o que Salazar lhes destinou.
Abílio Ramalho, reivindicador convicto, anarco-sindicalista por tendência,
não tinha medo de envergar a camisa azul com a cruz vermelha, símbolo
da organização a que se orgulhava de pertencer, desafiando assim o patronato
da sua terra.
Alguns operários ingratos chamavam-lhe o "Testa de Ferro", quando,
afinal, este homem não lutava só por si. O Abílio esteva convicto
e sabia que os camaradas operários o iriam trair. Uns, acasulavam-se no medo
e na ignorância, outros, protegidos pelo capote do patrão, bocejavam aldrabices
para continuarem protegidos com a benzedura do caciquismo.
Entretanto, o horário foi conquistado. Mas... daí até a sua aceitação
foi ainda um grande passo. Criada uma multa para os não aderentes, Abílio
Ramalho acusa os seus próprios patrões por falta de cumprimento, e a
firma Lages é multada em 500$00. Conhecendo o facto reúnem-se os patrões
e decidem impor ao patrão José Lages o despedimento do seu operário,
e ficou ali acordado ninguém lhe dar trabalho, obrigando-o assim a sair de Loriga.
Nenhum dos seus camaradas de trabalho se levantou contra essa injustiça. Cobardemente,
deixaram que o Abílio partisse, carregando a sua pesada cruz, e não apareceu
Cireneu algum que o ajudasse.
Parte para Sacavém, com dois filhos nos braços, e a esposa carregava
um outro na barriga. Homem duro, não quebrava facilmente. Arranja trabalho na
fábrica dos adubos, carregando vagões de sacos de 100 Kg às costas.
Passa por lá muitas dificuldades para sustentar a família.
Habita um a barraca, em Sacavém, feita de madeira apodrecida, que o vendaval
numa noite lhe destrói, passando o resto da noite com a esposa e os três
filhos debaixo de cartões, gemendo as crianças toda a gélida noite.
Por lá aguenta alguns anos, até que chega a segunda guerra mundial, e
por volta do ano de 1942 regressa a Loriga, a convite do seu irmão José
da "Amélia", para explorarem volfrâmio na serra. Manteve-se
na serra até final da guerra, quando o volfrâmio deixou de interessar.
Decorridos estes anos, o "ódio" ao Abílio da "Amélia"
tinha ficado diluído, o muito trabalho nas fábricas era evidente. É
então que o Sr. Cardoso de Moura e o Sr. Carlos Cabral (pai) decidem empregá-lo
na Fábrica Nova, onde se manteve até à reforma.
Pesaram-lhe os anos, mas ficou-lhe sempre o mesmo ideal. Nunca vergou a ninguém.
Impunha-se pelo seu trabalho e verticalidade. Nunca aceitou bem os sindicalistas corporativistas
que algumas vezes segredou de "Casa dos Fantoches".
Foi um apaixonado da Corporativa Popular de Loriga, ali se dedicou na arte de cozinhar
confeccionando bons petiscos, como dobrada, febras fritas ou ainda iscas de cebolada,
com os quais muitos se consolavam e que hoje ainda alguns se recordam.
Abílio Luís Ramalho faleceu em 16 de Julho de 1974, com 71 anos de idade,
Loriga viu partir um dos seus filhos, homem vertical, que nunca torceu e a quem o operariado
da sua terra muito ficou a dever. O funeral realizou-se para o cemitério local
onde foi sepultado e ficou a descansar em Paz, ao fim de uma vida de luta pela justiça
no trabalho e pelas justas e dignas reivindicações em prol de todos os
trabalhadores da sua terra. |
* Albrito |
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João Mendes
Oliveira
1906 - 1961 |

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Nasceu em Loriga
em 9 de Novembro de 1906, filho de João Oliveira e de Maria do Carmo Jorge de
Moura.
Notabilizou-se na profissão
de pedreiro, dando continuidade à profissão que já seu pai desempenhava.
Foi um verdadeiro mestre na arte de trabalhar a pedra, deixando mesmo obras que ainda
hoje se podem observar destacando-se algumas obras em que participou - Campo de Futebol,
Fábrica Nova, várias Palheiras, Bairro da Vista Alegre e em várias
casas um pouco pela povoação.
Foi um homem humilde e trabalhador,
numa terra marcada por socalcos, onde os degraus construídos nos montes para
se plantar, João "Ruas" (como popularmente era mais conhecido) empregava
a sua mestria que se fazia notar nas tarefas que executava, onde podemos realçar
os trabalhos executados nos "combaros" ou muros das "courelas",
alguns com cinco metros de altura, que se transformam em obras de rara beleza e se
confundem com a própria natureza quando contemplamos a paisagem.
Podemos até considerar
uma "imagem de marca" na sua terra. Esta sua vocação para os
trabalhos com a pedra era já uma herança dos seus antepassados. O nome
de seu pai ficou sempre ligado à construção das belas fontes que
ainda hoje vemos nesta vila que foram oferecidas pela comunidade loriguense de Manaus
- Brasil.
Homem de bom coração,
que os seus dez filhos lembram com muito carinho e saudade, sendo relembrado pelos
mais antigos como um dos maiores pedreiros existentes em Loriga.
Um trabalho verdadeiro duro,
onde o pó da pedra que ele tanto trabalhava, seria por certo, também
muito prejudicial para a saúde, por isso o facto de uma vida menos saudável,
falecendo ainda novo com apenas 55 anos.
Faleceu a 24 de Agosto de 1961,
vendo Loriga desaparecer uma figura que deixou na pedra, uma marca que figurara para
sempre perpetuado, na história da sua terra.
O funeral realizou-se em Loriga
para o cemitério local onde ficou sepultado. |
*** |

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José Nunes
de Pina
1907 - 1993 |
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Nasceu em Loriga
no dia 20 de Outubro de 1907, filho de Joaquim Brito Pina e de Carolina de Brito Amaro.
Sapateiro de profissão durante praticamente toda a sua vida, foi um verdadeiro
mestre na arte de trabalhar com os sapatos, atingindo mesmo certa fama, primeiro em
Campolide - Lisboa, onde durante alguns anos trabalhou como sapateiro por conta própria
e, mais tarde na Amadora onde durante muitos anos e também por conta própria,
viveu e trabalhou.
Órfão de pai com apenas 4 anos de idade, teve nos ensinamentos da sua
mãe e nos ensinamentos da vida os valores fundamentais para superar as dificuldades
da época, tendo como ponto essencial andar na escola para aprender a ler, escrever
e a contar.
Aos 17 anos fugiu a pé de Loriga para Lisboa, juntamente com mais dois amigos,
na procura de uma vida melhor e de futuro, viagem que demorou cerca de 15 dias, deixando
sua mãe banhada em lágrimas. Passado algum tempo regressou, as saudades
de sua mãe e da sua terra falaram bem alto ao seu coração, sendo
com grande alegria e com as lágrimas a correr na face da sua mãe, que
esta o recebeu de braços abertos.
Foi então que se começou a dedicar com mais determinação
à arte de sapateiro, tendo para isso contribuído o senhor António
"Folhadosa" um dos maiores sapateiros de todos
os tempos em Loriga, conhecido como pessoa de uma bondade impressionante, amigo de
seu amigo, um verdadeiro e grande mestre de trabalhar na arte de sapateiro, que foi
para o jovem José Nunes de Pina o seu grande mestre.
Na década de 1930/40, o José Nunes de Pina o "Zé Palha" como era assim conhecido, alcunha
que doou do seu pai, porque era o vendedor de palha em Loriga, começou a ter
a paixão de fazer balões artesanais com iluminação, para
lançar nos dias das festas, um meio de divertimento e que segundo relatos da
época era mesmo um perito nessa matéria. Os seus balões bem concebidos
e devidamente iluminados subiam bem para o céu, um espectáculo lindo
que dessa forma abrilhantavam as festas em Loriga e nos arredores.
Casado com Aurora Lopes Martins e com 5 filhos, em 1948 deixa Loriga com destino a
Lisboa, parte só procurando uma vida melhor para conseguir melhor sustento para
a família, que em Loriga se estava a tornar mais difícil de conseguir.
Começou por trabalhar por conta de outros, mas pouco tempo depois começou
a trabalhar por conta própria, tornando-se mesmo muito conhecido.
Logo nesse ano quando chegou a Lisboa foi o primeiro aderir e foi o verdadeiro entusiasta
para a realização do 1º. Convívio Loriguenses realizado em
Lisboa, que num almoço efectuado no Restaurante Castanheira em Alvalade, juntou
muitos loriguenses, famílias e amigos que residiam em Lisboa e Sacavém.
Uniu-se à comunidade loriguense em Lisboa de alma e coração, desde
logo e após à sua chegada à capital, passando a conhecer toda
a gente onde também passou a ser muito estimado e admirado pelos seus conterrâneos.
Passou até a ser bem conhecido pela sua assídua presença, quando
morria algum loriguense, nunca faltando ao velório ou funeral, era só
ter conhecimento de alguém morrer, lá ia ele onde quer que fosse em Lisboa
e mesmo nos arredores.
Nos últimos anos da sua vida uma enorme vontade de voltar para Loriga sobrepunha-o
a tudo na vida, onde ficou bem na memória de muitos aquela sua frase "nem se morre nem nada" com que brindava em brincadeira os
amigos e a quase para toda agente.
Faleceu no hospital de Seia em 11 de Julho de 1993, após algum tempo já
doente, tinha 86 anos. Era um domingo risonho de sol, como ele tanto gostava. Loriga
viu assim
partir
um dos seus filhos que tanto da sua terra falava e os loriguenses viram partir um seu conterrâneo que tanto
estimavam.
O funeral realizou-se em Loriga no dia seguinte, ficando sepultado no cemitério
local onde passou a repousar em Paz. |
*** |
António
Moura Pina *
1907 - 1988 |

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Nasceu em Loriga
em 15 de Setembro de 1907. Ainda novo foi aprendiz de tecelão, mas foi a profissão
de sapateiro que ele viria desempenhar durante toda a sua vida, que o tornou um grande
oficial nesta arte e com certa fama nos arredores.
Homem popular e de boas maneiras, notabilizou-se por uma juventude de boémio,
trovador, comediante, cantando serenatas que deleitavam os ouvidos das moças
dos anos da década 1920 em Loriga. Nos bailes, vestia-se de mulher, fazendo
critica de tudo que lhe parecia errado na sua terra sendo, por isso intitulado de "desavergonhado".
Sempre de grande dedicação à música, passa pela Banda de
Musical, ensina ainda viola e bandolim a muitos estudantes que se reuniam na sua sapataria
que, mais parecia um local de verdadeiros concertos musicais, sobrando-lhe ainda tempo
para fazer parte do Grupo Coral da igreja matriz, tocando o órgão.
Verdadeiramente religioso, foi sempre um fiel servidor da igreja, ensaiado diversos
grupos litúrgicos, sendo até um dos fundadores da Liga Eucarística
dos Homens. Durante muitos anos exerceu ainda as funções de zelador da
Irmandade, cargo que desempenhou com muita vocação e muita eficiência
na organização das procissões, na distribuição das
velas, na montagem trabalhosa da Essa ("Ercia" como era assim chamada pelo
povo), para os funerais e o respectivo anúncio, logo pela manhã, dando
volta à rua com a campainha na mão.
Grande entusiasta pelo teatro amador que se realizava em Loriga, tinha verdadeira jeito
na arte de representar, fazendo rir a plateia. Simultaneamente ensaiava e tocava ele
próprio as músicas tanto à viola como ao bandolim sem nunca se
cansar.
Era Casado com Idalina Mendes Luis (21.4.1911 - 20.8. 1966). O Senhor António
"Calçada" como popularmente assim era chamado, foi pai de 9 filhos,
vindo a sofrer imenso com a morte do seu filho António, muito perto de ser Padre.
Loriga já se congratulava com a ordenação de mais um sacerdote,
mas por imposição dos meios eclesiásticos, esta ordenação,
não se veio a concretizar. Tudo isto dois anos antes de ter ocorrido a morte
deste seu filho.
Apesar de a doença o ir vitimando aos poucos, trabalhou até ao fim da
sua vida, com o mesmo entusiasmo de sempre, passa os últimos tempos a caminho
da Senhora da Guia e do cemitério rezando o terço. Veio a falecer no
dia 27 de Novembro de 1988 e Loriga viu desaparecer um homem do povo que tocou música,
cantou, representou, fez rir e provavelmente também fez chorar. |
* Albrito |
*** |

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Mário Lopes
Prata
1910 - 2000 |
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Nasceu em Loriga
a 3 de Agosto de 1910, sendo filho de Francisco Fernandes Prata e de Eduarda Pinto
da Neves.
Foi o sacristão da sua terra durante 48 anos, funções que desempenhava
com toda a sua dedicação e onde a sua virtude de homem bom, granjeando
ao longo da sua vida a amizade e a estima dos seus conterrâneos, onde em cada
um tinha um verdadeiro amigo.
Nascido no meio de uma família muito religiosa, foi baptizado dois dias depois
do seu nascimento, ao crescer foi cultivando as qualidades que Deus lhe deu, tornando-se
um homem sério, honrado, humilde e respeitador, por isso a admiração
que toda a gente tinha por ele.
A sua vida foi toda dedicada à agricultura e à igreja, tendo sido por
mero acaso que começou a desempenhar as funções de sacristão.
Na década de 1940, o pároco de então, Sr. Padre Prata, pediu-lhe
para desempenhar essas funções enquanto o sacristão em actividade
se encontrava doente. Assim com a promessa de apenas uns dias, passou a meses, e consequentemente
passar depois as desempenhar as funções definitivamente.
Uma maneira serena de estar na vida, a sua calma, a sua postura e o respeito quando
estava na igreja, chegava a ser mesmo impressionante, um exemplo a seguir por toda
a gente e principalmente por uma juventude que tinha por ele uma certa admiração
e respeito.
Foi o Sacristão numa Loriga de outras eras, onde os tempos eram difíceis
e em que a população era muito mais, por conseguinte, eram também
muitos mais os praticantes. Durante muitos desses anos, foram muitos os padres que
ele conheceu, nomeadamente coadjutores que passaram por Loriga, para muitos deles o
Sr.Mário Prata, foi mais que um sacristão, era acima de tudo um amigo
um conselheiro, que na hora da despedida, não queriam partir sem lhe dar aquele
abraço como prova de gratidão
Era casado com a Sra. Maria dos Anjos, tiveram nove filhos, aos quais procurou incutir
as mesmas virtudes por ele vividas.
Na companhia de sua esposa e após deixar a sua actividade de sacristão,
fixou-se em Coimbra, junto à família e ali viveu durante alguns anos.
Viria a falecer no dia 8 de Dezembro de 2000, após doença. O seu funeral
realizou-se para a sua terra que ele tanto amava, onde ficou sepultado no cemitério
local.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre uma das suas figuras, o sacristão de muitos anos, ou melhor o Homem, que não
queria dar nas vistas, mas as suas qualidade e as suas virtudes ficaram para sempre
marcadas numa certa geração de loriguenses. |
*** |
Maria dos Anjos
Pinto Neves
1912 - 2002 |

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Nasceu em Loriga, em 6 de Março de 1912, filha
de Beatriz Pinto Neves, sendo, por isso, mais conhecida por "Dos Anjos da Beatriz".
Foi cozinheira de casamentos, baptizados, aniversários,
festas religiosas e outros eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária
e, por isso mesmo, a magnifica comida que confeccionava era apreciada por todos.
Durante dezenas de anos cozinhou para as mais variadas
festas, tendo sido mesmo, a cozinheira que mais tempo esteve em actividade ao serviço
da comunidade loriguense.
Sempre muito solicitada, não só em
Loriga, como também para outras terras vizinhas, nunca dizia que não
quando à porta lhe batiam a pedir-lhe para ser a cozinheira de qualquer boda
que fosse, nunca fazendo preço ao seu trabalho, apenas aceitando o que lhe queriam
dar.
Nesses tempos, as pessoas pagavam normalmente com
alguns artigos de mercearia e algum dinheiro, no entanto, quando via que as pessoas
eram pobres, apenas aceitava a mercearia, recusando-se a receber o dinheiro.
Esposa dedicada e mãe extremosa de nove
filhos, que criou e educou com o maior desvelo e carinho, era também uma pessoa
muito activa e despachada, parecendo ter sempre qualquer coisa para fazer.
Religiosa convicta, era reconhecida pelas suas
qualidades humanas, sendo a sua bondade e a sua sensibilidade para com os mais desfavorecidos,
por demais evidente e, por todas essas razões, era muito respeitada pelos seus
conterrâneos, que por ela tinham grande admiração.
Faleceu em Loriga no dia 27 de Setembro, com a
idade de 90 anos e o seu funeral realizou-se para o cemitério local, onde ficou
sepultada. Foram muitos os loriguenses que a acompanharam à sua última
morada, ficando Loriga, mais pobre ao ver partir com saudade uma mulher que tão
soube exercitar a sua arte de cozinheira do povo. |
***

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Cónego António
Antunes Abranches
1913 - 2003 |
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Nasceu em Loriga,
em 9 de Dezembro de 1913, filho de José Antunes do Carmo e de D. Leonor Dias
de Figueiredo.
Depois de frequentar a escola
primária na sua terra, foi para Lisboa com a idade de 12 anos. Dois anos depois
ingressou no Seminário de Santarém, para mais tarde frequentar os Seminários
pertencentes ao Patriarcado em Lisboa.
Foi ordenado sacerdote no Seminário
dos Olivais em 29 de Junho de 1938, seguindo-se tempos de muito trabalho, nomeadamente
em outras paróquias, ajudando outros colegas. Poucos meses depois, teve a oportunidade
de deslocar-se a Loriga, para finalmente celebrar a primeira missa na terra que o viu
nascer.
Estava há ainda à
poucos dias na sua terra, quando foi chamado ao Cardeal Cerejeira, sendo então
nomeado para ficar ao serviço do Patriarcado de Lisboa, trabalhando em diversas
tarefas, nomeadamente na Acção Católica.
Seria colocado na Paróquia
de Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo, por motivo de o Pároco local
se encontrar doente, onde se manteve durante cerca de 22 meses, executando ali um trabalho
de grande valor.
Foi professor na Escola Central
de Graduados da Mocidade Portuguesa e depois na Casa Pia de Lisboa, onde chegou a ser
o Capelão-Chefe cargo que desempenhou durante 4 anos.
A partir de Outubro de 1945,
foi colocado como Pároco na recém-criada Paróquia de Nossa Senhora
de Fátima em Lisboa, uma das novas paróquias das chamadas "avenidas
novas" e onde se manteve até 1995, chegando, também, a acumular
a paróquia de S.João de Deus.
Foram 50 anos como Pároco
da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, ao longo dessas cinco décadas
foi de relevo todo o seu trabalho em prol da igreja, e dedicada à sua vida sacerdotal.
Sempre de espirito aberto e atento à evolução dos tempos, entregou-se
totalmente a promover actividades que pudessem contribuir para uma presença
da Igreja no mundo actual, nomeadamente nos meios de comunicação social,
como o cinema e a televisão.
Com um acentuado sentido de organização,
por onde ia passando, deixava a sua marca em estruturas sólidas que permitiam
às pessoas saberem onde situar-se e como tirar o melhor partido para as suas
vidas e actividades.
Amava a sua terra e a ela se
referia com muito carinho e estima e, sempre que podia, aproveitava para ali passar
uns dias de merecidas férias. Tinha imenso gosto em apresentar Loriga aos outros,
por isso com regularidade a visitava com pessoas amigas e das suas relações.
Em 1988, chegou mesmo a levar a Loriga, em visita particular, o Sr. Cardeal D. António
Ribeiro.
Gostava de ir a Loriga para assistir
à Festa da Nossa Senhora da Guia, onde muitas das vezes foi o pregador. A sua
voz forte e dinâmica, prendia todos aqueles que o escutavam, e que parecia chegar
para além do recinto e da catraia.
Durante 50 anos como Pároco
da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma grave doença
impossibilitou-o, nos últimos anos da sua vida, de poder continuar a desempenhar
essas funções paroquias, bem como, de visitar a sua terra como tanto
gostava. No entanto permaneceu com o título de Pároco Emérito
desta Paróquia, até ao fim da sua vida.
Faleceu em Lisboa no dia 21 de
Abril de 2003, tendo sido realizada na igreja de Nossa Senhora de Fátima, a
missa do seu falecimento, que foi presidida pelo Cardeal de Lisboa D. José Policarpo.
No dia seguinte o seu corpo seguiu para Loriga onde foi realizado o funeral, sendo
sepultado no cemitério local na campa da Mãe, como era seu desejo. Ficando
esta localidade mais pobre ao ver partir um dos seus filhos que, notabilizando-se longe
dela, nunca a esqueceu. |
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Manuel Gomes Leitão
Júnior *
1914 - 1990 |

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Natural de
Loriga, onde nasceu em 30 de Maio de 1914, era filho de Manuel Gomes Leitão
e de Maria do Carmo Nunes Cabral, também naturais de Loriga.
Verdadeiro bairrista e grande amigo da sua terra, a par da sua actividade como industrial
de renome, na área dos lanifícios, desenvolveu outras actividades para
as quais estava naturalmente vocacionado, e que estavam relacionadas com a sua paixão
pelas letras.
Assim, foi correspondente do Diário de Coimbra, onde escreveu algumas rubricas,
bem como em outros jornais prontificando-se, sempre que se justificasse, a escrever
sobre a sua terra.
Estudou na Covilhã, onde concluiu o curso de Debuxo na Escola Campos de Melo.
No entanto o âmbito da sua actividade profissional como industrial de lanifícios
era mais alto, alargando-se a outras áreas. A ele se ficou a dever a organização
da primeira fábrica de malhas em Loriga, que viria a ser de grande importância
num novo desenvolvimento industrial desta localidade.
Muito dinâmico desejando o melhor para a sua terra, estava sempre pronto a contribuir
em tudo o que estivesse ao seu alcance. Foi director da Banda Musical, foi Juiz da
Irmandade das Almas, sendo ainda um dos grandes impulsionadores na construção
do bairro social Eng. Saraiva e Sousa, hoje Vista Alegre, assim como teve grande influência
na instalação de um Posto da GNR em Loriga.
Fundador do Grupo Desportivo Loriguense onde, por diversas vezes, fez parte dos corpos
sociais, era um grande apaixonado pelo futebol, tendo mesmo criado, nesta colectividade,
as melhores equipas de sempre. Para além disso, sonhava também com a
existência de uma juventude culturalmente desenvolvida na sua adorada terra.
Com 35 anos de idade foi Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, onde executou
um trabalho brilhante apesar das dificuldades da época, nomeadamente no que
diz respeito a algum saneamento básico da povoação. Foi também
o grande obreiro do "deita abaixo" dos balcões (incluindo o seu),
que existiam um pouco por toda a Vila e que, em grande parte, dificultavam o acesso
a muitas das ruas e becos. Tinha ainda como um dos seus maiores anseios conseguir dar
à Vila de Loriga, o asseio, a beleza e a cultura da sua gente.
O Sr. "Manuelzinho" como assim era chamado pelo povo, passou os últimos
anos da sua vida em Lisboa. No entanto, nunca esqueceu a sua terra, onde quis descansar
para sempre, junto dos seus pais, vendo Loriga partir em 27.03.1989, um dos seus filhos
que muito fez para o seu desenvolvimento e progresso. |
* Albrito |
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Herculano Brito
Leitão
1914 - 1997 |
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Nasceu em Loriga;
em 12 de Agosto de 1914, e era filho de José de Brito Crisóstomo e de
Maria do Anjos Leitão Brito.
Um verdadeiro bairrista que, apesar de estar afastado da sua terra, tinha-a junto ao
coração e queria para ela o que de melhor pudesse haver. Sempre que tinha
conhecimento das várias carências existentes em Loriga, tudo fazia para
conseguir que essa carência fosse ultrapassada, estivesse onde estivesse.
Notabilizou-se por ser o grande impulsionador e fundador dos Bombeiros Voluntários
de Loriga, uma das carência existentes na sua terra, concretizando, assim, não
só o seu sonho, como um sonho de todos os loriguenses.
Homem amigo do seu amigo, era de ideias firmes e claras, colocando nos seus objectivos
naquilo que que acreditava. Os Bombeiros para Loriga eram uma prioridade mas, para
a pôr em prática,
teve que percorrer um longo caminho, dirigiu-se aos organismos competentes, venceu
a burocracia, socorreu-se de gente influente para esse efeito, mas também debateu-se
com algumas frustações. Contudo, no final, viu o seu trabalho recompensado
com a fundação da Associação do Bombeiros Voluntários
de Loriga, em 16 de Abril de 1982, o maior organismo criado em Loriga nas últimas
décadas.
Tinha apenas 12 anos quando foi para o Brasil, na companhia da sua família,
passando a viver na cidade de Belém-Pará. Por lá se manteve durante
25 anos, não esquecendo nunca a sua terra e o seu berço, também
por lá notabilizou-se em iniciativas em prol de Loriga.
Regressou a Loriga na década de 1940, tendo fundado na sua terra a Sociedade
Industrial de Malhas e a Sociedade Comercial Irmãos Leitão Lda. Mais
tarde partiu para Lisboa onde se fixou, para tempos depois se radicar definitivamente
em Santarém, onde permaneceu largos anos e onde veio a falecer, no ano de 1997.
Do casamento com D.Inadina Ferreira Leitão, tiveram dois filhos António
José Ferreira Leitão e Maria de Fátima Ferreira Leitão.
Viria a ter um segundo casamento com Maria Eugénia Madeira Pereira Leitão.
Depois de ter concretizado o sonho dos Bombeiros de Loriga, num novo desafio se envolveu.
Desta vez, era no projecto de um Jornal para Loriga, uma ideia pela qual também
muito viria a lutar, sem no entanto, poder ver a sua concretização.
Apesar de ter a convicção de que o projecto do Jornal não seria
fácil, não era, no entanto, pessoa de desistir logo que surgissem os
primeiros obstáculos. Mas também foi certo, que estaria longe de imaginar
as complicadas barreiras que lhe apareceram pelos caminho e que foram difíceis
de ultrapassar e, que contribuíram para atrasar todo esse processo, nunca chegando
a concluir o sonho então idealizado do projecto, que era a fundação
do jornal "Noticias de Loriga".
Faleceu no dia 13 de Abril de 1997, em Santarém, onde foi sepultado no cemitério
local. Aí se deslocou uma delegação dos Bombeiros Voluntários
de Loriga, para o acompanhar à sua última morada, assim homenageando
esta figura loriguense, num gesto de sentimento e gratidão, a quem os Bombeiros
e Loriga muito ficaram a dever e que de maneira alguma poderá ser esquecido.
Herculano de Brito Leitão foi, pois, uma Figura de Loriga, que ficou ligada
aos Bombeiros da sua adorada terra, passando a ser uma referência desta instituição
como fundador Nr.1. Por isso é bem ilustrativo e de justiça a sua fotografia
figurar nas paredes da sede desta corporação. |
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Joaquim Gonçalves
de Brito
1915 - 2001 |
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Nasceu em Loriga,
em 15.08.1915, filho de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves
de Brito.
Bairrista convicto, que tanto amava a sua terra e, que por ela sempre lutou e fez tudo
o que estava ao seu alcance para o seu desenvolvimento.
Ainda muito novo, começou a trabalhar como empregado de escritório, em
Loriga, e depois em Coimbra, no armazém de Lanifícios do industrial Sr.
Carlos Cabral Leitão.
Ainda rapazinho, foi contínuo na Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga,
uma Associação destinada apenas à classe alta desta Vila, tais
como, médicos, industriais, professores, padres etc. Esta sociedade seria mais
tarde extinta dando lugar à Sociedade Loriguense de Recreio e Turismo, onde
o Sr.Joaquim "Alho", como popularmente era conhecido, viria a fazer parte
das diversas direcções.
Fez parte de quase todas as direcções dos organismos de Loriga, sendo
mesmo um dos fundadores do Grupo Desportivo Loriguense, pertencendo aos diversos Corpos
Gerentes que por lá passaram. Na época, a fundação deste
Clube, foi de grande importância para esta localidade a qual teve, como finalidade,
atrair para o desporto, a grande massa de jovens existente nesta Vila preenchendo,
assim, de forma saudável, os tempos de ócio.
Pertenceu à direcção da Banda de Loriga, quando em 1956, esta
associação atingiu um dos pontos mais altos da sua história, ao
abrilhantar as Festas da Rainha Santa em Coimbra.
De 1972 a 1976, pertenceu à direcção da Junta de Freguesia de
Loriga, constituída por:-António Pinto Ascensão-Presidente, José
de Pina Gonçalves-Secretário, e por ele próprio como Tesoureiro.
Embora sendo uma época problemática, em que os meios financeiros eram
escassos, funcionando sem subsídios, conseguiram levar a efeito obras de grande
vulto, projectando Loriga como uma Vila mais moderna. Foi também Vereador da Câmara Municipal
de Seia, durante quatro anos, sendo responsável pelo pelouro das obras.
Dedicou-se à indústria, pertencendo à Sociedade Industrial de
Malhas de Loriga tendo, mais tarde, constituído a firma Gonçalves &
Nunes, Lda., uma fábrica de confecção de malhas. Posteriormente,
fundou a firma de construção civil, "Joaquim Gonçalves Moura"
que teve, no seu irmão José Gonçalves Brito, o seu braço
direito e seu sócio. Com a colaboração dos seus sobrinhos, alargou
o âmbito de actividade da empresa para outros ramos da construção
civil, passando a ser muito reconhecida na região.
Homem de uma calma impressionante, tinha uma maneira própria de estar na vida.
Nunca casando, dedicou a sua vida e os seus afectos à família mais próxima,
designadamente os sobrinhos. A morte de seu irmão José, após doença
prolongada, foi um rude golpe para ele. No entanto, resignado, continuou a orientar
e a colaborar com os seus sobrinhos na empresa que se orgulhava de ter fundado.
Sendo uma pessoa muito considerada na Vila e na região, era sempre atencioso
com quem se lhe dirigia solicitando ajuda ou orientação para a resolução
de qualquer problema.
Faleceu em 31 de Julho de 2001, no Hospital de Viseu, aos 85 anos, e foi sepultado
no cemitério de Loriga, sendo recordado pelos Loriguenses, como um bairrista
que tanto amou a sua terra. |
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António
Nunes Ribeiro *
1916 - 2005 |
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Nasceu em Loriga
no dia 3 de Julho de 1916, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito Moura.
Depois de concluir a escola primária rumou para a Covilhã, onde estudou
e tirou o curso de Debuxo Têxtil na conceituada Escola Industrial Campos Melo.
Findo o curso voltou para a sua terra ingressando a trabalhar na Firma Pina, Nunes
e Comp. no lugar do Regato.
Mais tarde juntou-se aos tios António e Alfredo, na firma Nunes, Brito &
Comp., Lda, onde entretanto, já possuía uma quota de herança do
pai.
Oriundo de família de industriais de lanifícios, veio a notabilizar-se
pela sua dinâmica e ideias no melhor que sabia, para que o seu trabalho nas firmas
fosse o melhor para todos. No campo social, António Ribeiro, cumpriu o seu papel
como homem interessado pela sua terra.
De muito novo, foi um dos fundadores e dirigente do Grupo Desportivo Loriguense, em
1934, onde imprimiu um rigoroso aprumo para a cultura da juventude da sua terra, principalmente
a operária.
Foi também director da Banda de Música de Loriga, nas décadas
de 1940, 50 e 60, onde deixou a sua marca, nos fardamentos, no aprumo, no brio, na
disciplina, elevando assim a Banda Filarmónica a um patamar invejável.
Fez parte como vereador na Câmara Municipal de Seia, nos vários mandatos
do Comendador Joaquim Fernandes Ferreira Simões, de quem era muito amigo.
Passou também pela Junta de Freguesia de Loriga como presidente, tendo-se revelado
um grande conhecedor dos problemas da sua terra e, interessado em resolvê-los.
Casado com D. Aurora Brito Pina Ribeiro, era um cristão convicto, ficando mais
apegado às coisas da fé depois do curso de cristandade, que frequentou
no Seminário da Guarda no anos de 1965. Cumpriu diversos mandatos na Comissão
Fabriqueira da Igreja, sempre com muito amor e carinho, pelas coisas da Igreja, e pelas
valências da Acção Social.
Os seus últimos dias de vida passou-os na Casa de Repouso da Nossa Senhora da
Guia, onde faleceu em 18 de Dezembro de 2005, com a idade de 89 anos, após doença
prolongada, vendo Loriga partir mais um dos seus filhos que muito fez por Loriga e
pela comunidade.
O funeral realizou-se em Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local. |
*A.L.Brito (GL) |
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Padre António
Roque Abrantes Prata *
1917 - 1993 |

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Natural de
Santa Maria de Manteigas, onde nasceu em 15 de Outubro de 1917, foi ordenado Presbítero
em 8 de Setembro de 1940. Após ter estado algum tempo em Pero (Viseu) foi colocado
como pároco de Loriga em 1944, onde se manteve durante 22 anos, localidade que
viria a deixar em 18 de Dezembro de 1966 por motivo de ter sido chamado para trabalhar
a tempo inteiro nas actividades pastorais da obra de Santa Zita em Lisboa.
Na sua passagem de mais de duas décadas na Paróquia de Loriga, ficaria
para sempre ligado a uma certa geração que não mais o esqueceu
e o considerou uma das maiores figuras que a história de Loriga jamais conheceu.
Grande entusiasta da juventude e entrega total à igreja, desenvolveu em Loriga
uma larga e eficiente Açcão Social, nomeadamente na dinamização
e impulso que imprimiu na fundação, orientação, apoio e
ainda com grande contributo no desenvolvimento da freguesia.
De grande zelo e convicções religiosas fez da doutrina aprendida a sua
verdadeira vida durante os 53 anos de sacerdócio, sendo sempre de uma entrega
total ao serviço do Senhor e da sua Igreja, onde a sua personalidade e respeito
são virtudes dignas de registar.
Enérgico nos seus pensamentos e nas suas ideias, para levar até ao fim
tudo em que se envolvia, era um verdadeiro defensor dos mais desfavorecidos nomeadamente
dos operários, ousado, ao dar força para que fosse devolvida aos trabalhadores
a autonomia sindical notabilizando-se até, por acompanhar um grupo de Jocistas
numa entrevista pedida ao então Primeiro-Ministro Dr. Oliveira Salazar.
Enfrentou também em Loriga uma sociedade poderosa, por isso nem sempre foi totalmente
pacifica a sua passagem por esta vila, tendo até existido um certo movimento
de protestos enviados ao Bispo da Guarda, com ecos escritos e furiosos os quais o Sr.Padre
Prata soube enfrentar como pároco de todos e de tudo.
Durante a sua permanência em Loriga serão para sempre recordadas as suas
obras que fundou e fez movimentar ou renascer outras já existentes e ainda na
criação de muitas mais acções importantes para a população.
Ficam aqui registadas algumas que ficam para sempre perpetuadas para as gerações
vindoiras, e a frase que na sua simplicidade, costumava dizer "só Deus é que vê
e julga as obras e as intenções"
J.O.C.F.; L.O.C.; L.O.C.F.; Centro da Assistência Paroquial; Casa de Santa Teresa;
Socorro Paroquial Loriguense; Apostolado da Oração; Museu Paroquial;
Biblioteca Paroquial; Património dos Pobres; Agasalho aos Pobres, o reaparecimento
como Boletim Paroquial "A Neve" ; Lâmpadas Vivas, Curso Unificado da
Telescola; Bolsa de Estudos de N.S. da Guia: Sopa; Cantina; Rosário Perpetuo;
Lausperene Semanal; Missões Paroquias; Retiros-Recolecções; Acção
Missionária; Irmandade do Sacramento das Almas; Cursos de Cristandade; Conferência
Vicentina e a construção da Residência Paroquial e Salão.
A 8 de Dezembro de 1990, foi homenageado em Loriga no dia que fez as Bodas de Ouro
sacerdotais numa verdadeira festa de fraternidade e de amizade do povo desta localidade,
a que se associou também o Sr. Bispo da Guarda. Grande multidão aguardou
na "Carreira" a chegada do Sr. Padre Prata e do Sr. Bispo que num cortejo
informal pelas ruas, acompanhados pela Banda Musical, seguiu para a igreja onde foi
efectuada uma concelebração, seguindo-se um almoço realizado no
Salão Paroquial a que assistiram 230 pessoas.
Faleceu por motivo de doença que o vinha vitimando, na manhã do dia 18
de Julho de 1993, na Casa se Santa Zita. O funeral realizou-se no dia seguinte para
o cemitério dos Prazeres de Lisboa onde ficou sepultado.
Deixou no seu testamento uma doação a Loriga, pedindo aos seus familiares
para entregarem ao Centro de Assistência Paroquial de Loriga a quantia de 6.800
contos.
Em Agosto de 2001 e véspera da Festa de Nossa Senhora da Guia, foi inaugurada
uma rua em Loriga à qual foi dado o seu nome, uma homenagem de gratidão
que os Loriguenses lhe deviam. |
No dia 15 de
Dezembro de 2003, os restos mortais do Senhor Padre Prata, foram transladados do cemitério
de Manteigas para o cemitério de Loriga, concluindo-se assim, a vontade sempre
manifestada em vida de tão proeminente figura, em repousar eternamente junto
dos paroquianos que tanto amou durante os anos que paroquiou Loriga. |
* Albrito |
*** |

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Carlos Fernandes
Urtigueira
1917 - 1996 |
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Nasceu em Loriga
a 26 de Fevereiro de 1917, filho de Alberto Fernandes Urtigueira e de Maria Emília
Pinto Ascenção,
Alfaiate de profissão, cortava o pano e alinhava os fatos tal como os seus dedos
tocavam as cordas da sua guitarra. Era um grande profissional, talvez mesmo um dos
melhores alfaiates de Loriga. Era na realidade um verdadeiro artista, tendo sempre
a preocupação de actualização e modernidade.
Começou a trabalhar numa alfaiataria situado no Santo Cristo, mais tarde mudou-se
para o Largo Dr. Amorim da Fonseca, passando ainda pela "Carreira" para finalmente
fixar a sua alfaiataria "Académica" na Rua principal da Vila, por
cima do estabelecimento do Sr. José Luis Santos.
Foi durante a sua vivência em Loriga a alma do Fado de Coimbra cantado na sua
terra. Pela sua alfaiataria "Académica" passaram as diversas gerações
de estudantes, e nela havia sempre uma guitarra e uma viola para acompanhar os que
se dispusessem a entoar a velha canção coimbrã.
Tinha ainda tempo e sempre disposição, para se juntar a outros loriguenses,
que por vezes se reuniam nos balcões das ruas em verdadeiras serenatas, onde
as cordas da sua guitarra faziam espalhar aquela melancólica música que
deleitavam os ouvidos das pessoas que passavam.
O falecimento da sua esposa Ermelinda, em 1959, foi um duro golpe e uma grande perda
para os seus filhos, Fernando, José Alberto, Natércia e Maria Amélia.
Procurando uma vida melhor, que a sua terra parecia não lhe poder dar, deixou
Loriga na década de 1960, radicando-se na Póvoa de Santa Iria, mais tarde
no Prior Velho e depois em Sacavém, onde instalou a sua alfaiataria.
O fado de Coimbra parecia fazer parte de si, por isso mesmo, tinha sempre presente
a sua velha guitarra, que mesmo longe de Loriga, o faziam continuar a dar alma ao velho
fado dos estudantes que ele tanto amava.
O Carlos "Governo" como popularmente era assim conhecido, deixou raízes
nos seus filhos, Fernando e Zé Alberto, dignos continuadores dessa herança
de tocadores de guitarras e violas, que ainda hoje deliciam todos aqueles que os escutam.
Faleceu em Sacavém, após doença prolongada em 31 de Dezembro de
1996, e o funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre um dos seus filhos, recordando as
suas qualidades de bem tocar o fado de Coimbra que ficaram para sempre marcadas numa
certa geração de loriguenses. |
*** |
Prof. António
Domingos Marques *
1917 - 2004 |

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Nasceu no Fontão
(Loriga) a 7 de Janeiro de 1917 filho de Maria José Gertrudes e de Manuel Domingos
Marques.
Depois de concluir a escola primária na sua terra, frequentou um colégio
na Figueira da Foz, onde estudou e concluiu o curso de Professor Primário.
Radicou-se em Loriga no desempenho das suas funções de professor. Os
seus antigos alunos lembram com saudade, o homem, o professor, que tiveram nesta personalidade
a base da sua formação para os desafios que o mundo contemporâneo
exige.
O Professor "Fontão" como popularmente era assim também conhecido,
foi sem dúvida uma figura de grande relevo em Loriga, onde leccionou durante
várias décadas, distinguindo-se como um professor brilhante e um homem
de grande humanidade e a quem muito se ficou a dever em prol da educação
e da cultura em Loriga.
Casou em Loriga com D. Amália Brito Pina, proprietária da Farmácia
Popular, de quem veio a ter dois filhos. A sua vida profissional ficou então
marcada por duas vertentes: o exercício de professor primário e a gestão
conjuntamente com a sua esposa da Farmácia.
Dedicou também parte da sua vida à causa pública e à comunidade.
Foi Presidente da extinta Casa do Povo de Loriga, fez parte do Conselho da Fábrica
da Igreja, Direcção do Centro Assistência Paroquial e Presidente
da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, onde realizou um trabalho meritório
e notável. Como político liderou listas do P.S.D e uma lista do C.D.S
como independente. Fez parte em vários mandatos, como Deputado da Assembleia
de Freguesia de Loriga.
Bairrista muito empenhado, conselheiro, nunca regateou os seus préstimos, para
o bem comum, sempre disponível para toda e qualquer iniciativa que visasse o
desenvolvimento de Loriga. Como prova de gratidão, as forças vivas de
Loriga, prestaram-lhe uma Grande Homenagem, tendo-se associado um grande número
de Loriguenses. Foi também agraciado com a Medalha de Mérito do Concelho
de Seia em 1992.
A emoção vivida por esta personalidade foi tão grande, que o projectou
para a doença que o acompanharia até ao último dos seus dias.
Faleceu a 23 de Julho de 2004 em Loriga, ficando sepultado no cemitério local,
ficando Loriga mais pobre ao ver desaparecer um Loriguense que deixou marcas indeléveis
no exercício do magistério, na vida Associativa e Cultural.
* Blog-Loriganoseumelhor |
*** |

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Eugénio
Leitão de Brito
1917 - 2009 |
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Nasceu em Loriga,
no dia 6 de Dezembro de 1917, filho de José de Brito Crisóstomo e de
Maria dos Anjos Leitão Brito.
Escritor ilustre, historiador, jornalista e muito dedicado à leitura, notabilizau-se
no norte do Brasil onde práticamente viveu toda a sua vida. Homem de cultura
e de génio,distinguiu-se sempre, colocando o seu saber ao serviço da
comunidade portuguesa no Brasil, sendo bem reconhecidos os prestimosos serviços
prestados às instituições portuguesas cuja história aprofundada
e bem documentada consta de um conjunto de livros seus, editados em Belém Brasil.
A sua actividade comercial e a participação associativa senpre foram
uma constante na vida desta figura em terras do norte do Brasil, do qual os loriguneses
muito se orgulham. Sempre com Loriga no seu coração, nela vinha passar
temporadas com bastante frequência.
Fez a escola primária em Loriga, com a idade de 13 anos partiu para Belém-Pará
Brasil em 1931, onde chegou no dia 30 de Março. Foi residir na "Cidade
Velha", onde passou a viver durante 14 anos.
Frequentou o Curso de Contabilista, no Grémio Literário Comercial Português
que concluiu em 1936, obtendo o prémio "Pequito Rebelo", instituido pelo Banco Moreira Gomes,
de Belém-Pará, que era entregue ao aluno que obtivesse as melhores notas
na instituição. Como
jornalista, colaborou na "Folha do Norte" quer com o nome próprio,
quer sob o pseudônimo de Fernando Portugal, bem como ocasionalmente no Jornal
"O Liberal".
Homem honesto e muito dedicado à família, foi também um bairrista
convicto, tendo contribuido em muitas iniciativas a favor da sua terra, que ele tanto
amava, tornando-se uma referência junto dos seus conterrâneos.
A sua dedicação ao associativismo português na cidade de Belém,
foi na realidade de grande relevo, realizando ao longo dos anos, um trabalho dignificante,
bem reconhecido por todos e do qual os seus conterrâneos muito se orgulharam.
Pertenceu também como direcctor do Centro Loriguense em Belém, onde foi
Secretário (1997).
Recebeu em 1984, a medalha " Acylino de Leão", do Concelho Estadual
de Cultura do Pará em 1984. Foi Presidente do Conselho Deliberativo da Benemérita
Sociedade Portuguesa Beneficiente em cujo quadro social ingressou aos 14 anos (1931).
Foi direcctor e posteriormente Presidente da Directoria do Grêmio Literário
e Recreativo Português, do qual foi Sócio Benemérito.
Na qualidade de membro do Directório
do Conselho da Comunidade Portuguesa do Pará, secretariou a Comissão
Excutiva para o monumento a Pedro Teixeira por ocasião dos 350 anos da fundação
da cidade de Belém.
Autor dos livros -"Fran
Paxeco no Brasil";
-"História
do Grémio Literário e Recreativo Português, editado em 1994"; -"Minhas Memórias da Cidade
Velha" editado
em 1997; -"3º.
Centenário de Nascimento do Marquês de Pombal, 1699-1999" edição 1999; e
a sua grande obra "Os
Portugueses no Grão Pará" editado em 2002.
Este último livro, foi de facto a sua maior obra, sendo acima de tudo uma fonte
de pesquisas históricas e foi um presente que o autor colocou à disposição
da sociedade brasileira e internacional por ocasião das comemorações
do 5º. Centenário dos Descobrimentos do Brasil. A obra "Os Portugueses no Grão
Pará"
é na realidade um registo da presença lusitana em solo paraense, desde
a Independência e teve como principal objectivo resgatar a história da
Comunidade Luso Brasileira do Pará, especialmente a sua contribuição
no desenvolvimento do Estado.
Em 10 de Junho de 2000, dia de Portugal e das Comunidades foi agraciado com a Comenda
de Mérito pelo senhor Presidente da República de Portugal Mário
Soares, em reconhecimento pelos brilhantes serviços prestados á comunidade
portuguesa e ao seu país, que o deixou muito orgulhoso assim como a todos os
seus conterrâneos.
Foi casado com D. Maria Helena Duarte Brito, do casamento teve duas filhas Maria Fernanda
e Maria Eugénia, a primeira nascida em Loriga e a segunda em Belém, foi
sempre de muita dedicação à família, sofrendo imenso quando
do falecimento das suas duas filhas.
Apesar de estar longe de Loriga, nunca esqueceu as suas raízes, foi na realidade
um verdadeiro embaixador da terra que tanto adorava e da qual foi arrancado pelas vicissitudes
da vida, sempre que podia vinha visitá-la matando dessa forma as saudades.
Faleceu no dia 19 de Março de 2009, com a idade de 92 anos e após doença
prolongada, sendo sepultado em Belém a terra que o acolheu e que a considerava
a sua segunda terra.
A comunidade Loriguenses no Brasil vê assim partir para sempre este seu consagrado conterrâneo do qual
sempre se orgulhara. Da mesma forma que Loriga vê desaparecer mais um dos seus
filhos ilustes, que um dia partiu para longe, mas transparente como a água pura,
amou sempre a sua terra e a qual tinha sempre junto ao coração. |
*** |

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Padre Doutor António
Ambrósio de Pina *
1918 - 1995 |
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Nascido em
Manaus-Brasil, filho de António Ambrósio de Pina (falecido em 26.5.1925)
e Maria dos Anjos de Brito Moura Frade (falecida em 14.4.1942), foi apenas com três
meses de idade que os pais o trouxeram para Loriga onde cresceu e fez a escola primária.
Logo após completar a escola em Loriga foi para o Seminário da Costa
em Guimarães, onde fez todos os seus estudos menores. No ano de 1936 entra para
a Companhia de Jesus e, no ano de 1940, concluiu o Curso Superior de Letras e Humanidades
para, de seguida, entrar na Faculdade.de Filosofia de Braga onde conclui a sua licenciatura
em 1944.
Em 1947 transferiu-se para Barcelona-Espanha a fim de frequentar a Faculdade de Teologia
de Sarriá onde é formado em 1950, passando depois para a Faculdade de
Teologia da Universidade Pontifica de Salamanca onde termina a tese do seu doutoramento.
Durante alguns anos dedica-se ao apostolado nesta cidade espanhola a favor dos mais
carenciados. Regressa a Portugal e organiza as comemorações do XVI Centenário
de Santo Agostinho na cidade de Braga, participando ainda no I Congresso Nacional de
Filosofia, também realizado nesta cidade.
Professor na Faculdade de Filosofia de Braga, veio a notabilizar-se através
dos anos como escritor, historiador, poeta, artista plástico, pensador, teólogo,
sendo ainda um dos maiores colaboradores nos vários órgãos da
imprensa religiosa nacional e espanhola, com numerosos trabalhos científicos
no campo da Filosofia e Teologia, traduzidos em várias línguas.
Apesar de estar sempre afastado de Loriga, pensava muito na terra que dizia também
ser sua, sendo para ele alegria imensa ao encontrar-se com seus conterrâneos.
Enquanto sua irmã Ruth Ermelinda foi viva, assim como outros seus familiares
próximos, visitava regularmente a sua terra, por vezes passando até curtas
férias. Depois deixou de ir à terra que ele tanto adorava, no entanto
foi mantendo sempre alguma correspondência com um seu primo e amigo, ao qual
enviou um dia uma declaração escrita, no sentido de quando ocorresse
o seu falecimento, o seu corpo (ou restos mortais) fossem levados para a sua querida
Loriga e que fossem sepultados no túmulo da mãe.
Talvez por conhecimento tardio em Loriga da noticia da sua morte, o seu corpo viria
a ser sepultado no cemitério do Monte de Arcos em Braga no talhão dedicado
aos Padres Jesuítas, não sendo aceite pela Companhia de Jesus a declaração
apresentada posteriormente, mas ficando em promessa, de essa declaração
ser considerada para anos mais tarde. |
* Albrito |
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Laurinda Gonçalves
de Brito *
1918 - 1999 |

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Nasceu em Loriga,
em 5 de Março de 1918, filha de António Brito Pinheiro e de Maria dos
Anjos Gonçalves de Brito.
Desde muito nova teve sempre uma maneira própria de viver, dedicando parte da
sua vida em prol da comunidade, nomeadamente cozinhando nas bodas ou outras festas,
onde os seus conhecimentos eram de uma tendência nata e inegável.
Lendo leitura da especialidade, foi aperfeiçoando o seu saber, em dotes de cozinheira,
adoçando muita gente não só com bolos, mas também com carinhos,
assim como, muitos ainda recordam a arte como enfeitava as travessas para serem servidas.
Muito religiosa, entregou-se de alma e coração a favor das obras da Paróquia,
onde particularmente a sua opinião parecia nunca poder faltar. Tendo sido importante
o seu contributo para a fundação do Centro Paroquial de Loriga. Auxiliou
muito o Senhor Padre Lages, enquanto o Centro não foi fundado.
Foi catequista, benfeitora e angariadora de fundos para obras religiosas. Trabalhos
que executava com uma enorme força de vontade e dedicação.
Arranjou durante muitos anos o altar das Almas. Foi Vicentina da Conferência
de S.Vicente de Paulo, pedindo para os pobres e durante cerca de 60 anos foi a distribuidora
do jornal "Bem Fazer" e das pagelas do Rosário.
Foi sempre muito solicitada para madrinha do Crisma. Num determinado ano e numa dessas
cerimónias que decorreu em Loriga, levou até junto do Senhor Bispo 12
crianças para crismar, este muito admirado chegou a comentar "esta traz um comboio".
Nunca casando, dedicou toda a sua vida e os seus afectos à família mais
próxima, designadamente aos sobrinhos, em que era uma segunda mãe, madrinha,
enfermeira e amiga, por isso, estes com carinho a chamavam por Nininha.
Vivendo no Bairro de S.Ginês, junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo,
durante alguns anos foi uma das mordomas, realizando um trabalhou incansável
na angariação de fundos para obras de restauração da capela.
E tal como ela dizia "queria
que a Nossa Senhora do Carmo tivesse uma Capela linda".
Faleceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1999, com 81 anos de idade, ficando esta localidade
mais pobre ao ver partir quem tanto fez pela Acção Paroquial. O funeral
foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultada, sendo muitos os Loriguenses
que a acompanharam à sua última morada. |
* Joaquim Gonçalves de Brito |
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António
Luis Amaro Tuna
1918 - 2003 |
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Nasceu em Loriga,
em 23 de Agosto de 1918, filho de José Luis Amaro Tuna e de Emília de
Brito Miguel.
Era ainda muito novo quando ficou órfão de seu pai, conhecido por José
Farias (Barbeiro), que faleceu vitima da epidemia do "Tifo Exantemático"
que ocorreu em Loriga no ano de 1927. Por esse facto, e dada a necessidade de ter que
trabalhar para o sustento da casa, empregou-se numa das fábricas de lanifícios,
onde viria a ser operário têxtil durante anos, profissão que deixou
na altura em que encerrou definitivamente a Fábrica da "Redondinha".
Nas horas livres, dedicava-se ao corte de cabelos e barba, seguindo os passos do pai,
e depois do encerramento da fábrica onde trabalhava, dedicou-se de alma e coração
à sua Barbearia, na arte que ele tanto adorava e que era a sua grande paixão.
Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender, muitas das vezes só
o fazendo a altas horas da noite. Não tinha horas nem para as refeições,
privando, muitas vezes, a família da sua companhia nessas horas.
Na altura da "Febre do Volfrâmio" deu também uma saltada à
serra, à procura desse valioso minério, tendo sempre histórias
curiosas para contar.
Tinha uma maneira própria de ser, desenvolvendo um bom relacionamento com todos,
fazendo dele um homem de bem, não se lhe conhecendo, por isso, qualquer inimigo.
A sua Barbearia era como que um ponto de cavaqueira onde os fregueses liam o jornal,
conversavam e falavam das novidades da terra, e onde o "Ti António Farias",
mais popularmente assim chamado, tinha sempre histórias antigas para contar
de Loriga, e das suas gentes.
Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do cemitério
e à Nossa Senhora da Guia, ou mesmo até na Igreja, onde por vezes se
"refugiava" nas suas orações.
Fazia longas as caminhadas pelos vários recantos da serrania, que parecia conhecer
como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu
a alguém para lhe escrever algumas palavras, tempos depois, numa das fragas
junto à "Fonte dos Carreiros" feitas com ajuda de um pico e um pincel,
onde foram aparecendo, como que misteriosamente, as legendas "Pensai e Meditai
em Deus -Loriga 1990- Nossa Senhora Livrai-nos de todo o mal",
Cantava o Fado de Coimbra, do qual era um grande entusiasta. Ao cantar, a sua voz emocionada
deliciava as gentes de Loriga, e foram muitas as serenatas que ao longo da sua vida
fez, na companhia de outros loriguenses.
Um dia foi homenageado por um grupo de loriguenses, como prova de gratidão pela
maneira simples e singela como se dedicava a cantar fado de Coimbra, com os amigos,
homenagem que muito o sensibilizou e da qual falava vezes sem conto.
Foi submetido a várias cirurgias, mas a sua grande força e fé,
tornavam-no forte para poder suportar tudo com designação. Nos próprios
hospitais, apesar da gravidade da sua enfermidade, era ele que prontamente dava estimulo
aos outros doentes.
Era casado com Maria do Anjos Alves Pereira, também de Loriga e pai de Maria
de Fátima Alves Amaro Gonçalves.
Faleceu em 18 de Fevereiro de 2003, ficando Loriga mais pobre ao ver partir um dos
seus filhos mais queridos. Foram muitos o loriguenses que o acompanharam à sua
última morada, sendo o funeral realizado para o cemitério local onde
ficou sepultado. |
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António
Pinto Ascensão
1920 - 2005 |

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Nasceu em Loriga
em 8 Setembro de 1920, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de
Jesus Florêncio.
"Mestre Ascensão", como muitos assim o chamavam, foi um dos maiores
e mais conceituados maestros de música de Loriga e até mesmo da região.
Muito novo ainda, e depois de concluir o ensino primário, onde foi "aprovado
com distinção", começou a trabalhar numa das fábricas
da indústria de lanifícios local. Mas foi também desde muito novo
que nasceu nele a paixão pela música e, por isso, em 1935 iniciou a aprendizagem
de música na Banda de Loriga onde foi executante de grande valor até
1948, ano em que assume pela primeira vez a regência da banda.
Casou em 15 de Junho de 1946 com Maria dos Anjos de Brito Saraiva, casamento que durou
59 anos, só interrompido com a sua morte. Tiveram nove filhos, oito ainda vivos.
Apesar das dificuldades de então proporcionou a todos uma educação
de nível médio ou superior.
Homem de convicção e de ideias firmes, caracterizava-o o seu espírito
de iniciativa e acção, lutando sempre por aquilo em que acreditava, principalmente,
pela sua terra que tanto adorava. Verdadeiro bairrista e querendo o melhor para a sua
terra, nunca deixou de apresentar soluções e ideias, tanto de viva voz
como através da sua pena nos jornais, nomeadamente, da região sendo,
por vezes, mal compreendido.
Nos anos 50, António Pinto Ascensão, foi pioneiro da exibição
de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes aos
jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos.
Foi de facto, na época, uma lufada de cultura pois a maioria da população,
principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte.
Na década de 60, fecha a fábrica Leitão & Irmãos ,
onde trabalhava como encarregado de Ultimação. Desempregado e com quase
50 anos de idade, e todos os filhos a estudar, iniciou uma nova vida, abrindo uma loja
em Loriga, no ramo dos electrodomésticos, situada na "Carreira", tornando-se
um conceituado comerciante muito conhecido na região.
Por várias vezes foi regente da Banda da sua terra (1949/53; 1962/65; 1982/87).
Era um inovador por natureza quando assumia a regência de qualquer Banda, tendo
sempre presente a preocupação de arranjar repertório novo, que
tornaria qualquer Banda de música bastante mais rica.
Quando da sua última passagem pela Banda Recreativa Musical de Loriga, 1982/87,
foi o grande impulsionador da criação da publicação "A
Voz da Banda" que teve, na altura, uma certa expressão, a qual, depois
da sua saída, deixou de ser publicada.
Ainda nessa altura, e por sua iniciativa, a Banda teve uma Escola de música,
reconhecidamente muito importante, à qual aderiu muita juventude. Bem como,
foi criado em Loriga o grupo "Amanhã", ao qual o mestre Ascensão
deu preciosa ajuda contribuindo no aperfeiçoamento deste grupo de jovens de
cantares tradicionais.
Foi da sua autoria, a introdução do Hino "Ó Padroeira Amorosa"
na Festa da Nossa Senhora da Guia em Loriga, que remonta ao ano de 1950, um arranjo
do original cântico "Ó Padroeira Amorosa" que se cantava e ainda
hoje se canta à Senhora da Nazaré na cidade de Belém-Pará-Brasil.
Sem nunca deixar a sua dedicação à musica foi, durante cerca de
14 anos, regente da Banda de São Romão, onde desempenhou um trabalho
de grande relevo ainda hoje ali recordado. Regeu também, durante algum tempo,
as Bandas de Torrozelo e Paços da Serra.
Frequentou um curso de Aperfeiçoamento e Didáctica Musical na Fundação
Calouste Gulbenkian onde enriqueceu os seus conhecimentos musicais, que o habilitaram
para dar aulas de Educação musical, primeiro no Externato Nossa Senhora
da Conceição em São Romão e depois na Escola do Ciclo Preparatório
em Loriga.
Foi presidente da Junta de Freguesia de 1972 a 1976, anos problemáticos, em
que os meios financeiros eram escassos, conseguindo levar a efeito obras de grande
vulto, projectando Loriga como Vila mais moderna e, onde a preocupação
ambiental foi sempre presente, tendo nessa altura sido levada a efeito uma grande campanha
de incentivo junto à população, para uma Loriga mais limpa.
É de registar o facto de que, após a revolução do 25 de
Abril de 1974, a Junta de Freguesia recebeu o voto favorável dos loriguenses
numa reunião realizada no Salão Paroquial, completamente cheio.
Foi o grande impulsionador e um dos fundadores da Associação de Apoio
à Terceira Idade, um carência em Loriga, que apesar de o percurso não
ter sido pacifico, contou sempre com a força e o dinamismo do senhor António
Pinto Ascensão, para prosseguir, e que veio a concretizar-se, com a sua fundação
em 12 de Julho de 1990, sendo uma mais valia para os idosos da sua terra. Foi o primeiro
presidente desta Associação.
O "Mestre Ascensão" era um verdadeiro compositor de peças de
cariz popular, tendo ao longo da sua vida feito recolhas, e passou para o papel inúmeras
cantigas populares que, de outra forma, se teriam perdido.
Em 1988, foi ao maestro António Ascensão que o Etnomusicólogo
Michel Giacometi se dirigiu com o intuito de recolher os cânticos da Ementa das
Almas de Loriga. As gravações foram feitas em 5 de Outubro na Escola
Primária de Loriga.
A sua paixão pela música parecia ocupar todo o seu tempo. Entretanto,
e com mais de setenta anos, "descobriu" o computador para registar dezenas
de obras que graciosamente colocou à disposição das bandas de
música da região, ganhando mesmo vários prémios.
Em 1994, foi autor da letra e da música da marcha de São João,
classificada em primeiro lugar na cidade de Viseu. Em 1997 voltou a brilhar nesta cidade
ao conquistar novamente o primeiro lugar no concurso das marchas populares de Santo
António. A marcha que apresentou ganhou ainda os prémios para o melhor
arranjo musical e para a melhor letra.
Integrado na Associação Humanitária de Paranhos da Beira, o "Mestre
Ascensão" obteve nos anos 2003 e 2004, o primeiro prémio destinado
a temas de canções e poesia entre idosos, que anualmente se realiza nos
Concelho de Seia e Gouveia
No dia 3 de Julho 2003, a convite do Presidente da Câmara Municipal de Seia,
o maestro Ascensão, dirigiu, em simultâneo, sete bandas do concelho -
Loriga, Seia, São Romão, Torrozelo, Tourais, Carragozela e Santa Marinha,
na interpretação de uma marcha da sua autoria, especialmente composta
para esse dia, com o tema "3 de Julho dia de Festa" , dedicado à inauguração
da remodelação do edifício dos Paços do Concelho, e ao
mesmo tempo assinalando as comemorações do XVIII aniversário da
elevação de Seia a cidade.
Em 2005, apresentou em Loriga uma Marcha para as festas de São João.
É também da sua autoria a marcha do Centenário da Banda de Loriga,
a comemorar em Julho de 2006, que a actual Direcção em boa hora lhe pediu
para compor, o que fez com muito prazer e orgulho e que intitulou "Cavalgando
no Futuro".
A última manifestação pública, aconteceu no dia 11 de Outubro
2005, altura do seu 85º. Aniversário, quando a Banda Filarmónica
de Tourais se deslocou, propositadamente, a Loriga, para lhe fazer uma singela homenagem,
num reconhecimento público, ao trabalho e dedicação do "Mestre
Ascensão" por aquela Banda.
Poucos dias depois de ter completado 85 anos de idade, faleceu em Viseu no dia 29 de
Outubro de 2005, onde se tinha deslocado para um controle de saúde. O funeral
realizou-se em Loriga no dia seguinte, sendo sepultado no cemitério local.
Terminou assim, a partitura da sua vida recheada de acordes harmoniosos, pautada pelo
rigor e pela disciplina. Uma vida que começou no tear e acabou no computador,
sempre com a harmonia que a música exige.
Loriga viu também partir um dos seus maiores bairristas, ao qual muito ficou
a dever. |
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Dr. Carlos Leitão
Bastos
1920 - 2006 |
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Nasceu em Loriga
no dia 1 de Fevereiro de 1920, filho de Carlos de Jesus Bastos e de Maria do Patrocínio
Reis Leitão.
Ainda muito novo foi para Lisboa, onde começou a estudar, vindo a formar-se
mais tarde em medicina. Iniciou a sua actividade profissional no Instituto Português
de Oncologia como assistente de Anatomia Patológica, passando ainda pelo Hospital
de Santa Maria, onde esteve durante algum tempo. Habilitado pelo Instituto de Medicina
Tropical exerceu, também, por algum tempo, clínica em Luanda.
Desenvolveu trabalhos de investigação, um dos quais sobre ESFREGAÇOS
EM PARAFINA, em que os resultados foram publicados em separata da revista Clinica Contemporânea
tomo III Nr. 30 - Dezembro de 1949.
Radicado em Campolide (Lisboa) desde 1944, ali veio a instalar o seu consultório
e nele exercer a sua nobre profissão. Médico ilustre de elevado profissionalismo
e competência técnica, ao longo de mais de cinquenta décadas teve
o seu consultório instalado no pitoresco bairro de Campolide em Lisboa, onde
era credor do maior afecto e simpatia por toda a gente.
Devotou-se à medicina com paixão e total respeito por valor éticos.
A sua solidariedade com os economicamente débeis, granjeou ao longo da sua vida
enorme popularidade, nomeadamente no "seu" bairro de Campolide, cujas instituições
ainda hoje realçam este traço marcante da sua personalidade.
Sempre com o estetoscópio, que colocava aos ombros, assim que chegava ao seu
consultório, caracterizava-o a sua maneira simples, sincera e franca, ao mesmo
tempo de grande humanismo e nobreza de carácter e espírito de solidariedade.
Era conhecido por "médico
do povo"
onde, a sua determinação e firmeza, aliadas a uma certa humanidade, o
levou muitas vezes a consultas gratuitas a domicílios no Casal Ventoso, bairro
problemático de Lisboa e bem perto de Campolide.
Nos tempos negros da ditadura do salazarismo ficou também conhecido como o "pai dos pobres", devido às suas atitudes solidárias,
que segundo a PIDE, o procuravam associar ao ideário comunista.
Loriga era uma das suas paixões, adorava a sua terra e nutria um verdadeiro
carinho e afecto pela suas gentes. Desde muito novo participou activamente em iniciativas,
que com outros jovens loriguenses, também estudantes em Lisboa, os levaram à
fundação do Centro de Assistência, numa altura em que a mortalidade
infantil atingia a elevada taxa de 47%.
Colaborou numa exposição "Loriga vista pelas crianças",
com a realização de palestras sobre saúde pública, veterinária,
cultura geral e agronomia, que tiveram lugar no Salão da Residência Paroquial
e que foi de muita utilidade na época.
Apoiou com entusiasmo, inúmeras diligências junto das entidades competentes,
para elevar o nível de escolaridade em Loriga e que culminaria na construção
da Escola.
Foi o primeiro Director do Jornal "A Neve", fundado por ele e por um grupo
de amigos e bairristas Loriguenses, no ano de 1949, em Lisboa. Jornal que teve o seu
primeiro número em Março desse ano onde se podia ler no prefácio
da sua primeira página -Por
tudo e por todos - A bem de Loriga e da região.
Como se disse, foi o primeiro e único director do Jornal "A Neve"
enquanto na primeira fase da publicação de 1949 até 1951, ano
em que foi interrompida a sua publicação para, anos mais tarde, voltar
a surgir mas, desta vez, como Boletim Paroquial, que ainda hoje existe.
Verdadeiro bairrista e amigo de Loriga, que apesar de estar fora estava sempre atento
a tudo que se relacionasse à sua terra, nunca deixando, sempre que se tornasse
oportuno, de apresentar as suas ideias ou pontos de vista. Deu, igualmente, todo o
apoio à constituição da ANALOR e, sempre que podia, colaborava
no jornal "Garganta de Loriga".
Foi ao Dr. Bastos, que se ouviu pela primeira vez falar em turismo rural quando, em
determinada época, ele chegou a dizer existir potencial para, nesta área,
poder haver um meio de desenvolvimento para Loriga. Idealizou projectos de desenvolvimento
para um futuro turismo rural na sua terra, tendo mesmo dado os primeiros passos, não
se chegando a concretizar, infelizmente, por falta de apoios.
Grande entusiasta pelo Campismo e pelo Atletismo, era um fervoroso adepto e associado
do Sport Lisboa e Benfica, tendo sempre o hábito de dizer, para que todos soubessem,
"ser um benfiquista ferrenho". Chegou a ser galardoado com a "Águia
de Ouro" pelo Sport Lisboa e Benfica.
Pessoa de ideias firmes, costumava dizer que nada neste mundo o fazia abandonar a medicina,
porque "parar
depois da reforma é morrer" e, por isso, aos 83 anos ainda exercia a sua nobre profissão,
com toda aquela sua energia com que sempre se conheceu.
Faleceu em Lisboa no dia 12 de Fevereiro de 2006, o funeral realizou-se para a sua
terra natal, onde foi sepultado no cemitério local, como sempre foi o seu desejo.
Loriga viu partir um grande bairristas e amigo da sua
terra, ao qual muito ficou a dever, vendo-se também partir aquele, que na sua nobre missão,
aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam. |
*** |
António
Nunes de Brito
20.3.1920 - 4.9.2019 |

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Natural de Loriga
onde nasceu em dia 20 de Março de 1920, filho de António João
de Brito Amaro e Maria José Nunes de Brito.
Deixou sua terra natal no dia 6 de Maio de 1934 rumo a Lisboa, quatro
dias mais tarde, embarcava no navio "Amazónia" com destino ao Brasil,
mais precisamente à cidade de Belém do Pará, onde então
passou a viver quase toda a sua vida.
Chegou ao Brasil no dia 25 de Maio de 1934, tinha apenas 14 anos de idade,
começando a trabalhar no bar e mercearia Cruzeiro, onde trabalhou de 1934 a
1937. Depois trabalhou na padaria "Estrela Brasileira" e em seguida na mercearia
"O Vesúvio" e mais tarde iria trabalhar nas Indústrias Glória,
no centro comercial de Belém.
Foi sem dúvida uma das maiores figuras em Belém do Pará,
desde muito novo se dedicou em trabalhos em prol das comunidades portuguesas e loriguenses,
notabilizando-se desde logo num trabalho de destaque que o ocupou longos anos por serviços
prestados às associações portuguesas do Estado.
Além de trabalhar, Sr. Brito também matriculou-se em 1938
no Grémio Literário e Comercial Português - hoje Grémio
Literário e Recreativo Português, para cursar o curso de Contabilidade
no período nocturno, onde se veio a formar em 1941. Nesse período trabalhou
na J. Dias Paes & Cia onde foi chefe de contas e pelo meio trabalhando também,
no Consulado de Portugal em Belém
Em 22 de Agosto de 1946 decide retornar a Portugal para visitar sua terra
natal, quedando-se então por Loriga, onde abriu uma casa comercial na área
de electrodomésticos, que na época ficou muito conhecida em Loriga, entretanto,
começa a namorar com Maria Irene, casando-se no dia 9 de Janeiro de 1947. Em
Julho de 1948 nasceu sua primeira filha Maria Regina e em Fevereiro de 1951, a segunda
Maria Helena.
Nesse mesmo ano de 1951, decide voltar ao Brasil e assim em Dezembro desse
mesmo ano, deixou a mulher e filhas em Loriga e voltou para a cidade de Belém.
Um ano depois mulher e filhas, partem também para o Brasil para junto dele.
Fizeram a viagem no navio "Hildebrand" muito conhecido no meio loriguense,
por ter sido o barco de viagem de muitos loriguenses. Em Agosto de 1955 já no
Brasil nasceu sua terceira filha a primeira brasileira Maria Palmira (já falecida)
e em 1960 o seu quarto filho Nuno Henrique. |
Nesse mesmo
ano de 1951, decide voltar ao Brasil e assim em Dezembro desse mesmo ano, deixou a
mulher e filhas em Loriga e voltou para a cidade de Belém. Um ano depois mulher
e filhas, partem também para o Brasil para junto dele. Fizeram a viagem no navio
"Hildebrand" muito conhecido no meio loriguense, por ter sido o barco de
viagem de muitos loriguenses. Em Agosto de 1955 já no Brasil nasceu sua terceira
filha a primeira brasileira Maria Palmira (já falecida) e em 1960 o seu quarto
filho Nuno Henrique.
Em 1954 constituiu a firma Indústrias Glória Ltda., tendo sua esposa
como sócia, e que explorava o ramo de afunilaria e malária. Nesta empresa
permanece até 1982 onde se veio aposentar pela Previdência Social.
Em 1961 foi determinante na reorganização do Conselho da comunidade luso-brasileira,
um trabalho de responsabilidade e de grande utilidade. Sendo uma pessoa de grande destaque
no seio da comunidade portuguesa na cidade de Belém - Pará, onde foi
sempre bem demonstrativo o desempenho de trabalhos de relevo em prol da comunidade
luso-brasileira, numa maneira própria de determinação e sabedoria,
que foi sempre olhado pelo governo português como uma pessoa de impares qualidades,
que veio a reconhecer todos esses atributos, quando em Julho de 1993, o Dr. Mário
Soares, então Presidente da República, lhe atribuiu o título de
Comendador.
Muito conhecido na cidade de Belém, era também muito reconhecido pelos
seus méritos de estar sempre pronto a ajudar as associações, que
curiosamente com o seu conhecimento e vivência nas comunidades portuguesas, era
por isso sempre designado e solicitado para formular ou alterar os estatutos das associações,
por isso ter recebido carinhosamente no meio delas, o apelido de "Papa dos Estatutos". |
O "senhor Brito", ou mesmo "senhor Comendador" como era assim mais conhecido na comunidade Luso-brasileira,
esteve sempre muito ligado à grande comunidade portuguesa sediada nesta grande
cidade de Belém, bem ao norte do Brasil, com passagens importantes em diversas
associações portuguesas, onde foram sempre bem reconhecidos os seus dotes
de grande personalidade.
Associou-se às instituições Portuguesas desta cidade:
Centro Loriguense de Belém do Pará (sócio fundador), CAFIC (Centro
de Ação Filantrópica e Cultural) fundada pelo ex-cônsul
de Portugal, Dr. Júlio de Vasconcelos, Grémio Literário e Recreativo
Português, Associação Vasco da Gama, Benemérita Sociedade
Portuguesa Beneficente do Pará, Conselho da Comunidade Luso Brasileira do Pará
(sócio fundador) e Tuna Luso Brasileira.
Participou nas direcções de todas as associações,
exercendo o cargo de Presidente em diversas delas onde sempre desempenhou com muita
competência e dedicação, que como registando ter sido presidente
da Associação Vasco da Gama de Belém durante 24 anos.
Em 18 de Agosto 2012, no tradicional jantar dedicado em homenagem ao Dia
dos Pais, que se realizou na Associação Vasco da Gama, resolveu esta
associação homenagear o senhor António Nunes Brito, como o "Pai
do Ano" que para o efeito lhe foi oferecido uma placa comemorativa, que muito
o sensibilizou.
No dia 1 de Setembro de 2019, por motivo de uma queda em sua casa, foi
hospitalizado, ficando a família com alguma preocupação e a recuperação
não veio acontecer falecendo na madrugada do dia 4 de Setembro 2019, tinha 99
anos de idade. Já algum tempo que era considerado o loriguense mais idoso da
comunidade loriguense em Belém - Brasil e também o loriguense mais velho
no conceito geral.
Uma longevidade de vida com dádiva de Deus, adorado e amado pela
família e amigos o Senhor o chamou para o seu Reino, com o seu funeral a ser
realizado para o cemitério de Santa Isabel na cidade de Belém, a terra
por opção que passou desde muito novo a ser também sua. Resta-me
dizer Descanse em PAZ. |
*** |
Armando
Fernandes dos Santos *
1921 - 1952 |
Armando "Folhadosa"
assim conhecido, era natural de Loriga onde nasceu no ano de 1921, ficando órfão
ainda muito novo, depois de fazer a quarta classe foi trabalhar e viver com o padrinho
Sr. António Folhadosa, um oficial sapateiro com nome nas redondezas, que tinha
uma sapataria junto ao Poleirinho, por onde também passariam outros que mais
tarde se viriam a tornar grandes sapateiros.
Anos depois da morte do padrinho, o Armando viria a tomar conta da gerência da
sapataria, onde se viria a tornar num sapateiro de sucesso. No entanto, viria a morrer
ainda muito novo, vitima de uma doença existente nesses tempos, que o minava
e para a qual na época ainda não era possível a cura eficaz.
Foi um grande dinamizador do futebol em Loriga, onde jogava a guarda-redes, e foi no
apogeu da sua mocidade que foi fundado o Grupo Desportivo Loriguense, tendo os fundadores
encontrado no Armando "Folhadosa" um dos principais apoiantes. Nessa altura
não havia campo de futebol e era no Terreiro da Lição, Fonte do
Mouro, Sargaçal e mais tarde o Campo da Vista Alegre onde era jogado esse desporto,
o único em Loriga na época.
Acérrimo defensor e grande adepto do Sporting que nessa altura dominava por
inteiro o panorama futebolístico nacional, foi ele que lançou a semente
do seu sempre querido clube cujos adeptos estavam em maioria em Loriga. A sua sapataria
era um repositório dos grande ídolos daqueles tempos, Soeiro; Peyroteo;
Pireza; João Cruz; Azevedo; Cardoso; Mourão; os famosos violinos etc.,
onde ali podiam ser vistos em todos os tamanhos.
Com naturalidade, a sua sapataria era lugar de tertúlia, onde todos se informavam
e discutiam os assuntos desportivos, principalmente o futebol, e onde os jornais e
revistas da época:- Sports, Stadium e o recém aparecido "A Bola"
faziam parte da mobília.
Faleceu em 10 de Maio de 1952 com apenas 31 anos, sendo sepultado no cemitério
local, vendo Loriga partir um grande desportista que muito tinha a dar à sua
terra, mas que infelizmente, ainda muito novo partiu para sempre. |
* António José Leitão |
*** |

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Armando Reis Fernandes
Leitão
1922 - 2023
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Pelas redes
socias chegou até mim a notícia do falecimento do senhor Armando Reis
Fernandes Leitão, um centenário loriguense, mais conhecido no nosso meio
por "Armandinho Leitão" que tinha feito os 100 anos de vida, no dia
23 de Agosto do passado ano 2022, uma pessoa por quem tive sempre uma enorme estima
e admiração, tendo o privilégio também de ter pertencido
ao seu círculo de amigos, bem como, o prazer de o ter sempre e desde a primeira
hora, como um assíduo visitante da minha página www.loriga.de.
Não dei a notícia do seu falecimento nesta minha página como sempre
por norma o faço, por respeito a um pedido seu que um dia me pediu, quando na
última vez que estive com ele, um ano antes da Pandemia, nos encontramos e assentados
num dos bancos da "Carreira" em dado momento me disse "caro amigo Adelino
um dia que eu morra não quero que publiquem a notícia, já também
disse à família, por isso, peço-lhe que não dê também
a notícia". Fiquei por momentos calado e pensativo mas depois lhe disse
"se assim é, respeito essa sua vontade". Esse seu pedido ficou registado
na minha memória, que resolvi cumprir religiosamente tal como me pediu.
Mas hoje recordar aqui nesta minha Página, Armando Reis Fernandes Leitão,
é pois uma Evocação e ao mesmo tempo uma homenagem a uma pessoa
notável, que como dádiva de Deus o fez atingir a idade dos três
dígitos. Fazia no próximo mês de Agosto os 101 anos de idade.
Pessoa afável e dócil, por quem tive muita admiração e
estima, de uma enorme cultura e inteligência que como cheguei a dizer "era
uma autêntica enciclopédia viva", estou em crer, que foi o loriguense
que mais viajou pelo mundo inteiro, no desempenho da sua vida profissional, parece
mesmo que não haverá um local pelo planeta que não tivesse visitado.
Quando me contava por onde andou por esse mundo fora, lhe disse "senhor Armando
você é um homem do mundo" considerava-o mesmo uma figura de Loriga,
que apesar da sua idade conservava uma memória impressionante que me fascinava
e me agradava imenso com ele conversar, que na verdade o irei ter na minha memória
deixando-me imensas saudades.
Um conversador de natureza, que sempre ao encontrar-me com ele tinha sempre um montão
de histórias para me contar, sabendo que eu vivia perto de cidade de Hamburgo,
um dia me disse "sabe que também estive onde você vive" ou seja
em Hamburgo, a cidade dos sonhadores e que também muito o encantou, me chegou
a falar de locais que eu conheço, que pelo meio do seu sorriso contagiante me
falou também de St Pauli, um local mundialmente conhecido, famoso e turístico.
Um dia, o senhor Armando Leitão e já aposentado, deixou o rebuliço
e os ares suspeitos de Lisboa onde vivia, o que aliás, são esses os quotidianos
próprios das grandes cidades, resolveu radicar-se na sua adorada Loriga, onde
passou a viver a tranquilidade e o prazer de respirar os ares puros que purificam os
pulmões e provavelmente o fizeram rejuvenescer ainda mais o desgaste que despendeu
ao longo dos anos.
A partir de então era por Loriga que o passei a ver mais vezes e a mantermos
as conversas mais em dia, surpreendia-me sempre com a sua longevidade e sempre com
uma boa disposição que nos apegava uma certa alegria, andava por todo
o lado e não prescindia de fazer o seu passeio matinal, normalmente até
à praia fluvial, onde ali se deliciava com o sol e ao mesmo tempo se regala
com ar fresco que vem da água cristalina.
Mas na verdade mais tarde ou mais cedo os anos vão pesando cada vez mais, vim
um dia a saber que o senhor Armando tinha deixado Loriga, passando a ser utente num
lar de idosos muito longe da sua terra, foi ali que celebrou o seu centenário
no dia 23 de Agosto de 2022. A partir dessa data do seu centenário, passou a
figurar na Galeria dos Loriguenses Centenários que criei na minha Página,
homenageando dessa forma todos aqueles nossos loriguenses que tiveram o privilégio
nesta vida de atingirem esta bonita e sonhadora idade dos 100 anos de idade.
Ao saber do seu falecimento ocorrido no passado domingo dia 21 de Maio de 2023, fiquei
triste e emocionado, vendo partir desta nossa vida um homem notável que foi
um prazer o ter conhecido e ao mesmo tempo ter tido por ele grande carinho e estima.
O funeral foi realizado em Loriga, hoje terça-feira dia 23.5.2023, regressando
assim á sua adorada terra natal, para então sim, repousar e dormir com
tranquilidade o sono eterno. Até um dia caro amigo Armando Leitão. Descanse
em PAZ. |
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Dr. Carlos Pinto
Ascensão
1922 - 1997 |

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Nasceu em Loriga
no dia 25 de Dezembro de 1922, onde também frequentou a escola primária,
filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio.
Com 13 anos de idade seguiu para o Seminário tendo passado por Santarém,
Almada e Olivais. Anos mais tarde abandonou a vida eclesiástica e, no ano de
1944, ingressou como funcionário na Casa Pia de Lisboa.
Entregando-se ao trabalho de educação dos adolescentes especialmente
aos deficientes visuais e auditivos, foi ocupando nesta instituição sempre
cargos de relevância, onde foi também granjeado a simpatia geral, vindo
mesmo a ocupar funções directivas, nomeadamente no Instituto Jacob Rodrigues
Pereira, tendo sido também Presidente da Associação Portuguesa
de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos.
Personalidade de reconhecido prestígio no plano internacional, viajou por todo
o mundo em representação da Casa Pia, sempre com grande sentido do cumprimento
do dever. Foi representante de Portugal no BIAP - Bureau Internacional de Audiophonologie,
sendo por sua iniciativa criada uma Comissão Internacional a que presidiu desde
a sua criação.
Ao longo da sua carreira escreveu muito, principalmente dos temas que ele tão
bem conhecia relacionados com o deficiente, colaborando em vários jornais e
revistas destacando-se entre outros:- Diário popular; A Capital; o Diário
de Noticias e a Flama.
Dedicando toda a sua vida àquela Instituição, apesar de aposentado
em 1992 a ela continuou ligado como Director da Revista da Casa Pia de Lisboa e também
como Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos
de Reabilitação de Surdos.
Era por vezes acusado de ter esquecido Loriga, ao que ele respondia "Que se lembrava da sua terra todos os dias, e se há
quem pense que ser bairrista é estar sempre presente em cima da terra, ser bairrista
é fazer pela terra tudo quanto se pode sem se esquecer dela".
Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em 1949, tendo colaborado com os
seus escritos nos programas das Festas da Vila realizadas na década 50 e 60,
escrevendo ainda alguns artigos no Jornal "Garganta de Loriga" nestes tempos
mais recentes.
Em 17 de Março de 1993, no Palácio da Ajuda, o Dr. Carlos Ascensão
recebeu das mãos do então Presidente da República, Dr. Mário
Soares, as insígnias de Comendador da Ordem de Mérito, numa consagração
oficial e pública de uma vida dedicada à solidariedade.
Faleceu no dia 23 de Agosto de 1997, vendo Loriga partir um dos seus filhos que se
notabilizou fora dela, mas que a deixou mais enriquecida na sua história. |
*** |

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Manuel Dinis Pereira
*
1923 - 1996 |
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Nasceu em Loriga
a 1 de Junho de 1923, vindo a notabilizar-se ao longo de muitos anos pelo seu desempenho
profissional no serviço de saúde, não só na sua terra como
ainda nas freguesias periféricas. Era o Enfermeiro, mas em certas situações
pareceu ser o médico.
A sua humildade tornavam-no num homem simples, sendo um grande bairrista que adorava
todas as coisas da sua terra. Além de tudo era um loriguense convicto e que
acreditava na palavra, por isso a popularidade e a amizade que sempre granjeou dos
seus conterrâneos.
Após concluir a escola primária o médico de Loriga Dr. Andrade,
chama-o para o seu consultório, passando a ser o seu "moço de recados"
o que durante anos não parecia passar disso mesmo. No entanto o "Ti Manel
Barriosa" como era assim chamado, foi deitando o olhar por tudo o que o rodeava.
Tornou-se um ajudante imprescindível do médico, com quem teve sempre
um bom relacionamento, muito embora este só o tenha inscrito na Previdência
Social um pouco tarde, colaborou, após a morte do Dr. Andrade, com o filho deste,
Dr. Jorge Andrade e, mais tarde, durante muitos anos, com o Dr.Bandeira.
Foi adquirindo experiência, e apesar de não ter curso de enfermagem, adquire
mesmo o estatuto de enfermeiro de Loriga. Deu injecções sem conto e,
neste serviço de enfermagem aventura-se mesmo a fazer muito mais, chegando ao
ponto de tirar dentes e a dar sem querer nada em troca medicamentos que ele por vezes
conseguia de amostras de propaganda médica.
Esta figura de Loriga marcou na sua terra uma época em que nunca poderá
ser esquecido, destacando-se entre outras actividades, o ter sido um potencial impulsionador
do teatro amador nesta localidade. Muitos ainda recordam quando pela sua mão
houve a possibilidade de ser colocada em cena a "Casa do Pai" talvez um dos
maiores êxitos que o teatro amador desta Vila conheceu. Homem simples e bom,
foi sem dúvida muito importante e de grande utilidade para Loriga, pois estava
sempre pronto para ajudar em tudo que fosse realizações de carácter
cultural na sua terra. Havia até quem o chamasse de "festeiro", atendendo
às ideias e iniciativas que pôs em prática, mesmo sendo ele a pagar
do seu próprio bolso, para que tudo fosse possível fazer.
Fez parte da Direcção da Banda de Música durante muitos anos,
onde ainda hoje é recordado com saudade e foi, durante sete anos mordomo da
Festa da N.S. da Guia, sendo ele também o promotor, em 1963 das primeiras marchas
populares realizadas em Loriga.
Os tempos mudaram foram surgindo os enfermeiros habilitados, o "Ti Manel Barriosa"
o "Enfermeiro" de Loriga deixou de ser menos solicitado, mas nem por isso
foi esquecido por muitos a quem ele, dedicadíssimo, prestou preciosa assistência.
Faleceu a 21 de Outubro de 1996, vendo a população partir aquele que,
na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que
o procuravam. |
* Albrito |
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José Nunes
Moura
1923 - 2006 |

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Nasceu em Loriga,
no dia 24 de Março de 1923, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito
Moura.
Depois de concluir a escolaridade obrigatória, prosseguiu outros estudos, tendo-se
especializado em Técnico Debuxador.
Regressou à sua terra e ingressou na Fábrica da Fândega e, mais
tarde, na Sociedade Moura Cabral.
Homem de trato fácil e de uma amabilidade extrema era, acima de tudo, um homem
de corpo inteiro, sempre presente nas iniciativas em prol de Loriga demonstrando, assim,
um louvável bairrismo e um profundo respeito e adesão aos valores do
associativismo.
Fez parte dos órgãos sociais de várias colectividades da sua terra,
nomeadamente, da Banda Filarmónica, do Grupo Desportivo, do Sindicato, bem como
fez parte da autarquia como Secretário da Junta de Freguesia, mandato dos últimos
anos da década de 1950.
Em 1961 constituiu uma sociedade comercial com os senhores Carlos Nunes Cabral e seu
filho Carlos Nunes Cabral Júnior, designada "Carlos Cabral, Limitada",
com sede em Lisboa, na Rua da Prata, nº 199, 1º. Esquerdo, com vista à
comercialização de fazendas e lanifícios.
Radicou-se então em Lisboa, onde passou a desempenhar a sua actividade. Após
a extinção da referida sociedade, passou ele próprio a dedicar-se
à comercialização de fazendas e também de malhas, tendo
instalado o seu escritório na Praça da Figueira, onde esteve sediado
durante muitos anos.
Adorava a sua terra, que visitava com regularidade, estando sempre muito atento a tudo
que se relacionava com Loriga sendo, por isso, bem reconhecido o seu bairrismo e dedicação
às causas em prol da sua terra. Qualquer iniciativa levada a efeito, a presença
do senhor José Moura era uma referência, mostrando sempre disponibilidade
para dar o seu apoio. Até mesmo nos funerais dos seus conterrâneos falecidos
em Lisboa, era sempre uma presença pois, de maneira alguma faltava para os acompanhar
à ultima morada.
Casado com Maria Teresa Nunes Cabral, da qual teve três filhos e, com netos e
bisnetos era-lhe reconhecido a grande dedicação à sua família.
Em 14 de Março de 1997, sofre um rude golpe com a falecimento da sua esposa.
Desde então, passou a ver-se o senhor "Zé Moura" como popularmente
era assim chamado, caracterizado com o preto do luto.
Foi um grande apoiante da Associação de Apoio da 3ª. Idade, da qual
era associado e que não esqueceu, tendo deixado em testamento a quantia de 5.000
Euros a esta associação. Entre outras doações não
esqueceu também a Banda, à qual doou um belíssimo e artístico
móvel, que veio enriquecer uma das salas desta instituição musical.
Construir uma casa na sua terra, era uma sonho que sempre alimentou, o qual veio a
concretizar e onde, com mais regularidade, pode passar um pouco mais do seu tempo.
Foi convidado de honra nas comemorações do Centenário da Banda
realizadas em Julho de 2006, o último acto público em que esteve presente,
antes da doença que o vitimou.
Faleceu em Lisboa, no dia 3 de Novembro de 2006, com a idade de 83 anos. O funeral
realizou-se em Loriga, onde foi sepultado no cemitério local, vendo os loriguenses
desaparecer um seu conterrâneo, com uma personalidade bem marcante, caracterizada
pela simpatia e simplicidade na sua relação com os outros, pelo seu sorriso
amável, e também pela estima e o respeito como tratava toda a gente. |
*** |

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Laura Moura Pina *
1923 - 2007 |
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Nasceu em Loriga
em 19 de Fevereiro de 1923, filha de Plácido Aparício Pereira e de Maria
do Carmo Moura Pina.
De muito nova se apegou às coisas da Igreja na sua terra. Logo na catequese,
entrou para o organismo das filhas de Maria, e da Cruzada, no tempo do saudoso Padre
Lages e não mais se viria a despegar dos diversos organismos católicos
da sua terra.
Catequista zelosa durante largos anos. Zeladora do Apostolado da Oração
e desagravo ao Sagrado Coração de Jesus. Era vê-la em muitas procissões,
levando bem erguido o guião, sem que algum complexo lhe assaltasse a sua mente.
Locista, interveniente nas famílias com problemas sociais e outros.
Cantora de sempre nos grupos corais da Igreja, tinha muito gosto de cantar era mesma
uma apaixonada, cantava como ninguém todo o Te Deum de Perosi sem falhar nada,
tinha um hábito de entoar bem alto a sua voz "que era para Nosso Senhor
a ouvir" como costumava dizer.
Casou com José Duarte Gouveia conhecido por "Zé da Volta" que
era para ela o melhor marido do mundo. Tiveram 10 filhos, mas chegaram a criar 11,
ao ter tomado conta do filho da sua irmã falecida em Coimbra logo após
o parto. Criou o seu sobrinho Joaquim ao mesmo tempo da sua filha Filomena, costumando
dizer "que era uma mama para cada um".
A tia Laura da "Santa Eufêmea" como popularmente era assim conhecida
foi no campo das habilidades, uma pessoa fora de série, nomeadamente nas sua
qualidades inigualável na área de laborar rendas, manejando as agulhas
como ninguém era capaz de o fazer.
Tudo imaginava e tornava mais belo desde lavores simples aos mais complicados, ao ponto
de ornamentar as garrafas, com vestidinhos todos diferentes, cada qual com o seu chapeuzinho.
A sua última paixão e da qual se orgulhava era fazer terços de
renda que oferecia às pessoas com o propósito que fossem rezados, mesmo
já doente no Hospital no Luxemburgo, chegou a fazê-los para depois os
oferecer às enfermeiras.
Na realidade os seus trabalhos mereciam figurar em museu tal é a grande obra
de arte que executou ao longo dos anos.
Quis Deus que a Tia Laura fosse morrer ao Luxemburgo, onde se encontrava de visita
à família, cumprindo assim a mesma sina que seu filho Tó que ali
morreu precisamente no mesmo Hospital. Regressou já sem vida à sua terra
onde foi sepultada no cemitério local, vendo os loriguenses desaparecer uma
das sua conterrâneas reconhecidamente admirada e estimada por todos. |
* Extractos retirado do artigo
de A.Brito
(Jornal "Garganta de Loriga/2007) |
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Padre António
Bernardino do Nascimento Barreiros
1923 - 2006 |

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Nasceu em Castelejo
(Fundão) a 25 de Fevereiro de 1923, filho de Francisco Bernardino do Nascimento
e de Angelina Fernandes Barreiros.
Frequentou os Seminários Diocesanos de 1936 a 1946. Foi ordenado sacerdote por
D. João Oliveira Matos a 4 de Agosto de 1946.
Exerceu ministério pastoral em Aldeia Nova - Trancoso (1946 -1950), Vale de
Prazeres (1950), Loriga (1966) e Loriga e Cabeça (1972), sendo mudado para o
Fundão em 1979 onde serviu a paróquia de São Martinho durante
27 anos.
Foi ainda Arcipreste do Fundão (1983 -1988); Administrador Paroquial de Aldeia
de Joanes e Aldeia Nova do Cabo (1985 - 1987); Professor de Religião e Moral;
Director e Capelão do Abrigo de S. José e foi membro do Conselho Presbiteral
(1997).
Durante os 13 anos que esteve em Loriga, (1966-1979) ficou na recordação
de muitos o grande trabalho apostólico desenvolvido nesta vila, que ele passou
a gostar, tendo deixado Loriga com muitas saudades.
Tendo na altura substituído o senhor Padre Prata, esperava-o um legado paroquial
de certa forma rico de simbolismo, que o senhor Padre Barreiros tudo fez para dar continuação
à obra deixada pelo seu antecessor, levando a empreender simultaneamente iniciativas
que foram importantes para a paróquia.
Ao partir está ainda na memória as palavras de carinho que transmitiu
ao povo loriguense: - "Vou
deixar-vos. Parto pobre, e parto rico. Parto pobre, porque nada levo do que é
vosso e deixo-vos a doação de quase 13 anos de vida gasta por cada um
de vós, e essas centenas de contos economizados para a remodelação
da Igreja Paroquial e de que não tive tempo de alindar como desejava.
Parto rico, porque rico de amizades de carinho, rico de atenções que
sempre me foram dispensadas. Se incompreensões houve para comigo ou para com
a minha actuação apostólica, sinto que tudo sempre desaparecia,
lembrando as ondas do mar a desfazerem-se em branca espuma.
Vai fazer 13 anos que tomei posse de Loriga acompanhado do carinho das minhas irmãs,
das lágrimas dos amigos que deixava e das flores e alegrias que me dispensastes
ao chegar. E convosco quero viver a saudade das pessoas e das coisas, a saudade desta
serra, onde a neve branca das suas cristas nos convida a renovar a nossa vida. Saudades
das diversas ermidas que restaurei e onde ensinei a rezarem e orei com a alma fervorosa
deste povo, sobretudo nas grandes solenidades de N.S. da Guia.
Saudade das crianças, que amei sempre com um pai. Saudade dos adultos, a quem
amei com irmão. Saudade da juventude que tantas alegrias me deu nas noites de
trabalho apostólico. Saudade dos pobres, que me deram a honra de viver comigo
na pobreza. Saudades dos abastados, que acolheram sempre a minha humildade. Saudades
dos patrões e operários, que convivíamos como uma família.
Saudade de vós católicos que me edificastes com a Fé. Saudades
dos doentes que me ensinaram a compreenderem o mistério da dor. Saudade de todos
vós, quando colaborastes comigo de mais perto nos diversos campos do apostolado,
tantas vezes cercados de incompreensões e sofrimento, mas fortes no amor.
A todos levo no coração,
porque a saudade é a ausência feita de presença e a presença
de ausência".
Os últimos tempos da sua vida residia no Lar da Santa Casa da Misericórdia
do Fundão por motivo de doença que o impossibilitou de continuar a exercer
o trabalho pastoral na paróquia do Fundão
No dia 5 de Agosto poucos dias antes da sua morte, o Padre Barreiros cumpriu 60 anos
desde a sua ordenação, tendo decorrido uma missa em sua homenagem na
Igreja Matriz do Fundão, presidida por D. Manuel Felício, bispo da Guarda.
Na altura, o bispo da Guarda elogiou a "dedicação e vontade"
do padre António Barreiros à comunidade religiosa
Faleceu no dia 22 de Agosto de 2006 com a idade de 83 anos, após doença
prolongada, nesse dia ainda foi assistido nas urgências do Centro Hospitalar
da Cova da Beira - para onde se dirigia com vista a receber tratamentos - mas acabou
por não resistir. |
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Padre Francisco
Borges de Assunção
1923 - 2006 |
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Natural de Travancinha
(Seia) onde nasceu em 25 de Janeiro de 1923. Filho de Henrique Borges Assunção e Maria Olivia de Almeida Serra.
Entrou para o Seminário do Fundão, donde, depois de quatro anos de preparatórios,
passou para o Seminário da Guarda. Aqui estudou a Filosofia e a Teologia, para
no fim, em 4 de Agosto de 1946, receber a Ordenação Sacerdotal das mãos
do Senhor Bispo da Guarda.
A Missa Nova ocorreu em 18 de Agosto de 1946 e após um ano de apostolado como
Coadjutor, foi Pastor dedicado às ovelhas que lhe foram confiadas durante cinquenta
e quatro anos em várias Comunidades Paroquiais, só deixando esta sua
actividade aos setenta e oito anos, por motivo de doença incapacitante.
Foi Pároco em Loriga durante 22 anos (1979-2001) onde exerceu um trabalho Pastoral,
Apostólico e espiritual de grande relevo, que destaca também a sua grande
sensibilidade pelos problemas sociais.
Chegou a Loriga no dia 28 de Outubro de 1979, sendo recebido com uma afectuosa e calorosa
recepção, como é timbre do povo da hospitaleira vila de Loriga,
que o surpreendeu e sensibilizou, como mais tarde o veio a dizer. Veio da freguesia
de Arcozelo da Serra para substituir o Padre António Bernardino do Nascimento
Barreiros, que entretanto tinha sido colocado no Fundão
Na Portela do Arão foi-lhe apresentado os primeiros cumprimentos pelas autoridades
e as mais importantes individualidades de Loriga, organizando-se de seguida o cortejo
de algumas dezenas de automóveis até Avenida Augusto Luís Mendes,
que se encontrava apinhada de gente, destacando-se também todos os organismos
católicos da Paróquia e públicos, que dessa forma apresentaram
boas-vindas, formando-se um luzido e enorme cortejo a caminho da Igreja Paroquial,
no qual e durante percurso foram-se sucedendo muitas provas de muita demonstração
de carinho e Fé, com vivas, cânticos e aplausos.
Homem bondoso, afável, atento e com muita sensibilidade e preocupação
social. Confrontado com incompreensões e até alguns desafios, respondeu
sempre com sofrimento e silêncio sem desfalecimentos, não se desviando
da rota por si almejada, que houvera traçado.
Foi uma pessoa dotada de grande capacidade de trabalho, empreendedor, pragmático,
determinado, directo e frontal, soube desde a primeira hora, estar atento às
necessidades mais prementes de Loriga, não se poupando a sacrifícios
dos mais díspares, afectando a sua própria saúde.
Assim que se familiarizou com Loriga, mostrou grandes preocupações de
ordem social, extrema sensibilidade e um especial carinho pelos mais velhinhos e necessitados
de ajuda. Durante a sua permanência nesta vila, deixou obras de largo alcance
social, onde se destaca entre outras a Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia, hoje
de vital importância para os idosos de Loriga e da região, que a todos
recebe de braços abertos e que de certa maneira é o "ex. líbris da Vila de
Loriga",
considerada como Obra da Coragem. O seu mentor considerá-la-á sempre
"como
a pupila dos seus olhos",
pois são vivências que marcam e nunca esquecem, "finis coronat opus".
É na realidade de realce a obra que fez em Loriga, que de certa forma ficará
para sempre como um figura marcante, e que se deve recordar e que aqui registamos.
- Para os que começavam a jornada da vida, incentivou a acção
das Creches, Jardim-de-infância e A.T.L.s, e para os que já se encontravam
no ocaso da sua existência, criando Centros de Dia e Lares para Terceira Idade.
A Formação de leigos conscientes das suas responsabilidades apostólicas,
foi uma constante da sua vida Pastoral. Saliente-se, que paroquiou simultaneamente
Loriga, Cabeça e durante nove anos, Alvoco da Serra.
Construção de raiz de um Pavilhão para Creche, Jardim Infantil
e A.T.L. Restauro e requalificação total da Casa de Nossa Senhora da
Conceição, destinada à prática da Catequese, reuniões
e actividades de outros organismos apostólicos.
Requalificação de um espaço físico para funcionamento do
Centro de Dia para Idoso Grande restauro e requalificação da Igreja Paroquial
no seu interior e exterior. Do seu interior consta um novo tecto, uma nova pavimentação
com colocação de granito na coxia central, colocação de
lambrim de azulejos nas paredes do templo sagrado, dotando-o ainda com novas bancadas.
No exterior, colocação de vitrais e devolução à
origem do seu esplendor granítico.
Obras na Casa Paroquial, dotando-a de melhores condições de habitabilidade,
não descurando o restauro do Salão Paroquial, para desenvolvimento de
actividades pastorais e lúdicas.
Melhorou a Sede social do Centro de Assistência Paroquial de Loriga. Ajudou a
criar a Casa Mortuária, valência que Loriga apreciou e continua a evidenciar.
Lançou meios estruturais para o exercício dos Movimentos Apostólicos.
Estimulou Loriguenses responsáveis que operaram na transformação
da Capela e recinto de Nossa Senhora da Guia, Capela e Largo de S. Sebastião
e Capela de Nossa senhora do Carmo.
E por fim a construção da Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia (Lar
de Idosos) a mais importante obra concluída em Loriga nestes últimos
anos.
Em 4 de Agosto de 1996 fez a suas Bodas de Ouro Sacerdotais, sendo realizada a Festa
Jubilar em Loriga no dia 08 de Agosto de 1996, numa bem demonstrativa e afectuosa celebração
à qual se associou toda a população local.
Já minado pela doença, por vezes deixava transparecer a sua falta de
saúde, mas remando sempre contra as ondas de um mar encapelado que ele próprio
fazia acalmar, não obstante o seu corpo franzino, surpreendendo todos os que
o conheciam pela sua heroicidade.
Deixou a Paróquia de Loriga no ano de 2001, por motivo de saúde. Em 2006
festeja os seus sessenta anos de Sacerdócio. Em 2007 escreve e publica o livro
das suas memórias "Subindo
Sempre"
obra editada pela editora Psicosoma, que retrata bem a simplicidade e humildade memorial
do seu autor. E, como poeta, a Evangelização veio ao de cima, através
dos poemas que iam sendo publicados no seu jornal paroquial "Ecos Paroquiais".
Faleceu no dia 24 de Maio com 86 anos, no Hospital Sousa Martins na Guarda, pela manhã,
com a Cerimónia Fúnebre, presidida pelo D. Manuel da Rocha Felício,
Digníssimo Bispo da Guarda, a realizar-se dois dias depois (26 de Maio) em Travancinha
sua terra natal, onde se deslocaram muitos loriguenses para estarem presentes e acompanharem
o seu corpo à última morada no cemitério local, onde ficou sepultado.
Assim os loriguenses vêem desaparecer uma figura, que não sendo da sua
terra, muito fez por ela e ao qual Loriga muito ficou a dever e tal como foi dito nessa
hora em nome dos Loriguenses, tudo que fez por Loriga "jamais se apagará". |
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José do
Nascimento Claro
1924 - 2009 |
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Nasceu no lugar
da Sobreda, freguesia do Seixo da Beira, concelho de Oliveira do Hospital, no dia 9
de Outubro de 1924. Filho de Manuel António Claro e Maria da Conceição
Henriques.
Em 1936 e após a instrução
primária, com a idade de 12 anos, foi trabalhar para Loriga, com o seu conterrâneo
senhor Manuel da Sobreda, que possuía uma taberna, situada na cave da antiga
Farmácia Popular, na então chamada Rua Escura. Poucos meses depois, foi
trabalhar para a padaria do Sr. José Maria Pinto, onde se manteve até
aos 17 anos, não imaginando que começava assim dessa forma uma longa
vida na área da Panificação.
Nessa fase da sua adolescência
regressou para a sua terra Natal e, a convite de um seu tio foi trabalhar para Vila
Nova de Tazém, na mesma actividade de panificação. No entanto,
parecendo ficar nele uma certa adoração por Loriga, resultante dos cinco
anos que lá esteve, um ano depois de ter dali partido, não resistindo
à saudade, regressa para Loriga e novamente foi trabalhar para a Padaria do
senhor José Maria Pinto, onde permaneceu até a idade de 26 anos.
Em 1950 e com a idade dos 26
anos, foi-lhe apresentada uma proposta para adquirir a padaria do Sr. José Lages,
conhecida como Padaria do Vinhô, onde aí se estabeleceu por conta própria,
tornando-se num dos maiores padeiros que existiram em Loriga, reconhecido como um profissional
sério, trabalhador e dedicado à sua arte, bem definida no seu espírito
empreendedor que o levou a desenvolver a qualidade do pão, nomeadamente do "paposseco",
trigo-milho, da "poia", o centeio e da famosa broa de milho, reconhecida
não só em Loriga, mas também na região e até muito
afamada na área da grande Lisboa.
Empresário de sucesso
na área de Panificação, que o levava a trabalhar sete dias por
semana, apesar disso, conseguia algum tempo para se dedicar às causas comunitárias
da sua terra de opção, tornando-se mesmo numa verdadeira força
viva de Loriga. De uma educação extrema, era amigo do seu amigo um dos
atributos bem reconhecidos por todos que com ele mais de perto vivia e por quem a população
por ele nutriu sempre uma verdadeira admiração e respeito.
"Zé Claro" como popularmente era assim chamado,
passou por vários órgãos sociais dos vários organismos
de Loriga, com um contributo importante que muitos ainda hoje recordam, pela sua determinação
e visão de olhar as coisas pelo positivo, foi mesmo associado de todas as colectividades
loriguenses. Na verdade foi sempre um verdadeiro entusiasta, comunicativo, atento e
participativo, que o aliou ao enraizado saber académico 4ª Classe, com
o dinamismo do saber-fazer e saber-ser, construído ao longo da sua carreira
profissional. A sua maneira de pessoa de bem, foi marcante, que ficou para sempre na
memória daqueles que se cruzaram consigo
Conhecido como um acérrimo
adepto do Sport Lisboa e Benfica, muitas vezes era vê-lo a conversar sobre o
seu clube de paixão, sofrendo mesmo quando as coisas não corriam tão
bem ao seu clube.
Pertenceu à comissão
constituída por vontade de 25 loriguenses de todas as condições
sociais, que outorgaram a respectiva escritura pública em 12.07.90, para a fundação
da Associação Loriguense de Apoio à Terceira Idade e já
por fim foi também um dos outorgantes da escritura da Confraria da Broa e do
Bolo Negro de Loriga, em 6 de Dezembro de 2008, último serviço público
em prol da terra que ele tanto adorava e que era também dele, apesar de nela
não ter nascido.
Homem de família, realizado,
que juntamente com a sua mulher Ilda Mendes Moura, construiu não só o
seu sucesso empresarial, mas também familiar ao longo de quase 61 anos, tendo
três filhos, cinco netas e um bisneto, de quem muito se orgulhava.
Faleceu em 17 de Agosto de 2009
com 84 anos de idade após doença, resultante de uma alteração
de saúde que se manifestou meses antes, vendo os loriguenes partir uma figura que muito fez pela terra
que passou um dia a ser sua por opção. O funeral realizou-se em Loriga
para o cemitério local onde ficou sepultado. |
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Dr. Joaquim Jorge
Reis Leitão *
1926 - 1994 |

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Nasceu em Loriga
em 5 de Novembro de 1926, filho de Emílio Reis Leitão e de D. Adélia
Jorge Leitão. Fez na sua terra a escola primária, indo de seguida para
o Liceu e depois para o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.
Estudante brioso e muito cumpridor, salientou-se no meio estudantil em que esteve envolvido
onde acima de tudo eram bem evidentes a suas qualidades de inteligência e personalidade.
Pouco tempo depois da sua licenciatura, foi Professor provisório da Escola Preparatória
Nuno Gonçalves de Lisboa de 1953 a 1954, e nessa mesma Escola foi, a partir
de 1957 a 1959 Professor secretário e de 1959 até 1967 Subdirector.
Colocado no Ministério da Educação fez uma brilhante carreira
ao longo de 37 anos, sempre desempenhando elevados cargos, tendo ainda participado
em grupos de trabalhos e outras missões, como por exemplo na Presidência
dos diversos júris de concursos de habilitação para pessoal administrativo,
nomeadamente chefes de secretaria de estabelecimento de ensino.
Teve ainda algumas participações em grupos de trabalho e outras missões,
destacando-se entre outras as de Membro da Comissão Organizadora do Congresso
Nacional do Ensino Técnico realizado em 1968, Revisão das estruturas
administrativas dos estabelecimentos de ensino preparatório e secundário
e frequência de um estágio em Paris para estudo da gestão dos estabelecimentos
do ensino secundário franceses patrocinado pela OCDE.
Grande amigo da sua terra e muito bairrista onde, por norma, se deslocava semanalmente,
foi um grande obreiro para a criação da Escola Secundária nos
finais da década de 1960 e cuja inauguração foi efectuada pelo
então Ministro da Educação Dr. José Hermano Saraiva que
foi recebido pela Banda de Loriga executando o Hino da Maria da Fonte.
Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em Lisboa no ano de 1949, publicação
que viria a ser interrompida poucos anos depois, passando mais tarde a ser publicado
como Boletim Paroquial.
Veio a ter grande influência na construção da Escola EB em Loriga
à qual desde logo foi posto o seu nome:- Escola EB 2.3 Reis Leitão-Loriga,
numa prova de gratidão da localidade, a tão grande bairrista loriguense.
Faleceu em Lisboa a 29 de Agosto de 1994, sendo sepultado no cemitério de Benfica,
longe da sua terra que tanto adorava, tendo a Vila de Loriga perdido uma das suas maiores
figuras que em muito contribuiu para o desenvolvimento da sua terra. |
* Albrito |
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Álvaro dos
Santos Aparício
1926 - 2007 |
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Nasceu em Loriga
em 22 de Outubro de 1926, filho de Luciano dos Santos Aparício e de Maria Emília
Mendes dos Santos.
Não chegou a conhecer o seu pai, pois quando nasceu já ele tinha embarcado
para o Brasil, destino comum de muitos loriguenses na época. Já crescido,
o pai ainda o tentou levar para junto dele onde já se encontravam a irmã
e irmão, só que a sua mãe não o permitiu.
Grande bairrista, amava a sua terra como ninguém. Foi um cidadão exemplar,
que dignificou a sua vida na comunidade, tornando-se uma das suas principais referências
sociais e morais pela sua integridade e verticalidade, que eram mais que evidente na
sua maneira própria de viver em bem.
Sempre muito devoto, bem como a sua esposa, estava sempre disponível para colaborar
nas actividades promovidas pela Igreja, em que se destacam os Cursos de Cristandade
e a Liga Eucarística dos Homens. Pertenceu, e é bem lembrado, o seu envolvimento
na JOC (Juventude Operária Católica) e na LOC (Liga Operária Católica),
que tiveram no senhor Álvaro Aparício um dos seus mais importantes membros.
Foi um dos sócios fundadores da Cooperativa Popular de Loriga e do Socorro Paroquial
Loriguense, fez parte de diversas direcções da Irmandade das Almas e
do Santíssimo Sacramento de Loriga, bem como de vários outros organismos.
Solidariedade, amor ao próximo, dignidade profissional, desportista e activista
cultural, transmitiu valores que perduram como guia de conduta social com gestos cativantes
de humanidade e valores.
A sua actividade profissional foi quase toda ela dedicada à firma Metalúrgica
Vaz Leal, onde trabalhou cerca de quatro décadas. Logo após ter terminado
a escola primária, começou a trabalhar na oficina Pedro Vaz Leal, nessa
altura ainda na chamada "Forja" situada no Cabeço, que mais tarde
passou para o Terreiro da Lição. Depois de meia dúzia de anos
na oficina do Joaquim Correia (Casegas) voltou novamente para o Pedro Leal mas, desta
feita, para a oficina já situada na Vista Alegre, onde esteve até se
reformar aos 62 anos.
Possuidor de uma energia que venceu desafios, independente dos poderes estabelecidos,
colocou-se sempre ao lado dos mais humildes e pelas mais nobres causas, estando sempre
atento a tudo que se relacionasse com a sua terra.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga num mandato de três anos, de 1977
a 1979, nas primeiras eleições realizadas democraticamente, encabeçando
a lista do Partido Socialista, da qual também faziam parte a D. Helena Leitão
e o Sr. Horácio Ortigueira.
Foram anos problemáticos à frente da autarquia, numa altura em que corriam
os primeiros anos da democracia e que a situação do país era ainda
um pouco confusa. Por outro lado, a escassez dos meios financeiros tornavam ainda mais
difícil a tarefa de dirigir a Junta de Freguesia tendo, apesar de tudo, efectuado
um trabalho digno de relevo ainda hoje muito recordado.
De vários melhoramentos levados a efeito no seu mandato, destaca-se a construção
do Ringue de Patinagem, num complicado processo da ocupação dos terrenos,
pertencentes à Fundação Cardoso de Moura. Foram também
concluídas as obras do abastecimento de água e saneamento em toda a vila.
Como também foram efectuadas as obras para o alteamento e reforço de
muros dos Poços de Loriga (Serrano e Covão das Quelhas), que se vieram
a tornar de importância vital para a terra.
Foi determinante, e também de grande realce, o seu envolvimento como presidente
da Junta de Freguesia, na reorganização da Banda de Música de
Loriga em 1978, após mais uma crise, (na altura encontrava-se encerrada), tendo
sido igualmente fundamental o grande apoio e a contribuição dada por
António de Brito Pereira o "Mestre Barriosa" como assim era chamado.
Depois de finalmente organizada, a Banda retomou a sua actividade, o que aconteceu
no dia do Corpo de Deus, estando ainda na lembrança de muitos loriguenses, quando
nesse dia foi recebida na "Praça" com grande ovação.
Foi, também, nessa altura, que a Banda foi inscrita na Federação
Portuguesa das Actividades de Cultura e Recreio.
No ano seguinte, em 24 de Junho de 1979, a Banda realizou uma digressão a Sacavém
para obter apoios da comunidade loriguense. Para esse efeito, foi organizado um convívio
na Quinta do Seminário dos Olivais e também um concerto na Cooperativa
de Sacavém, bem difundido pela imprensa escrita, onde também esteve presente
o senhor Álvaro Aparício na sua qualidade de presidente da Junta, que
deu uma importante entrevista onde realçava as carências de Loriga.
Casado com a D. Irene Gomes Dinis Prata, eram-lhe reconhecidos os atributos de dedicação
à esposa e filhos. Também a sua humanidade e amizade para com os outros
o fez sempre granjear a estima e admiração dos seus conterrâneos.
Em 12 de Outubro de 1997, sofreu um rude golpe com o falecimento da sua esposa.
Os últimos anos da sua vida foram vividos na Casa de Repouso da Nossa Senhora
da Guia em Loriga, onde faleceu no dia 24 de Julho de 2007, com 81 anos, tendo sido
sepultado no cemitério local, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos
a quem tanto ficou a dever, e os Loriguenses viram partir mais um seu conterrâneo, uma notável figura
por quem tiveram sempre uma grande admiração e estima. |
*** |

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José Moura
Mourita
1927 - 1998 |
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Natural de
Loriga onde nasceu em 12 de Julho de 1927, filho de Joaquim Moura Mourita e de Maria
do Carmo Lopes Vide, também naturais desta localidade.
Figura querida de Loriga foi o "último" Carteiro desta Vila, em épocas quando a nomenclatura das ruas ou mesmo
os números das portas das habitações faziam parte do nosso imaginário,
tendo ao longo de muitos anos desempenhando aquelas funções com muita
dignidade.
Foram quilómetros sem conto percorridos ao longo dos anos de serviço
na sua profissão de Carteiro, devendo ser o único loriguense a conseguir
pisar todas as ruas, becos, pátios, quelhas ou mesmo qualquer recanto da povoação,
levando consigo boas e más noticias. Conhecia toda a gente pelos seus nomes
e apelidos, apesar de serem tempos em que a população atingia números
elevados que nada tem a haver com o movimento populacional de hoje, que se vem notando
cada vez mais reduzido.
Homem de uma calma impressionante e de pontualidade eficaz, ao sol, chuva, vento, frio
ou neve, a partir das 11 horas da manhã era uma presença obrigatória
pelas ruas da Vila, fazendo chegar aos seus destinatários a tempo e horas a
correspondência que consigo levava, mesmo tendo por vezes o hábito de
se entreter em "dois dedos de conversa" com os amigos ou aproveitando essas paragens por breves momentos para refrescar
um pouco a garganta.
Hoje nada sendo com antes, desempenhar o serviço de carteiro parece necessário
ser bastante letrado e em vez do andar a pé, existem os transportes para se
movimentarem, parecendo nada poder ser feito se não houver a ajuda da electrónica.
No entanto o "Ti Zé Mourita" o carteiro de Loriga não precisou nada disso, pois registava mentalmente
todos os nomes das pessoas da sua terra. Hoje em dia, se a memória nos falha,
podemos socorrer-nos da nossa "memória electrónica", como é o caso do computador.
Sendo bastante religioso era um cristão convicto e um fervoroso defensor da
igreja, adorando igualmente a sua terra. Era casado com a Sra. Adélia Alves
Jesus.
Um dia, em caminhos que percorreu e tão bem conhecia, aconteceu o que nunca
previa que viesse acontecer. Caiu e feriu um pé e uma a perna e, a partir daí
não mais foi o mesmo, Foi adoecendo e essa mesma doença o viria a vitimar,
falecendo no dia 20 de Abril de 1998. A população de Loriga viu partir
o "último" Carteiro da Vila daquela época
em que a correspondência, para chegar até nós, apenas bastava ter
o nome. |
*** |
Mário Gonçalves
da Cruz
1928 - 1999 |

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Natural de
Loriga onde nasceu em 16 de Janeiro de 1928, ficou na memória como um dos maiores
bairristas loriguenses, onde o amor a Loriga estava sempre presente onde quer que fosse
e estivesse em tudo o que se envolvesse relacionado com a sua querida terra.
Esta figura loriguenses viveu quase toda a sua vida em Sacavém. Para muitos
era como que um cônsul de Loriga nesta localidade, a quem muitos recorriam para
saberem novidades e noticias e como não podia deixar de ser foi também
um dos fundadores da ANALOR (Associação dos Naturais e Amigos de Loriga)
à qual dedicou muito do seu tempo.
Um dom poético o caracterizava para projectar a sua adorada terra através
da poesia, escrevendo muitos poemas, quase sempre dedicados a Loriga e às suas
gentes, não esquecendo os Bombeiros e Músicos pelos quais teve sempre
uma grande admiração.
Homem de alma grande, ficou na recordação de muitos quando organizava
excursões a Loriga, nomeadamente no verão e mais precisamente para os
festejos da Festa da N.S. da Guia, estando na lembrança a chegada à "Carreira"
onde era enorme a emoção e quando da partida, a tristeza reinante era
bem visível nos rostos de todos aqueles ao deixarem mais uma vez a sua terra.
Pessoa simples e afável tinha uma maneira própria de falar das artes,
dos livros, da poesia, nos acontecimentos diários, tendo também sempre
histórias e peripécias para contar desses passeios excursionistas e ainda
de uma vida que levou dedicada ao melhor que houvesse para Loriga.
Faleceu em 28 de Dezembro de 1999, após doença, sendo sepultado no cemitério
de Sacavém, ficando assim dividido por duas localidades que foram a sua vida,
uma que foi seu berço e a outra em que ficou sepultado, ficando Loriga mais
triste por não mais ver chegar aquele que um dia lhe cantou: |
"Eu canto
Loriga canto. A tua Primavera em flor. Como eu te quero tanto. Minha terra, meu poema,
meu amor". |
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Carlos Nunes Cabral
Junior
1928 - 2004 |
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Nasceu em Loriga,
em 16 de Maio de 1928, filho de Carlos Nunes Cabral e de Urbana Nunes Moura.
Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi estudar para Coimbra,
por onde se manteve durante alguns anos.
Desde muito novo se notava a sua qualidade de empresário e cedo começou
a pisar os passos de seu pai, também ele um grande industrial em Loriga.
Homem de grande inteligência e de luta, empresário de enorme qualidade
e sucesso. Após a morte de seu pai, tomou a liderança da Firma Moura
Cabral & Comp., que administrou durante três décadas, chegando mesmo
a ser uma firma de sucesso, em desenvolvimento, progresso e qualidade, merecidíssimas
reconhecida no concelho e não só.
Fez parte dos Corpos Sociais de vários organismos da sua terra natal, nomeadamente
de carácter desportivo, cultural e humanitário, funções
que sempre desempenhou com todo o empenho e dedicação.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga de 1990 a 1993, onde se destaca a obra
realizada e de grande valor, no desenvolvimento da sua terra.
Depois do 25 de Abril de 1974 e até 1976, fez parte da Comissão Administrativa
da Câmara Municipal de Seia
Tanto como dirigente ou empresário, apoiou sempre todas as iniciativas, que
fossem de beneficio para a sua terra.
Em medas da década de 1980, foi determinante o seu contributo ao espírito
impulsionador, em termos de panorama do futebol, elevando o Grupo Desportivo Loriguense,
ao seu mais alto nível desde a sua existência, ao disputar pela primeira
vez o Campeonato Distrital da 2ª. Divisão da Associação do
Futebol da Guarda. Foi também nessa altura, o Presidente eleito desta popular
colectividade loriguense.
Poucos anos antes da sua morte, resolveu afastar-se do meio empresarial, deixando mesmo
a sua empresa. Esta firma continua em laboração, sendo a única
empresa de lanifícios, que actualmente e apesar de tudo, ainda sobrevive em
Loriga.
Faleceu inesperadamente em Coimbra, no dia 4 de Abril de 2004. O funeral realizou-se
para a sua terra natal, onde ficou sepultado no cemitério local.
Loriga ficou mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus industriais, que muito
fez pela sua terra e que tanto adorava. |
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Adélia Alves
Martins
1929 - 1974 |

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Nasceu em Loriga,
no dia 2 de Maio de 1929, era filha de António Alves Martins e de Maria Emília
Duarte Jorge.
Desde muito nova se começou a destacar como cozinheira, numa maneira própria
de muito bem confeccionar a comida regional.
Os seus dotes culinários eram muitos reconhecidos não só em Loriga,
mas também pelas outras terras da região, para onde era solicitada com
regularidade.
Cozinhava para bodas ou outros eventos, sendo a mais nova das cozinheiras a trabalhar
para a comunidade em Loriga. Tal como era usual nesses tempos, nunca também
fazia preço pelo trabalho que executava, aceitando o que as pessoas lhe queriam
dar, sendo que, muitas vezes, o pagamento consistia apenas em mercearias.
Muito devota e religiosa, teve sempre presente o cumprimento dos deveres da Igreja,
tendo pertencido à JOCF e à LOCF, logo após a fundação
destes organismos em Loriga, pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco
nesta vila (1944-1966).
Foi a primeira cozinheira do Restaurante Império em Loriga, quando este foi
inaugurado em 1972 onde, durante o tempo que ali trabalhou, a comida que confeccionava,
era bastante apreciada pelas pessoas que vinham de fora.
Teve sempre a preocupação de transmitir aos outros os seus conhecimentos
de culinária e, por isso mesmo, os seus ensinamentos vieram a tornar-se muito
úteis, para as pessoas que com ela muito aprenderam.
Mãe de doze filhos, muito carinhosa e esposa resignada pelo infortúnio
da doença do marido, viria a morrer relativamente nova, após doença
prolongada, deixando seus filhos ainda muito novos e, quando ainda tinha muito para
dar à família e também à gastronomia loriguense.
Faleceu em 20 de Outubro de 1974, sendo sepultada no cemitério local, onde muitos
loriguenses se deslocaram acompanhando-a até à sua última morada,
num funeral de verdadeiro pesar, vendo Loriga, desaparecer para sempre, uma das suas
cozinheiras, que deixou em todos, recordações e saudades. |
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Eng. Emílio
Leitão Paulo
1932 - 2001 |

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Nasceu em Loriga
em 17 de Julho de 1932, foi uma figura de prestigio desta localidade, distinguindo-se
como personalidade bem vincada em todos os cargos que desempenhou.
Fez o ensino primário na sua terra, licenciou depois em Coimbra, tendo sido
diplomado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Trabalhou na Companhia dos Diamantes de Angola, durante alguns anos, regressou à
Metrópole, tendo ingressado nos Nitratos de Portugal como Director Técnico.
Transitou depois para a Metalúrgica Vaz Leal, em Loriga, onde foi sócio-gerente
durante alguns anos, onde também teve sempre a preocupação de
gerir esta firma industrial da sua terra, com o maior dinamismo e entusiasmo.
Dedicou parte da sua vida à politica, militante pelo partido do CDS, teve um
papel de relevo na organização deste Partido no distrito da Guarda, onde
chegou a ser o mais votado, chegando mesmo também a ser Vice-Presidente do Conselho
Nacional.
Após o 25 de Abril de 1974, foi Deputado pelo CDS na Assembleia Constituinte
pelo círculo da Guarda. A partir de 1978 foi nomeado para Governador Civil da
Guarda, funções que desempenhou durante algum tempo. Foi também
Vice-Presidente da Câmara de Seia.
Pessoa de fino trato, e de elegante relacionamento, era bem reconhecido por todos o
trabalho desempenhado nas suas funções politicas, onde procurava acima
de tudo ser aberto a todos, sem distinção de ideologias, tentando servir
o melhor possível os interesses do seu Distrito.
Foi um dos sócios fundadores da Editora Porta da Estrela Lda., proprietária
do Jornal da Porta da Estrela publicado em Seia.
Casado em primeiras núpcias com D. Maria Lela de quem ficou viúvo, tendo
casado em segundas núpcias com D. Maria de Lurdes D.Brito.
Faleceu no Hospital Particular de Lisboa, no dia 12 de Outubro de 2001, vítima
de doença. O seu funeral saiu da Igreja do Campo Grande-Lisboa para Loriga,
onde ficou sepultado no cemitério local. |
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Eng. Joaquim Leitão
da Rocha Cabral
1934 - 2003 |
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Nasceu em Loriga,
em 25 de Maio de 1934, filho de António da Rocha Cabral e de Guilhermina Reis
Leitão Cabral.
Vivendo praticamente sempre fora da sua terra, notabilizou-se pelo seu invejável
e meritório curriculum, devido aos altos cargos que desempenhou ao longo da
sua vida, e que o tornaram num loriguense de destaque.
Chefiou e administrou muitas instituições públicas, e fez parte
também de diversos governos, vivendo uma vida de actividade, que o impossibilitava
de muitas mais vezes visitar Loriga, como decerto desejaria.
Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico
em 1951-58 e, posteriormente, viria a formar-se em Genie Atomique INSTN Saciay 1959;
Calder Hall Operatine School 1960 e Auditor do Curso de Defesa Nacional 1993-94.
De 1959 até 1976, foi Engenheiro da Companhia Portuguesa de Industrias Nucleares,
bem como da Empresa Termo-Eléctrica Portuguesa e da Companhia Portuguesa de
Electricidade. De 1976 até aos últimos tempos da sua vida, chefiou a
Equipa de Projecto da Central Nuclear, passando à reforma em 1999, na função
de assessor do Concelho da Gerência.
Em 1977, foi nomeado Administrador da Electricidade de Portugal. De 1971 a 1983, foi
representante português na Comissão de Estudos Nucleares da UNIPEDE, e
em 1987 na Comissão Consultiva da EUROTOM. De 1983 a 1984, foi Vice-presidente
da UFIPTE.
Dedicou-se à politica, tendo feito parte do I Governo Constitucional como Secretário
de Estado da Energia e Minas: (28-07-1976 a 07-01-1977) e de (07-01-1977 a 25-03-1977),
do II Governo Constitucional, como Secretário de Estado da Energia e Indústrias
de Base: (06-02-1978 a 28-07-1978), mantendo-se em gestão até à
posse do 3º Governo Constitucional, em 29-08-1978, e do IX Governo Constitucional
como Secretário de Estado da Energia: (18-06-1983 a 12-07-1985), mantendo-se
em gestão até à posse do 10º Governo Constitucional, em 06-11-1985.
Foi nomeado Secretário-Adjunto do Governo de Macau, de Julho de 1987 a Dezembro
de 1989. Em 1992, candidatou-se à Junta de Freguesia do Campo Grande (Lisboa)
onde saiu vencedor, tendo-se recandidato e vencido também em 1996. Pelos serviços
prestados ao longo da sua vida, foi reconhecido pelo seu trabalho, ao ser-lhe atribuída
a condecoração do Grão-Cruz da Ordem de Mérito Civil de
Espanha. Foi casado com Maria Isabel Nunes Cabral, também natural de Loriga
e pai de Ana Isabel Cabral Grade. Faleceu no dia 17 de Janeiro de 2003, e o seu funeral
foi realizado para o cemitério do Alto São João - Lisboa, tendo
Loriga ficado mais pobre ao ver desaparecer um dos seus mais nobre e ilustre filho. |
Em 2010 a Câmara
Municipal de Lisboa, atribui o seu nome a uma rua lisboeta - Rua Eng. Joaquim Leitão
da Rocha Cabral - situada na freguesia de Campo Grande, distinguindo e perpetuando
dessa forma a memória deste distinto loriguense. |
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Fernando Gonçalves
*
1934 - 1997 |

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Nasceu em Loriga
no dia 23 de Setembro de 1934, filho de Abílio Luís Amaro e Maria Gonçalves.
Era o mais novo no seio de uma família de agricultores, mas viria a ser operário,
como, aliás, a grande maioria dos loriguenses da sua geração.
No entanto a terra sempre exerceu um grande fascínio sobre a sua vida, pois
conciliou, ao longo da sua existência, a indústria e a agricultura.
Seguindo as pisadas do seu irmão Carlos, rumou a Lisboa, onde permaneceu alguns
anos, mas como mais tarde se veria, não conseguia estar muito tempo longe da
sua querida Loriga. Era o chamamento da terra... Assim, regressa a Loriga e divide
a sua actividade entre a fábrica e a agricultura, que nunca deixou definitivamente.
Entretanto, seguindo a tradição de família, já que os seus
irmãos também eram filarmónicos, ingressa na banda, onde tocava
saxofone soprano.
Viria a casar com Maria Emília Florêncio Pinto, também, a mais
jovem dos filhos de Joaquim Pinto Assunção (conhecido como Joaquim "Faztudo")
e Amélia de Jesus Florêncio. Desse casamento nasceram quatro filhos: a
Mª Aurora, o Quim, o Ismael, e a Mª Raquel. Ficando viúvo contraiu
segundo casamento com Maria do Carmo Duarte Marcos.
Foi sempre um inconformado e, por consequência, empreendedor, viria a passar
pelas várias fábricas de Loriga, com a excepção da Metalúrgica,
mas também trabalhou na Fisel, em Seia e na Vodratex, em Vodra, em Passos da
Serra e, tentou até a dura experiência da emigração.
Em 1969, foi "a
Salto",
assim se dizia da emigração ilegal, para o Luxemburgo, juntamente com
um grupo de loriguenses e outros portugueses de proveniências diversas. As peripécias
que contava dessa atribulada viagem até ao Luxemburgo, são dignas dos
filmes mais rocambolescos. Desde atravessarem rios a nado, até passarem fome
durante vários dias ou andarem sem rumo, sem conhecer ninguém, nem falar
as línguas das gentes dessas paragens, houve um pouco de tudo. Mas chegaram
ao destino são e salvos e rapidamente começaram a trabalhar. No entanto,
esta aventura duraria pouco mais que três meses, já que, segundo ele...
"se
para ganhar algum dinheiro era preciso tanto sacrifício, preferia sacrificar-se
na sua terra, junto da família".
Um dos companheiros de aventura dizia muitas vezes... "O Fernando não tem espírito
de emigrante porque, a cada refeição, vê a mulher e os filhos no
fundo do prato".
Era de facto assim, para ele a família era o porto seguro. Era rude com os filhos,
muito exigente, como, aliás, era consigo próprio. Afinal, era esse o
modelo que herdara de seus pais.
Fazia amizades muito facilmente, daí que, onde quer que fosse deixava logo um
rasto de amigos, pois era muito animado e divertido, fazendo parte daquele grupo restrito
que, na banda, animava as noites nas casas e adegas dos mordomos nas terras onde a
banda actuava.
Sem ser beato, tinha uma religiosidade exigente que transmitiu aos filhos, tendo feito
parte dos movimentos operários católicos como a JOC e a LOC. Mais tarde
fez o Curso de Cristandade.
Tinha uma forte crença na vida eterna, que o leva, no período conturbado
do pós 25 de Abril de 74, juntamente com um grupo restrito de carolas, a preservar
a tradição da "Ementa das Almas", que outros, incluindo alguns
frequentadores assíduos da igreja pretendiam que acabasse.
Era ele que, juntamente com o José Fernandes (mais conhecido por "Aleixo"),
quer chovesse, quer nevasse, se levantavam mais cedo para andar, de porta em porta,
a reunir os participantes deste ritual secular de Loriga, que contava, na altura com
o veterano Ti Zé Garcia.
Quando Michel Giacometi contactou o Mestre Ascensão, seu cunhado para recolher
registos da Ementa das Almas, este chamou o Fernando e o Zé, não só
para cantarem para que fosse gravado pelo Etnomusicólogo, mas, sobretudo, para
explicarem, de viva voz, o que fazia um grupo de homens, levantarem-se de madrugada,
para cantar, segundo eles, para ..."Aliviar as Almas". Hoje serão outros a cantar
para aliviar a sua alma que, espero, repouse em paz...
Faleceu em 22 de Janeiro de 1997, com 62 anos de idade, sendo sepultado no cemitério
local, vendo Loriga partir
um dos
seus filhos que se não podia ver a viver longe dela.
* Joaquim
Pinto Gonçalves (blog) |
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António
Abreu de Pina *
1937 - 1962 |

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Nasceu em Loriga
no dia 7 de Setembro de 1937, filho de António de Moura Pina e de Idalina Mendes
Luis Abreu.
Depois de frequentar a escola primária, ingressou no seminário da Guarda,
que apesar de ser um jovem de uma maneira diferente de viver, era bem visível
todas as condições para trepar facilmente as escadas do altar.
Seminarista, escuteiro, jogador de futebol, tocador de viola, actor de teatro, era
acima de tudo um jovem desinibido. Filho de uma família extremamente religiosa,
possuidor de uma vasta inteligência, uma capacidade musical como poucos, uma
desenvoltura linguística invulgar, que mais Deus tinha a dar a este futuro seguidor.
Quando vinha à sua terra de férias, além das coisas da igreja
estava em tudo. Fazia teatro, jogava futebol no Grupo Desportivo Loriguense, que ainda
hoje é recordado como um dos melhores futebolistas de Loriga. Estava nas tertúlias
que se sucediam nas sapataria do seu pai, tocava viola e cantava com os outros.
Organizava acampamentos na serra, com a juventude, passeava nas ruas com tamanha elegância
e à vontade que serviam de escola no seio da timidez que assolava a juventude
de Loriga na época.
O António Calçada, como popularmente era assim chamado, queria ser Padre.
Mas um padre actual, virado para as questões sociais, para os problemas da juventude
de uma era moderna e não um rezador de novenas. Só que na época
os apoios eram parciais nos Seminários e as opiniões divididas. O António
chega às ordens menores mas há hesitações dos superiores,
procuram-se esperas, o bispo recebe dúvidas a arrasta o processo.
Depois de tanta hesitação, o pároco de Loriga terá dado,
segundo opinião de alguns, uma informação negativa e o seminário
desaconselha, assim, a ordenação do futuro Padre Abreu. Caía a
noticia em Loriga como uma bomba, e um trovão sobre a cabeça dos seus
pais.
O jovem António Abreu, parte então para Lisboa, empregando-se na Misericórdia
dada a sua capacidade e paixão musical, frequenta o conservatório da
música, e ali conheceu o Professor Santos Pinto, vindo a tornar-se grandes amigos.
Avizinha-se o serviço militar, António sentia qualquer coisa de anormal
no seu coração. Os médicos aconselham um exame difícil
para a época: cateterismo.
Foi fatal. Faleceu nas mãos dos médicos no dia 16 de Julho de 1962, com
a idade de 24 anos. O Funeral realizou-se para o cemitério dos Olivais em Lisboa
onde ficou sepultado.
Loriga viu assim desaparecer um jovem que tanto queria ser Padre, e muito poderia fazer
por Loriga, mas que as mentalidades conventuais, na época, não viam com
aprovação a libertação deste jovem de outras ideias mais
moderna. |
* Albrito (GL 1998) |
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Abílio Alves
de Brito
1942 - 2009 |
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Nasceu em Loriga
em 22 de Novembro de 1942, filho de Carlos Brito Amaro e Maria do Carmo Alves Fernandes.
Um castiço loriguense, que muitos se habituaram a ver de barbas e longos cabelos,
que quis manter esse seu visual, desde dos tempos que assim era uso e caracterizou
uma juventude dos chamados anos de ouro, que desse modo foi sempre para ele uma maneira
própria de estar na vida.
Homem do povo que nunca quis ter outra maneira de vida, era um companheiro das noitadas
numa Loriga de outras eras, em que obrigatoriamente as "Migas" faziam parte
de um modo social duma juventude e geração loriguense, sendo mesmo o
maior nessas noitadas, nomeadamente, era quase sempre ele que 'fechava' a noite em
Loriga, quando os primeiros trabalhadores das fábricas pegavam o turno da manhã.
Facilmente, se tornou assim numa figura castiça que muitos o estimavam e que
ele também estimava muitos.
Com algum jeito a mexer com a electricidade, quando solicitado, estava sempre pronto
para efectuar os arranjos, reparando velhas instalações, velhos rádios
ou outros objectos eléctricos, assim como, ele próprio arranjava, adaptava
e construía as suas aparelhagens para animar os bailes do fim-de-semana, parecia
mesmo que só ele conseguia trabalhar com toda aquela "gerigonça"
de aparelhos.
Quando se pensava realizar bailes em Loriga a música ficava desde logo a cargo
do Abílio, que de pronto se apresentava com todos aqueles improvisados aparelhos
e a sua colecção de discos sempre actualizadas com os últimos
êxitos. Foi de facto um verdadeiro DJ (Disc Jocky) daquela época em Loriga,
talvez nada ficasse a dever aos modernismos de hoje desta era digital.
Ficou também conhecido como um dos melhores cantadores do jogo do Quino, hoje
modernamente chamado "Bingo" muito jogado no Grupo Desportivo Loriguense,
apelidando todos os números desse jogo caracterizando-os à moda de Loriga,
que ficaram para sempre registados nas nossas memórias.
Recorde-se que chegou a ser atribuídos aos números de 1 a 90 desse jogo
do "Quino", nomes típicos à moda de Loriga, e o Abílio
sabia-os todos, a maioria deles foi ele o próprio autor, e era assim que ele
os "cantava", pois o Abílio foi de facto um dos mais insigne "cantadores"
do "Quino" em Loriga.
Faleceu subitamente em Loriga no dia 14 de Março de 2009 com a idade de 67 anos,
quando pela tarde, a família estranhando não se levantar, o procurou
no seu quarto, estando já morto, pensa-se que a sua morte poderia ter ocorrido
muitas horas antes, mesmo durante a noite.
Loriga viu assim desaparecer um dos seus filhos dos mais castiços
dos últimos anos, o seu funeral realizou-se para o cemitério local onde
ficou sepultado. |
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António
Gonçalves Ferreira
1944 - 2006 |
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Nasceu em Loriga
no dia 29 de Fevereiro de 1944, filho de José Gomes Ferreira e de Maria do Carmo
Gonçalves.
Um dos mais dinâmicos e
trabalhador em prol da comunidade nestes últimos anos da chamada era moderna.
Sempre activo, foi sem dúvida uma referência de bairrismo muito reconhecido
pelos seus conterrâneos.
Caracterizava-o a sua personalidade
firme de homem forte e dotado de grande alma, bem patente na dedicação
em tudo em que participava, os seus dotes de cantor e actor, estão ainda bem
na memória de todos. Homem gracioso e bairrista cheio de boa disposição,
era acarinhado por muitos dos seus colegas e amigos, grande amigo da família
e estimado pela mesma.
Uma forma humilde e própria
de estar na vida, na participação criativa, voluntária e desinteressada
nas colectividades da sua terra e também em muitas iniciativas de solidariedade
em que participava, fizeram-no num dos melhores filhos de Loriga.
Foi vocalista no grupo musical
os "Karts" criado na década de 1960, uma nova evolução
na juventude Loriguense da época e que elevava o nome de Loriga onde quer que
actuava. Participou em vários teatros, nomeadamente, cantando na sessão
musical designada as "Melodias de Sempre"
Com a profissão de técnico
de malhas, trabalhou durante muitos anos na antiga Fábrica de malhas "Loriseira"
em Loriga, foi Vogal suplente na Assembleia de Freguesia, grande entusiasta do associativismo,
nos Bombeiros, Grupo Desportivo e outras colectividades Loriguenses, era também
um colaborador incansável em tudo que fosse de bom para a sua terra. Estão
ainda nas memórias as refeições que ele próprio confeccionava
para todos os que gostavam de conviver e confraternizar, quer no Grupo Desportivo,
Bombeiros ou nas festas anuais dos Sportinguista que ele tanto gostava.
Pertencente ao corpo directivo
da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Loriga, nos finais dos anos 90, revelou-se um verdadeiro Bombeiro Voluntário
sem farda. A sua dedicação, a camaradagem para com todos os elementos
do corpo activo e o espírito de ajuda em termos de logística, foram factores
que não passaram despercebidos por tantos quantos o admiravam e o estimaram.
Sempre pronto no outro lado da
missão a dar o seu préstimo de voluntário. Eram as refeições
que mais o preocupavam dizendo bastas vezes, "aquela gente de trabalho duro tem
que ser bem alimentada". Os bombeiros, muitas vezes "longe de casa",
eram nutridos por aquelas saborosas refeições onde as fazia muitas das
vezes já tardiamente e pelo correr do perímetro do incêndio de
vários quilómetros, estava preocupado em preparar a próxima quer
fosse para o próprio dia quer fosse a refeição para o dia seguinte.
Casado com Maria Isabel Brito
Aparício Ferreira e com dois filhos Pedro e Rita, o António foi sem dúvida
de uma grande dedicação à família e também aos amigos,
em que sua humanidade e amizade fez granjear de todos uma verdadeira admiração
e estima.
Traído muito cedo pela
doença que o deixou abatido sem nunca perder o seu bom humor. Veio a pausar
algumas actividades que lhe exigiam maior dedicação e em 8 Outubro de
2006, deixou a missão da terra para continuar uma outra que Deus lhe destinou
no céu.
Faleceu em Loriga com a idade
de 62 anos, após a doença prolongada, o funeral realizou-se para o cemitério
local onde ficou sepultado. Nesse dia chovia copiosamente, parecendo que o céu
também chorava, unindo-se dessa feita aos seus conterrâneos que o acompanharam
à sua última morada. Loriga viu assim partir um dos seus filhos queridos
ao qual muito ficou a dever. |
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Carlos Augusto
Nunes de Pina
1945 - 2003 |

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Nasceu em Loriga
em 1945, filho de Carlos Nunes de Pina e de Maria dos Anjos Gomes de Pina.
Fez a escola primária em Loriga e desde muito cedo se notava nele uma certa
aptidão para a escrita.
Depois de concluir os seus estudos enveredou pela carreira jornalística, onde
se notabilizou com grande sucesso ao longo de mais de 30 anos, angariando sempre a
estima e a admiração dos seus superiores e colegas.
Iniciou o seu percurso jornalístico no Jornal "Diário de Noticias"
passando pela categoria de revisor gráfico e de redactor. Foi subdirector e
mais tarde director do Jornal "O Dia", foi ainda director da "48 Horas"
e editor da revista "Tempo Livre" da Inatel.
Ocupou no mundo da comunicação social outros cargos importantes que para
além de ter sido co-fundador do "Jornal Novo", destaca-se de ter sido
o jornalista responsável pela introdução da comunicação
institucional, tendo para o efeito, fundado a INFOPLAN e a INFOPLUS.
Nos últimos tempos da sua vida, exercia, as funções de director-adjunto
da Revista "Homem Magazine".
Foi um grande colaborador e bateu-se pelo aperfeiçoamento e melhor qualidade
do Jornal "Garganta de Loriga", a ele se deve a nova linha gráfica
deste jornal loriguense, propriedade da ANALOR.
Adorava a sua terra e dela escrevia por onde quer que passasse, mantinha sempre bem
vivas as recordações dos seus tempos de criança na sua terra natal,
e onde quer que andasse não esquecia Loriga.
Faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 2003, com a
idade de 58 anos, e após doença prolongada. O funeral realizou-se para
o Estoril, sua terra de residência. Foram muitos os amigos e conterrâneos
que estiveram presentes para lhe prestar a última homenagem, e o acompanharem
à sua última morada para o cemitério local onde ficou sepultado.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre mais um seu ilustre filho, e os
seus conterrâneos viram desaparecer alguém, que pelo seu elevado nível
de pessoa de enormes qualidades e capacidades, constituiu para todos motivo de orgulho. |
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António
Mendes da Costa
1947 - 2008 |
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Natural de
Loriga onde nasceu em 19 de Abril de 1947, filho de António Alves da Costa e
de Urbana Mendes Brito.
Ainda novo começou a trabalhar
como tecelão na fábrica de Lanifícios Moura Cabral de Loriga,
mas foi por poucos anos, a doença que enfrentava impossibilitou-o de trabalhar
na profissão que ele tanto gostava. Em 1968 teve que se apresentar no serviço
militar em Viseu, mas foi imediatamente dispensado.
Conhecido como um loriguense
exemplar, que cultivava a amizade e simpatia de toda a gente, uma virtude que o acompanhou
durante toda a sua vida. Com uma personalidade bem vincada na sua elegância de
bondade e relacionamento com os outros, tinha também em todos um amigo, em que
despontava aquela sua maneira própria de contagiante alegria e sã convivência,
além daquele espírito de verdadeiro conversador nato.
Adorava música, principalmente
romântica, muitas vezes dizia que ouvir música era um bálsamo para
o seu espírito. A sua inteligência era exemplo de querer estar dentro
de tudo o que se passava pelo mundo e com o olhar no futuro.
Já nos seus tempos de
criança principalmente de escola, parecia ser diferente de todas as outras crianças,
cultivava com relativa facilidade a amizade, admiração e estima de todos
os outros seus colegas e amigos. Os seus amigos de infância recordam-no até
nos tempos das rivalidades de "Cimo" e "Fundo" onde a sua maneira
de ser, vivendo como sempre no "Fundo" o seu relacionamento com os seus amigos
do "Cimo" foi sempre igual na passividade e amizade para com todos.
Desde sempre foi obrigado a viver
com a doença que o acompanhou durante quase toda a sua vida, vivendo sempre
sobre uma dependência de acompanhamento, mas apesar disso continuava a ser um
verdadeiro lutador, não se resignando ao infortúnio, principalmente,
nos últimos anos e quando passou a ser mais visível a sua dificuldade
de se movimentar e também por último se "prendia" mais em casa.
Na década de 1980 foi
admitido na Junta de Freguesia de Loriga, em reconhecimento das suas aptidões
para a escrita e suas qualidades humanas. Assim, ali passou a exercer a actividade
de funcionário administrativo durante largos anos, em que granjeou a amizade,
simpatia e respeito de todos os seus conterrâneos e habitantes das terras vizinhas.
A sua postura alicerçada numa educação e respeito para com todos,
estava sempre disponível no seu posto para ajudar e a resolver os problemas
de quantos ali se deslocavam, para assuntos autárquicos ou outros, para todos
o "Tó Pisoeiro" como popularmente era assim conhecido, tinha sempre
a disponibilidade e sempre pronto para ajuda na resolução dos assuntos
que lhe apresentavam.
António Mendes da Costa,
faleceu subitamente no dia 14 de Julho 2008, com 61 anos de idade, pouco depois de
ter estado no Café o "Degrau" onde habitualmente ia para uns momentos
de cavaqueira e de convívio com os amigos.
Loriga, viu desaparecer um dos
seus filhos queridos, bem eloquentemente demonstrada no dia do seu funeral, com um
mar de flores que parecia não ter fim, em que centenas de pessoas o acompanharam
na última viagem, com destino à sua última morada no cemitério
local onde ficou sepultado. |
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Joaquim Augusto
Nunes de Pina Moura *
1952 - 2020 |

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Natural de Loriga,
onde nasceu em 22 de Fevereiro de 1952, filho de Viriato Nunes Moura e de Maria Filomena
Nunes de Pina. Tinha 4 anos quando os seus pais se mudaram para o Porto, onde passou
a viver frequentando a escola primária e onde depois continuou a estudar.
Foi sem dúvida a maior figura loriguense no aspecto político, chegou
a ser a ser simultaneamente Ministro das Finanças e da Economia, que lhe valeu
ter ficado conhecido por Super Ministro, isto no ano de 1999, quando do XIV Governo
Constitucional liderado por António Guterres.
Quando começou a estudar endereçou por estudar Engenharia Mecânica,
na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde foi dirigente da Associação
de Estudantes. Contudo acabou por se mudar para Economia, tendo-se licenciado no Instituto
Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica
de Lisboa. Na mesma instituição obteve uma pós-graduação
em Economia Monetária e Financeira, e exerceu funções docentes,
como Assistente.
Ainda novo e por influência familiar começou a interessar-se por política,
num horizonte de ideia contra o regime em vigor. Em 1972, na altura com a idade de
20 anos, filiou-se do PCP (Partido Comunista Português) usando o mesmo pseudónimo
- "Duarte" - do líder histórico dos comunistas portugueses.
Por isso, passou a ser chamado, durante anos, de "Cunhal dos pequeninos"
e visto, por alguns militantes comunistas, como seu "delfim".
Tomou parte da Comissão Nacional do III Congresso da Oposição
Democrática, em Aveiro, em 1973. Foi então que se candidatou nas listas
das Comissões Democráticas Eleitorais (CDE) às eleições
para a Assembleia Nacional. Após o 25 de Abril de 1974 dirigiu no Porto a União
dos Estudantes Comunistas.
Acabou por abandonar o Partido Comunista, ao qual esteve ligado durante 20 anos (1972
a 1992). Em 1992 fundava a Plataforma de Esquerda da qual fez parte até 1995,
ano em que aderiu ao Partido Socialista. Foi Deputado à Assembleia da República,
como Independente dentro das listas do Partido Socialista pelos círculos do
Porto, de Lisboa e da Guarda entre 1995 e 2007.
Joaquim Pina Moura, em 1995 é chamado para o XIII Governo Constitucional, para
exercer o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro António
Guterres, cargo que executou até ao ano de 1997, ano da sua nomeação
como Ministro da Economia, chegando a acumular com a pasta da Finanças, a partir
de 1999 e até 2001 e tal como se diz anteriormente foi cognominado por Super-Ministro.
Depois de deixar o Governo, foi Professor Catedrático Convidado do ISEG e do
ISG - Instituto Superior de Gestão, desde 2005, foi ainda consultor externo
do Conselho de Administração do Banco Comercial Português, tendo
sido ainda presidente do Conselho de Governadores do Banco Europeu de Reconstrução
e Desenvolvimento.
Foi administrador da Galp e presidente da Iberdrola Portugal - em acumulação
com o cargo de deputado, o que lhe valeu uma onda de críticas no partido e fora
dele. Foi em 2007 que deixou todos os seus cargos partidários para assumir um
lugar na administração na Media Capital, dona da TVI, que acumulou com
o de presidente da Iberdrola, que ocupou até 2013.
Sempre que podia ia a Loriga, visitando a sua família, mas a vida extensa que
tinha o impossibilitava de mais vezes visitar a sua terra natal, como chegou a dizer.
Depois de se retirar da vida activa, foi-lhe diagnosticado uma doença neurodegenerativa,
que o levou a lutar com essa sua doença que o passou atormentar.
Faleceu na sua casa em Lisboa e junto à família, no dia 20 de Fevereiro
de 2020, dois dias antes de completar os 67 anos de vida, sendo sepultado em Lisboa.
Os loriguenses viram assim partir desta vida, uma grande personagem na história
contemporânea do seu país, figura de relevo que teve como berço
Loriga. (ap). |
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Carlos José
Gonçalves Ferreira *
1954 - 2009 |
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Nasceu em Loriga
em 20 de Setembro de 1954, filho de José Gomes Ferreira e de Maria do Carmo
Gonçalves.
Um loriguense de gema como se costuma dizer, verdadeiro bairrista que amava a sua terra
que tanto adorava. Ainda novo partiu tomando o destino da grande Lisboa, sediando-se
na Bobadela, trabalhador incansável que foi atingindo os seus fins, vindo com
o tempo a tornar-se empresário, só que neste aspecto nem tudo correu
como totalmente desejava, no entanto, foi sempre um lutador nato pelo trabalho, verdadeiro
profissional, que granjeava a amizade e a estima de todos os seus colegas e com todas
as pessoas que com ele lidavam.
Ficou para a memória de todos a sua dedicação à vida associativa
e comunitária, bem como, o seu talento na arte de representar, onde de maneira
alguma se pode esquecer o seu contributo na fundação do grupo Teatro
Amador da Bobadela (TAMBO) que foi formado no Clube Recreativo Bobadelense, tendo sido
galardoado pela Câmara Municipal de Loures, com o diploma de melhor actor de
teatro amador do concelho de Loures, pela sua excelente representação
no papel de inquisidor-mor, na peça de Dias Gomes "O Santo Inquérito" decorria então os primeiros
anos da década de 1980.
Eram um entusiasta das associações de Loriga, das quais era associado
e sempre pronto a apoiá-las, apesar de estar ausente. Em Sacavém foi
um dos primeiros colaboradores, da ANALOR (Associação dos Naturais e
Amigos de Loriga), logo após a sua fundação, dando parte da sua
disponibilidade nas iniciativas levadas a efeito como exemplo:- Janeiras, Semana Serrana,
grupos musicais entre eles o "Malhapão".
Vocacionando-se a cantar o fado, nomeadamente o fado de Coimbra, que cantava com grande
sentimento e nostalgia, a sua voz integrada no grupo "Trova Nova" e "Trovadores
da Saudade" ficou na recordação e saudade daqueles que tiveram o
privilégio de o ouvir.
Era um entusiasta pelo seu Sporting, nunca faltando à festa "Sportinguista" que todos os anos se realiza em Loriga,
estando bem patente na recordação de muitos a sua genica, dinamismo e
organização, nos anos em que fez parte da comissão da festa ou
colaborando com outras comissões ao longo dos anos.
Casado com Fernanda Conde e com o filho Ricardo, eram na verdade uma família
verdadeiramente cheia de felicidade, onde a alegria e a boa disposição
eram contagiantes, virtude que estava sempre presente nesta família feliz.
Faleceu no dia 24 de Dezembro de 2009, com apenas 55 anos e quando ainda tinha tanto
para viver, partindo desta terra dos vivos, quando fazia
a viagem de Lisboa para Loriga para passar o Natal com a família, quadra de
que tanto gostava e adorava passar na sua terra. A luz negra da morte o surpreende
nessa viagem a decorrer tranquila, disso dá conta a sua esposa ao perceber-se
que alguma coisa não estava bem e de imediato lançou mão ao travão
da viatura que ele conduzia, imobilizando-a. Apesar dos esforços levado a cabo
não dá sinal de vida, já não chegando à sua terra
que tanto gostava e quando os ares de Loriga pareciam já chegar até ele.
O funeral realizou-se em Loriga, onde muitos loriguenses não deixaram de estar
presentes. O fado as "Lágrimas" era o fado de sua eleição
que muitas vezes cantou embora nunca lhe tivessem vindo aos olhos, quando ele, na perfeição
o cantava, quis o destino que viessem a ser derramadas sentidamente por aqueles que
o ouviam e o acompanharam à sua última morada, situada no cemitério
local onde ficou a descansar em Paz.
* Recortes extraídos das crónicas de
José Mendes e Fernando Ortigueira (GL) |
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António
Luís Cardoso Amaro
1955 - 2010 |

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Nasceu em Loriga
em 26 de Junho de 1955, filho de Carlos Luís Amaro e de Laurinda Cardoso Santos.
Desde novo que se lhe conheciam certas aptidões, com as suas ideias bem fixas
e com horizontes bem definidos. Depois de completar a escola seguiu os estudos, primeiro
em Seia e depois em Coimbra, vindo atingir patamares elevados.
Licenciando-se em História
pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, após terminar a sua licenciatura
tornou-se Assessor Principal da carreira técnica superior do Mapa de Pessoal
da Segurança Social do Centro Distrital de Coimbra.
Teve uma actividade profissional no serviço público de grande relevo
ao longo da sua curta vida, que se deve e merece enaltecer esse seu currículo,
começado em 1974 quando passou a exercer as funções de técnico-pedagógicos,
em estabelecimentos oficiais de Educação Especial.
De 1982 a 1984, foi nomeado Técnico Superior no Centro Regional de Segurança
Social do Porto, no Núcleo de Gestão de Pessoal. No mesmo período
foi professor do ensino preparatório e secundário em regime de acumulação.
De 1984 a 1989 passou a integrar o quadro técnico da Administração
Regional de Saúde de Coimbra, onde coordenou o Núcleo de Gestão
de Pessoal na Administração Regional de Saúde do Centro. Em 1989
foi afecto ao quadro técnico dos Serviços Tutelares de Menores, com afectação
ao Ex-Centro de Observação e Acção Social de Coimbra sendo
nomeado por inerência Adjunto da Direcção. Diagnosticado
Em 1990 transitou para o quadro técnico do Núcleo da DGAP (Ex-Direcção
Geral da Administração Pública) sediada em Coimbra, estrutura
responsável pela promoção difusão e execução
da formação profissional na Região Centro. No ano de 1992 passa
a integrar o quadro técnico superior da Direcção Regional do Ambiente
do Centro.
Em 1996 transita para o quadro técnico superior do Centro Regional da Segurança
Social do Centro, afecto à área de formação profissional
sendo nomeado coordenador daquele serviço técnico de formação
(SFAP). A partir de 2001 passa a exercer funções dirigentes como director
do Núcleo de Recursos Humanos do Centro Distrital de Coimbra.
Ao longo da sua carreira profissional, esteve ligado à actividade sindical,
destacando-se as funções de dirigente no Sindicato dos Trabalhadores
da Função Pública do Centro, no mandato de 1981 a 1983, bem como,
idênticas funções de dirigente sindical no Sindicato dos Quadros
Técnicos de Estado (STE) nos mandatos de 1999-2002 e de 2002 a 2005.
Nos últimos meses da sua
vida foi nomeado tomando posse no dia 12 de Julho de 2010 como Director-Adjunto do
Centro Distrital de Coimbra da Segurança Social, uma nomeação
mais que justa e reconhecida pelo trabalho de grande valor e relevo desenvolvido no
Quadro da Segurança Social a que pertence e que desde 2001 era como se disse
director do Núcleo de Recursos Humanos do Centro Distrital.
Sempre atento aos problemas da sua terra, foi de relevo o trabalho empreendido em 1982,
para que fosse posta a funcionar a ETAR (Estação de Tratamento de Águas
Residuais de Loriga) obra já concluída e devidamente apetrechada desde
1978 continuava parada no tempo, que só depois dessas diligências efectuadas,
sendo o assunto levado mesmo à Assembleia da República, foi finalmente
posta em actividade em 1982.
Foi ele também o mentor e promotor do colóquio intitulado "Do Açor à Estrela
com o passado empreender o futuro" debate realizado no Salão Paroquial e inserido no
programa da Festa da Nossa Senhora da Guia, que tinha como objectivo o despertar para
as necessidades de impulsionar e fomentar a iniciativa singular ou colectiva, de forma
a ser possível aproveitar e proteger actividades e produtos locais e desenvolver
emprego nesta região deprimida.
Radicado na região de Coimbra, onde aliás, desempenhou quase sempre a
sua actividade profissional, casado e pai de duas filhas, teve sempre uma vida familiar
de afecto e de felicidade.
Foi por altura de finais do mês de Julho de 2008, que teve uma alteração
de saúde, que depois duns controles aprofundados lhe foi diagnosticado um problema
grave, começando a partir daí com uma luta constante contra a grave doença
ao longo de mais de dois anos.
Ao longo da sua curta vida o Dr. António Luís Cardoso Amaro, foi sempre
um homem de "grande dignidade" e "grande dedicação"
um homem sempre a revelar "um
sentido de serviço público" acima da média. Sendo "uma referência de amizade,
solidariedade, cumplicidade, um homem de carácter", que acabou por falecer
com a "mesma atitude" com que encarava a vida, "com grande optimismo
e dignidade".
Esteve ainda no mês de Junho 2010 em Loriga, na festa convívio da celebração
dos 55 anos dos bebes Loriguenses nascidos no ano de 1955, num encontro que afinal
se traduziu de despedida dos seus amigos da sua criação.
Em meadas de Agosto de 2010 já numa fase mais declinante volta ao HUC de Coimbra,
mas voltando ainda para casa e para o trabalho. Até que em meadas de Setembro
seguinte na Quarta-Feira do dia 15, sentindo-se mal foi internado no IPO do hospital
de Coimbra, onde veio a falecer no Sábado seguinte dia 18 de Setembro.
O seu corpo ficou em câmara ardente na capela de Nossa Senhora de Lourdes Montes
Claros - Coimbra) e o funeral a realizar-se na de manhã Segunda-Feira dia 20
pelas 10h00, para a Figueira da Foz onde foi cremado.
Foi uma grande perda para Loriga, que assim viu partir um dos seus filhos, que notabilizando-se fora dela, muito
fez pela sua terra, deixando todos os seus conterrâneos muito consternados |
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Maria de Lurdes
Martins Aparício Alves
1956 - 1995 |
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Nasceu em Loriga
a 29 de Julho de 1956, filha de António Gomes Aparício e de Maria José
Gouveia Martins.
Maria de Lurdes, operária fabril, foi a primeira bombeira de Loriga, ingressando
na Associação dos Bombeiros Voluntários nos primeiros anos após
a sua fundação, quando o antigo Quartel era no "Barracão"
situado no Bairro das Penedas, em que a sua presença assídua era bem
demonstrativa na sua grande dedicação às missões que lhe
conferiam, nos relevantes préstimos ao serviço da Associação.
A sua vontade de ser bombeira foi na realidade de muita coragem, tudo fazendo para
a sua integração, na então nova Associação dos Bombeiros
Voluntários de Loriga, numa época quando muitos ainda pensavam que o
voluntarismo nos Bombeiros era apenas destinados aos homens.
É nesse enquadramento que se regista com relevo a determinação
da Maria de Lurdes, lutando na altura contra alguns preconceitos que foram muito determinantes
e como que motes para simultaneamente outras raparigas lhe seguirem o trilho, que no
entanto, ficou para a história de ter sido ela, oficialmente, a primeira Bombeira
de Loriga.
Casada com Carlos Moura Alves, foi mãe de dois gémeos Roberto Alexandre
Martins Alves e Marco Paulo Martins Alves (falecido). Era esposa, mãe e dona
de casa, mas mesmo assim repartia o seu tempo livre a efectuar os seus esmerados serviços
em prol dos Bombeiros, instituição da qual ela muito gostava de pertencer.
Em Abril de 1990, por altura do 8°. Aniversário dos Bombeiros de Loriga,
foi escolhida para madrinha de baptismo da viatura atribuída aos Bombeiros,
o Renault VFCI 01 onde mostrou uma vez mais o seu brio de verdadeira Bombeira e servir
a Associação dos Bombeiros da sua terra.
Nos primeiros anos da década de 1990, veio afastar-se dos Bombeiros por motivos
profissionais, dando um novo rumo à sua vida, emigrando para Alemanha para trabalhar,
mas algum tempo depois e ainda muito nova foi atraiçoada pela doença
que a deixou desalenta da sua vida activa.
A sua luta então passou a ser contra essa enfermidade, tudo fazendo para ter
forças para lutar contra ela, a doença passou a ser mais declarada e
algum tempo depois veio a falecer em 19 de Janeiro de 1995, na Alemanha onde residia,
com apenas 39 anos.
Loriga perdeu dessa forma uma sua
filha,
uma mulher determinada e de bom coração, especialmente dedicada á
família e aos bombeiros, num voluntariado sem precedentes a favor dessa instituição
dos Bombeiros da sua terra que ela tinha por hábito de dizer que adorava.
O seu corpo veio para Loriga, onde foi realizado o funeral no dia 27 de Janeiro de
1995, sendo sepultada no cemitério local, perdendo Loriga e os Bombeiros a sua primeira Bombeira, à qual muito
ficaram a dever. |
*** |
Fernando Luís
Ferreira Ferrão *
1958 - 2006 |

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Natural de
Loriga onde nasceu em 13 de Setembro de 1958, Filho de Herculano Luis Ferrão
e de Maria Emília Ferreira.
Sempre solidário, muitas vezes divertido e nunca ambicioso, dedicou grande parte
da sua vida às causas sociais, sendo sem margem para dúvidas, um exemplo
a seguir, pois quem o conhecia sempre o encontrava, incansável e solícito,
em actividade nas colectividades e instituições de Loriga.
Pertenceu a vários organismos das sua terra. Foi bombeiro, escuteiro, marchante,
actor, músico, enfim, um sem números de causas em que estava sempre pronto
para colaborar em tudo de bom para a Loriga.
Era um bom bombeiro, sempre a postos para combater os fogos ou a cumprir outros serviços
humanitários. Como escuteiro, estava ele sempre disponível a organizar
caminhadas com os mais novos. Foi marchante e um entusiasta das Marchas Populares onde
deixou a sua marca com garra e alegria.
Foi também actor, longe de querer os holofotes voltados para ele, o "Ferrãozito",
como era tratado, era um bom actor, participando activamente no grupo cénico
do Grupo Desportivo Loriguense.
Como músico começou na Banda de Loriga, animando depois os grupos de
música tradicional, "Amanhã" e "Novo Horizonto" onde
tocou viola e bandolim.
Faleceu inesperadamente na sua casa onde vivia, no dia 6 de Julho de 2006, com a idade
de apenas 47 anos, Loriga vê assim desaparecer um dos sue mais conceituados filhos,
que muito contribuiu em prol da comunidade e do associativismo e que muito ainda tinha
para dar à sua terra.
O seu funeral realizou-se em Loriga, tendo tido Honras de Bombeiro, com o corpo levada
em carro da corporação do Bombeiros Voluntário de Loriga para
a sua última morada no cemitério local. |
* Casimira
Mendes (GL) |
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Carlos Jorge Cardoso
Amaro
(1969 - 2013) |
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Natural de Loriga,
onde nasceu em 18.7.1969, era filho de Carlos Luís Amaro e de Laurinda Cardoso
Santos.
Era sem dúvida, até altura da sua morte, a maior figura de Loriga, homem
determinado e confiante naquilo que acreditava, um dos maiores bairrista que amava
e conhecia Loriga como ninguém, bem como, toda a região circundante e
também toda a Serra da Estrela, parecia mesmo, que não havia um palmo
de terra que ele não conhecesse, guiou centenas de pessoas pelos caminhos tortuosos
e mesmo extasiantes, foi um verdadeiro cicerone que muito deu a conhecer.
Foi durante alguns anos vigilante do Parque Natural da Serra da Estrela, era na realidade
um apaixonado pelas suas origens, tinha um conhecimento elevado de factos, de pessoas,
dos lugares, da flora de toda a região, que foi acumulando, quer pelo seu interesse
e empenhamento, quer pelas funções que exerceu.
Estudou turismo no Instituto Politécnico da Guarda. Tinha na fotografia um dos
seus
hobbies,
retratava tudo por onde passava relacionado à Serra da Estrela ou à sua
terra, mesmo até algo de insignificante não lhe escapava, conseguindo
ter milhares de fotografias, sobretudo da sua "querida" Loriga. Recebeu até o certificado
de participação no maior Álbum Fotográfico do mundo, já
reconhecido pelo GUINNESSE, com fotografias suas que foram escolhidas para aquele álbum,
que o deixou muito feliz.
Homem de uma frontalidade bem sua característica, quando os valores da justiça
e da honradez estavam em causa, não alinhando com a hipocrisia, que levava muitas
vezes a não ser compreendido, era um lutador e um defensor da sua terra com
tão forte espírito que levava quase sempre de vencida quem a tentasse
prejudicar. O seu amor por Loriga era na verdade grande, fazia tudo pela sua terra
pois queria tudo de bem para ela, apetrechava-se com todo o seu conhecimento que o
dedicava em prol do progresso e pela sua supremacia da sua Loriga, enquanto terra importante,
enquanto território de muitas potencialidades
Era ainda novo quando teve um rude golpe na vida, que de certa forma o afetou e marcou
profundamente para sempre. Num brutal acidente de motorizada morreu um seu cunhado,
na mesma motorizada onde ele também ia, ficando bastante ferido, quando foram
abalroados por um condutor irresponsável.
A partir do ano 2000, passou a ser Técnico Tributário da Autoridade Tributária
Aduaneira (Finanças) em Seia), onde desempenhava com verdadeiro zelo e profissionalismo
essas funções no funcionamento público, sendo muito conhecido
por estar sempre pronto a ajudar todos aqueles que o procuravam, nomeadamente, os seus
conterrâneos, que era os primeiros a ajudar, pois na verdade assim era, muitos
da sua terra o procuravam quando tinha algum problema relacionado aos serviços
que ele desempenhava.
Tinha muitos projetos para a sua terra, inseriu-se também em outros, nomeadamente,
quando se relacionavam a nível do impacte ambiental, lembrando-se até
um deles que teve um certo impacto no que dizia respeito aos problemas de poluição,
quando contribuiu na apresentação de uma longa exposição
acompanhada de fotografias, em relação ao problema surgido na Torre (Serra
da Estrela) onde era referido problemas de poluição que se verificaram
na área, fundamentalmente no que se refere à poluição dos
cursos de água devido à existência de fossas sépticas com
mau funcionamento, à dispersão de resíduos sólidos e mesmo
à afectação da geologia - neste caso com a utilização
das pistas no verão para desportos motorizados.
Ficou na história como o grande impulsionador de levar a Praia Fluvial de Loriga
à grande campanha da escolha das "7 Maravilhas - Praias de Portugal" um dos maiores projetos de divulgação
de Loriga. Foi mesmo o rosto no programa da televisão RTP 1, realizado em direto
na Praia Fluvial de Loriga, no dia 5 de Agosto de 2012.
O senhor Presidente da Câmara Municipal de Seia, Felipe Camelo, agraciou com
o emblema que foi o símbolo das "7
Maravilhas - Praias de Portugal" (emblema
que o senhor Presidente da Câmara usou no festival da final para atribuir a "7 Maravilhas - Praias de Portugal")
numa
singela homenagem, pelo seu desempenho neste projeto que foi de grande divulgação
de Loriga e do concelho de Seia.
Fez parte dos órgãos diretivos de várias instituições
de Loriga, tinha um carinho especial pelos Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários de Loriga e pela Sociedade Recreativa e Musical Loriguense,
sendo para ele uma grande alegria quando o seu filho se tornou músico, concretizando
assim um seu sonho e do seu falecido pai, que tanto gostava de ver um filho na Banda,
passando o Carlos Amaro a dizer com orgulho, "que o seu pai não teve um filho músico
na Banda de Loriga, mas tinha agora um seu neto"
Gostava muito da Primavera, tinha um prazer imenso a ver as maias, a flor da giesta
e toda a flora emprestando um colorido especial às paisagens circundante de
Loriga e da serra, dizia que a Primavera para ele era a estação do ano
mais bela, que segundo também dizia "além de nos deliciar com temperaturas
amenas e confortáveis, preenche a visão com um festival de cores e tonalidades
que nos fazem alegres e causam em nós sensações de conforto e
bem-estar, além disso, as paisagens mudando de cores são neutras, imparciais,
pois caso contrário tornaria as paisagens monótonas". Escreveu ele um dia ao contemplar
a paisagem da sua terra - "Viva
a alegria, viva a diversidade, viva a primavera".
Em Janeiro de 2009, começa a lutar com a doença que entretanto lhe aparece,
passou ainda mais a ser admirado pela sua força de autêntico guerreiro,
uma luta tremenda que por vezes dava a sensação que parecia consegui-la
vencer, sofreu muito que por vezes não dava a perceber.
Pai e marido extremoso, para ele a família era também tudo, deixou órfãos
dois filhos ainda menores, uma preocupação que o acompanhava e que mais
o angustiava, depois do diagnóstico da doença com a qual ia vivendo.
Nas duas últimas semanas da sua vida o mal tomou proporções com
passadas
galopantes,
é internado nos Cuidados Paliativos do hospital de Seia, onde faleceu no dia
15 de Junho de 2013, quando estava a cerca de um mês de completar 44 anos de
idade e quando tinha ainda tanto para fazer e para viver.
Morre, por volta das 11h30 cerca de três horas depois do falecimento de um outro
grande loriguense, precisamente no quarto ao lado, também chamado Carlos (Carlos
Moura Santos 1947-2013) também ele internado nessa Unidade Hospitalar.
Loriga ficou então mais pobre, ao ver partir um dos seu filhos queridos e ao qual muito ficou
a dever, para muitos uma grande perda se não mesmo irreparável, que deixou
muitas saudades à famílias, aos amigos e a todos os seus conterrâneos.
O seu funeral foi realizado em Loriga, onde foi sepultado no cemitério local,
uma multidão imensa o acompanhou à sua última morada, o tempo
pareceu também notar a sua partida, um dia sinuoso se fazia sentir, como
que também triste, ficou a repousar e a descansar no Recanto Santo da terra que foi seu berço,
a sua querida
Loriga
que ele tanto amava. |
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Galaria dos Loriguenses
Centenários
Registo de pessoas nascidas em Loriga que viveram 100 anos e mais.

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Urbana
Pereira
(Loriga *)
1885 - 1987 |
AlbanoFernandes
Conde
(Brasil *)
1888 - 1988 |
Maria
dos Anjos
Leitão Brito Crisóstomo
(Loriga *)
1894 - 1995 |
*** |
*** |
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Maria
dos Anjos Jorge Moura de Joao Luíz
(Argentina *)
1904 - (**) |
António Nunes Moita
(Loriga *)
1898 - 1999 |
Urbana
Duarte Pina (Lisboa
*)
1911 - 2013 |
*** |
*** |
*** |

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Maria
Emília de Moura Pina (Loriga *)
1914 - 2017 |
Aurora
Brito Antunes (Loriga
*)
1917 - 2018 |
António
Luís Pina (Lisboa
- Olhão *)
1920 - 2022 |
*** |
*** |
*** |

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Laura
Antunes Moura Silvestre
(Loriga *)
1922 - 2022 |
Armamdo
Reis Fernandes Leitao (Lisboa
- Loriga *)
1922 - 2023 |
Maria
dos Anjos Mendes de Jesus (Loriga - Moscavide *)
1923 - |
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(*) Local onde
viveram a maior parte do tempo da sua vida. |
(**) Sabe-se
ter completado os 100 anos em 2004, mas a partir de então não tenho registo
de qualquer outra noticia respeitante a esta centenária loriguense. |
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-
R E C O R D A R -
- Recordar
- É o tema relacionado as pessoas que não estando inseridas nesta página,
com os seus dados biográficos, aqui as recordo também por com elas ter
convivido, algumas delas foram mesmo recordadas nesta minha Homepage na rubrica ACTUALIDADES
(na data do falecimento). Aqui se recorda num síntese de registo efectuado por
mim ou eventualmente por outras pessoas, fazendo-se desta forma uma homenagem a Pessoas Loriguense ou até Pessoas
não Loriguenses, que de certa maneira tiveram Loriga com terra de opção, gente que já nos
deixaram partindo para uma outra vida mais Além,
mas que continuam vivas e bem presentes nas nossas recordações.
Disse um dia
o poeta Fernando Pessoa
"Serás lembrado
em duas datas na que nascestes e na que morrestes"
APina - (ap) |
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Joaquim
Augusto Correia
16.02.1900 - 23.08.1965 |
Recordar
Joaquim Augusto Correia popularmente conhecido por Joaquim "Caségas"
é
poder-se falar de uma referência em Loriga na época, por se ter
tornado um dos melhores e maiores serralheiros numa terra, que não sendo
a sua, passou a ser a sua terra por opção.
Joaquim Augusto Correia nasceu em 16 de Fevereiro de 1900 no Paúl concelho
do Fundão, distrito da Covilhã na Beira-Baixa, era filho de Joaquim
Antunes Correia e de Maria Nunes. Tinha apenas 17 anos quando veio para Loriga
aprender a arte de serralheiro na pequena oficina do senhor José Caségas,
na altura ainda pouco expandida.
Desde
logo foi notório no jovem Joaquim Correia certa aptidão na arte
de serralheiro, não sendo por isso estranho que se viesse a tornar num
verdadeiro mestre, que com o tempo foi transmitindo os seus ensinamentos a
outros jovens que se formaram e que se vieram a tornar também grandes
serralheiros em Loriga |

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De uma inteligência
rara, com um futuro prometedor pela frente, enamorou-se da filha do seu patrão,
com quem veio a casar, passando a ter então outras responsabilidades, que com
uma visão mais progressiva fundou com o seu sogro uma oficina mais virada para
o futuro e que veio a tornar-se durante muitos anos numa grande referência em
Loriga. A firma fundada no Outeiro ficou com o nome de José Soares & Filho,
com o falecimento do seu sogro anos depois, passou para o Joaquim Augusto Correia,
que a dirigiu durante muitos anos.
Era eu uma criança, quando me habituei a ver na oficina do Joaquim "Caségas" no Outeiro, como assim foi sempre chamada,
aquela figura de uma personalidade bem vincada como foi sempre o senhor Joaquim Augusto
Correia, que para além de patrão era uma pessoa boa e de muita humanidade,
por isso, ter angariado a estima e a consideração dos habitantes de uma
terra, de onde não era natural.
Faleceu aos 65 anos de idade, quando provavelmente tinha ainda muito para dar, vendo
Loriga desaparecer uma figura marcante na época,
com a nossa terra a ficar muito mais pobre, uma figura que veio de outra terra, mas
como que de Loriga fosse. Ficando para sempre o seu nome perpectuado na memória
de muitos loriguenses. (
* ap + excertos de escritos/família) |
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Álvaro
Jorge Ribeiro
*
16.5.1915 - 26.12.1970 |

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Recordarmos
Álvaro Jorge Ribeiro, é poder falar de uma pessoa de bem, que
fez parte daquele grupo de sindicalista loriguenses, cientes na defesa dos
valores a que todos os trabalhadores tinham direito, pelo fruto do seu trabalho,
nomeadamente, pelo trabalho nas fábricas dos lanifícios de Loriga.
Com a idade de 12 anos, vai para o Brasil, para Belém do Pará,
juntamente com uma irmã e madrinha mais velha, onde também já
vivia a sua tia Urbana. Trabalhou também na cidade de Manaus, na profissão
de padeiro. Com a idade de vinte anos regressa a Portugal, onde conheceu Arminda
Nunes Matias que era sua vizinha em Loriga com quem veio a casar.
Quedou-se
então por Loriga, passando a trabalhar na Fábrica do "Regato
A.Pina", que mais tarde passou a ser a Fábrica " Pina Nunes".
Tinha então já seis filhos quando pensou partir novamente para
o Brasil, procurando uma melhor vida para o sustendo dos seus, desta vez para
o Rio de Janeiro, mas pouco tempo depois da chegada, começa a sentir-se
doente, é então diagnosticada uma doença cardíaca. |
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Sete meses depois
da sua partida para o Brasil, regressa assim a Portugal, que impedido de continuar
uma vida mais promissora, tentou uma carreira por Lisboa, onde permaneceu um ano, acompanhado
da filha mais velha, Lúcia.
Entretanto, a doença vai-se agravando, tendo mesmo sido impedido de trabalhar,
dado que não podia fazer grandes esforços, regressa então à
sua terra natal, nasceram depois ainda mais três filhos, que veio apertar ainda
mais a sua vida, já por si bastante difícil.
Já reformado dedica-se de alma e coração ao sindicalismo, passando
a fazer parte das direcções do Sindicato Nacional dos Operários
da Indústria de Lanifícios (Secção) de Loriga, instalada
na casa conhecida pelo "Casarão", uma sede que era um local de convívio
para todos os operários das fábricas e suas famílias. |
Bastante evoluído
e habilidoso, passa a fazer a escrita do Sindicato e passa a ter um papel fundamental
junto da comunidade ao ajudar as pessoas a tratar da papelada para receberam as suas
respectivas reformas.
Faleceu aos 55 anos, um dia depois do Natal da chamada festa da família, no
ano de 1970, vendo os loriguenses assim partir um seu conterrâneo, muito estimado e respeitado e
quando ainda tinha tanto para fazer nesta vida na terra. (*ap + excertos de escritos/família) |
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Padre António
Mendes Cabral *
16.02.1921 - .02.1976 |
Nasceu
em Loriga em 16 de Fevereiro de 1921, filho de Alfredo de Mendes Cabral e de
Maria Emília Moura Cabral.
Desde muito novo era visivil um certa ideia objectiva, nomeadamente, uma inclinação
num futuro apostolado. Ingressando no seminário logo após complectar
a escola primária na sua terra.
Foi ordenado sacerdote em 26 de Novembro de 1944 na cidade da Guarda, tendo
celebrado a sua primeira missa na semana seguinte (1 de Dezembro) em Loriga.
Foi colocado como coadjutor na Guarda-Gare, sendo assim o começo da
sua vida sacerdotál |

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Foi pároco
em Girabolhos, Torroselo, Folhadosa e Vila Cova, Fatela e por fim na Cabeça,
em todas as localidades deu um pedaço da sua vida espalhando a graça
de Deus com a verdade do Evangelho e onde efectuou um trabalho de relevo e por isso
ainda hoje é recordado.
Em 1969 celebrou na Cabeça as Bodas de Prata da Ordenação, no
entanto, Loriga não quiz deixar também de homenagar, este seu filho e
amigo neste seu aniversário festivo, tendo-se realizado no dia 8 de Dezembro
em Loriga, por ser festa da Imaculada Conceição, uma singela homenagem,
à qual se associou muito povo, recebendo também muitas ofertas em nome
da Comunidade Loriguense.
Faleceu subitamente em Loriga, em Janeiro de 1976 com a idade de 56 anos.As cerimónias
fúnebres foram presididas pelo senhor Bispo da Guarda, D. Policarpo da Costa
Vaz, concelebrando com muitos sacerdotes que se deslocaram a Loriga. O funeral realizou-se
para o cemitério local, onde se incorporaram muitas pessoas que o acompanharam
à última morada, onde ficou sepultado. (*
ap) |
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Professor
Alberto Pires Gomes *
28.06.1910 - 06.10.1979 |
Nasceu
em 28 de Junho de 1910. Colocado em Loriga, como professor primário,
ali se radicou, onde veio a casar com D. Irene Almeida Abreu, também
professora.
Eram sobejamente conhecidas as suas qualidades como pedagogo, não só
pelos seus colegas como também pelos seus alunos. Foi o meu primeiro
professor e tenho ainda comigo muitos dos seus ensinamentos.
Leccionando em Loriga durante longos anos, foram bem reconhecidos os grande
benefícios que espalhou por esta localidade, ensinando gerações
e gerações de loriguenses. |

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No dia 22 de
Dezembro de 1974, foi homenageado, bem como a sua digníssima esposa, professora
D. Irene Almeida Abreu, numa significativa homenagem que os seus antigos alunos de
várias idades lhe prestaram, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande
educador e à qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de
Freguesia e Banda da Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi
realizada inserida nessa homenagem.
Foram na realidade muitas as pessoas que quiseram estar presente nesse dia, vindo mesmo
de fora antigos alunos, para todos juntos lhe demonstrar toda admiração,
afecto e estima que tinham por tão nobre professor, que fez de Loriga a sua
terra
A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu
com justiça, que o nome deste ilustre professor fizesses parte da Toponímia
de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas,
logo após este ter sido construído.
Faleceu em 6 de Outubro de 1979, em Loriga, com a idade de 69 anos, ficando sepultado
no cemitério local, esta terra que ele considerava também sua. (* ap) |
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Adelino
Pereira das Neves *
15.07.1901 - 07.01.1979 |
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Recordar
Adelino Pereira das Neves é recordar uma pessoa que não sendo
de Loriga, muito fez no desenvolvimento de uma terra onde um dia resolveu se
radicar. Natural de Santa Ovaia, onde nasceu em 15 de Julho de 1901, filho
de António Francisco e de Maria dos Prazeres Pereira.
Fixou-se em Loriga em
1925, logo após a construção da estrada que passou a ligar
São Romão à Vila de Loriga.
Criou uma carreira de transporte de passageiros, com um pequeno autocarro,
de que era proprietário. Em 1931 fundou uma empresa de transportes públicos,
"Auto Viação Serra da Estrela" já então
com outras camionetas de passageiros, que ia de Loriga à estação
ferroviária de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia
de Transportes Hermínios, que passou a operar na região de Seia.
Já na condição de aposentado, teve um carro de praça
de que era proprietário e, durante algum tempo, exerceu essa actividade.
Faleceu em 7 de Janeiro de 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério
de Loriga. Vendo-se assim partir uma pessoa que de certa maneira ficou na memória
e na recordação de uma geração loriguense. (* ap) |
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Maria do
Carmo Brito Amaro Alves *
02.02.1900 - 17.12.1982 |
Recordar
aqui Maria do Carmo Brito Amaro Alves, popularmente conhecida no meio loriguense
por "Péis
Bom"
=
"Pois Bom" (por aplicar essas palavras a todo o momento quando se expressava),
é poder falar de uma pessoa do meu Bairro de S.Ginês, que me marcou
profundamente, nomeadamente nos meus tempos de criança, minha vizinha
porta com porta no pitoresco e histórico Beco de S.Ginês, era
uma pessoa como que fazendo parte da minha família, pois lembro-me de
ser em minha casa que passava a maior parte do tempo, lembro-me até,
de dividirmos com ela, quase todos os dias, do que havia para comer.
Mulher extremosamente religiosa, sempre de preto com a cabeça tapada
com o velho lenço, enrolada no seu xaile e com as saias a quase a varrer
o chão, todos os dias ia há igreja mais que uma vez, em que a
sua sensibilidade, ternura e de pessoa de bem a diferenciava de todas as pessoas
do meu bairro, não podia ouvir uma palavra feia ou mesmo uma asneira
inocentemente que fosse, ficava como que envergonhada e triste, tendo aquela
ideia, que mesmo estando a ouvir, também era pecado. |

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O Beco de S.Ginês,
a sua casita, pequena loja onde vivia, o seu irmão António que tanto
adorava, o chá preto com um bocadito de pão e queijo, como que obrigatoriedade
a sua alimentação diária, a devoção à igreja,
a comunhão que diariamente recebia e nós os vizinhos, tudo isto era na
verdade o seu mundo e a sua vida, que eu no meu olhar de criança a via assim
como que uma santa.
Parecia viver também uma vida de preconceitos, viu-me nascer, pegou comigo ao
colo, viu-me crescer e me viu tornar homem, a sua timidez e a sua vergonha era tanta,
já depois de estar por fora, quando eu chegava a Loriga e a cumprimentava beijando-a,
ela pensava que estava a praticar o maior pecado do mundo, ou quando eu em brincadeira
à frente dela tirava a camisa e ficava em tronco nu, ela refugiava o seu olhar
escondendo-o no seu xaile ao mesmo tempo que tapava a sua cara de muito envergonhada.
Recordo que quando surgiu a lei em Portugal de as pessoas poderem recorrer a uma reforma
através da Casa do Povo, mediante uma quantia contributiva (que na época
não era pouca e que até podia ser paga de uma só vez), a senhora
do Carmo do "Péis
Bom"= "Pois Bom" na sua qualidade de idosa, também pensou requerer a essa pensão,
o seu irmão lhe deu parte da quantia necessária, o resto ia ela pagando
aos poucos, sei que na minha primeira visita a Loriga, já estando eu no estrangeiro,
sabendo do que ainda lhe faltava saldar, lhe paguei essa quantia que faltava, pouco
tempo depois passou a receber a pequena reforma. Ao pagar-lhe a quantia que faltava,
tenho ainda presente em mim o olhar alegre com que me brindou, pois estava habituada
a ver os seus olhos sempre tristes, mas nesse dia encheram-se de alegria como que em
festa. |
Uma vida de
oração a Deus, pedindo por todos nós, foi sem dúvida uma
virtude da sua vida na terra, se de facto há lugares no céu reservados,
a senhora Maria do Carmo, foi ocupar um desses lugares, que estou certo e ali junto
a Deus, continuou e continua a rezar e a pedir por todos nós.
(* ap) |
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Professora
Irene Almeida Abreu *
03.08.1904 - 02.04.1982 |

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Nasceu
em Loriga em 3 de Agosto de 1904, filha de Pedro de Almeida e de Maria Adelaide
Abreu Amaral.
Professora de reconhecido mérito, sempre muito dedicada aos seus alunos,
tendo herdado os atributos de seu pai, Professor Pedro de Almeida, na missão
de ensinar as primeiras letras às crianças.
Exerceu o magistério em Loriga, durante quarenta e um anos. Ensinou
gerações de alunos, cujos testemunhos evidenciam o rigor, o empenho
e o elevado nível de exigência que colocava nos seus ensinamentos,
e que se traduziam nos bons resultados por eles obtidos. |
|
Casou com Alberto
Pires Gomes, também professor primários, que tinha sido colocado em Loriga,
onde se radicou.
No dia 22 de Dezembro de 1974, foi homenageada, bem como, o seu marido professor Alberto
Pires Gomes, numa significativa homenagem que os antigos alunos de várias idades
quiseram prestar, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande educadora e à
qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de Freguesia e Banda da
Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi realizada inserida
nessa homenagem.
Além de muitas pessoas que associaram à esta homenagem, esteve também
presente muitos familiares desta distinta senhora, entre eles o seu sobrinho Dr. Almeida
Santos na altura ministro da Coordenação do Território.
A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu
com justiça, que o nome desta ilustre professora passasse a fazer parte da Toponímia
de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas,
logo após este ter sido construído.
Faleceu em Loriga, com 78 anos de idade, no 2 de Abril de 1982, perdendo Loriga uma
senhora de grandes virtudes, sendo sepultada no cemitério local.
(* ap) |
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Professor
Adelino Moura Galvão *
09.10.1929 - 08.02.1990 |
Nasceu
em Loriga em 9 de Outubro de 1929, filho de Mateus de Moura Galvão e
de Maria dos Anjos Pina Galvão.
Professor primário
de enormes qualidades, esforçando-se para que os seus ensinamentos fossem
linhas orientadoras que permitissem aos seu alunos enfrentar sem temor o dia
de amanhã.
Era mesmo considerado
como um verdadeiro mestre na arte de ensinar, tendo sempre como preocupação
transmitir aos seus alunos todo o seu ensinamento que o distinguia. Tive o
previlégio de ter sido seu aluno e tenho comigo ainda hoje, muitos dos
seus ensinamentos. |

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Muito culto,
disciplinado e de muito profissionalismo, deu o melhor que sabia ao ensino, tinha ainda
uma particularidade muito própria, que mesmo para além do normal horário
escolar levar os seus alunos para uma sua casa situada na "Vista Alegre"
para estudarem, um acto que para tirar da rua os seus alunos para que aprendessem ainda
mais, isto antes da entrada em actividade a nova Escola Primária de Loriga.
Foi presidente da Junta de Freguesia
na década de 1960, tendo projectado muitas ideias, que contribuíram para
muito do desenvolvimento que na década seguinte se veio a concretizar na vila
de Loriga.
Era casado com D. Helena Leitão,
que com os dois filhos formavam uma família que ele tanto adorava.
Faleceu em Loriga, no dia 8 de
Fevereiro de 1990, sendo sepultado no cemitério local. Vendo Loriga desaparecer
mais um dos seus professores, deixando uma saudade em todos aqueles que muito o admiravam.
(* ap) |
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José
Luis dos Santos *
05.10.1911 - 25.10.1993 |
Nasceu
em Loriga em 5 de Outubro de 1911, filho de José Pinto Luis e de Maria
do Carmo Santos.
Um dos mais conceituados comerciantes de Loriga, reconhecido pelo seu dinâmico
espírito para o meio negocial. As sequelas físicas, por motivo de um grave
acidente originado por uma bomba de foguete, ocorrido quando era ainda criança,
nunca foram impeditivas para o desempenho de qualquer actividade, nomeadamente,
no ramo comercial.
Sempre disponível para actividades da comunidade, durante muitos anos
desempenhou funções na Irmandade das Almas, tendo sido igualmente
importante, o seu contributo na década de 1940, como Escrivão
de Loriga.
Fixou em Loriga um Depósito central de tabaco e, durante décadas,
abasteceu toda a região sendo, por isso, muito conhecido por todo o
lado.
Faleceu em Loriga 25 de Outubro de 1993, sendo sepultado no cemitério
local. Os loriguenses viram partir o "Ti Zé Luzia" como popularmente assim era
chamado, uma pessoa que foi uma referência no meio comercial de Loriga
e que ficou na memória e na recordação dos seus conterrâneos.
(* ap) |

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Padre Herculano
de Brito Martins *
28.10.1918 - . .1994 |

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Recordar
o Padre Herculano é recordar alguém a quem me ligou laços
familiares em grau de parentesco. Nasceu em Loriga em 28 de Outubro de 1918,
filho de Carlos Brito Martins e de Maria do Carmo Alves Macedo. Foi ordenado
sacerdote em 29 de Junho de 1943. A sua vida sacerdotal foi toda ela passada
fora da sua terra, passando pelo seminário de Santarém, onde
foi professor desempenhando também o cargo de vice-reitor. De 1957 a
1963 foi Pregador das Missões do Patriarcado, depois foi Pároco
na Amadora durante vários anos, sendo em 1974, nomeado Pároco
da Graça em Lisboa. Mais tarde e depois de deixar a Paróquia
da Graça, desempenhou funções sacerdotais noutras paróquias
de Lisboa. |
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Visitava Loriga
quando podia, na companhia da sua mãe que o acompanhou sempre na sua vida sacerdotal.
Em determinada fase da sua vida e, após o falecimento da sua mãe, passou
a visitar com mais regularidade a sua terra, principalmente para gozar as sua férias
anualmente, teve mesmo uma casa alugada durante vários anos, e quando da sua
estadia em Loriga estava sempre disponível para ajudar o Pároco local.
Tenho na recordação o senhor Padre Herculano, pois foi ele que fez o
meu casamento. Nos últimos anos da sua vida, já pouco desempenhava as
funções canónicas, por se encontrar doente e muito debilitado.
Faleceu em Lisboa, perdendo Loriga um seu filho que se notabilizou fora dela. (* ap) |
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Arminda
Nunes Matias *
20.8.1914 - 14.10.1994 |

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Falar-se
de Arminda Nunes Matias, é podermos recordar uma senhora de coração
grande, que ao serviço da comunidade se notabilizou ao vestir e arranjar
os defuntos, quando as famílias a ela recorria, para desempenhar tão
nobre trabalho, a troco da recompensa de Deus.
Aprende a costurar era
ainda uma menina, e foi esta vida de costureira, que a levou a uma profissão
pobre, mas muito rica de histórias, que ela tinha para contar. Desde
costurar nas casas de gentes mais abonadas da sua terra, ou para gente menos
afortunada, vezes sem conta confeccionou as ditas mortalhas ou as roupas dos
defuntos, muitas das vezes até as altas horas da madrugada, quando lhe
batiam à porta para esse fim. |
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Ainda muito
nova com a idade de 14 anos, fica órfão de sua mãe, Leonor Nunes,
sendo a mais velha de 5 irmãos, passou ela a ter a incumbência de cuidar
da casa e família, tendo também em conta de seu pai Agostinho Matias
ser emigrante em França, onde esteve durante largos anos, por isso mesmo lá
foi então cuidando dos irmãos até cada um começar a levar
o rumo das suas vidas.
Esposa e mãe extremosa
deu à luz 9 filhos, que criou e educou com o maior afago e carinho, teve um
rude golpe com o falecimento do seu marido Álvaro Jorge Ribeiro, que morre com
a idade de apenas 55 anos, decorria então o Natal de 1970, mesmo assim, consegue
arranjar as forças necessárias para superar o infortúnio, quando
tinha razões para chorar, fazia por transmitir para a família valores
muitos bons, complementados com uma presença alegre e muito positiva.
Foi trabalhando até já
não mais poder, nesta arte da costura, muitas vezes a troco de nada, levando
sempre em frente uma vida pobre mas honrada, compartilhando a sua alegria de viver
com os netos à sua roda, que muito os adorava. |
Faleceu no dia
14 de Outubro de 1994, tinha então 80 anos de idade, com uma vida concluída
de muito sacrifício, mas que fazia com que tudo parecesse o contrário,
não admitindo tristezas à sua volta.
Os loriguenses viram assim desaparecer
mais uma sua conterrânea, que se distinguiu no arranjo de muitos defuntos, para
que chegassem bem arranjados, ao irem ao encontro de Deus. (*ap + excertos de escritos/família) |
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Nuno Álvaro
Abreu Mendes *
19.11.1942 - 20.04.1995 |
Recordar
o Nuno Álvaro Abreu Mendes é falar de um homem afável,
doce, pacifico e de uma suavidade impressionante, que tinha na família
o seu maior valor e o melhor que uma pessoa pode ter.
Conheci o Nuno nos meus tempos de menino em Loriga e depois nos meus primeiros
tempos de Lisboa quando o voltei a ver, ao visitar a casa de seus pais, nessa
altura a viverem para os lados da Praça do Chile. O destino ligou-o
à minha família ao casar com uma minha irmã, desde então
passamos a ter um relacionamento não só familiar como de forte
amizade, estando ainda na minha memória os conselhos úteis quando
da minha mobilização para Angola em 1969, ele já com a
experiência da sua comissão vivida por terras da Guiné,
cerca de três atrás. |

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Passou a ser
na nossa família uma referência, falar com ele era como que um estímulo
de afeição e de lealdade, a família era tudo para ele e no trabalho
onde colocava acima de tudo o seu profissionalismo era um verdadeiro amigo para os
seus colegas e ao mesmo tempo um professor de virtudes.
O Nuno marcou qualquer um de nós pela sua simplicidade, bondade e pela sua maneira
de ser. Adorou sempre Loriga e comigo falava dela com certa nostalgia, a visitava quando
podia e quando a vida o permitia.
Com o aparecimento da doença com a qual passou a lutar, mesmo assim manteve
sempre uma postura de lealdade e de zelo, não se resignando foi enfrentado a
vida sempre na esperança, porque também o amor familiar em seu redor
sobreponha-se a todo o mal.
Ficou em mim marcado todos os ensinamentos e os conselhos de vida que ele me transmitiu,
o recordo com saudade, o vimos partir ainda novo quando tinha ainda muito para fazer. Mas partiu só apenas fisicamente, porque
continuou sempre a estar presente nos nossos corações e nas nossas recordações.
Um dia nos voltaremos a encontrar Nuno, e pode crer com todo o tempo para então
pormos as nossas conversas em dia. (* ap) |
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Armando
Gomes Aparício *
. .1924 - 01.12.1996 |

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Recordar
Armando Gomes Aparício é falar-se de alguém que merece
e deve ser recordado ao ter ficado ligado à história de Loriga,
com a instalação da rede telefónica, contribuindo por
isso no desenvolvimento da comunicação por meio de telefone,
um dos maiores inventos que veio a tornar o meio comunicativo um dos bens da
maior necessidade para a sociedade.
O senhor Armando "Planeta" como popularmente era assim
conhecido pelo povo de Loriga, era um homem de um temperamento impressionante,
nunca parecia parar tal era a genica que parecia tomar conta do seu corpo,
ao mesmo tempo que o fazia sempre numa presença sempre activa no trabalho
ao qual dedicou quase toda a sua vida, talvez por isso o alcunha como era assim
conhecido.
Funcionário dos CTTs a ele se deve a instalação telefónica
em toda a vila de Loriga, muitos ainda se recordam da sua agilidade como subia
as escadas e colocava os cabos telefónicos nas paredes das casas, que
por estranho que pareça, com um olhar mais atento ainda hoje se podem
ver alguns que são do seu tempo.
Armando Gomes Aparício faleceu em 1996, com a idade de 72 anos, foi
na verdade uma referência de Loriga, que com o seu trabalho contribuiu
no desenvolvimento de uma terra e da sua gente. (* ap) |
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Professora
Ilídia Nunes Pina Prata *
05.02.1921 - 03.05.2000 |

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Nasceu
em Loriga, a 5 de Fevereiro de 1921, notabilizou-se no ensino que durante décadas
desempenhou com uma grande dedicação e alegria de ensinar.
Frequentou em Loriga o ensino primário. Rumou depois para Viseu, onde
conclui o ensino secundário no grande Colégio Português.
Em 1944 ingressou na Escola do Magistério Primário de Coimbra,
tendo concluído o curso em 1946.
Nesse mesmo ano, regressou à sua terra natal para iniciar a sua actividade
como professora do 1.ciclo do ensino básico. Em 1949, obteve a nomeação
como efectiva para a Escola Primária de Vasco Esteves, onde se manteve
até 1953, data a partir da qual foi colocada na Escola Primária
do Pereiro.
Em 1961, passou a fazer parte do quadro da Escola Nr.1 de Seia, onde permaneceu
durante 30 anos precisamente até 1991.
Aposentou-se com 45 anos de serviço e 70 anos de idade, tendo ao longo
de todos esses anos granjeando a amizade e a estima dos habitantes de Seia
e dos seus conterrâneos.
Foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Seia, a Medalha de
Mérito da Cidade. Faleceu em Coimbra no dia 3 de Maio de 2000, vendo
os Loriguenses desaparecer uma sua conterrânea que, notabilizando-se
fora de Loriga, deixou mais enriquecida a história desta localidade.
(* ap) |
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José
Maria Pinto *
. .1913 - 16.06.2001 |
Falar-se de
José Maria Pinto o "Ti
Zé Maria"
como popularmente assim era chamado é voltar a um passado de recordações
e lembrar um homem como referência de uma vida dedicada ao trabalho, trabalho
e mais trabalho.
Homem de uma energia invejável, determinado e apenas como objectivo o trabalho,
como que parecendo não ter tempo para mais nada. Nos meus tempos de criança
parece que nunca me habituei a ver o "Ti Zé Maria" sem estar na sua Padaria ou no seu
Café "Neve", e se alguma vez o via vestido um
pouco mais a rigor a caminho da camioneta da carreira para ir a Seia tratar de algum
assunto, o meu olhar desbocava de surpresa, muitas vezes até dar comigo a dizer
"está
para cair algum Santo do altar". |
Essas
recordações leva-me a ver o "Ti Zé Maria" com um enorme respeito e nos
meus tempos de menino como que mesmo com certo receio, principalmente, quando
estava no seu café "Neve", numa altura em que os frequentadores
assíduos eram selectivos, o que levava a desencorajar a frequência
daquele café de uma clientela mais popular. Mas os tempos foram mudando
e já nos meus tempos de adolescente e frequentador diário do
seu café, comecei a ter com o "Ti Zé Maria" um relacionamento de longos
períodos de conversa, mais acentuado depois do meu regresso de Angola,
quando mais tempo estive em Loriga.
Nesses tempos, foram muitos os momentos de conversa com o "Ti Zé Maria"
ali
no seu café
"Neve"
um ex-libris de Loriga, local privilegiado de encontros, tertúlias e
de leitura matinal do jornal. Sendo ele um conversador nato dava gosto com
ele falar, apesar de uma determinada maneira do contra com o quotidiano da
vida de então ou mesmo não aceitando ver os tempos diferentes
que decorriam, contava-me episódios de uma vida de trabalho, de uma
Loriga antiga, enfim, tínhamos sempre alguma coisa com que falar. Muitas
vezes tentava levar as minhas conversas aos tempos passados no seu café,
que ele não gostava muito de falar, nessa altura notava também
nele uma certa frustração e talvez quem sabe um certo arrependimento.
Numa das minhas visitas a Loriga e já nos seus últimos anos de
vida, deparo com o "Ti
Zé Maria"
na companhia de sua esposa, sentados no banco junto à cabine telefónica,
aproximei-me e cumprimentei-o, já pouco se lembrou de mim, pela minha
frente tinha um homem doente e debilitado, não queria acreditar que
estava de frente com aquele homem de uma energia impressionante, de uma vida
de trabalho, de uma dinâmica invejável, um conversador imperante
nas suas ideias, enfim, um homem de "uma Loriga de outras eras" que de certa maneira marcou
uma geração de loriguense, mas que na verdade, e é justo
dizer, um dos grandes impulsionadores no desenvolvimento económico e
social de Loriga. |

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Marcou-me esse
encontro ali na "Carreira" por momentos pensei como é
a vida, como o tempo sem se dar por isso vai andando, para chegarmos à conclusão,
que a nossa passagem nesta vida mesmo levando tempo chega ao fim. Algum tempo depois
tive a noticia de a vida ter acabado para o "Ti Zé Maria"
Até um dia "Ti
Zé Maria" quando
nos voltarmos a encontrar. (* ap) |
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Drª.
Amália Brito Pina *
. .1917 - 25.12.2003 |

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Nasceu
em Loriga em 1917, filha de António Luis Duarte Pina e de Maria do Céu
Brito Pina.
Foi durante mais de quatro décadas, proprietária e Directora
Técnica da Farmácia de Loriga. Tendo adquirido este estabelecimento
à firma Leitão & Irmãos por compra, que passou a designar-se
por Farmácia Popular de Loriga.
Numa época em que a continuação de uma Farmácia
em Loriga parecia estar complicada, foi determinante o empenho desta distinta
senhora para que Loriga continuasse a ter este estabelecimento, indiscutivelmente
muito importante para esta localidade e terras vizinhas.
Pessoa de trato fácil e de leal colaboração profissional
para com toda a gente, estava sempre disponível para dar a melhor informação
medicinal aos doentes.
Era casada com o professor António Domingos Marques. Foi a primeira
monitora da Telescola, quando começou a funcionar em Outubro de 1966.
Faleceu em 25 de Dezembro de 2003 em Braga, com a idade de 86 anos, estando
sepultada em Loriga. Vendo-se assim partir uma distinta senhora a quem muito Loriga ficou a
dever. (* ap) |
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Manuel
Fernandes Aparício *
30.11.1936 -
15.02.2003 |
Um homem sempre
pronto para tudo aquilo que lhe pedissem, uma vida de trabalho e de muita dedicação
à família, principalmente à esposa e filhos que eram tudo para
ele, teve sempre uma vida verdadeiramente activa e determinada nunca parecendo ter
tempo para descansar.
Trabalhador fabril, durante quase
toda a sua vida, tinha ainda tempo no amanho das terras, onde com muito trabalho retirava
parte do seu sustento e ainda fornecia para a família, qualquer bocadito de
terra chegava para cultivar, que o fazia com uma alegria e uma determinação
fora do comum. |
Conhecia
Loriga como ninguém, mesmo muitas vezes era procurado para indicar as
estremas das propriedade, sabendo muito bem onde estavam os marcos que indicava
com precisão a divisão das terras, era também um dos grandes
conhecedores dos nomes de todos os locais de Loriga.
Foi durante longos anos
músico da Banda da sua terra, para onde entrou ainda muito novo e à
qual deu parte da sua vida com grande adoração e entrega que
ainda se recorda, fazendo parte também durante largos anos da Irmandade
do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga como irmão e,
também como elemento de direcções desta instituição
loriguense.
Ficou para a memória
ter sido um dos maiores e melhores condutores da "Carreta", quando
este veículo não motorizado, passou a ser o meio de transporte
dos defuntos para o cemitério, tendo ele sempre uma certa perícia,
que era necessária, para conduzir pelas ruas empedradas da vila, esse
veículo puxado à mão.
Ligando-me ao Manuel
laços familiares, era meu cunhado, tive sempre para com ele uma grande
amizade e estima, tendo também ciente, que muito também lhe fiquei
a dever. Viver na sua terra era tudo para ele e, quando por alguma razão
dela se tinha que ausentar, estava sempre ansioso da hora de regressar.
Faleceu subitamente em
2003, traído pelo seu coração que já algum tempo
o atormentava. Loriga viu partir um homem sempre pronto para
tudo que lhe pedissem e que estivesse ao seu alcance.
Até um dia Manuel.
Descanse em Paz. (*
ap) |

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Carlos
Mendes Duarte *
12.07.1936 - 28.11.2003 |

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Com
uma personalidade própria era um bom homem, amigo do seu amigo, que
um dia namoriscou pelo Bairro de S. Ginês e por ali se quedou para toda
a sua vida. De uma calma impressionante era bom com ele falar, sempre atendo
a tudo o que o rodeava e tinha uma paixão sportinguista de que se orgulhava.
O "Carlos Hildebrande"
como popularmente assim era conhecido, dava gosto com ele conversar e o ter
como amigo, o seu sorriso de simpatia contagiava qualquer um, por isso, ser
muito estimado e admirado e, de quem eu próprio ter gratas recordações
e ter para com ele sempre grande estima.
Tenho ainda presente
em mim, da fotografia que lhe tirei no Setembro de 2003, precisamente dois
meses antes da sua morte, talvez a última fotografia que me deixou de
recordação.
Faleceu em 28 de Novembro
de 2003. Loriga vê desaparecer uma figura que me marcou e marcou o meu
Bairro de S. Ginês que ficou mais pobre.
Até um dia amigo
Carlos. (* ap) |
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António
Fernandes Gomes *
20.01.1915 - 03.07.2004 |
Nasceu
em Loriga, em 20 de Janeiro de 1915, Filho de José Fernandes Gomes e
de Aurora Mendes Dias Santos.
Conhecido por "Repórter Max", escreveu muito sobre a sua terra
e a região serrana onde, nos seus artigos, exprimia a sua grande preocupação
pela dignificação de Loriga e da região da sua Serra da
Estrela, como também pela promoção das actividades tradicionais,
e pela preservação das características paisagísticas
e arquitectónicas desta região serrana.
Fez parte dos quadros da Armada Portuguesa, tendo percorrido os quatro cantos
do mundo, chegando a exercer o cargo de delegado marítimo em Benguela
(Angola).
Adorava a sua terra e foi, seguramente, quem mais escreveu sobre ela, quer
em jornais nacionais, como o "Século" e o "Diário
de Noticias", quer em jornais regionais, como a "Voz da Serra",
"Porta da Estrela" e "A Neve". Escreveu, também, em
muitos outros jornais do antigo ultramar português, nomeadamente, a "Voz
de Macau" e o "Jornal de Benguela". Foi um dos mais activos defensores
da imprensa regional, em cujos congressos nacionais se destacava sempre.
A sua obra conhecida está reunida em três volumes que intitulou
"Crónicas do Repórter Max", com edição
do autor, onde estão compilados textos abarcando várias temáticas
que escreveu em vários jornais.
Faleceu no dia 3 de Julho de 2004 em Lisboa, onde foi sepultado. |

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* Jornal "Garganta
de Loriga" |
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Eduardo
Mendes Pinto *
.. .. 1944 - .. .. 2004 |
Recordo-me do
Eduardo nos meus tempos de criança, já ele era mais maduro. Era conhecido
como muito activo e de certa forma impulsivo que o diferençava dos outros da
mesma idade. A
vida leva todos a tomar o seu rumo e o voltei a ver apenas uma ou outra vez já
depois de crescidos. |
Só
que as vidas cruzam-se muitas vezes, como aconteceu quando por simples acaso
o voltei a ver na cidade de Hamburgo, decorria então os finais da década
de 1970.
Também ele tinha enveredado pela vida de emigrante, radicando-se na
cidade de Hamburgo norte da Alemanha, onde tinha a família constituída
pela mulher e filhos, um deles a sofrer de uma patologia grave, ao qual era
preciso dedicar muita atenção.
De quando em vez me encontrei com o Eduardo na cidade de Hamburgo, que ele
conhecia muito bem, sempre com a mesma maneira activa, como sempre nos habituamos
a vê-lo nos nossos tempos de criança.
Um dia o telefone toca na minha casa, do outro lado da linha uma voz me dizia,
morreu o Eduardo, na altura pensava que ainda estava em Hamburgo, mas não,
tinha falecido em Portugal com uma doença que apenas teve a duração
de cerca de seis meses.
Até um dia Eduardo. Descansa em Paz. (* ap) |

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António
Ferreira da Silva *
10.05.1930 - 22.01.2005 |

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Passou
grande parte da sua vida no Brasil, radicado na cidade de Belém do Pará.
Com regularidade visitava Loriga, nomeadamente, nas últimas décadas
ainda de residente no Brasil, altura que o passei a conhecer e a encontrar-me
frequentemente com ele e passamos então a ter um certo relacionamento.
Com o falecimento da esposa e já na reforma, regressou definitivamente
a Portugal e a Loriga, então sim, todos os anos, com ele me encontrava,
companheiro do jogo das cartas e mesmo de passeios de laser pela estrada, notabilizando-se
nele uma educação extrema e uma maneira própria de pessoa
de bem, com quem valia a pena conversar e compartilhar amizade. (* ap) |
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Emílio
Lopes de Brito *
03.11.1925 - 02.07.2005 |
Ligou-me
a Emílio Lopes de Brito laços familiares, um homem de uma bondade
e ternura, que é difícil de se encontrar. O "Primo Emílio"
como assim sempre o chamei, era na verdade um homem de bem, sem maldade e nunca
mas mesmo nunca ter para com algum dos seus semelhantes qualquer género
de iniquidade.
Radicado na grande Lisboa desde muito novo, ali casou e constituiu família,
uma vida de longos anos de certa preocupação, por motivo, dos
problemas de saúde com que se debateu a sua filha e única, praticamente
desde que nasceu, quase sempre numa vivência hospitalar.
Ficou viúvo ainda novo, voltou novamente a casar desta vez em Loriga,
com Aurora Pinto Ascensão, passando então a ter a sua vida repartida
entre Loriga e Cacém, onde sempre viveu.
Gostava de me encontrar com ele e quase sempre selava-mos o nosso encontro
com um "chiripiti" como ele gostava de dizer (referência a
uma bebida). Nunca me posse esquecer dos meus tempo de criança, do bem
que me fez à minha família, pois era um coração
aberto e sempre muito amigo de toda a família, que deixou em todos nós
ao partir para a outra vida no Além,
uma saudade enorme ao mesmo tempo que o lembramos com muito carinho e afecto.
Até um dia "Primo Emílio". Descanse em Paz nessa vida
que já conhece. (* ap) |

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Luciano
Brito Pina *
26.11.1936 - 03.06.2006 |

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Homem
bom que um dia resolveu radicar-se em Coimbra, sem nunca esquecer a sua terra
que tanto adorava e que recorrendo ás tecnologias da época, tudo
fazia para divulgá-la, em fotos ou em filmagens.
Homem frontal tinha na alma certa revolta e certo inconformismo, pelas injustiças
que se fizeram numa "Loriga
de outras eras"
e que de certa maneira atingiram o seu pai, mas mesmo assim tinha a sua terra
sempre no coração, dando tudo por ela.
Foi dos primeiros loriguenses a filmar em vídeos as paisagens e eventos
da sua terra, passando mesmo a comercializar cassetes de vídeo com a
cobertura total da Procissão da Nossa Senhora da Guia e Ementa das Almas
entre outros, que eu próprio adquiri e que ainda hoje tenho em meu poder.
Foi o Luciano Brito Pina, que a convite do senhor Padre Abranches, fez as filmagens
vídeo, da primeira visita a Loriga feita pelo Cardeal de Lisboa Rev.
D. António Ribeiro, visita particular que ocorreu em Agosto de 1988,
a convite também dessa figura loriguense que foi o senhor Padre Abranches,
feita à figura máxima da Igreja Católica em Portugal.
Luciano Brito Pina, popularmente mais conhecido pelo "Luciano Ruço"
faleceu em Coimbra após doença prolongada tinha então
68 anos.(* ap) |
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Mário
Nunes Amaro Pinto *
24.06.1942 -19.04.2006 |
Lembro-me
do Mário era eu pequeno, mas depois saí de Loriga e deixei de
ter lembrança dele, até que num belo dia do ano de 1965, casualmente
entrou na Pastelaria Castanheira, onde eu trabalhava, em plena Baixa de Lisboa,
e o voltei a ver. A partir de então nos encontrávamos com regularidade
apesar da diferença de idade que tínhamos, ficamos amigos, pois
ao fim e ao cabo não trabalhávamos muito longe um do outro.
Era um homem bom, com o qual se podia conviver, notando-se nele uma certa alegria
quando encontrava um seu conterrâneo. Muitas vezes me dizia "aparece no Cinema Tivoli
para veres o filme tal…" Pois o Mário trabalhava no cinema Tivoli,
uma casa de espectáculo das mais importantes de Lisboa na época.
Parece que ainda o estou a ver, no seu belo "traje" que despontava
pela qualidade e de uma presença bem notada, tal como estávamos
habituados a ver nos filmes de Hollywood e Nova Iorque.
Algumas das vezes lá eu apareci, o sorriso do Mário logo à
entrada, era o sinal de o acompanhar, sem bilhete pagar, lá me levando
até a um lugar num dos Balcões do Cinema, onde eu me consolava
a ver o filme, parecendo-me eu um senhor por tão bem estar instalado.
Foi por terras distantes que tive conhecimento da noticia da morte do Mário
Amaro, ficou em mim uma profunda tristeza, recordei quando nos encontrávamos
em Lisboa, deixou-nos cedo de mais, ficando em nós a lembrança
de um homem de bem, que estou certo de ter sido recompensado no céu.
Até um dia amigo Mário, quando nos voltarmos a encontrar na parte
de lá desta vida dos vivos, para recordarmos a nossa passagem pela nossa Baixa de Lisboa. (* ap) |

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José
Lopes de Brito
*
25.01.1916 - .06.2006 |
Falar em José
Lopes de Brito é recordar um homem que me marcou na minha vida. Ligando-me laços
familiares o "primo Zé" como assim o chamava, considerei sempre mais
que como um simples primo, tive sempre para com ele uma certa consideração,
admiração e respeito. A ele fiquei a dever belos ensinamentos de vida
e alguns dos empregos nos meus tempos de adolescente. |

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Partiu
muito novo para Lisboa, pouco depois de ter ficado órfão, ali
se radicou para sempre, tendo vivido a maior parte da sua vida em Queluz, sua
segunda terra de opção. Homem de bem e de uma bondade que sempre
foi bem demonstrativa na amizade que nutria para com toda a família,
ao pé dele nunca ninguém passava dificuldades e sempre pronto
para ajudar aqueles que ele via necessitar de ajuda.
O facto de eu ter saído de Lisboa e enveredar por outras paragens, quando
voltava à capital nem sempre tive a oportunidade de me encontrar mais
vezes com ele o que só acontecia a espaços, mas o contacto telefone
ia acontecendo, por vezes e talvez mais amiúdo quando e infelizmente
aconteciam falecimentos na família.
Como disse, este meu primo Zé, deixou-me uma marca de vida que nunca
esqueci, que foi viver, lutar e tentar vencer, foram virtudes que me transmitiu
e que conservei em mim. Fiquei sempre para com ele, com uma certa dívida
de gratidão, alguma vezes me deu a mão, nos meus tempos de adolecente
pela grande Lisboa, quando parecia que por vezes eu estava a ir ao fundo, marcou-me
na vida deixando-me muitas saudades e recordações. |
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Se a recompensa
está no Céu, estou plenamente certo que o "primo Zé"
está lá onde esperará por nós. Descanse em Paz "primo Zé"
e até um dia quando nos voltarmos a encontrar, mas dessa vez já nesse
lado de lá. (* ap) |
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Álvaro
Pinto Ascensão *
03.08.1929 - 24.10.2006 |
Ligou-me a Álvaro
Pinto Ascensão laços familiares, ao ter casado com uma prima, que na
altura vivia na nossa casa, por isso, considerada na altura, mais que uma simples prima.
Trabalhador fabril nas fábricas
de lanifícios de Loriga e depois uma experiência em Lisboa, era um homem
dinâmico e de uma visão progressiva muito grande, tinha sempre presente
a ideia de ir sempre mais além. |
Emigrou para o Brasil,
no princípio da década de 1960, na procura de uma vida melhor.
Teve como destino a cidade de Belém, onde se radicou. Pouco depois mandou
ir para junto de si, sua esposa e os seus dois primeiros filhos, já
no Brasil nasceram depois mais dois dos seus quatro filhos. Alguns anos esteve
por lá, mas continuava a ter sempre presente aquela ideia de poder regressar
à sua terra, que tanto adorava.
Regressou a Loriga alguns
anos depois, continuava com aquele sentimento bairrista dos "sete costados", como se diz na gíria,
que o fez que colocasse em prática a ideia de muito fazer pela sua terra.
Assim foi o grande impulsionador na transformação e desenvolvimento
do traçado onde termina a Av. Augusto Luís Mendes, popularmente
chamado a "Carreira" quando no início da
década de 1970, mandou construir o prédio "Império"
como
era chamado na época ou então "Hotel" como também foi conhecido, porque era esse
objetivo inicial que tinha pensado para esse seu grande empreendimento.
Nesse seu projeto na
construção desse grande imóvel, estava incluído,
a abertura de um café e restaurante, o que veio acontecer, nessa altura
já com a minha colaboração, por eu próprio ter
decidido passar a viver em Loriga, depois do meu regresso da Guerra do Ultramar.
Assim no dia 1 de Agosto de 1972, abriu-se o Café Restaurante "Império", que ainda hoje perdura e
que na altura foi na realidade a grande evolução no meio de restauração
em Loriga.
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Os últimos
tempos da sua vida foram passados e já também doente, como utente na
Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, aos poucos o seu estado de saúde se
foi gravando e ficando cada vez mais debilitado, ali veio a falecer em Outubro de 2006.
Tinha então 77 anos de idade.
Até um dia primo Álvaro.
Descanse em Paz. (*
ap) |
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Adolfo
José Duarte Gouveia *
17.05.1934 - 30.01.2007 |

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Em criança
me habituei a ver e admirar o Adolfo. Era o guarda-redes do Grupo Desportivo
Loriguense um ídolo da juventude dos anos 50 do século passado,
considerado mesmo o melhor guarda-redes de Loriga, de todos os tempos. Ainda
treinou no Académico de Viseu, só que o nosso loriguense Adolfo,
pareceu nunca levar a peito essa sua insígnia aptidão que todos
lhe reconheciam, pensando apenas levar em frente a sua vida normal de trabalho
e viver a sua normal vida famíliar.
Era eu adolescente quando voltei a ver o Adolfo, vivia então ele no
Estoril, decorria a longínqua década de 60, olhei ainda para
ele como meu ídolo de criança, mas pela minha frente tinha ali
um homem de bem, realizado e feliz, foi a vida que escolheu e por momentos
me lembrei, que na realidade este meu ídolo de criança, passou
ao lado de uma grande carreira futebolista, a nível de Portugal e quem
sabe mesmo internacional.
(* ap)
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José
Manuel Oliveira Ferreira *
23.10.1967 -13.02.2007 |
Empregado
no Café/Restaurante "Império" em Loriga, era um rapaz
muito conhecido e muito popular na sua terra. Relevante e muito falador, tinha
uma maneira própria de com todos conversar, numa contagiante sua disposição
de consideração e estima.
Uma certa forma doentia que tinha para com o seu Benfica, do qual era um fervoroso
adepto, levava por vezes a termos conversas divertidas, quando acontecia o
seu clube do coração estar menos bem.
Faleceu ainda novo, quando o seu coração o atraiçoou,
notou-se ficar um vazio em Loriga, deixamos de ter o Zé Manel, da sua
proeminente figura e o seu tom de voz, enquanto saboreávamos a cerveja
que nos servia, que agora a mesma parece já não ter o mesmo sabor.
Até um dia Zé Manel. Descansa em Paz. (* ap) |

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Filomena
Alves dos Santos *
27.11.1918 - 11.03.2008 |
Tive sempre
para com a senhora Filomena, um carinho muito especial. Era uma pessoa boa de um enorme
coração, sempre muito amiga da família e das pessoas que não
lhe sendo da família, era como que se fossem.
Conheceu-me ainda em bebé,
pois quando eu nasci vivia na mesma casa, em baixo na Loja (cave) onde a minha família
morava no Beco de S.Ginês, onde por sinal duas semanas antes tinha sido também
mãe, quando do nascimento do seu filho Fernando, meu amigo. |

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Foi
viver em Seia, onde se radicou com os seus filhos e o seu marido José
Cardoso de Pina o "Ti
Zé"
como assim o chamo, mas mesmo assim e apesar de terem saido de Loriga, continuei
a ter sempre para com eles um verdadeiro carinho e amizade, considerando-os
como da minha família. Recordo com saudade o carinho com que a senhora
Filomena me recebia, quando eu estava na tropa (ano 1969) e chegava a Seia
à noite, cheio de frio e, não tendo já transporte para
Loriga, em sua casa me recebia já com o leite quente e uns bolinhos
acabados de fazer e lá eu dormia.
Sempre dinâmica
dificil estar parada, foi sempre uma mulher muito caridosa, desfazendo-se de
tudo e sem saber o que me havia de fazer, cada vez e quando a visitava em sua
casa em Seia, a sua bondade extremosa era uma virtude na sua maneira própria
de boa pessoa que era, que eu recordo com saudade, porque as pessoas continuam
a viver quando as recordamos com amor e amizade. |
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Faleceu depois
de ter dado um queda no Lar da Nossa Senhora da Conceição em Seia, onde
já alguns anos ali vivia com o seu marido José Cardoso de Pina. Ao receber
a noticia da sua morte fiquei triste, ao ver desaparecer alguém que me marcou
e por quem tive uma enorme e estima e admiração, costumo dizer "as pessoas boas não haviam
de morrer"
e a senhora Filomena era uma delas. (*
ap) |
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Joaquim
Gomes Melo *
19.11.1927 - 28.3.2005 |
Recordar Joaquim
Gomes Melo, é poder-mos recordar mais um filho de Loriga que vemos partir desta
vida, que se notabilizou num trajecto social vincado por profundo amor pela preservação
da cultura tradicional da sua terra e da região.
Nasceu em Loriga em 19.11.1927,
pertenceu a uma família de certa notoriedade, começando desde muito novo
a trabalhar nas fábricas de lanifícios da sua terra, vindo-se a tornar
num tecelão de renome com uma característica própria de uma pessoa
multifacetada.
Desde sempre teve uma vocação
para estar familiarizado socialmente e com o associativismo, fez muito pela sua terra,
destacando-se ter sido um dos impulsionadores na idealização das Marchas
Populares de Loriga em 1963, sendo mesmo um dos primeiros ensaiadores, realizando os
primeiros ensaios numa carpintaria que existia por baixo da sede do Sindicato, no imóvel
popularmente conhecido por "Casarão", situado no Vinhô. |
Um dia
resolveu sair da sua terra, mas não para muito longe, foi trabalhar
para Seia, onde era muito solicitado por ser um grande profissional nessa sua
profissão de tecelão, por conseguinte também atraído
por melhores condições salariais. Pensou ainda procurar outros
horizontes, mas acabou por se radicar na sede do concelho, para também
estar bem perto da sua terra que tanto adorava.
Joaquim Melo, também em Seia procurou estar sempre muito por dentro
do meio social, foi um dos fundadores do Rancho Folclórico de Seia,
fundado em 10 de Junho de 1980, com o fim de servir e valorizar a cultura tradicional
da Serra da Estrela. A partir de então o Rancho manteve uma certa actividade,
com actuações em todo o País e no estrangeiro, não
se poupando a esforços no domínio da investigação
das raízes etnográficas do povo da Serra da Estrela. O Joaquim
Melo chegou mesmo a integrar como elemento ativo nas atuações
do rancho um pouco por todo o lado.
Em 2007, Joaquim Gomes Melo, a título póstumo, foi distinguido
com a "Campânula
Municipal de Mérito Cultural" pelo contributo enorme que deu para que
o Rancho de Seia fosse e continuando a ser um património inestimável
da cultura da região.
Faleceu em Seia, no dia 28 de Março de 2005, tinha então a idade
de 87 anos, vendo os loriguense partir um dos seus conterrâneos, que
muito se notabilizou na cultura da sua terra e da região. (* ap) |

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José
Diogo Brito Pina *
03.08.1944 - 21.05.2008 |
Recordar o Zé
Diogo, como assim o chamávamos, é voltar aos meus tempos de criança,
também ele pertencendo aquela geração de ouro de "quando em Loriga éramos
mais".
Pertencia ao chamado "Fundo" (zona da parte baixa da vila), que
sendo um pouco mais velho que eu, por isso já de um patamar mais à frente,
recordo-o como um rapaz humildo muito activo, um verdadeiro rival do "Cimo" (zona da parte alta da vila), nos
jogos da bola e não só. |
Recordo-me
de ele essencialmente por ser pacato e também de ser um verdadeiro insigne
nadador, penso mesmo ser dos maiores, conhecia as ribeiras de Loriga como ninguém,
estou mesmo a crer que devia ter nadado em todos os poços existentes
ao longo das duas ribeiras de Loriga. Recordo-me naquelas disputas a subir,
nomeadamente a ribeira das "Naves" (do Poço Forte ao Zé Lages) ser sempre
o primeiro a chegar, tal era a sua agilidade a subir as pedras e ultrapassar
os poços a nadar com uma leveza de admirar.
Na hora de cada um seguir o seu rumo, o Zé Diogo foi até à
grande Lisboa, onde se fixou, durante muito tempo nunca mais o vi, nos últimos
anos e de quando em vez o voltei a ver por Loriga, parecia-me o mesmo dos tempos
da nossa meninice.
Faleceu aos 64 anos após doença prolongada. Durante a sua doença
com que passou a lutar fez um curioso pedido à sua família. "Quando morresse que fosse
cremado e as suas cinzas fossem espalhadas na ribeira de Loriga" ribeira que tão bem conhecia e que ficou para
sempre guardada num cantinho do seu coração.
Segundo sei, esse seu desejo foi cumprido pela sua família, com as águas
cristalinas da ribeira das "Naves" a levarem as suas cinzas numa última passagem
por aqueles percurso que ele tanta vez o percorreu e que amava.
Assim vimos partir mais
um da nossa geração de "uma Loriga de outras eras" e "quando em Loriga éramos
mais".
A Paz esteja contigo Zé Diogo. Até um dia (* ap) |

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João Martinho Pereira *
05.10.1943 -04.05.2008 |
Esposa, Filhos
e restante Família, na impossibilidade de o poder fazer pessoalmente vêm
pelo presente meio expressar o seu agradecimento a todos os que se dignaram a assistir
à missa de corpo presente, o acompanharam até Á sua última
morada, ou de qualquer outro modo se associaram a este momento de grande consternação
e dor. O Sr. João Serra permanecerá sempre vivo na lembrança de
todos aqueles que de algum modo conviveram e fizeram parte da sua vida.
Agradecemos também a todas as entidades, colectividades e organismos que de
uma forma ou de outra prestaram a sua última homenagem, em especial a SOCIEDADE
RECREATIVA E MUSICAL LORIGUENSE pela cerimónia fúnebre. |

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Elogio
Fúnebre
Viemos
acompanhar um amigo á sua última morada.
O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO.
O Senhor João caminhou connosco durante 40 anos, com sol, chuva,
vento…
Conviveu com 10 Maestros, aperfeiçoando sempre os seus conhecimentos
musicais.
Nada o impedia de levar o seu saxofone barítono a todos os lugares,
alegrando o coração de todos os que gostavam de ouvir
a Banda Filarmónica.
Até que o seu coração o traiu, morrendo no passado
domingo no final de mais uma jornada musical.
A cultura de Loriga ficou mais pobre.
Que a sua vida seja um exemplo para os mais novos na competência
e dedicação com que sempre se entregou á causa
da música.
Paz á sua alma
Até sempre João Serra
Descansa em paz
* A Familia |
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António
Santos Pereira
.. .. - 07.07.2008 |
Recordar
o António Santos Pereira popularmente mais conhecido pelos amigos como
"Tónio Zé da Vide" é falar numa figura simples
de um bairrismo puro pela sua terra que tanto adorava.
Foi para Lisboa ainda de novo, ali se radicou toda a sua vida, trabalhando
na profissão de barbeiro, com ele passei a conviver praticamente desde
que cheguei a Lisboa, era eu ainda praticamente uma criança, antes já
ele era amigo da minha família, era mesmo um assíduo visitante
da nossa casa, ao ponto de o considerar como familiar.
Tive uma fase da minha adolescência em que todos os dias me encontrava
com ele, tanto eu como ele trabalhávamos perto um do outro em Campolide
- Lisboa. Recordo-me que era um verdadeiro falador nato em que a sua boa disposição
era contagiante, fazendo amigos com relativa facilidade em que era bem relevante
a amizade e estima como tratava toda a gente.
Amava Loriga como ninguém, direi mesmo que foi o maior bairrista que
conheci na divulgação da sua terra a toda a hora e a todos os
momentos enquanto trabalhava, como eu próprio testemunhei, penso mesmo
que nunca cortou um cabelo ou fez uma barba aos seus clientes, que não
falasse da sua querida Loriga. |
Nunca
faltava às festas da vila que se faziam em Loriga na década
de 1950/60, foi até dos primeiros loriguenses apresentar-se
com máquina fotográfica, por isso, nessa altura conseguiu
coleccionar imensas fotografias, como nunca ninguém tinha conseguido
ter até então.
Decorria o ano de 1966, era eu ainda um adolescente, fiz com ele uma
farra no Bairro Alto em Lisboa, entramos em vários bares e por
fim e já altas horas da noite damos connosco numa das mesas
dum bar bem conhecido na altura, ele a fazer quadras sobre Loriga e
eu a tomar apontamentos delas, foram muitas, ele era um perito arrimar
quadras, pena foi que perdi todos esses apontamentos, que hoje teriam
para mim um valor incalculável.
Era um trabalhador incansável, de segunda a sábado a
trabalhar cortando e fazendo barbas e aos domingos à tarde e
(dias de futebol) lá estava no estádio de Alvalade (estádio
antigo) a alugar almofadas ou a vender amendoins ou gelados.
Deixei de o ver durante largos anos, por motivo da minha ida para o
estrangeiro, mesmo por incrível que pareça as nossas
idas a Loriga eram desencontradas, quis o destino que dois anos antes
da sua morte e ao chegar a Loriga ele também ali estava de visita.
Passo na "Carreira" estava ele sentado num dos bancos, com
a sua esposa, aproximei-me olhei e lhe disse:- "amigo António
ainda se lembra de mim"…. Olha para mim e logo de imediato
como que movido por uma mola se levanta e me abraça num abraço
de largos minutos, que ia repetindo de quando em vez que me olhava.
Nesse dia e no outro e no outro foi possível colocarmos a conversa
em dia, recordamos as nossas vidas os nossos tempos por Lisboa, foi
de facto gratificante que me marcou para sempre esse nosso e último
encontro. No ano seguinte já não o encontrei em Loriga,
que por motivo de andar doente já não foi à sua
terra adorada. |

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Um dia
o telefone toca em minha casa para me dizerem que tinha falecido o "Tónio
Zé da Vide" fiquei apreensivo e sentidamente triste, por momentos
pensei, ao fim de tantos anos tinha-mos tido o nosso encontro, tínhamos
colocado a conversa em dia, tínhamos acima de tudo dado aquele abraço
de amizade que estava em falta à longos anos, mal sabendo que aquele
nosso encontro na "Carreira" foi ao mesmo tempo o da despedida.
Até um dia amigo António, quando nos voltarmos a encontrar para
novamente voltarmos a dar aquele abraço da amizade que sempre esteve
presente em nós. Descanse em Paz. (* ap) |
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Paula
Cristina Pina Fernandes Santos *
03.06.1969 - 17.09.2008 |
A
Paula nasceu em Loriga em 3 de Junho de 1969, filha de Manuel Fernandes
Aparício e Maria Helena Martins Pina. A vida é uma passagem
na terra, o destino por vezes é injusto e cruel ao tornar essa
passagem curta. Ainda jovem ainda muito nova mesmo e quando tinha tanto
para dar, a Paula Cristina deixou-nos com muita saudades.
Recordar a Paula
é falar numa jovem cheia de uma força impressionante,
alegre e sempre pronta no ajudar ou outros e que tinha na família
a sua adoração. Unindo-me laços familiares, era
minha sobrinha, pude estar no acompanhamento da sua luta contra a doença
que a vitimou. Apesar de a adversidade da vida lamentavelmente ter
acontecido, deu-nos uma lição de luta, coragem, força,
determinação e resignação, perante uma
doença que parece hoje estar cada vez mais presente na sociedade
actual.
Algumas vezes
a visitei, que tal como eu vivia no país que nos acolheu, longe
do nosso e da nossa terra, a sua Loriga que ela tanto adorava. A sua
vontade de viver era contagiante e nada parecia demonstrar o mal que
sabíamos que continuava a estar presente no seu corpo.
Foi em Setembro
de 2008, que partiu
desta
terra dos vivos voltei à terra onde ela viveu para assistir
às cerimónias exéquias, que a família,
os muitos amigos e a comunidade portuguesa em geral quiseram realizar
em sua memória, numa bem demonstrativa manifestação
de carinho, amor e amizade, antes da partida do seu corpo para a última viagem
nesta
vida com destino a Loriga sua terra natal.
A sua morte deixou
para sempre em todos nós uma saudade imensa, partiu desta vida apenas
fisicamente, porque continua presente em nós. Residindo longe
do seu país e da sua terra, regressou numa última
viagem
à terra que tanto amava, para então sim ali descansar
em Paz. Até
um dia Paula.
(* ap) |

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José
Nunes Pinto *
04.09.1932 - 30.11.2008 |

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Faleceu
no dia 30 de Novembro, após algum tempo doente o bem conhecido
loriguense José Nunes Pinto,
popularmente conhecido por "Zé Moita". Sportinguista
convicto, está ainda na memória de muitos de nós,
em ter sido um dos primeiros a ter uma telefonia no Bairro de S.Ginês
e Almas, que cada vez que dava o relato do Sporting, levantava bem
o som da telefonia para que todos pudessem ouvir, bem como, quando
na rádio passava um fado da Amália Rodrigues de imediato
voltava a levantar bem alto o som, para que todos na rua ouvissem essa
diva do Fado português. (* ap) |
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José
Lages Carreira *
16.01.1943 - 17.05.2009 |
Falecido
recentemente com a idade de 66 anos, José Lages Carreira popularmente
conhecido por "Zeca Carreira" era um verdadeiro amigo de Loriga.
Impressionando-nos de certa forma a sua calma aparente, a sua figura elegante
era bem conhecida de todos, gostava de falar com os amigos que por ele tinha
imenso respeito e admiração que o tornavam muito popular e que
todos com ele gostavam de falar.
Alguns tempos a esta parte sempre doente por motivo dos várias problemas
de saúde, no dia 10 de Maio entrou num semi-coma, que veio a culminar
com a sua morte a ocorrer no dia 17 de Maio. |
Era
um fervoroso adepto e associado do Sport Lisboa e Benfica e desde sempre
manifestou à sua família o desejo de ser sepultado em
Loriga, e que ao morrer levasse na lapela a Águia de Prata do
seu Clube do coração que tinha recebido das mãos
de Vale de Azevedo, então presidente do SLBenfica, bem como,
levar consigo um terço que tinha comprado já algum tempo
em Carcóvia, terra do Papa João Paulo II
Infelizmente a família não conseguiu encontrar a "Águia
de Prata" nos pertences do "Zeca Carreira" que levou
que fossem dados passos até ao Estádio da Luz, para comprar
uma cópia. Registe-se que apresentado o caso à direcção
do SLBenfica, esta de imediato se prontificou a oferecer uma nova "Águia
de Prata" que foi assim colocada na lapela, satisfazendo assim
o seu desejo.
Quando o seu corpo chegou a Loriga o dia estava lindo, passando a Portela
do Arão a maia amarela cobria a Serra e ladeava a estrada, como
que, a enfeitarem para a sua última passagem por ali. Muitos
amigos e colegas de escola e do colégio de Gouveia estavam presentes
vindo da Guarda, de Trás-os-Montes, do Alentejo, de Gouveia,
Seia, Vilacova do Alva, para o acompanharem à última
morada (* Joao Carreira) |

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José
Mendes Fernandes *
12.05.1936 - 31.05.2009 |
A vida
por vezes prega-nos cada partida, que nos faz meditar. José Mendes como
era mais conhecido na Alemanha, transbordava de felicidade ao chegar a esta
cidade verdejante de Wahlstedt, que lhe deu as boas vindas com o sol sorridente
e radiante de claridade.
Feliz por ver sua filha, genro, netos e restante família, reviver amigos
e antigos colegas, passear nas ruas desta cidade que tão bem conhecia,
onde viveu cerca de trinta anos da sua vida e de felicidade.
Aproveitando a sua presença nessa cidade, foi convidado de honra do
Clube Português de Wahlstedt na festa do Pai realizada, no dia 21 de
Maio, nas instalações de um clube português que ele próprio
também ajudou a criar e que ainda hoje continua a ser uma presença
portuguesa bem viva, nesta região nórdica da Alemanha |

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Planeava
com uma euforia a festa que já vinha idealizando para o dia
22 Agosto celebrando as Bodas de Ouro de casamento. Estava eu próprio
também já com ele envolvido na programação
dessa festa que ele parecia viver com ansiedade.
De momento, uma súbita alteração de saúde
o fez visitar o médico, que nos primeiros momentos pareceu tudo
estar normal, com o senão de uma certa constipação
que o atormentava. Pouco depois a necessidade de uma emergência
que foi necessário chamar e, imediatamente disponibilizada com
os meios mais sofisticados, primeiro ainda em casa e depois já
numa Clínica das mais especializadas na região. Nos primeiros
exames parecia estar tudo estabilizado, mas depois de mais exames e
estes mais aprofundados, com a chamada da família à unidade
hospitalar pouco depois, temeu-se logo o pior, que veio a ser confirmado
com a comunicação à família da notícia
que menos se esperava e que culminou quarenta horas depois com o seu
falecimento. |
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Eram
precisamente 23h30 na Alemanha do dia 31 de Maio, meia hora antes de acabar
o mês de Maio, Mês de Maria, o mês do seu aniversário
que tinha celebrado em Loriga, três dias antes da sua viagem para a Alemanha,
faleceu rodeado de familiares e amigos, terminando assim a sua passagem de
vida na terra. O seu corpo regressa a Loriga, sua terra natal, porque em memória
a sua vida não chegou dali a sair.
Descanse em PAZ, até um dia Zé, quando nos voltarmos a encontrar,
mas dessa vez já nessa parte de lá que já conheces. (* ap) |
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Carlos
Alves da Costa *
05.11.1925 - 12.05.2009 |
Homem
de enorme virtude que muitos recordam pela sua bondade e de bem. Muito
disponível em prol da comunidade passou pelas direcções
das várias colectividades da sua terra:- Cooperativa, Socorro,
Banda, Grupo Desportivo, serviços de Acção Católica
e de grupo Corais, sendo na verdade um exemplo a seguir.
Está ainda na memória de todos os muitos anos que se
disponibilizou a cantar a Ementa da Almas, sempre com muito respeito
e devoção que quando notava algum modo menos correcto
muitas das vezes dizia chamando atenção "Olha lá!...
Tem de haver respeitinho pelas nossas Almas".
Sem dúvida alguma o Carlos Costa morreu na santidade. Ai, se
homens todos assim fosse. Por certo que não tinham sido inventadas
as espingardas…. Um dia , quando todos nos juntarmos, não
te esqueças do meu pedido, faz lá esse favorzinho, porque
tu já vives entre os eleitos. Até breve!
(* a.brito) |

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Maria
Helena Pereira Figueiredo *
01.09 .1926 - 12.08.2009. |

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Foi
um referência em Loriga, Maria Helena Pereira Figueiredo, popularmente
conhecida por "Menina
Lena",
ficou marcada de certa forma numa geração loriguense
a quem deu pela primeira vez a conhecer os primeiros passos da catequese
e, também os primeiros ensinamentos de escola.
Residindo no Lar da Nossa Senhora da Guia em Loriga há já
algum tempo, e também já algum tempo muito debilitada,
chegou ao fim a sua passagem na terra dos vivos, provavelmente, para
ser recompensada no céu, pelos bons ensinamentos da doutrina
de Deus, que durante parte da sua vida fez chegar às criancas
das sua terra.
(* ap) |
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Mário
Pires da Costa *
20.01.1926 - 16.10.2009 |
Encontrei-me
com o senhor Mário acerca de dois anos, para um encontro previamente
combinado, para falarmos e tirar alguns apontamentos sobre o seu mais de meio
século de músico da Banda de Loriga.
No dia, hora e local definido, lá estava o senhor Mário à
minha espera numa das mesas do Café "Império". À
minha frente estava um homem com um brilho no rosto e com um sentimento saudoso
dos seus 54 anos (na altura) como elemento da Banda de Loriga e orgulhoso também
de como elemento da Banda ter comemorado o Cinquentenário e Centenário
desta Instituição loriguense que nos habituamos a ver como embaixatriz
de Loriga. |
Contou-me
numerosas histórias, recordamos as pessoas, direcções,
maestros, companheiros, enfim, uma vida de dedicação
à Banda da sua terra, com ele sempre mais vocacionado para os
instrumentos de percussão, que com muito empenho e dedicação
quase todos os tocou, principalmente, o bombo que de tanto o bater
junto ao peito o seu coração passou a dar-lhe sinal que
chegava, por isso, aconselhado a deixar esse instrumento passando novamente
a tocar a "caixa" e a partir de 2003 passou a ser o "Porta
Bandeira" até 2008, quando finalmente deixou a Banda, completando
56 anos, ficando para a história da Banda, como o músico
que mais tempo esteve ao serviço da Banda de Loriga, que foi
a sua segunda família durante mais de meio século
Foi reconhecido esse mérito, recebendo a Medalha de Ouro da
Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, a única distinção
entregue a um músico desde sempre na história da Centenária
Banda Filarmónica de Loriga.
Quando o telefone tocou com o som que vinha de Loriga, alguém
me disse faleceu o Ti Mário "Coroado" como popularmente
era mais conhecido, veio-me logo à recordação
esse nosso encontro, tendo ainda presente aquele brilho no seu rosto
ao estarmos ali a falar da "sua" Banda à qual dedicou
quase toda a sua vida.
O seu funeral realiza-se hoje em Loriga, fará a sua uma última
passagem por aquele percurso que tantas vezes o fez com a música
a tocar, só que desta vez a "sua" música não
irá a tocar, mas de certo a vai continuar a ouvir lá
céu.
Até um dia senhor Mário. Descanse em Paz. (* ap) |

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Carlos
Alberto Brito Mendes *
06.11.1958 - 27.11.2009 |
Encontrei-me
com o Carlinhos, (como assim era tratado no seio da família) fez no passado
verão um ano, quando em Loriga nos juntamos, já com a grave doença
a afectá-lo com mais intensidade e que eu conhecia em profundidade a situação.
Admirava-o na sua determinação e optimismo, falávamos de várias
coisas e sempre vinha à tona Lisboa, dos tempos que eu também por lá
andava, onde ele um dia se radicou e vivia uma vida feliz com sua esposa e filho. |

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Ligado
eu também à família, por parte da minha esposa, tinha
para com o Carlos uma certa estima, apesar de o não ver muito amiúde,
no entanto, nutria por ele uma amizade e até certo carinho e, com quem
gostava de conversar, porque na realidade era um homem de bem e de uma certa
simpatia que valia a pena compartilhar.
Sabendo eu do diagnóstico da sua doença, que se previu de gravidade,
passei admirar ainda muito mais o Carlos, admirando a sua determinação
e a sua luta que foi travando com a grave enfermidade de que padecia e, que
nos transmitia a ideia de que apesar de tudo o não fazia desanimar.
Mas na verdade a vida marca destinos por vezes dolorosos o quais parece não
se poder fugir, por mais voltas que se possa dar.
A sua luta nesta vida terminou, faleceu no Hospital de Santa Marta em Lisboa,
onde tinha sido internado algum tempo atrás, morreu com apenas 51 anos
de idade, quando ainda tinha tanto para fazer nesta passagem pela terra dos
vivos.
Até um dia Carlos. Descansa em Paz. (* ap) |
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Flaviano
Gonçalves
dos Santos*
15.09.1928 - 14.12.2009 |
Recordar
Flaviano Gonçalves dos Santos, filho de Eduardo Gonçalves dos
Santos e Amália Lopes de Brito, tenho que recuar aos meus tempos de
criança. Um certo parentesco ligava a minha família à
sua mãe Amália Lopes de Brito, por isso uma aproximação
de família que levava que todas as Páscoas ali íamos ao
Cabeço, (onde viviam) na visita Pascal, recordo de muitas vezes o Flaviano
me ter dado broinhas e biscoitos.
Era um homem bom, o recordo também quando entrava nos teatros que se
faziam em Loriga nessa altura, atrás dessa pessoa boa, como que tímida,
estava um grande e verdadeiro actor de teatro, tinha um certo talento para
as peças dramáticas e de comédia, que ainda nos estão
na memória.
Radicou-se na Guarda, onde viveu parte da sua vida, sem nunca esquecer a sua
terra.
Faleceu na Covilhã, o seu funeral foi realizado para Loriga, onde ficou
a descansar em Paz, no cemitério local. (* ap) |

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Viriato
Luis Brito Pina*
. .1935 - 08.01.2010 |
Natural de Loriga,
a sua vida foi toda ela passada fora da sua terra, mas que nem por isso deixou de ter
pela terra, que foi seu berço, um carinho especial e que muito adorava. Estava
radicado em S. Tomé de Negrelos - Santo Tirso. |

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Professor
de certo dinamismo, veio a licenciar-se em engenharia, no entanto, a sua personalidade
empreendedora o levou a ter um método e capacidade de trabalho na prática
em redor das profissões, nomeadamente na Formação Prática
do Formador, bem elucidativo nos trabalhos publicados "Saber Instruir"
e "Saber Comandar".
Tinha um contacto assíduo por correspondência com o senhor Eng.
Viriato Pina, falava-mos de Loriga que regularmente ele visitava e onde tinha
residência, trocávamos opiniões dos encantos e dos problemas
que se debruçavam sobre a nossa terra. Logo assim que publicava os seus
trabalhos, de imediato os fazia chegar até mim, inclusive, o seu último
livro também colocado em DVD que também me endereçou e
que passarei a guardá-lo como recordação visual.
Faleceu após algum tempo doente, com o funeral a ser realizado na terra
que adoptou para a sua vida, deixando de Loriga de contar com um dos seus filhos,
que mesmo vivendo fora dela nunca a esqueceu.
Até um dia senhor Viriato Pina. Descanse em Paz.
(* ap) |
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José
Félix*
. . - 20.03.2010 |
Recordar
José Félix é recordar uma pessoa que não sendo
de Loriga é como se de ela fosse. Natural da Maceira perto de Vila Verde
concelho de Seia, radicou-se em Loriga na década dos anos 1960, era
na altura cobrador das camionetas da carreira. O seu trabalho levava a fazer
o serviço para Loriga, sendo um comunicador nato, passando a ser muito
conhecido no meio da comunidade loriguense, que tendo em conta de o serviço
o obrigar a ter que pernoitar em Loriga, começou mesmo a ter uma certa
afeição por esta terra, onde se veio a radicar definitivamente,
e a qual passou a ser a sua terra de adopção.
Era uma referência em Loriga e por quem os loriguenses tiveram sempre
uma admiração e respeito. Uma grave doença na garganta
com intervenção cirúrgica o fez perder a fala, situação
com a qual teve que viver durante muitos anos, mas nem por isso deixou de ser
bem compreendido por todos.
Os últimos tempos
da sua vida foram passados na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde
veio depois a falecer já doente e muito debilitado. (* ap) |

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Fernando
Brito Lages*
22.02.1945 - 09.03.2010 |
Recordar o Fernando
Brito Lages é levar-me com alguma nostalgia a viajar no tempo de regresso aos
meus tempos de meninos, pois o Fernando (Fidão) como popularmente era assim
mais conhecido, fazia parte daquela geração que tinha como seus domínios
o "império" chamado "Cimo" (zona alta de Loriga dividida por
uma linha imaginária nos CTT que dividia o fundo da vila), que ele tal como
eu do "Cimo" fazia-mos parte. |
Nessa
altura era já um pouco mais maduro que eu, sendo ele mais velho, recordo
o Fernando como um exemplo de liderança, era um rapaz humilde e de bem,
não se notando nele aquelas rebeldias que diferenciava muitos de nós.
Recordo-o ainda como um verdadeiro devoto no místico da arte de jogar
futebol, que com o passar dos anos ter-se ficado com a ideia que poderia ter
dado um grande jogador.
O tempo não parou e cada qual foi seguindo outros destinos, de quando
em vez e muito de fugida lá o ia vendo na nossa Loriga, continuando
sempre na sua maneira própria de pessoa de bem, daquelas pessoas com
as quais se pode conviver. Infelizmente, uma grave doença o passou a
atormentar e com a qual passou a viver durante alguns anos e que eu fui tendo
conhecimento.
Nos últimos tempos tive mesmo conhecimento que a maldita doença
o passou a atormentar ainda mais, quando o telefone toca na minha casa e do
outro lado da linha alguém me diz "Olha!.. Mais um dos nossos do "império"
do Cimo que nos deixou, morreu o Fernando (Fidão)" um sentimento de tristeza
me percorreu e dei comigo a olhar o horizonte que pareceu vermos nos ainda
ainda crianças saltando e pulando, como que com o medo de crescer, mas
que agora e aos poucos vemo-nos a desaparecer.
Até um dia Fernando, quando nos voltarmos a encontrar nessa parte de lá. Descansa em
Paz. (
* ap) |

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António
Mendes Gonçalves*
. .1948 - 15.06.2010 |

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António
Mendes Gonçalves
de 62 anos de idade, era popularmente conhecido pelo "Tónio
Bilito".
Recordo o "Tónio" do meu ano e da minha geração,
e tenho ainda presente o dia em que fomos à inspecção
a Seia, o dia da sua primeira saída de Loriga, acompanhou-me todo o
dia não me largando um só momento.
Nestes últimos anos a viver na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia,
assim que me via ali chegar vinha até mim, para me dizer "Adelino estou muito doente" na verdade assim era, estava bastante doente
e debilitado.
Figura alegórica de Loriga, que parte de uma vida, que de certa forma
lhe foi madrasta. Descansa em Paz Tónio. ( * ap) |
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Emídio
Mendes Garcia*
27. 05.1923 - 23 .06.2010 |
Emídio Mendes Garcia de 87 anos, foi uma legenda de Loriga que ficou
na história como o primeiro loriguense aparecer na televisão.
Além de meu compadre, foi meu vizinho porta com porta no pitoresco bairro
de São Ginês, que com a sua partida ficou mais pobre e mais vazio
o Beco do Bairro São Ginês.
Como disse recordo o bem conhecido Emídio Garcia, como o primeiro loriguense
a aparecer na televisão, estava-mos então no princípio
da década de 1960, quando foi um dos concorrentes ao concurso "Quem
sabe sabe" transmitido em directo pela RTP e apresentado por Artur Agostinho.
Nesse dia ou mais concretamente
à noite Loriga parou, as poucos televisões existentes na altura,
apenas nalgumas casas e numa ou noutra associação, bem como,
no café do "Ti Zé Maria" foram insuficientes para tanta
gente, que queria ver o Emídio Garcia lá longe nos estúdios
em Lisboa e, chegar até todos por "aquela caixinha mágica"
que tinham ali em frente. ( * ap)
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Eduardo
Gomes Melo*
10.09.1925 - 26.06.2010 |

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Eduardo
Gomes Melo de 85 anos, foi uma referência de Loriga tido como um verdadeiro
e fervoroso adepto Sportinguista e foi um dos maiores guarda-redes do Grupo
Desportivo Loriguense nas décadas 1940/1950, sendo um verdadeiro ídolo
da juventude de Loriga na altura na qual eu me incluo.
Foi durante anos trabalhador na Metalúrgica Vaz Leal, sendo mesmo dos
primeiros trabalhadores dessa firma. Até que se radicou em Moçambique
durante vários anos.
A sua grande paixão em Loriga foi sempre o Grupo Desportivo Loriguense,
onde desempenhou funções directivas e orientador de equipas de
futebol, pois o futebol para ele era o principal e única modalidade
que deveria existir no seu Grupo Desportivo da sua terra.
Faleceu no dia 26 de Junho de 2010 nos HUC-Hospitais da Universidade de Coimbra
onde se encontrava internado, depois de uma alteração de saúde,
tinha 85 anos. ( * ap) |
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Aurora
Lopes Macedo*
14.05.1913 - 30.08.2010 |
Recordar Aurora
Lopes Macedo é recordar a senhora minha mãe. Faleceu no dia 30 de Agosto
2010 tinha 97 anos e, à data da sua morte era a loriguense mais idosa a residir
em Loriga (Casa de Repousa da Nossa Senhora da Guia) e era a segunda loriguense com
mais idade e ainda vivas.
Uma longevidade de vida na doração à família.- 6 filhos,
13 netos, 10 bisnetos e 1 Trineto. O Senhor a chamou para o seu Reino, mas continua
presente no seio da sua família.
Nascer, viver e morrer, faz parte da existência do nosso ser, também fazendo
parte da lei natural da vida, numa conjugação de mais ou menos longevidade
que se possa passar nesta nossa vida. |
A senhora
minha mãe, natural de Loriga onde nasceu em 14 de Maio de 1913, filha
de Manuel Martins da Mota e de Maria José Lopes Macedo, Sempre com uma
lucidez bem clara, nada lhe parecia escapar, com todos os detalhes contava-me
coisas da vida passada, fossem elas mais recentes ou mesmo de há setenta
e oitenta anos atrás, tendo uma memória fantástica que
nos deixava a todos nós admirados. Nos últimos seis meses a vida
pareceu aos poucos fugir-lhe, a lucidez da sua memória foi aos poucos
perdendo a luz, acabando mesmo de a sua memória se ofuscar, ao ponto
de só a espaços reconhecer a família e as pessoas em seu
redor. Os anjos cantaram ao abrirem-se as portas do reino de Deus para a receberem
em festa, era Segunda-Feira dia 30 de Agosto após um dia radiante de
sol e de muito calor, fechou seus olhos para sempre quando eram precisamente
21h00, deixando assim esta vida dos vivos.
Sua morte deixou nossos corações numa profunda tristeza, mas
a esperança de que nos tornaremos a ver no céu, suaviza os nossos
lutos e enche de esperança os nossos corações e as nossas
saudades. Foi na terra a nossa alegria e o nosso orgulho, será no alto
do céu a nossa força e a nossa esperança. Uma lágrima
por vós derrama-mos e se evapora, uma flor sobre
o tumulo murcha, mas
uma oração por sua alma recolhe-a Deus. A morte e a levou do
convívio dos seus, que perpetuamente a vão recordar com a dor
de uma saudade indelével.
Mãe
Fiz para
ti este simples poema
Inspirado numa rosa perfumada
Pois fostes a melhor riqueza
Ter-te como Mãe e amada
Os meus
olhos ficaram tristes
Vertendo lágrimas também
Ouvi os sinos da torre a tocar
E esses sons a levarem minha Mãe |

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Com saudade
a vimos partir desta vida e do meio de nós, só que apenas a vimos partir
no seu estado físico, porque na verdade vai continuar sempre presente no meio
de nós. Descansar em PAZ é o que me resta dizer à minha Mãe e dizer-lhe
até um dia. Misericordioso Jesus, dai-lhe o eterno descanso. ( * ap) |
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Armando
Miguel Pereira Alves*
20.08.1951 - 30.08.2010 |

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Recordar
aqui Armando Miguel Pereira Alves é levar-me aos meus tempos de menino
e recordar mais um do nosso grupo do Bairro de "S. Ginês"
numa
Loriga de outras eras. Tal
como todos os outros dessa geração e pertencente ao grupo do
bairro de "S. Ginês" o Armando "Galinha" como assim era chamado era
de uma irrequietude própria desses tempos, só que ao mesmo tempo
parecia ter uma acalmia fora do vulgar, que era bem notório nas brincadeira
de então.
Com a chegada do dia de cada um seguir caminhos diferentes deixando Loriga
e os nosso domínios, os contactos foram-se escasseando. O Armando foi
para Alenquer onde passou a morar com a sua família, só o voltei
a ver em Loriga decorria o mês de Junho de 1968, encontro selado com
um abraço e voltar-mos a recordar os nossos tempos de menino e de rebeldias.
De quando em vez lá ia sabendo suas notícias por intermédio
dos seus irmãos, os mesmos que um dia me disseram de uma grave doença
que o afectava. Um dia chegou-me a noticia da sua morte, estava eu em Loriga,
no dia em que eu também de luto ao falecer a minha mãe.
Vemos assim partir um dos nossos desse grupo do Bairro de "S. Ginês". Foi sepultado em Bucelas
- Alenquer onde passou a repousar. Até um dia Armando quando nos voltar-mos
a encontrar nessa parte de lá. ( * ap) |
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António
Ferreira Marrão*
30.08.1941 - 20.09.2010 |
Recordar
António Ferreira Marrão é recordar um loriguense de raça
radicado na região de Sacavém, sendo de relevo as suas qualidades
de grande seriedade e de um carácter irrepreensível de uma tolerância
invulgar para com os erros dos seus semelhantes.
Muito dedicado ao associativismo passando em várias associações,
é de destacar a sua participação sempre disponível
na ANALOR, associação da sua terra sediada em Sacavém,
onde desempenhou cargos em vários Corpos Sociais, com um trabalho notável
e sempre numa activa colaboração, quando se tratava de algo em
prol da sua terra.
A doença com que passou a lutar o impossibilitou de prestar mais colaboração
na associação que muito adorava, sendo bem notado essa ausência,
com a ANALOR a ficar mais pobre.
Faleceu em Setembro de 2010, com Loriga a ver partir mais um dos seus filhos,
que fixando-se em Loriga, nunca deixou de tudo fazer pela sua terra. ( (* Excertos do Jornal "Garganta de Loriga") |

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Mário
Gomes Pina*
12.07.1940 - 18.10.2010 |

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Nasceu em Loriga decorria
então o ano de 1940, mas a sua vida foi quase toda ela passada fora
da sua terra natal, mais precisamente em Sacavém onde se radicou.
Falar de Mário Pina é recordar um loriguense bairrista e sempre
pronto em prol de Loriga, muito conhecido a nível do associativismo,
nomeadamente, na colaboração que sempre se disponibilizou a dar
na ANALOR, onde integrou várias vezes os Corpos Sociais desta associação
loriguense sediada em Sacavém, sendo de destacar a excelência
do seu trabalho como tesoureiro da Direcção, conhecido pelo rigor
das contas e pela correcção com que as apresentava.
Especialmente dotado para com o relacionamento com os outros, era um homem
isento, muito amigável, compreensivo e com grande capacidade de trabalho.
Todos se habituaram a vê-lo, nas sucessivas edições da
Semana Serrana, quase sempre na sua "Taberna Serrana" sempre amável e atencioso
no contacto com os visitantes.
Sem dúvida que Loriga viu partir mais um dos seus filhos, que vivendo
fora dela tinha a sua terra bem junto do coração. ( * Excertos do Jornal "Garganta de Loriga") |
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José
Gomes Melo*
15.4.1918 - 24.2.2010 |
Recordar José
Gomes Melo, é recordar mais um filho de Loriga que vemos partir desta vida dos vivos. Nascido a 15
de Abril de 1918 em Loriga, onde foi criado e residiu até à idade adulta,
fez jus ao que de melhor associamos à solidariedade e benfeitoria das populações.
Co-fundador da Cooperativa Popular de Loriga e do Socorro Paroquial Loriguense, membro
da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga, da L.O.C. e da
Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, Presidente da Secção de Loriga
do Sindicato Nacional dos Operários da Indústria de Lanifícios,
atleta do Grupo Desportivo Loriguense, tudo fez para que o desenvolvimento da sua terra
e a solidariedade para com os mais desfavorecidos não fosse palavra vã. |
Profissionalmente,
exerceu a sua actividade na Fábrica "A Redondinha", onde os seus dons de trabalhador
e amigo sobressaíram. A maioria dos tempos livres eram ocupados na arte
de sapateiro, com a qual supria as necessidades do seu lar e acudia às
carências dos vizinhos.
Rumou em meados dos '60 à então Vila de Seia à procura
de melhor vida e sustento. Trabalhou na Vodratex durante 17 anos no lugar que melhor sabia cumprir:
afinador de teares. Desempenhando a Chefia de Secção, depressa
se destacou pelo seu profissionalismo, sobriedade, dedicação
e total solidariedade aos colegas a que tinha sido destinado servir. Assim,
foi com naturalidade que os seus companheiros o começaram a tratar,
profissional e carinhosamente, como "Mestre Zé".
Faleceu em Seia, com tranquilidade, tal como viveu a sua vida, no dia 24 de
Dezembro último, véspera do Natal, tinha então já
a bonita idade de 92 anos, numa certa longevidade de vida junto dos seus, de
certo como uma verdadeira dádiva de Deus.
Como loriguense vimos assim partir um dos nossos conterrâneos que muito fez por
Loriga, nos competindo dizer Descanse em Paz senhor José Gomes Melo
e até um dia. (* aeMelo & ap) |

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Maria Teresa
Pinto de Moura*
. .1931 - 01.01.2011 |

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Recordar
a senhora Maria
Teresa Pinto de Moura a "Teresa do Amaro" como assim era conhecida é falarmos de
uma nossa conterrânea, que exerceu durante a sua vida uma vida apostólica
deveras notável.
Pertenceu durante décadas a vários organismos religiosos
da nossa paróquia, assim como, exerceu durante longos anos da sua vida
dando catequese, atingindo nesta área uma missão de certa notoriedade
e de grande relevância. Em nós os mais novos ficará para
sempre um exemplo de alguém que se entregou aos outros e, que praticou
na paróquia de Loriga uma missão de Bem-Fazer e em prol do Bem.
Como loriguense vimos assim partir desta vida a senhora Maria
Teresa Pinto de Moura, Descanse em Paz é o que nos cumpre aqui expressar. (* nmaPereira) |
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Joaquim
Alves Oliveira*
06.02.1936 - 23.02.2011 |
Não recordar
Joaquim Alves Oliveira, popularmente conhecido por "Joaquim Ruas" seria algo de injusto se nada escrevesse sobre este homem, dizendo
que foi talvez na arte de fazer o ferro um grande artífice, um dos maiores no
seu tempo.
Nasceu de uma família numerosa, a família Oliveira mais conhecido por
"Ruas". Eram 10 irmãos e imãs.
Honesto, fiel aos seus princípios e respeitador das causas humanas, neto, de
um mestre pedreiro, que deixou como uma das obras-primas as centenárias fontes
de Loriga, com o seu pai também a ficar ligado à beleza de Loriga, ao
construir calçadas e muros. |
Joaquim
"Ruas" foi de muito jovem para Lisboa,
onde foi um "bom
vivente" foi ali que um dia me encontrei com ele, passando a partir
de então a ter para com ele uma certa estima, de quando em vez me encontrava
com ele em Loriga, ao cumprimentá-lo despontava sempre nele aquele seu
sorriso contagiante e de pessoa de bem, esse sempre seu sorriso que eu tinha
sempre presente em mim, tal como me brindou quando essa vez o encontrei lá
por Lisboa
Voltou à terra que o viu nascer. Já adulto casou e dedicou-se
ao cultivo do campo. Fruto de muito trabalho que na altura era pouco rentável,
começou a construir família, teve cinco filhos. Deixou o campo
e foi trabalhar para a "Metalúrgica Pedro Vaz Leal". Passados
alguns anos foi construindo a sua casa que nesse tempo era algo fora do normal,
lutou, como quem luta contra ventos e mares, nas por fim conseguiu atingir
esse objectivo, com muito esforço e trabalho.
Na arte de trabalhar o ferro tinha uma verdadeira mestria, um artista como
poucos, fez grande parte dos gradeamentos em Loriga que se podem ver um pouco
por toda a vila. Como homem tinha nas suas virtudes exemplos a seguir, não
fazia diferença nem do rico nem do pobre e a família para ele,
era tudo do mais sagrado e que adorava como ninguém, aureolado numa
felicidade de ter sempre ao seu lado uma grande mulher. |

|
|
Faleceu no dia
23 de Fevereiro de 2011, Loriga viu desaparecer um seu filho que deixou uma obra que
a embelezam, para os amigos e principalmente para a família foi alguém
que já
partiu,
que mesmo deixando um vazio continua a permanecer nos seus corações.
Vi partir
desta
vida um grande homem, restando-me dizer até um dia Joaquim "Ruas" quando nos voltarmos a encontrar, só
que desta vez nessa parte de lá. Descanse em Paz. ( * ap + excertos de escritos/família) |
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Alfredo
Pereira dos Santos*
28.08.1933 - 12.02.2011 |
Recordar o senhor
Alfredo Pereira dos Santos, mais conhecido por "Alfredo Moenda" é falar de uma pessoa muito conhecida no meio
loriguense e não só, que tinha uma maneira própria de comunicador
nato com quem eu muito conversava, pois era também um conhecedor de muito da
nossa Loriga |
Foi
funcionário da firma "Metalúrgica Pedro Vaz Leal"
onde
durante toda a sua vida teve a sua actividade laboral. Tinha uma adoração
especial pela sua terra, que era costume lhe ouvir dizer de não haver
igual por esse mundo fora. Um dia resolveu adquirir uma casa senhorial pertencente
à família do Professor Pedro de Almeida situada na Avenida Augusto
Luís Mendes vulgarmente local conhecido por "Carreira" que
com algumas obras de ampliação foi uma mais-valia e ao mesmo
tempo veio a comutar uma carência na época, a nível de
dormida para quem visitasse a nossa terra, mesmo ainda hoje bem presente.
Sempre muito solicitado era uma referência em Loriga, que
no habituamos a ver sempre na condução da sua velha carrinha,
percorrendo as estradas da região e para todo o lado quando procurado
por muitas pessoas para os levarem aonde quer que fosse. Ainda no verão
passado lá estávamos nós no café "Império" onde habitualmente parava, numa mais agradável
cavaqueira, vindo sempre às conversas episódios passados na nossa
terra, que contava com um certo brilho e expressividade.
Foi logo a seguir ao verão que uma alteração
de saúde o fez adoecer e desde então a viver com a doença.
Com o agravamento da mesma passou a residir na Casa de Repouso da Nossa Senhora
da Guia, para depois ser internado no Hospital de Seia onde faleceu Sábado
depois de mais um agravamento da doença da qual padecia.
O seu funeral realizou-se ontem (Domingo) em Loriga, um desaparecimento mais em Loriga, que muitos de nós vamos
notar a sua falta quando voltarmos novamente à nossa terra.
Descanse em Paz senhor Alfredo é o que nos cumpre expressar
e dizer até um dia. ( * ap) |

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Fernando
Santos Cardoso*
. .1943 - 09.05.2011 |
Recordar o "Fernando Valério"
como
assim o chamava-mos, falecido na passada Segunda-Feira nos Estados Unidos da América,
é falar de uma pessoa e de um amigo e regressar-mos aos nossos tempos de infância
e ao nosso Bairro de S.Ginês de uma Loriga de outras eras, quando ali se vivia
como que em família, compartilhando-se as alegrias e as tristezas numa verdadeira
união de comunidade.
Filho de Valério Cardoso (uma legenda de Loriga e de Alvôco da Serra)
e da senhora Filomena Santos, no Bairro de S.Ginês floria as crianças
e jovens que tornavam aquele recanto de Loriga muito populosos, o Fernando era um pouco
mais velho e, nós os mais novos o víamos com respeito, aliás,
ele parecia estar sempre atento às rebeldias dos mais novos, ao mesmo tempo
que transmitia a todos nós ensinamentos e aconselhamentos de bem-fazer, passando
mesmo a ser uma referência e ao mesmo tempo de certa forma um exemplo para todos
nós aqueles mais novos. |

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Adorava
o futebol para o qual tinha uma certa aptidão, nomeadamente de guarda-redes,
defendendo ainda muito novo a baliza do Grupo Desportivo Loriguense naqueles
famosos jogos de futebol de verão, ainda na recordação
de muitos de nós.
Radicou-se nos Estados Unidos da América já a largos anos, criou
a sua própria empresa FC Maschinery LLC em Milford CT da qual era proprietário
e operador. Chegou também a ser treinador de futebol de equipas de crianças,
onde chegaram a jogar os seus próprios filhos, tendo ainda dentro de
si o gosto pelo futebol que o acompanharam desde os seus tempos de Loriga.
Esteve também ligado ao associativismo português, pertencendo
a quase sempre à Casa da Cultura Clube Português em Milford CT
Encontrei-me com ele em Loriga acerca de pouco mais de dois anos, foi a última
vez que com ele estive, dava gosto de o ouvir falar de Loriga e dos tempos
passados. Era um sonhador pela sua terra que tanto adorava e que tinha sempre
presente no coração, ao ponto de um dia registar com o nome de
"Loriga" a matrícula do seu
carro que orgulhosamente nos amostrava a fotografia a passear pelas ruas da
cidade onde vivia na América.
Depois desse nosso encontro, pouco tempo depois foi do conhecimento o diagnóstico
da doença com a qual passou a lutar, impossibilitando mesmo de voltar
a Portugal e á sua querida Loriga. Era casado com a Isabel Pina também
ela loriguense, tinham três filhos e quatro netos, uma família
feliz que era tudo para ele. |
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Faleceu na Segunda-Feira
(dia 9 de Maio de 2011) no hospital em Vassar Brothers Medical Center, com o funeral
a realizar-se hoje Quinta-Feira, às 11 horas para ser sepultado no Cemitério
Fishkill Rural.
Mais um residente do nosso Bairro de São Ginês que vemos partir, até
um dia Fernando quando nos voltarmos a encontrar, mas agora nessa parte de lá,
por agora só nos cumpre dizer Descansa em Paz. ( * ap) |
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Joaquim
Santos Ferrito *
. .1914 - 14.05.2011 |
Recordar Joaquim
Santos Ferrito, senhor "Ferrito" como era assim mais conhecido no meio loriguense
é falar de um residente mais do pitoresco Bairro de S.Ginês que vimos
partir desta vida, tendo atingido uma longevidade de vida, que o tornava já
um dos loriguenses mais idosos da nossa terra. Era muito conhecido no meio loriguense,
durante longos anos, foi sempre bem conhecido por nunca faltar para pegar no andor
da Nossa Senhora da Guia, da qual era devoto.
Vivendo em Lisboa não falhava na sua visita a Loriga para passar as suas férias,
tinha a sua casa no Bairro de S.Ginês pertinho da capela da Nossa Senhora do
Carmo, ainda parece que o estou a ver com o olhar de criança, a chegar com a
família para passar o mês de Agosto, era por ali muito estimado e no dia
da partida juntavam-se a vizinhança para lhe desejar boa viagem de regresso
á capital, com o seu carro bem carregado com especialidades de Loriga. |
Lembro
ainda um rude choque que sofreu, quando do falecimento da sua filha já
adolescente, com toda a gente a chorar no meu Bairro, logo assim que se soube
da notícia, um choque tremendo para toda a gente, que levou mesmo algum
tempo a sarar.
Mais tarde e ainda nos meus tempos de jovem, já em Lisboa, trabalhando
eu na "baixa" habituei-me a vê-lo, na altura, já um
conceituado comerciante, chegando mesmo a ser proprietário da famosa
"Casa Braz" junto à Praça da Figueira, onde se manteve
durante longos anos.
Ainda não há muitos anos se via a passar muito mais tempo em
Loriga, muitas vezes tive a oportunidade de conviver com ele em muitas conversas
cavaqueiras entre amigos, sendo contagiante a sua boa disposição
e, como era engraçado ouvi-lo contar algumas das perícias, que
teve na sua já longa vida, na altura, a entrar na casa dos noventas.
Ultimamente um pouco debilitado de memória, talvez próprio da
sua já longa vida, uma alteração de saúde o levou
ao seu falecimento, ocorrido na passada terça-feira dia 14 de Junho,
sendo realizado o funeral para Cemitério do Alto São João,
onde foi cremado, vendo-se partir mais um residente do nosso Bairro de S. Ginês,
que cada vez o vemos com menos gente.
Descanse em Paz senhor Ferrito e até um dia. ( * ap) |

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José
Joaquim Antunes Simão *
02.07.1965 - 25.05.2011 |
Recordar José
Joaquim Antunes Simão, o "Zeca do Minilor" como assim era conhecido é recordar um amigo e
mais um residente do meu pitoresco "Bairro de S.Ginês" que cada vez mais vejo as pessoas a desaparecer.
O Zeca era um bairristas, muito popular no meio loriguense, adorava a sua terra e o
seu querido Bairro de S.Ginês que muitas vezes me dizia "temos que programar uma festa ali no nosso Bairro"
mandarmos
vir a gente que está fora, mas tem que ser uma festa de arrombo. Fomos adiando
esta ideia e o tempo foi passando e ficou para tarde. |

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Recordava-mos
o nosso Bairro com uma nostalgia que nos fazia sentir bem, falamos das pessoas
e dos acontecimentos e de tudo o por ali passamos, quando parecia ser-mos todos
uma mesma família numa mesma comunidade, tinha uma maneira própria
e bem sentida quando nos púnhamos a conversar e a recordar as pessoas
do nosso Bairro de S.Ginês, que tantas saudades nos deixaram.
Proprietário do popular "Café Minilor" o Zeca ia completar no próximo dia 2 de
Julho os seus 46 anos de vida (1965-2011) era uma referência em Loriga,
sempre amigo do amigo e pronto para ajudar a todos e a tudo. O seu café
era o meu primeiro poiso assim que chegava a Loriga, apesar de por vezes não
estar, perguntava logo por ele, a sua partida tão depressa desta vida,
quando ainda tinha tanto para fazer e para dar, vou notá-la assim que
novamente voltar a Loriga.
A lutar com grave doença já algum tempo, o Zeca impressionava-me
pela sua força e estímulo que dava, foi ele próprio um
grande lutador resignando-se à sorte madrasta de muito ter que sofrer
com a doença que o atormentava.
Quando o telefone tocou na minha casa e a voz do outro lado que chega me diz
morreu o "Zeca
do Minilor" sentimos uma frustração e ao mesmo tempo uma
certa revolta, ainda tão novo e com tão curta passagem por esta
vida, nos faz ao mesmo tempo meditar, mas nada à fazer, temos que nos
resignar e continuar-mos em frente, mas que vamos notar a sua falta, sim eu
vou notar. |
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Descansa em
Paz Zeca. Até um dia quando nos voltarmos a encontrar, nessa altura te direi
se foi concretizada a festa no nosso Bairro de S. Ginês, com a qual tu e eu sonhamos.
( * ap) |
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António
Mendes Fernandes *
. .1933 - 31.05.2011 |
Recordar o senhor
António "Sapateiro" como assim muitos o conheciam é
falar de uma pessoa boa, ao qual de certa forma eu estava ligado, irmão do meu
cunhado José, mantendo assim um estreito relacionamento com ele.
O senhor António Mendes Fernandes era como obrigatório o ver sempre que
eu ia a Seia, que depois daquele abraço de amizade, tinha-mos sempre algo que
falar com notícias familiares pelo meio, em que entre várias virtudes
tinha um seu sorriso contagiante, que valia a pena compartilhar, por vezes era à
pressa que nem dava tempo para nada, no entanto, era gratificante o ver e pelo menos
o cumprimentar. |
Saiu
de Loriga há longos anos, mas não foi para muito longe dela,
fixou-se na vila de Seia com assim era na altura, onde trabalhou e viveu grande
parte da sua vida, onde passou a ser muito estimado e muito conhecido nos meios
senenses.
Já algum tempo que estava doente, sofria de doença com a qual
passou a lutar, nos últimos tempos foi notório um agravamento
mais presente e que culminou com o seu falecimento no último dia do
mês de Maio, tinha então 78 anos, curiosamente falecido no mesmo
dia do seu irmão José, meu cunhado, falecido à dois anos
atrás, quando visitava a sua família na Alemanha.
Depois das cerimónias fúnebres realizadas em Seia terra de adopção,
foi sepultado em Loriga sua terra natal, que teve como privilégio de
ter vivido não muito longe dela
Descanse em PAZ senhor António e até um dia. ( * ap) |

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Luís
Carlos Almeida Pinto *
05.11.1955 - 29.07.2011

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Recordar
o Luís Carlos Almeida Pinto, filho do "ti Zé
Maria" como popularmente o seu pai era assim conhecido, é poder
falar de um amigo, de uma pessoa de bem, com quem tive o privilégio
de conviver numa fase das nossas vidas quando éramos jovens, logo após
da minha chegado da chamada "Guerra do Ultramar".
O Luís Carlos, fazia parte de uma certa geração de jovens
loriguenses, que lhes fervia no sangue o gosto pelo desporto. Com uma visão
inteligente de ver o futuro, na altura ainda adolescente, era já um
exemplo, sabia o que queria e tinha uma maneira muito própria de ver
o futuro e o horizonte, sendo mesmo uma referência que sobressaia.
Decorria os primeiros anos da década de 1970, a juventude era muita
em Loriga, muitos dos jovens estavam a empreender de certa forma, no seguimento
dos estudos, por isso, não era estranho haver muitos jovens a estudar
e muitos outros, com menos possibilidades a empregarem-se nas firmas locais,
sendo bem notório em todos eles a vocação para jogarem
futebol e não só, numa altura em que o desporto em Loriga parecia
estagnado no tempo, com actividade desportiva praticamente nula por parte do
Grupo Desportivo Loriguense. |
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Foi
um dos fundadores do Futebol Clube "Os Dragões", um projecto
idealizado por essa juventude, no sentido de criarem um Clube virado para o
desporto, que chegou a ter uma certa projecção, ao qual aderiram
todos os jovens de Loriga de então, com muita alegria e determinação
que foi também contagiante para a juventude já mais velha, que
de imediato aderiram, onde eu próprio me incluo.
Foram tempos bonitos e que ficaram marcados em muitos de nós, que para
mim passaram depressa, porque pouco depois deixei Loriga saindo do país,
no entanto, deu para ter ficado com as maiores e gratas recordações
do Luís Carlos, um verdadeiro lidere e de uma inteligência rara,
que marcou muitos de nós. Fizemos na época coisas extraordinárias
e o Luís Carlos era de facto aquela pessoa que valia a pena ter como
amigo
O Luís Carlos enveredou por uma carreira de professor, o destino nunca
me deu oportunidade de o voltar a encontrar, ficando sempre em mim a recordação
de mesmo não nos vendo ter ficado em nós aquela amizade. Perguntava
sempre por ele, mas uma vez houve que me informaram não estar bem de
saúde, com as noticias de uma doença de que sofria e com a qual
teve que conviver, mesmo até isolando-se e tornando-se um pouco mais
reservado, por fim a chegarem até mim mais noticias que me davam conta
da continuada gravidade da sua saúde.
Quando o telefone toca e do outro lado da linha uma voz me diz "morreu
o Luís Carlos" o tempo pareceu parar para mim e depois voltar a
andar e me levar aqueles saudosos tempos, recordando algo que ficou em nós,
em que parecíamos que tínhamos todo o tempo do mundo para viver.
Faleceu, quando ainda tinha muito para dar, voltou à sua terra natal
para ali ser sepultado, que naqueles tempos algumas vezes me dizia "Olha
Adelino a nossa terra é a melhor terra do mundo". Deixou-me saudades
e de certeza o irei recordar sempre. Até um dia Luís Carlos quando
nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nessa
parte de lá. Descansa em Paz.. (*
ap) |

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Maria do
Carmo Fernandes Marques *
21.01.1932 - 29.02.2012 |
Recordar Maria
do Carmo Fernandes Marques, mais conhecida por "Senhora do Carmo do Belarmino" e falar de uma mulher por quem tive sempre uma admiração
e estima. Mulher de uma bondade pura e de uma simpatia contagiante,
que muito me prezou pertencer ao seu círculo de amigos, conhecia desde que quando
um dia se fixou em Loriga, localidade que escolheu e passou a ser a sua terra de adopção.
Natural de Sazes da Beira, estabeleceu-se em Loriga com o seu marido o "Ti Belarmino", com assim o passamos a chamar, tomaram conta da Taberna
onde está hoje instalado a Charcutaria "Neve & Sol" no princípio da Rua Coronel Reis (antigamente
chamada Rua da Amoreira) desde então a sua maneira própria de simpatia
depressa granjeou a amizade e a estima dos loriguenses. |
Recordo-me
ali saborear os seus bons petiscos, era um local privilegiado de quando visitava
Loriga era como que obrigatório juntamente com os amigos ali fazermos
as nossas "Migas" ainda parece que a estou a ver, preparando para
nós uma das suas especialidades, sempre com o seu sorriso de simpatia
com qual nos saudava.
Quando me encontrava com ela, ainda longe me brindava com o seu sorriso, gostava
muito de com ela conversar, falava-mos de tempos passados e de Loriga, considerava
uma mulher determinada e franca e também preocupada com os momentos
menos bons das pessoas em seu redor. Nem sempre teve uma vida fácil
as vicissitudes da vida a fizeram passar por rudes golpes, quando da perda
de entes queridos, nessa altura admirei sempre a sua força e a sua resignação.
Uma alteração de saúde foi o princípio do desenlace
que levou ao seu falecimento, vendo nós os loriguenses partir uma pessoa
de bem, que mesmo não sendo natural da nossa terra é como se
dela fosse.
Mais uma perda para Loriga, tinha 80 anos feitos no Janeiro passado, quando
eu voltar a nossa terra vou notar a sua falta, no entanto, ficará em
mim a recordação de uma mulher de bem, que tive a alegria de
com ela conviver.
Até um dia senhora Maria do Carmo, como eu a tratava, de certo que um
dia nos voltaremos a ver com o seu afável sorriso com que que espalhava
a simpatia.
Descanse em PAZ. (* ap) |

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Filomena
Nunes Brito Ascensão
*
30.06.1925 - 2.03.2012 |
Recordar hoje
aqui a senhora D. Filomena Nunes Brito Ascensão, é poder falar de uma
mulher notável e, à qual fiquei ligado familiarmente ao ter entrada para
a família através do casamento com a sua sobrinha, desde então
me cativou a sua maneira amável e por quem passei a ter uma grande admiração
e estima.
Já à muito que se mantinha na sua casa, derivado à sua situação
saúde, era ali que eu a visitava, era uma mulher amável, meiga e de grande
sensibilidade e ternura, eu tinha por ela uma grande admiração, gostava
muito dela, sabia também que ela por mim tinha também uma certa estima. |

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Eu gostava
muito de conversar com ela, por que era uma pessoa que tinha muito para contar
e que me deliciava ouvir. Cheguei a passar alguns serões na sua casa
e sabendo que eu era guloso por bolos ali tinha sempre à minha espera
um bolinho com o qual me deliciava. Muito religiosa e convicta, me chegou a
confessar a pena que tinha não poder ir à Igreja, como sempre
o tinha feito quando se podia movimentar mais facilmente.
Continuava a conservar a tradição da visita da imagem da Sagrada
Família na sua casa, aliás, era ali que estava a maior parte
do tempo visto que nalgumas casas essa tradição foi simplesmente
acabando, era mesmo a zeladora dessa imagem da Sagrada Família naquele
local de Loriga, onde vivia, encarregava-se de recolher as ofertas, que por
sua vez, as entregava à Paróquia para obras de caridade.
Foi cozinheira de casamentos, baptizados, e outros eventos, sendo vastos os
seus conhecimentos na arte da culinária, foi ela que fez a boda do meu
casamento, numa altura em que havia dificuldades, no entanto, fez o melhor
que se pode imaginar que ainda hoje recordo pela maneira subtil como fez esse
nosso banquete.
Mãe extremosa de 12 filhos que deu ao mundo, que criou e educou com
o maior desvelo e carinho, principalmente quando teve um rude golpe com a morte
do seu marido, a família para ela era tudo na vida, que procurava os
ter sempre presente, razão disso ter sempre junto a si as fotografias
de todos, filhos, netos e bisnetos, que eu próprio também muito
admirava ver ali, todas aquelas fotografias expostas.
Mais uma das pessoas que eu particularmente vou sentir muito a sua falta, quando
um dia voltar a Loriga, não mais voltarei a ouvir a sua voz afável
e meiga como me recebia, não estará mais à minha espera
o docinho que guardava para mim, vou recordá-la como uma grande mulher
que me marcou e pela qual tive sempre uma grande adoração. |
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Faleceu na Sexta-Feira
(2.3.2012) em Coimbra no hospital, onde se encontrava após o agravamento da
sua enfermidade, completava 87 anos no próximo dia 30 de Junho, a lei da vida
é esta e os loriguenses viram partir uma sua conterrânea pela qual todos
tinham uma admiração, respeito e estima.
Se há lugares no céu guardados, tenho a certeza que a "Tia Filomena" como eu também assim a tratava, um desses lugares
espera por ela. Até um dia "Tia Filomena" quando nos voltarmos a encontrar só que dessa
vez será nessa parte de lá, por agora ficará sempre na minha recordação.
Descanse em PAZ.
(* ap) |
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Carlos
Gouveia Cabral
*
20.10.1943 - 12.06.2012 |
Recordar aqui
o Carlos Gouveia Cabral, popularmente conhecido pelo Carlos das "Mobílias"
é poder falar de uma pessoa, com o qual tive o prazer de conviver em certa altura
das nossas vidas, pois ele tal como eu pertencíamos à vasta comunidade
loriguense que estava radicada e trabalhava na Grande Lisboa.
O Carlos foi desde sempre muito
determinado nas suas ideias, tinha sempre presente uma visão de querer mais,
em certa altura lembro-me de ele trabalhar ali para os lados da Praça do Chile,
tinha então um carro Volkswagem "Carocha" muito bem apetrechado, que para ele era uma das suas paixões,
com ele viajava muitas vezes a Loriga passar os fins-de-semana.
Decorria os primeiros anos da
década de 1970, mais concretamente em 1973, quando passei a conviver mais com
ele, passei a fazer parte dessas viagens com ele a Loriga, porque entretanto, eu começava
a namorar por lá e o Carlos também piscava por lá o olho a uma
outra rapariga. |
Eram
viagens empolgantes, saiamos de Lisboa pela tardinha de Sexta-Feira, depois
do trabalho, o Carlos era na realidade um excelente condutor, cada viagem que
se fazia, se pensava fazer no menos tempo possível, autênticas
aventuras próprio de jovens que eramos. Chegava-mos a Loriga cerca da
meia-noite e por vezes até mais tarde, ali passava-mos o fim-de-semana
até domingo à tardinha, quando regressava-mos de novo a Lisboa,
partiamos de Loriga conscientes de termos passado um belo fim-de-semana e na
esperança de no semana seguinte voltarmos outras vez, só que
nem sempre isso acontecia, porque nem todos os fins-de-semana era possível.
O Carlos nessa altura
costumava dizer-me, "somos ainda novos vamos ter tempo de fazer muitas coisas", na realidade assim foi, eu enveredei para o
estrangeiro, ele ficou fiel e continuou por Lisboa. Algum tempo depois, tive
então conhecimento de que as suas ideias determinadas o fizeram lançar-se
no negócio de mobílias, onde segundo sei teve até um enorme
sucesso, tornando-se mesmo um conceituado e reconhecido comerciante e empresário.
Nas minhas idas a Portugal,
deixei de o ver regularmente, uma ou outra vez ainda o encontrei, em determinada
fase tive até conhecimento que o seu negócio estava um pouco
mais em baixo, passando até uma fase menos mal, até que por último,
deixei mesmo de ter notícias dele.
Tive conhecimento da
sua morte passado já algum tempo, pois a notícia do seu falecimento
não chegou até mim, lembrei-me então daquelas palavras
que me dizia "somos ainda novos vamos ter tempo de fazer muitas coisas" na realidade assim foi só que parece que
o tempo passou de pressa e nessa altura, nunca imaginávamos que esse
tempo também tivesse o seu fim. |

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Faleceu no dia
12 de Junho de 2012, com 69 anos de idade, vemos assim partir um nosso conterrâneo amigo do seu amigo, que tinha
naquela sua determinação um exemplo que me ficou sempre na recordação.
Até um dia Carlos. Descansa
em Paz.
(* ap) |
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Alzira
Brito Moura
12.1.1918 - 24.6.2012 |
Recordar aqui
a D. Alzira Brito Moura, popularmente conhecida por "D. Alzira do Carreira"
é poder falar de uma distinta senhora, de extremosa educação e
de um relacionamento com os outros, que levava a granjear a estima e amizade das pessoas
que com ela conviviam.
Durante muitos anos viveu no Brasil, fazendo parte da grande colónia loriguense
sediada em Belém do Pará, tal como seu defunto marido, onde hoje em dia
continua ainda a viver grande parte da sua família, nomeadamente os seus três
filhos, netos e bisnetos. |

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Resolveu
um dia voltar para a sua querida terra, que tanto adorava, onde passou a viver
tranquilamente, de quando em vez lá voltava ao Brasil para visitar a
família, mesmo ainda nestes últimos anos e já com a idade
avançada, não receava a viagem, ao pondo e muitas vezes sozinha
enfrentar a viagem com naturalidade, sendo digno de realce como se movimentava
pelos aeroportos, surpreendendo os seus ocasionais acompanhantes nessas viagens.
Quando eu visitava Loriga, muitas vezes conversava com ela, era uma faladora
nata, sempre atenta e de uma memória incrível, que valia a pena
com ela falar, admirava nela a sua agilidade como se movimentava pelas ruas
da nossa terra, sendo mesmo uma referência, apesar da sua idade, recordo
mesmo muitas vezes estar com ela a conversar na "Carreira" pouco
depois abalava, não tardando muito tempo e já a via na ponte
do Porto a caminho da sua casa, interrogando-me muitas vezes, como foi possível
já estar ali, quando ainda relativamente poucos minutos dali tinha partido.
Tive sempre pela senhora D. Alzira do "Carreira" muita admiração
e estima, existia até um estreito relacionamento da minha família
para com ela, ficando em mim marcado as visitas que com regularidade fazia
à minha finada mãe, quando da sua enfermidade, levando-lhe um
pouco de conforto e amizade.
De muita bondade, devota e religiosa, eram atributos que a caracterizavam,
por isso ser muito respeitada e admirada pelos seus conterrâneos, que
muito a estimavam e pela qual nutriam por ela muita simpatia. |
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Poucos meses
atrás, uma alteração de saúde a fez estar internada no
hospital de Seia, que depois de recuperada e para uma melhor vigilância de saúde,
foi viver para Lisboa, onde a morte agora a surpreendeu, aos 94 anos de idade feitos
no passado dia 12 de Janeiro (nasceu em 1918), uma longevidade de vida na adoração
para com a família e amigos, como uma graça de Deus.
Faleceu ontem dia 24 de Junho o dia de São João, quando o povo festejava
um puco por todo o lado os festejos populares, os anjos a quiseram vir buscar neste
dia para a levarem para o céu, onde por certo um lugar por ela espera. O funeral
realiza-se hoje para a sua terra, regressando assim à sua adorada Loriga, subirá
mais uma vez a rua do Porto onde tinha a sua casa e onde vivia, só que desta
vez seguirá para um pouco mais além, onde vai passar a ter a sua última
morada. Até um dia senhora D. Alzira, descanse em Paz. (* ap) |
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João
António Lopes Romão *
10.05.1960 - 29.09.2012 |
Recordar João
António Lopes Romão, meu sobrinho por via matrimonial com a minha sobrinha
e afilhada Maria da Guia, é poder falar de alguém de muito querido na
nossa família, mesmo como que uma referência e como que fosse mesmo por
via directa do nosso sangue.
Muito dinâmico, alegre, divertido, amigo da família e uma
maneira própria de criar amigos, o João, natural de Ferreira do Alentejo,
era um apaixonado por Loriga, da qual ficou enamorado logo desde o primeiro dia que
a visitou, passando a gostar tanto dela como todos nós, para ele passou mesmo
a ser a sua terra de opção.
Recordo ainda o dia que eu o conheci pela primeira vez, vai para perto
de três dezenas de anos, quando numa das visitas a Portugal e de visita a casa
dos meus pais na Amadora, tive conhecimento que um rapaz andava par ali a deitar a
asa à minha afilhada e sobrinha Maria da Guia, que
também para além disso esta nossa sobrinha, era como que a nossa irmãzita
mais nova, por isso, principalmente nós, os irmãos mais novos, estávamos
também muito atentos. |
Ao ter
esse conhecimento, do que se estava a passar, notei na parte da minha mãe
alguma oposição, numa tentativa clara de também influenciar
os próprios pais da Maria da Guia, já perto da noite e sabendo
que o rapaz andava ali perto da porta, saí à rua e fui ter com
ele, me parecendo um pouco envergonhado e também como que receoso, pareceu-me
mesmo até se encolher, à medida que eu me aproximava, cheguei
junto a ele e nesse primeiro contacto tive logo para com ele uma certa afinidade,
depois da respectiva apresentação, lhe pedi para me acompanhar
e assim o levei para dentro de casa dos meus pais, recordo até aquele
seu receio estampado no seu rosto, o apresentei à família ali
presente nessa altura, desde então o João a partir daí
foi cultivando a estima, amizade e a consideração de todos.
A sua mulher e filha que as amava perdidamente, a família dele que tanto
adorava, tal como a nossa, tudo isso para ele, era tudo na vida. O João
na nossa família na verdade, era mesmo uma referência e de certa
forma um certo ídolo, todos gostavam dele e ele também gostava
de todos, tendo mesmo por todos nós, mas mesmo por todos nós
uma certa adoração.
De trato fácil, comunicativo e de uma imensa alegria de viver, era na
verdade amigo do seu amigo e pronto para ajudar quem quer que fosse, granjeava
com relativa facilidade amizades, era muito conhecido em Lisboa, Odivelas e
Famões onde residia, era mesmo uma referência, nomeadamente no
meio da classe dos taxistas lisboeta, porque na verdade, na sua actividade
do ramo de manutenção automóvel, era considerado de uma
competência sem igual e um verdadeiro profissional do mais alto nível.
Como disse, gostava de Loriga como todos nós os naturais de lá,
o amor que tinha pela nossa terra era na verdade um caso à parte, passou
a conhecer e a dar-se com toda a gente, parecendo mesmo como se da nossa terra
fosse, bem como, os loriguenses tinham para com ele uma verdadeira estima e
admiração. Todo esse amor por Loriga o levava a ficar mesmo eufórico,
quando visitava esta sua terra de opção, onde se sentia verdadeiramente
bem, recordo mesmo a tristeza estampada no rosto, quando depois partia de regresso
a Lisboa, ao despedir-me dele, como aconteceu algumas das vezes, me pareceu
a mim ver nos seus olhos, a humidade de algumas das suas lágrimas.
Fervoroso adepto do Sporting, era um sportinguista convicto, por norma nunca
faltava à Festa dos Convívios Sportinguistas realizadas anualmente
na vila de Loriga, chegou mesmo a fazer parte de comissões, mas de qualquer
maneira era sempre um colaborador nato e incansável na sua ajuda, muitas
das vezes verdadeiramente preciosa e imprescindível.
Quando a notícia do seu falecimento súbito, chega até
mim, o céu pareceu-me cair em cima, tanto eu como todos ficamos sem
reação, da minha voz recordo apenas sair atabalhoadamente algumas
palavras "Não!.. Não!.. Não pode ser" senti-me a tremer para então momentos
depois cair na realidade do presente e reparar não ser sonho, dou depois
comigo a meditar, "mas afinal de um momento para outro não somos nada".
Mesmo estando longe quis ir ter de imediato com o João, só que
à minha espera já não estava aquele abraço que
trocava-mos e o seu sorriso com que sempre me recebia, mas isso não
será relevante, porque de qualquer maneira, quero continuar a ter sempre
presente na minha memória a sua imagem e aquela maneira própria
como sempre o conheci e por isso quero assim ter sempre presente essa recordação. |
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Somos imponentes
e nada se pode fazer, o vi fisicamente pela última vez já no seu sono
profundo, juntou em seu redor a família, os amigos, os colegas ou simplesmente
conhecidos, todos unidos na mesma manifestação de pesar, que a mim pessoalmente
me sensibilizou, um mar de gente esteve sempre presente, parece que todos os caminhos
foram ter aquele local fúnebre da igreja de Odivelas e depois no cemitério
de Camarate, sabia-mos que tinha muitos amigos, mas sinceramente nunca imaginei que
assim fosse.
Também os loriguenses espalhados pela região da Grande Lisboa,
não faltaram, também eles quiseram estar presentes, prestando a homenagem
a um filho de outra terra, mas como que fosse filho de Loriga, que assim viram partir de certa forma, como que um seu conterrâneo e por quem nutriam grande admiração e muita
estima.
Faleceu no dia 30 de Setembro de 2012, era sábado à tarde,
tinha apenas 52 anos e quando ainda tinha tanto para fazer e viver, de um momento para
outro, uma alteração de saúde o levou a sentir-se mal, foram canalizados
os socorros possíveis, mas infelizmente foram infortunoso para evitar o triste
acontecimento, a sua morte deixou-nos a todos nós consternados, mas cientes
de termos ainda alguma força para a se ter paciência perante o destino
da vida.
Até um dia João, quando nos voltarmos a encontrar, só
que dessa vez será já nessa parte de lá, que agora passastes a
conhecer, para nós não morrestes, apenas te deixamos de ver fisicamente.
Vais repousar na nossa Loriga, que tanto adoravas, que estamos certos que vais ali
- Descansar em Paz. (*
ap) |
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Alfredo
dos Santos Figueiredo *
11.09.1938 - 1.11.2012 |
Recordar aqui
Alfredo
dos Santos Figueiredo, é poder falar de uma pessoa do meu circulo de amigos, boa pessoa e de
trato fácil, companheiro também das nossas "migas" que tal como ele muitas vezes me dizia "é o melhor que se leva desta vida".
O "senhor
Alfredo" como eu o tratava, foi emigrante no Luxemburgo durante largos anos, foi ali
que numa das minhas primeiras visitas aquele país, há mais de três
dezenas de anos, ali o encontrei com outros loriguenses, num princípio de noite;
no velho café do "Rito" na localidade de Kayl, que no meio de alguns tragos ali estávamos todos a recordar a nossa Loriga
e quando demos conta já todos cantava-mos as cantigas que se cantavam na nossa
querida terra.
Passou por um rude golpe quando do falecimento da sua esposa Aurora do Correia, como
assim era conhecida, filha da lendária figura de Loriga e Serra da Estrela "Ti Emídio Correia", um dos maiores pastores da nossa terra e região,
desde então o senhor Alfredo com esse rude golpe que viveu passou a encarar
a vida de uma maneira diferente, algumas vezes me dizia "olha que a vida é só dois dias. |

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Gostava
de conversar com ele, pois valia a pena, sabia, recordava e contava coisas
de Loriga de tempos passados que me dava todo o prazer ouvir e das quais muitas
eu fixei com alguns dados, até de certa importância, que passaram
a fazer parte dos meus relatos da história de Loriga.
Era uma figura que obrigatoriamente tinha que ver quase todos os dias, quando
me encontrava em Loriga, este verão passado assim já não
foi, pois já nessa altura estava doente e dia para dia para lhe fazer
uma visita a sua casa, isso não aconteceu, não se proporcionando
o que sinceramente lamento, pois é assim, quando estamos em Loriga o
tempo parece passar rápido de mais.
No entanto, quase diariamente ia estando a par da sua enfermidade, que se foi
agravando, sendo a necessidade do seu internamento no hospital da Guarda, onde
esteve ainda algum tempo, até que ao despertar a manhã do dia
1 de Novembro 2012, dia de Todos os Santos, chegou a sua hora de partir desta vida dos vivos, tinha então 74 anos
de idade, celebrados no passado dia 11 de Setembro.
Vejo assim partir mais um amigo de longa data, mais uma pessoa do meu relacionamento
quer vou notar falta, quando voltar novamente à minha terra, mas a vida
é assim mesmo.
Até um dia "senhor Alfredo" quando nos voltarmos a encontrar, nesse lado de lá. Descanse em Paz. (* ap) |
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Jorge Mendes
de Brito *
8.12.1962 - 2.2.2013 |
Recordar
Jorge Mendes de Brito, que no meio loriguense e carinhosamente as pessoas o
chamavam "Jorgito" é poder falar de uma
pessoa de bem, que tinha em todos um amigo, foi ainda um verdadeiro exemplo
de vida na luta constante com a sua doença
O Jorgito
partiu!
Deixou órfão todos aqueles que dele gostavam, todos aqueles que
viam nele um exemplo de vida, um homem de coragem, um lutador pelos ideais
e valores.
Um homem que nos últimos anos da sua vida foi combatendo de forma desigual
os fatores agrestes da vida, sem no entanto esmorecer ia fazendo o seu percurso
de homem lutador e conseguindo as suas vitórias. Hoje o Jorge partiu...
Hoje o Jorge não resistiu e juntou-se a todos aqueles que há
muito partiram e o receberão de braços abertos. Deixa um testemunho
incrível de resistência, de combate por ideias que pareciam muitas
vezes adiantadas no tempo. Um grande Loriguense e amigo de toda a gente. Aos
pais, irmãs e restantes familiares que sempre, mas sempre estiveram
ao seu lado as minhas sinceras condolências. O Jorgito ficará
nas nossas memórias pela sua forma de ser, pela humildade, pelo carinho,
pelo exemplo de luta e pela grande amizade...
Era um verdadeiro amante da boa música, estando sempre a par dos sucessos
musicais que partilhava com os outros.
Nos últimos tempos da sua vida ainda recebeu um transplante, mas que
infelizmente não foi eficaz. Faleceu no dia 2 de Fevereiro no hospital
dos Covões (Coimbra) com apenas 50 anos de idade e quando ainda tinha
tanto para dar e fazer. Será mais, um até um dia! Descansa em
Paz Jorgito. |

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( * Escrito de Carlos Amaro
+ com complemento de a.p) |
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Manuel
Lopes de Brito *
. .1922 - 4.3.2013 |
Falar de Manuel
Lopes de Brito, é poder recordar um homem que me marcou na vida. Ligando-me
laços familiares, o "primo
Manuel"
como assim o chamávamos na família, era muito mais que um simples primo,
tive sempre para com ele uma certa consideração, admiração
e respeito. A ele fiquei a dever alguns ensinamentos da vida, naqueles meus tempos
de adolescente, quando eu vivia em Lisboa.
Partiu muito novo para a capital, pouco depois de ter ficado órfão de
pai e mãe, comeu o pão que o diabo amassou, lutando muito para construir
a sua vida, tornando-se num conceituado gerente de uma das casas mais afamadas de Lisboa
na década 60 e ainda 70, a bem conhecida pastelaria "Castanheira" na Baixa de Lisboa. |

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Radicou-se
em Queluz, a sua segunda terra de opção, sem no entanto esquecer
a sua adorada terra, que visitava sempre que podia. Homem de bem e de uma bondade
que sempre foi bem demonstrativa na amizade que nutria para com toda a família,
nomeadamente, para a minha, sempre pronto para ajudar, quando nos via necessitar
de ajuda.
Tive o privilégio de trabalhar com ele, considerava-o homem sábio
que me ensinou muito, numa época em que a liberdade estava sempre em
perigo, marcou-me para a vida, por isso o nunca o poder esquecer, teve sempre
presente a ideia de me transmitir aquele lema, lutar e vencer, tal como ele
sempre teve presente na sua vida e que eu fui conservando também em
mim.
Era um grande sportinguista, chegou mesmo a ser sócio do Sporting C.P.
Recordo aqueles tempos em que ir ao futebol era uma festa de família,
muitas vezes lá íamos até Alvalade ou a outros estádios,
via-se as reservas, os juniores e as equipas principais, na realidade o futebol
era uma festa.
A vida foi-lhe madrasta em certo aspeto, com rudes golpes que o foram acompanhando
por toda essa sua vida, primeiro a doença da sua esposa depois o seu
falecimento ainda nova, depois a perda do seu filho e da sua filha, quando
ainda estavam na flor da vida, depois os seus irmãos, enfim, uma vida
repleta de acontecimentos envolvidos em drama, que muitas vezes nos interrogávamos,
a onde ia buscar as forças, para conviver com tanto infortúnio.
Já idoso, cansado e só, restavam-lhe os netos e a sua última
irmã Laura residente em Loriga, para a casa onde ia quando visitava
a sua terra natal, decidiu voltar á sua origem, para passar os restos
dos seus dias descansado na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga,
mas apenas dois dias depois da sua chegada, logo após uma súbita
alteração de saúde o fez ir para o hospital de Seia, onde
ontem faleceu, vindo à minha ideia aquele ditado popular "as pernas nos ande levar
aonde havemos de ficar". |
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Tinha 90 anos,
manifestando sempre a vontade, de querer ser sepultado no cemitério de Queluz
junto à esposa, para onde o funeral foi realizado, para ali ficar a repousar
para sempre em paz, nessa sua segunda terra de opção.
Até um dia "primo
Manuel" quando
nos voltarmos a encontrar, mas dessa vez já nesse lado de lá. (* ap) |
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Ismael
Pinto Gonçalves *
16.11.1961 - 6.3.2013 |
Recordar o Ismael,
é poder falar de mais um amigo loriguense, que resolveu um dia emigrar para
o Luxemburgo, em busca de uma vida melhor, onde ali se radicou já há
largos anos, era mais um dos nossos conterrâneos que pertencia à vasta
comunidade loriguense sediada naquele pequeno país no centro da Europa.
Nas minhas visitas ao Luxemburgo uma ou outra vez me cheguei a encontrar com ele, tinha-mos
sempre muito para dizer, o mesmo acontecia quando nos encontrávamos de férias
por Loriga, era sempre agradável conversar com o Ismael. |
Sempre
pronto e contributivo na comunidade em tudo que fosse feito em prol de Loriga,
pessoa de bem e chegado à hora alegre e divertido, gostava de cantar
muitas vezes era vê-lo em sessões de Karaoke ou em convívio
de amigos, dando a sua contribuição para uns bons momentos de
música.
Aqui alguns anos atrás começou a sofrer e a lutar com a sua doença,
que de certa forma foi um herói, quando o encontrei depois de ter superado
essa sua doença, surpreendeu-me pela sua maneira ativa, parecia-me mesmo
um novo homem determinado, ninguém diria que tinha sofrido tanto e tinha
passado muitos momentos de aflição e ansiedade, pensei mesmo
que tinha derrotado esse seu mal que muito o atormentou.
Ainda há poucos meses atrás tinha sofrido um rude golpe, ao perder
a sua querida filha com apenas 25 anos de idade, sem dúvida uma grande
constrição e ao mesmo tempo revolta, conseguindo mesmo assim
buscar forças para enfrentar tão grande perda prematura.
Estive com ele em Loriga, no passado mês de Setembro, ainda tivemos tempo
de conversar um pouco, tinha passado ainda poucos dias da morte da sua filha,
o vi conformado, apesar do drama vivido, me dizia que era a vida, nada se podia
fazer perante o destino, gostei de o ver assim resignado.
Quando o telefone toca e do outro lado da linha me dizem, "morreu o Ismael" no momento parece que nem
se acredita, para depois se entrar na realidade, sentimos aquele tremor, como
que mais uma vez nos parece despertar aquele bate no cérebro, como que
a dizer-nos "afinal
de um momento para o outro não somos nada".
Faleceu sereno e calmo sentado na sua casa, nesta quarta-feira passada, tinha
51 anos, assim vemos partir mais um amigo, quando ainda tinha tanto para fazer
e viver, na verdade a vida é cruel. |

|
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Deixou este
mundo em terras distantes, regressa à sua terra que tanto adorava, só
que desta vez numa última viagem das tantas que fez, O funeral vai-se realizar
para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, para então ali descansar
em paz.
Até um dia Ismael, quando nos voltarmos a encontrar nessa outra vida, descansa
pois em Paz, junto da tua adorada filha. (*
ap) |
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Carlos
Moura Santos *
1.1.1947 - 15.6.2013 |
Recordar Carlos
Moura Santos, o "Barbas" como popularmente era assim conhecido, porque durante
muitos anos resolveu usar barbas, era um amigo dos meus tempos de infância, era
mais ou menos da minha idade, portanto fizemos parte de uma geração que
nos uniu sempre a amizade.
Lembro-me do amigo Carlos, como que uma força viva, a sua característica
estrondosa de novo continuou a acompanhá-lo já depois de homem, mesmo
numa época que nada parecia haver, era vê-lo sempre com a mesma disposição
que o parecia diferencial de muitos de nós. |

|
Amigo
do seu amigo durante grande parte da sua vida foi trabalhador municipal ao
serviço das populações, desempenhou ainda a nobre função
de coveiro, com muitas histórias para contar, tendo até uma delas
ultrapassado para lá dos nossos montes altos e chegado ao conhecimento
de todos o país, que ainda hoje ainda é tema de gargalhadas.
Era um trabalhador incansável que não descansava enquanto o trabalho
que tinha em mãos não terminasse, a sua presença era sempre
bem notada, pela sua maneira alegre e divertida, cada vez que me encontrava
com ele, já sabia que tinha que estar preparado para falarmos muito
tempo, tinha sempre muito para contar.
Estava sempre disposto a ajudar quem dele precisa-se. Talvez muitos nem se
lembrem disso, mas a chapa colocada numa das fragas no Covão da Areia
e que ainda hoje se lá pode ver, foi um trabalho seu e também
de outros, levado a efeito em 1989, fazendo os buracos para ser aparafusada
a dita chapa, alusiva aquela caminhada a pé realizada até ali,
onde foi também nesse dia realizada ali uma missa campal.
Alguns anos a esta parte começou a adoecer, passou então por
fases um pouco complicadas, teve mesmo que deixar de trabalhar mais cedo, deixamos
então de ver o Carlos como estava-mos habituado a ver, muito mais reservado
e já se privando mais de certos abusos. |
|
Nos últimos
tempos o seu estado de saúde foi-se alterando para pior, a notícias que
se iam sabendo não era animadoras, quando disso tinha conhecimento, percorria-me
um sentimento de frustração, porque a vida era ingrata e estava ser ingrata
para com o Carlos.
Estava ultimamente nos Cuidados Paliativos do Hospital de Seia, onde faleceu na manhã
de Sábado dia 15 de Junho. Quando o telefone toca em minha casa e uma voz me
disse, que tinha acabado de falecer o Carlos, um bate me percorreu ao saber da partida
desta vida de mais um amigo, mais uma vez me fez meditar, o que na verdade é
a vida.
Até um dia Carlos, DESCANSA EM PAZ.
(* ap) |
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Urbana
Duarte Pina *
14.5.1911 - 20.6.2013 |
Recordar aqui
Urbana Duarte Pina, mais conhecida no meio loriguense por "Urbana do Calado" é poder falar de mais uma residente do meu Bairro
de S. Ginês", quando se encontrava em Loriga (a sua casa era mesmo em frente
da porta da capela da Nossa Senhora do Carmo) tendo em conta que desde sempre e há
muitos e longos anos estava radicada em Lisboa.
Senhora distinta sempre se conheceu com uma aparência revivescida, muito determinada
e de uma enorme graciosidade, com uma maneira muito própria de se arranjar,
aliás, sempre assim foi conhecida no nosso Bairro, viveu uma longevidade de
vida como que uma dádiva de Deus, penso mesmo ter sido a loriguense que mais
anos viveu, precisamente 102 anos 1 mês e 6 dias
Recordo-me da senhora Urbana do "Calado" desde criança, quando vinha passar as férias em Loriga, na altura
ainda para casa onde vivia a sua irmã Adélia, já nessa altura
era admirada na vizinhança pela sua maneira elegante como se vestia e tratava
da sua figura, que mostrava ao mesmo tempo ser uma mulher de bom gosto. |
Fazia
anos no mesmo dia da minha mãe, 14.Maio, só que a senhora Urbana
tinha mais dois anos, eram amigas, por isso, entre as famílias havia
um certo relacionamento, lembro-me até e ainda em criança e já
em Lisboa, ter ido a casa dela com o meu pai, vivia na altura no Lumiar e tal
como a conhecia em Loriga, assim a vi ali muito distinta, uma característica
como sempre nos habituamos a vê-la e assim a conhece-la toda a sua vida.
Com regularidade visitava a sua terra natal, algumas vezes tive a oportunidade
de a ver, admirava-me muito com a sua sempre mobilidade, que parecia que os
anos não passavam por ela, há quatro anosa atrás e na
altura que tinha feito os 98 anos, sabendo que ela se encontrava em Loriga,
solicitei à família para lhe tirar umas fotos, assim foi, no
dia e na hora marcada ali estava eu na sua casa, ela esperando por mim, muito
bem arranjada, maquilhada e já como que numa preparação
fotogénica, tudo isso como que uma vedeta, que me surpreendeu, ao pensar
cá para mim, como é possível uma senhora assim já
com tanta idade e continuar a viver ainda com um verdadeiro espírito
bem jovem.
Faleceu em Lisboa, na manhã do dia 20 de Maio de 2013, deixando assim
a sua vida na terra, estava na contagem centenária, os loriguenses vêm
partir a sua conterrânea querida e que todos a
admiravam.
O funeral foi realizado para Loriga, terra que foi o seu berço e onde
viu a luz do mundo pela primeira vez e, o contemplou durante mais de 100 anos.
Sendo sepultada no cemitério local sua última morada, onde passou
a Descansar em Paz. (*
ap) |

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Carlos
Alberto Gouveia Marques *
7.7.1949 - 22.7.2013 |
Recordar
Carlos Alberto
Gouveia Marques, o
"Carlos Alberto da Volta" como era mais conhecido no meio loriguense, é poder falar de mais um
amigo da minha infância, daqueles que tinha uma virtude de grande sensibilidade
e cheio de bondade, que valia a pena ter como amigo.
Admirava o Carlos, pela sua personalidade bem vincada, diferenciada de
muitos de nós, a sua maneira calma e divertida, principalmente quando em grupo
de amigos se contava episódio passados em Loriga, onde com aquela sua acalmia
pelo meio, ele dava o ar da sua graça que nos fazia divertir.
Cada qual segue o seu rumo e os encontros que passei a ter com o Carlos
Alberto, aconteciam raras vezes em Loriga e por vezes de fugida, no entanto, continuava
a ter para com o Carlos aquela amizade a admiração, radicou-se lá
para os lados de Setúbal, cá ia perguntando por ele à família,
quando via que não estava por cá na mesma altura em que eu também
me encontrava cá por Loriga. |

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Numa
das vezes de visita à nossa terra, tive conhecimento de um problema
de saúde que o começou a atormentar, tempos mais tarde vou tendo
conhecimento que o problema de saúde se ia tornando cada vez mais grave,
levando-me a pensar que a vida por vezes é ingrata, quando vemos que
há pessoas que não mereciam essa ingratidão e o Carlos
Alberto na verdade não o merecia.
Foram longos anos a lutar com a doença que parecia o não
o deixar em paz, por vezes sentimos revolta do destino que vemos traçado
para quem levava uma vida de honestidade, de trabalho e de amizade para aqueles
que o rodeavam. A família e os amigos sentem-se imponentes de nada poderem
fazer perante o destino traçado para a sua vida, nomeadamente, no sofrimento
com a doença, vindo-me por vezes ao pensamento que a vida por vezes
é mesmo madrasta para pessoas de bem. |
|
A notícia
da sua morte apanha-me desprevenido, apesar de saber que o seu estado de saúde
era mesmo grave, faleceu Segunda-Feira dia 22 de Julho, tinha 64 anos completados ainda
à poucos dias e quando ainda muito tinha para fazer e viver, o seu funeral foi
realizado em Loriga, ainda bem que já estava bem perto e de imediato resolvi
me por a caminho, para assim o poder acompanhar até à sua última
morada.
Até um dia amigo Carlos, quando nos voltarmos a encontrar, só
que dessa vez já será nesse lado de lá. DESCANSA AGORA EM PAZ.
(* ap) |
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Mário Fernando
Alves Mourita *
(4.9.1949 - 7.10.2013) |
Recordar hoje
o Mário Fernando Alves Mourita, é poder falar de mais um amigo da minha
criação e dos meus tempos de escola primária, que vejo partir
mais cedo desta vida física.
Quando eramos miúdos, víamos já no Mário Fernando, um idealista
e muito determinado, notava-se nele aquela ideia de crer ir mais além, a sua
calma era deveras contagiante. Nascido no meio de família religiosa, cumpria
com aprumo os deveres cristãos, por isso, logo assim o termo da escola primária
o vejo enveredar pelo caminho do seminário, tal como aconteceu com muitos mais
outros rapazes, o que era ser o normal numa Loriga desses tempos. |
Quando se acabava
a escola primária, cada qual tomava o seu rumo, venho a encontrar o Mário
Fernando, desta vez já já em Lisboa, mais precisamente em Sacavém,
numa altura que já tinha abandonado o seminário, desde logo notei nele
aquela sua ideia bem fincada de ir sempre mais além, tal como eramos em criança.
Vivia com familiares em Sacavém, estudava e trabalhava, sendo ali que me encontrava
com ele quando das minhas visitas a casa desses nossos familiares, falava-me em projetos,
tal como cada qual alimentava, próprio da nossa adolescência, mas as vidas
vão tomando o seu rumo e por isso o deixei de ver durante algum tempo.
Nas minhas visitas a Portugal, uma vez ou outra o encontrava, continuava a ver o Mário
Fernando igual a si próprio, aquela sua maneira calma, o seu modo de bondade
continuavam a fazer parte dele, mesmo quando nem tudo estivesse a correr bem na sua
vida, recordo-me numa das vezes e por alto me dizer que um dia também havia
de partir para fora, mas eu não levei a sério. |
No entanto,
assim aconteceu quando venho a saber da sua ida para Moçambique, onde
ali se veio a radicar e onde esteve alguns anos largos, deixei então
de o ver e só uma vez me lembro de ter falado com ele por telefone.
Naquele país deu um novo rumo à sua vida, alguns anos a esta
parte, vou tendo conhecimento de um problema de saúde que, entretanto,
o seu filho de tenra idade começou a ter, foi então que empreendeu
uma luta de demover o mundo e tudo para a cura do seu filho. Há cerca
de oito meses um problema de saúde começou a mexer com ele, com
o mundo a parecer desabar quando o diagnóstico não foi o mais
satisfatório, começou então uma luta constante com o seu
mal, regressa a Portugal onde é submetido a tratamentos, têm uma
força grande de conseguir vencer, aos poucos se vai tendo conhecimento
de algumas melhoras o que era sempre de grande satisfação, ao
saber-se que ia vencendo o mal.
Por altura da festa da Nossa Senhora da Guia, vai a Loriga, foi ali que o voltei
a ver novamente depois de tantos anos, depois daquele abraço de cumprimentos,
falamos apenas um pouco, porque entretanto, nesse momento, muita mais gente
o queria também cumprimentar e abraçar.
Fiquei deveras satisfeito de o ver naquele momento, aquela sua alegria e a
sua boa disposição ali demonstrada nesse nosso encontro, deu-me
aquela impressão, que o amigo Mário Fernando tinha superado o
seu mal, gostei muito de o ver ali. Disse-me que ia novamente voltar a Lisboa,
dentro de uma semana, para assistir à Festa do Sporting, do qual era
também um fervoroso adepto. |

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|
Assim foi, voltou
à sua terra para assistir a afamada festa Sportinguista, vestiu-se mesmo a rigor
com a camisola do seu Sporting, sempre animado e bem-disposto, parecia dar uma alma
nova a todos nós de o vermos assim como que recuperado.
Foi então ali na festa do Sporting que vi pela última vez, entretanto,
já estando por cá, ia sempre tendo conhecimento da sua situação
de saúde, até que à poucos dias tive conhecimento da sua ida com
urgência para o hospital, sabendo assim também que a situação
não era a mais satisfatória. |
O telefone toca
e a notícia me chega, são momentos de meditar e ao mesmo tempo recordar
o Mário Fernando, vejo assim partir mais cedo, mais um amigo, vêm-me à
memória os tempos de infância, "numa Loriga de outras eras"
eramos mais ou menos da minha idade (uma diferença de um ano), tinha 64 anos
feitos ainda no mês passado.
Vejo parti-lo cedo de mais, quando muito ainda tinha para fazer e viver, deixa esposa
e o seu filho com apenas 11 anos de idade, que tanto dele ainda precisava, por isso,
termos sempre aquele desabafo, o "destino é cruel e não é
na verdade justo".
Até um dia Mário Fernando, quando nos voltarmos a encontrar, só
que dessa vez será já nesse lado de lá. Descansa agora em PAZ.
(* ap) |
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Cipriano
de Jesus Pereira *
( . .1933 - 6.10.2013) |

|
Recordar
aqui Cipriano de Jesus Pereira, o "Ti Cipriano do Fontão" como era assim conhecido, mesmo não sendo de Loriga é como dela fosse, é poder falar de uma
pessoa boa e castiça da acolhedora povoação do Fontão
anexa de Loriga, com qual era uma obrigatoriedade sempre com ele me encontrar
quando eu por ali vou. Homem vergado pelos rudes anos de trabalho nas terras,
amava muito o seu recanto e agora já nestes últimos anos, considerado
o último bastião, assim como, sua mulher, da resistência
desta desertificada localidade, agora possivelmente a ficar sem habitantes.
Ainda aqui há dois anos me disse, que saudades tinha quando no seu Fontão
as crianças floriam e por todo o lado havia vida, mesmo até nos
tempos que a luz ainda ali não chegava, a vida era outra e com mais
encanto. Na verdade, isso era assim, lembro-me disso nos meus tempos de criança.
O "Ti
Cipriano" sempre a brindar-nos com o seu sorriso de simpatia, era na verdade
um pessoa amável, acolhedora, de verdadeira pureza que nos demonstra
bem como são diferentes as pessoas longe dos meios mais movimentados,
onde para ele o seu Fontão era tudo, mesmo parecendo ficar por ali parado
no tempo e naquela nostalgia do sossego e no meio do verde que o rodeava, era
esse o seu mundo, não se importava nada que para além dos montes
altos existia outras vidas.
Numa das minhas visitas há dois anos atrás aquela acolhedora
localidade, escrevi aqui nesta minha página sobre o "Ti Cipriano"
que volto aqui hoje a recordar. |
|
Os últimos
residentes de um Fontão desertificado
"De
visita ao Fontão, a localidade anexa da freguesia de Loriga, mais uma vez ao
chegar ali parece que estou num mundo à parte, como que mesmo parar no tempo,
o silêncio e uma acalmia que predomina parece que penetra no nosso espírito
e alma que nos faz sentir bem.
Hoje a população resume-se a três pessoas ali residentes, o "Ti
Cipriano" com 80 anos é uma dessas pessoas, homem vergado pelos anos e
do duro trabalho no campo, que o tornam hoje numa legenda do Fontão e um dos
últimos residentes de um Fontão desertificado que nos traz à memória
os tempos passados, quando a população floria ali por todo o lado.
Ao ver o "ti Cipriano" e esposa na varanda da sua casa, por momentos me deram
uma imagem de duas sentinelas vigilantes, guardando o seu Fontão, me veio à
memória como será os dias e noites de invernos ali passados, provavelmente
esquecidos de que para lá dos montes altos que os rodeia existe outro mundo.
Passar no Fontão sem visitar a adega do "ti Cipriano" é como
ir a Roma e não ver o Papa. Mal se entra e já o "ti Cipriano"
se apressa a encher os copos, a sua jeropiga é de facto especial e bem conhecida,
que tal como ele diz "venham daí molhar a garganta" só que
não se resiste e em vez de se molhar só a garganta se faz escorregar
pela garganta abaixo, várias vezes, que por vezes nos vamos esquecendo que temos
uma estrada de curvas para deixar-mos o Fontão, que ao sair-mos dali e à
medida que vai ficando para trás, parece termos a sensação de
termos estado num mundo diferente e melhor, mesmo talvez muito mais saudável".
Voltarei
um dia outra vez ao Fontão, mas vou notar a falta do "Ti Cipriano",
aquele seu sorriso contagiante não o vou mais ver, irei olhar para a sua casa,
para a sua adega, ficando em mim a sua recordação.
Até um dia "Ti Cipriano". Descanse agora em Paz, na sua última
morada no cemitério de Loriga e assim o povo loriguense o irá sempre
recordar, com saudade. (*
ap) |
|
António
Fernandes Carreira *
12.3.1932 - 10.1.2014 |
Recordar aqui
o senhor António Fernandes Carreira, é poder falar de mais um residente
do meu Bairro que nos deixou ao partir desta vida dos vivos. Este meu Bairro de S.Ginês cada
vez mais desertificado, já parecendo estar longe quando era o local mais populoso
de nossa vila de Loriga.
Tive sempre um relacionamento muito próximo com o senhor António, pelo
qual tinha uma certa admiração e estima, que desde criança que
me habituei a viver quase porta com porta com ele e a família, o que aliás,
o nosso Bairro de S.Ginês, era um local de Loriga onde parecia que toda a gente
era uma só família, pois ali se partilhavam as mesmas alegrias e as mesmas
tristezas.
O senhor António, foi um dos residentes do meu Bairro, sempre fiel às
suas origens e àquele lugar, nunca de maneira alguma ambicionou deixar a casa
dos seus antepassados, diga-mos mesmo, que foi um verdadeiro bastião de resistência
em manter sempre bem firme essa ideia de viver na sua casa e naquele cantinho que sempre
adorou. |
A vida
é feita de recordações, que nos ficam para sempre e por
vezes nos marcam, como é o caso, quando comecei a ver o mundo com olhar
de criança, passando a ter para com o senhor António e toda a
sua família uma certa estima. Assim, é nestas alturas que então
vemos partir mais um dos nossos vizinhos
e residente do nosso Bairro, que nos vem à memória recordações
daquele cantinho de Loriga, que me prezo sempre recordar e hoje com o olhar
muito distante, também hoje me faz compreender, que aquele cantinho,
na altura, era na verdade um mundo à parte.
O "Ti
António"
como eu o tratava muitas vezes, um dia partiu procurando um melhor meio de
sustento para a família, assim, foi mais um dos muitos loriguenses que
optou por emigrar para a França, seu país de acolhimento, onde
durante largos anos ali viveu, atingindo assim o seu objetivo, de conseguir
noutras terras, um meio de vida melhor.
Era nessa fase, que anualmente nos encontrávamos lá por Loriga,
as nossas conversas iam de certa maneira sempre endereçadas às
nossas vidas pela estranja, muito se tinha para contar, onde pelo meio e como
não podia faltar, era vir sempre ao de cima as aventuras das viagens
por essas estradas fora, algumas até que nos faziam estremecer. |

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Algum anos a
esta parte a sua vida foi-se alterando, com o seu estado de saúde também
a sofrer alguma alteração, inclusivamente, passando a ser utente no Lar
da Nossa Senhora da Guia em Loriga, onde passou a viver alguns meses atrás.
Nestes últimos tempos o seu estado de saúde teve tendência agravar-se.
Faleceu sexta-feira dia 10 de Janeiro de 2014, vendo assim partir para esta viagem sem regresso, mais
um residente do meu Bairro, que assim aos poucos e cada vez que por ali passo, vou
deixando de ver gente que desde sempre me habituei a estimar.
Até um dia senhor António. Descanse em Paz. (* ap) |
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José
Augusto Lopes Prata *
20.3.1936 - 29.5.2014 |
Recordar aqui
José Augusto Lopes Prata, é poder falar de uma pessoa que desde muito
novo habituei-me admirar e a respeitar. Vindo do seio de uma família muito religiosa
era filho de Mário Lopes Prata (1910-2000) e de Maria dos Anjos Pina (Lopes
Prata) (1913-2006). |

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Durante
as nossas vidas, todos temos momentos e pessoas que nos marcam, e claro nos
ficam na memória, o senhor José Prata, foi uma dessas pessoas.
Ele desde muito cedo recebeu os ensinamentos da igreja, que depois foram úteis
para ensinar os outros, foi meu catequista, na altura quando da preparação
para a Comunhão Solene, como se dizia na época, hoje Profissão
de Fé, um rito mais no nosso percurso no seio da religião católica.
Nessa altura distinguia-se pela sua grande dedicação à
igreja, tinha uma maneira sublime de ensinar a doutrina que me ficou na memória,
aprendendo com ele muitos dos ensinamentos da igreja, que me foram também
úteis ao longo da vida, se bem que sendo apenas naquele pequeno período,
que mais de perto com ele convivi, foram no entanto, suficientes para ter para
com ele uma certa estima e admiração.
Tal como muitos foi também um dos loriguenses a deixar a sua terra,
procurando outras terras de opção, de vez em quando o via pela
nossa terra, quando a noticia nos chega dando a notícia do seu falecimento,
vem à minha memória os tempos e as recordações,
se a vida é toda ela feita de lembranças, por dever recordar
o senhor José Pratas, é um Requiem a uma pessoa que vejo partir
e do qual conservo em mim muitos dos seus ensinamentos no caminho da fé
à igreja cristã.
O senhor José Pratas, encontrava-se internado no IPO de Coimbra há
cerca de dois meses, faleceu nesta quinta-feira passada, com o funeral a ter
lugar em Loriga, onde vai passar a DESCANSAR EM PAZ (* ap). |
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Abílio
Moura Gomes *
14.6.1942 - 13.6.2014 |
Disse um dia
Fernando Pessoa "só serás lembrado em duas datas, na que nascestes e na que
morrestes" ao lembrar hoje aqui o Abílio
Moura Gomes,
o Abílio "Rápido" como assim era mais popularmente conhecido no meio loriguense é recordar
um nosso conterrâneo, que de certa forma a vida lhe foi madrasta. |
Ao longo
da vida todos temos momentos altos e baixos, por vezes em muitos sempre mais
visíveis que outros, como o caso do popular Abílio, que nos habitou
a vê-lo sempre com uma vida de certa forma agitada e descuidada e ao
mesmo tempo persuasível dele próprio, para muitos mesmo era considerado
uma figura emblemática, no entanto, muitos provavelmente desconhecem
que esta popular figura de Loriga, foi um herói na Guerra do Ultramar.
Um dia lá por aquelas terras em que o sol queima mais,
o seu grupo militar ao cair numa emboscada com baixas logo de imediato, por
momentos alguns pensaram que era o fim, pois pareciam não terem hipótese
de se salvarem, a imediata reação do Abílio veio ao de
cima, respostou com a sua coragem e valentia serrana, conseguindo o seu grupo
sair daquela situação complicada e mais ainda com a sua enérgica
coragem, conseguiu salvar os seus colegas, um Feito que lhe valeu ter sido
até condecorado, no entanto, aquela sua maneira desprendida da vida,
parecia nada contar para ele, penso mesmo que deixou extraviar essa sua condecoração.
O Abílio chegou a sua hora de nos deixar nesta terra dos
vivos, passamos nós os loriguenses de deixar de ver uma figura característica,
que desde sempre nos habituamos a ver por Loriga, digo mesmo que ficou mais
silencioso aquele lugar do Reboleiro, onde viveu quase toda a sua vida. O Funeral
realiza-se hoje. Descansa agora em PAZ caro Abílio e até um dia.
(* ap). |

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Aurora Brito Pina Ribeiro
*
21.10.1925 - 29.7.2014 |
Recordar aqui
a senhora Dona Aurora de Brito Pina Ribeiro, a "Dona Aurora do Ribeiro" com era assim mais conhecida no meio loriguense, é
poder falar de mais uma residente do meu bairro que vemos partir deste nosso mundo
dos vivos, que assim vou vendo este recanto de Loriga, cada vez mais sem ninguém,
quando me recordo de ter sido o local da nossa terra mais populoso. |

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Senhora
distinta, de bondade, tinha uma característica própria de gostar
de falar com toda a gente, desde pequeno que me habituei a ter por ela muita
admiração e estima, aliás, toda a gente no meu bairro
tinha por ela muita consideração.
Recordo-me de ter sido a sua casa, uma das primeiras a ter televisão
na nossa terra, lembro-me de nas cerimónias do 13 de Maio em Fátima,
de abrir sempre as suas portas, colocando a televisão de maneira que
todos pudessem ver essas cerimónias transmitidas em direto daquele altar
do mundo, assim uns dentro e outros fora espalhados ali naquele local, ninguém
perdia essa oferta de ver na televisão essas grandes cerimónias,
ao mesmo tempo que todos rezavam e mesmo cantavam os versos, como que estando
a viver e estando presentes lá longe.
Sempre muito religiosa, durante toda a sua vida teve sempre presente a doutrina
de Deus, fez parte em organismos da igreja da sua terra, lembro até,
que foi das primeiras pessoas em Loriga a ter permissão para dar a comunhão,
tendo na altura frequentado um curso na Guarda, numa altura quando a igreja
começou a ter uma outra abertura e um certo processo de transição.
Senhora amável e de trato fácil, gostava muito de falar com ela,
tinha sempre muito para falar, era como uma referência vê-la na
janela da sua casa, falar para as pessoas que por ali passavam.
Em Dezembro de 2005, sofreu um rude golpe com o falecimento do seu marido,
desde então ficando sozinha, pouco tempo depois foi viver para junto
dos seus filhos em Lisboa, até há bem pouco tempo, quando decidiu
voltar novamente a viver na sua terra e na sua casa. |
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Estando ainda
relativamente há pouco tempo em Loriga, foi afetada por uma alteração
de saúde, sendo necessário o seu internamento no hospital de Seia, onde
esteve durante algum tempo.
Recentemente tinha dado entrada como utente, na Casa de Repouso da Nossa Senhora da
Guia, onde uma nova alteração de saúde fez com que necessita-se
da ida com urgência ao hospital da Guarda, onde veio a falecer no passado dia
29 de Julho. O seu funeral realizou-se no dia seguinte em Loriga,
sendo sepultada no cemitério local, onde passou a ter a sua última e
a Descansar em Paz. (* ap). |
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Maria Helena
Martins de Pina *
15.9.1940 - 23.8.2014 |
Maria Helena
Martins de Pina, viúva de Manuel Fernandes Aparício, a "Lena Palha" como assim era mais conhecida no meio loriguense, que
hoje me pertence aqui recordar dizendo que era a terceira nesta listagem dos irmãos
"Palhas"
(como
assim somos mais conhecidos) e que hoje ao vermos partir esta nossa irmã, a
nossa árvore genealógica ficou reduzida, em relação há
aqueles que nesta vida do vivos, ainda por cá vamos andando.
Uma das minhas primeiras referências que tenho desta minha irmã Lena,
é dever a ela os primeiros ensinamentos escolares quando entrei para a escola,
depois na segunda e terceira classe, era a ela que recorria para me ajudar a fazer
os trabalhos de casa, para levar para a escola, por ter medo depois das reguadas que
o professor dava se não se levassem os trabalhos feitos. |
De muito
nova começou a servir na casa do senhor professor Pedro de Almeida,
onde a minha avó paterna era a governante. Essa casa é situada
na "Carreira"
hoje
a chamada "Casa Moenda", lembro muitas vezes, nomeadamente, em dias de
muito vento ali a ir chamá-la para me ajudar a travessar a "Carreira" quando ia para a escola, porque num olhar de
criança, aquele local parecia que se tornava um lugar medonho, onde
na realidade as rajadas fortes ali pareciam ser diferentes, com relatos de
muitas vezes se ter que agarra as árvores para que o vento não
empurra-se as pessoas para as courelas.
Enquanto, que todos os seus irmãos optaram para saírem de Loriga,
procurando outras terras de opção, nomeadamente, para Lisboa
e estrangeiro, ela permaneceu em Loriga, sempre fiel às suas origens,
mesmo até, ter ficado sempre agarrada ao nosso Bairro de S.Ginés,
onde praticamente residiu toda a sua vida.
Na verdade, hoje o nosso Bairro de S.Ginês, ficou muito mais pobre, mais
uma sua residente que partiu, aliás a minha irmã era já
das últimas baluartes, deste local típico de Loriga, que cada
vez o vemos mais desabitado.
Tenho a grata recordação, de ter vivido algum tempo na sua casa,
quando do meu regresso da guerra colonial e quando resolvi ficar por Loriga
deixando o rebuliço da capital onde vivia. Foi nessa altura um dos períodos
dos mais belos que passei em Loriga, dando-me guarida na sua casa, fiquei sempre
para com ela e seu marido com um eterno agradecimento.
Esposa dedicada e mãe extremosa e protetora dos seus cinco filhos, teve
uma vida de trabalho doméstico dura. Sempre também muito amiga
da família, queria para os seus o melhor do que pudesse haver. Alguns
anos a esta parte a vida lhe pareceu transformar-se em madrasta, a falecimento
súbito do seu marido e a morte prematura da sua filha mais nova, foram
rudes golpes para ela e par o seio da família, que agregados a outros
acontecimentos, deixou de fixar o horizonte com um olhar mais alongado. |

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Alguns meses
atrás e depois de uma alteração de saúde, o diagnóstico
de uma grave doença, deixou a todos nós familiares preocupados, o agravamento
do seu mal parecia ser uma realidade, parecia mesmo que nada havia a fazer. Durante
mais de um mês esteve internada nos Cuidados Paliativos do hospital de Seia,
onde a toda a família e amigos a passaram a visitar quase diariamente.
Com alguns sintomas de melhoras, foi encontrada a solução do seu internamento
num lar, passando a ser utente na Casa do Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga,
onde passado duas semanas, nova alteração de saúde surgiu e a
necessidade dos sua entrada nas urgências do hospital de Seia, onde veio a falecer
no passado sábado dia 23.8.2014
O seu funeral foi realizado ontem domingo dia 24.8.2014, sendo sepultada o cemitério
de Loriga, onde passou a ser a sua última morada e onde vai agora repousar para
sempre. Até um dia Lena, quando nos voltarmos a encontrar. DESCANSA AGORA EM
PAZ. (*
ap). |
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Augusto
Marques Pereira *
22.11.1952 - 18.2.2015 |
Recordar hoje
aqui o Augusto Marques Pereira, que mesmo tendo nascido no Fontão, era um loriguense
que me prezo aqui recordar e que agora nos deixou partindo desta vida, que como costumo
dizer, é mais um daqueles nossos conterrâneos em que a vida de certa forma
lhe foi madrasta.
Para mim pessoalmente é mais um daqueles amigos que vejo partir e que vou notar
a sua falta quando voltar à nossa terra, vou ter saudades de já não
o encontrar por lá e a vir ter comigo assim que me via, para me cantar aquelas
quadras populares, com que brindava quase todos os dias e a toda a hora, quando me
encontrava, alusivas a um trágico acontecimento numa Loriga de outras eras ….."Lá
em cima nos bicarões há lá um poço sem fundo caiu p´ra
lá a Maria Emília que logo foi ter ao outro mundo……..…....."
quadras
que as vou mantendo na minha audição como sua recordação. |

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Uma
vida de certa forma descuidada, mas que para ele era convincente, poderiam
muitos o ver como uma figura emblemática, o que não o era, sabê-lo
compreender era talvez o que mais nos faltou fazer, pois sempre nos habituamos
a vê-lo naquela sua maneira própria, envolvido numa vida de impertinência.
Chegou a hora do Augusto de nos deixar nesta terra dos vivos, passamos nós
os loriguenses de deixar de ver uma figura característica, que desde
sempre nos habituamos a ver por Loriga, é mais uma falta que vou notar,
pois era só me ver e ali vinha ter comigo, muitas vezes me contava coisas
que eu já nem me lembrava delas e pelo meio algumas piadas atabalhoadas,
mas com algum sentido que me faziam rir.
Algum tempo atrás, não muito, tive conhecimento de que o Augusto
se encontrava internado no ABPG (Associação de Beneficência
Popular de Gouveia) fiquei contente em saber que ali estaria bem, entretanto,
o agravamento do seu estado se saúde foi-se registando, por isso, necessário
a ter de recorrer aos serviços hospitalares, o que veio acontecer ao
ser levado para o hospital da Guarda aonde veio a falecer ontem quarta-feira,
pela manhã. |
|
O seu funeral
realiza-se hoje em Loriga. Descansa agora em PAZ caro Augusto e até um dia onde
vais esperar por todos nós e nos voltarás a cantar "Lá em cima nos Bicarões ………….."
PAZ
À SUA ALMA (*
ap). |
|
António
Pinto Nunes *
25.4.1948 - 27.3.2015 |
Recordar aqui
o António Pinto Nunes, o "Tó Moita" como era assim mais conhecido no meio
loriguense, é poder falar de mais um amigo da mesma criação, como
se diz na gíria, ao termos nascido no mesmo ano.
Era um amigo daqueles que valia a pena ter, tivemos sempre um contacto muito estreito,
mesmo até quando nem sempre era possível a gente se encontrar. Resolveu
um dia emigrar tal como eu, teve como destino o Luxemburgo, onde então empreendeu
uma vida de trabalho, que o fez conseguir todos os seus objectivos e pelos quais sempre
ambicionou.
Cada vez que a gente se encontrava tinha-mos o condão de muito falarmos, de
recordamos os nossos tempos de menino, de jovens, da nossa ida à inspecção,
das nossas comissões na guerra do ultramar, que ele tal como eu e na mesma altura,
esteve em Angola também pelo Leste, onde mantivemos sempre em contacto permanente
através da via dos famosos aerogramas, assim um ao outro lá íamos
trocando as noticias da nossa querida Loriga. |
Caracterizado
como pessoa pacata, humilde e amigo do seu amigo, o amigo "Tó" desde muito novo começou
a trabalhar em Loriga, uma vida dura, lembro-me de quando trabalhou numa padaria
local, de muitas vezes o ver com o grande cabaz do pão às costas
no caminho a pé para a vizinha freguesia da Cabeça, fizesse frio
ou calor, chovesse ou estivesse sol, muitas vezes me dizia "isto é uma vida
dura, mas temos que fazer pela vida".
Tentou sempre concretizar os seus sonhos, com o fruto do seu trabalho, por
isso pensou na emigração na procura de uma vida melhor. Foi sempre
um trabalhador incansável para conseguir o melhor para si e para a família.
Um dia o visitei lá pelo Luxemburgo, na localidade de Pétange,
numa altura que tinha acabado de ali adquirir a sua casa, mais um dos seus
sonhos conseguido, bem demonstrativo no seu olhar de felicidade enquanto me
mostrava a sua nova casa.
Quis o destino que passasse-mos a ser vizinhos em Loriga, foi pois com satisfação
que o vi construir a sua casa junto à minha, que tal como eu concretizamos
mais um dos nossos sonhos em ter uma casa na nossa Loriga. Desde então
e na altura do verão ali nos encontrávamos, aproveitando a pormos
sempre a conversa em dia. Só que pouco depois de ali começar
a morar, o azar pareceu bater-lhe à porta, quando nos últimos
anos e sempre quando se encontrava de férias em Portugal, começou
a ter alterações de saúde, acontecendo até, que
uma da vez teve que ficar internado num hospital do nosso país.
Não há muito tempo ainda, foi-lhe diagnosticado uma doença
de certa forma grave, com a qual passou a lutar. Fui tendo conhecimento do
seu estado de saúde, que de certa maneira também não eram
animadores. Lutou enquanto pode com o mal que o atormentava. |

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A notícia
me chega a casa, que apesar de saber que o seu estado de saúde era na verdade
grave, deixa-me de certa forma consternado, me veio ao pensamento recordações
de tudo que falamos e que deixamos de falar, custa na verdade receber-se assim notícias,
mas a vida é assim e tal como diz aquele provérbio popular "hoje ele amanhã nós".
Faleceu no dia 27 de Março de 2015, mais um amigo que nos deixa nesta vida dos
vivos, deixou este mundo em terras distantes, o seu corpo deixou assim o Luxemburgo
com destino à vila de Loriga, numa sua última e derradeira viagem de
regresso à sua adorada terra.
Foi sepultado no dia 1 de Abril de 2015, no cemitério de Loriga, onde passou
a ser a sua última morada, para ali repousar no seu sono eterno. Até
um dia "Tó" quando nos voltarmos a encontrar nessa
outra vida, descansa agora em PAZ.
(* ap) |
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Fernando
Alves Pereira *
10.8.1937 - 21.7.2015 |
Recordar Fernando
Alves Pereira,
o "Requinta" como popularmente assim era conhecido no nosso meio loriguense,
é poder falar de um amigo que valeu a pena o ter no meu meio de amizade e por
quem sempre tive muita estima.
Alfaiate de profissão quase toda a sua vida as agulhas movimentavam-se nos seus
dedos como uma arte que só ele parecia saber manejar, pessoa de bem que muitas
vezes me parecia exíguo por pensar que estaria a fazer mal, onde para ele a
maldade parecia não existir.
Um contador nato de histórias, muitas delas que passou durante a sua vida, que
valia a pena escutar, muitas vezes me deliciei o estar ouvir, pelo meio os risos contagiantes
sempre presente na sua também boa disposição, que fazia ter por
ele uma admiração grande.
Músico da Banda durante 50 anos, teve a sua primeira saída quando tinha
apenas 11 anos de idade, a partir de então o ensaio da música passou
a ser a sua casa e os seus colegas a sua família, foram décadas e décadas
a dar o melhor por essa sua paixão, passou mesmo a ser uma referência
na Banda, ao mesmo tempo um exemplo para os mais novos.
Contava a sua vida na Banda como se estivesse a viver cada momento. Histórias
sem fim que era um regalo e muito divertido se escutarem. Um dia no meio de uma divertida
conversa me dizia "olha 50 anos assoprar para o instrumento, imagina tu se todo esse assopro
saísse agora todo de uma só vez do instrumento, não ficava uma
casa de pé em Loriga".
Cantador da
Amenta das Almas, que cantava com um enorme sentimento e sempre numa profunda recordação
para com todos aqueles que já tinham partido desta vida. Ator de teatro e muitas
vezes também cantou as melodias de sempre esse tradicional complemento nessas
sessões teatrais. Deu também o seu contributo nas Marchas Populares,
enfim, estava sempre disponível e pronto para tudo quando fosse em prol da sua
terra, tal como alguém um dia disse "o Fernando "Requinta" é na verdade
um loriguense multifacetado". |

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Eu tinha
para com o amigo Fernando um estreito relacionamento, muitos escritos antigos
me fez chegar à mão, ele tinha o condão de guardar tudo
que fosse antigo só que por vezes muito desarrumado, que quando precisava
alguma coisa para me dar nem sempre encontrava. Habituei-me sempre a mandar-lhe
o cartão das Boas Festas na altura do Natal, mesmo agora que estamos
na época da eletrónica e a quase já esquece-mos mandar
postais, para o amigo Fernando o fazia ainda e ele com a sua natural dificuldade
em escrever sempre me respondia.
Era o homem do presépio, como assim hoje se ouvia dele falar, na realidade
fazia o presépio em sua casa ainda há maneira antiga que regalava
o olhar, alguns anos atrás tive a oportunidade de isso constatar pessoalmente
quando ocasionalmente estava em Loriga, nessa vez me dizia que assim que estivesse
pronto me chamava para o ver e tirar as fotografias, assim foi, logo que terminou
foi à minha procura e lá fui ver, fiquei encantado, tudo imaginado
ao pormenor e à sua maneira e com aquele cheiro dos musgos frescos,
me veio à recordação os tempos de menino, quando o presépio
era a verdadeira simbologia do Natal
Ultimamente não estava tanto disponível como o conhecemos, agora
a sua disponibilidade era toda ela concentrada no auxílio e apoio à
sua irmã Helena, que presentemente tem algumas dificuldades na sua mobilidade,
por isso, a necessidade da sua presença a todo o momento junto a ela,
que por isso nem sempre era possível o ver. |
|
A notícia
começa a circular pela população, da ida do Fernando "Requinta" na ambulância, desde logo muitos de nós
ficamos apreensivos, correndo até conversas que não ia muito bem, nem
se queria acreditar, eu pessoalmente ainda na véspera tinha estado com ele no
café e como sempre acontecia a boa disposição foi reinante, contando-me
mais uma das suas histórias.
No dia seguinte terça-feira dia 21 de Julho e logo pela manhã a notícia
nos chega, faleceu o amigo Fernando "Requinta" uma certa consternação se apodera de todos
nós, ficamos sem fala e os momentos seguintes passam a ser de meditação
e nos vem à memória aquele velho e sempre desabafo, "afinal de um
momento para outro não somos nada".
Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos queridos, o presépio
já o não vamos ver mais, o amigo Fernando já o não vou
encontrar mais com o seu sorriso largo com que me recebia assim que me via, os amigos
já não vão mais ouvir as suas histórias, o seu assobio
tocando algumas marchas da Banda já não mais se vai fazer ouvir.
O funeral realizou-se hoje 22 de Julho, os amigos ali estavam para o acompanhar à
sua última morada, onde agora ali vai descansar em Paz e esperar por todos nós.
Até um a dia amigo Fernando. (*
ap) |
Nota: Um dia
o amigo Fernando fez chegar até mim um simples mas significativo poema que fez,
do qual se orgulhava e que muito gostava de o pronunciar, algumas vezes reparei que
do canto do seu olhar vertiam algumas lágrimas, quando lhe pedia para o ler,
que o fazia com uma verdadeira e sincera nostalgia. Aqui registo nesta hora esse seu
poema como minha singela Homenagem. |
O
Rosto de Minha Mãe *
Do meu local de trabalho
Vejo o cemitério
Além
Ciprestes erguidos ao
céu
E por trás de
um fino véu
O rosto de minha mãe.
Fecho os olhos lentamente
P´ra neles reter essa imagem
Vejo depois com saudade
Que o que parecia verdade
Era simplesmente um miragem
*
Fernando Alves Pereira (Requinta) |

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José
Manuel Pina Fernandes *
24.07.1961 - 23.08.2015 |
Recordar aqui
José Manuel Pina Fernandes, meu sobrinho e afilhado é poder falar de
um membro da nossa família que parte desta vida ainda novo, vítima de
terrível doença, com a qual vinha lutando a já algum tempo.
Sempre muito dinâmico e determinado, enfrentava a vida
com uma certa ousadia, foi sempre muito decidido ao enfrentar desafios, por isso, aquela
maneira própria de estar na vida muito bem vincada nessa sua característica,
que por vezes me admirava ver.
Lembro-me de ter ido a Tancos, ao seu juramento na tropa, como
pára-quedista, ramo militar do qual teve sempre muito orgulho ter pertencido,
nessa altura chegou-me mesmo a confidenciar que andava com ideias de seguir a tropa,
cheguei mesmo a vê-lo muito entusiasmado com isso, só que por qualquer
razão algum tempo depois colocou de parte essa ambição
Passou grande parte da sua vida em Loriga, sua terra que ele
muito adorava, passou pelos Bombeiros Voluntários de Loriga, onde desempenhou
atividades com grande notabilidade, muito reconhecido pela sua maneira destemida e
corajosa que o distinguiam, sendo na verdade um ativo sempre muito útil em prol
desta nobre instituição da sua terra.
Trabalhou na construção da Praia Fluvial de Loriga,
em que muito se orgulhava por ter contribuído para que aquele espaço
seja hoje um dos atrativos do verão mais importantes da sua terra, dizia-me
mesmo que era um dos que mais podia falar como foi construído todo aquele espaço
e a casa de apoio ali existente.
Um dia resolveu procurar um outro desafio na ideia de uma vida
melhor, vendo na emigração um objetivo de ambição, depois
de uma passagem curta e não bem sucedida pelo Luxemburgo, resolveu ir para a
Suíça, onde se fixou e por lá vivia já alguns anos, chegando-me
a dizer que agora sim estava bem e que estava como desejava. |

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Uma
alteração de saúde algum tempo a esta parte lhe foi diagnosticado
um problema preocupante, com o tempo veio mesmo a saber que esse seu problema
era na verdade de certa gravidade, desde então passou a viver e a lutar
com aquela adversidade, foi submetido a tratamentos próprios para essas
doenças, que o deixavam muito em baixo, foi também tentando tudo
o que estava ao seu alcance, inclusive, submetendo-se depois a outros tratamentos
novos, entretanto descobertos, recorreu mesmo a uma consulta à famosa
Fundação Calouste Gulbenkian, uma das mais prestigiosas e líder
na investigação das doenças dos dias de hoje, pois tudo
foi tentando no sentido de conseguir alguma esperança.
Na verdade a esperança parecia cada vez mais distante,
a sua luta sem tréguas o fez lutar até não poder mais,
que na verdade deu-nos uma lição de luta, coragem, força,
determinação, que me impressionou, por fim também a resignação
perante a doença que continuava teimosa em o não deixar descansado. |
|
A última
vez que estive pessoalmente com ele, ocorreu há precisamente à um ano
atrás, quando do falecimento da sua mãe e minha irmã Maria Helena
Martins Pina. Nessa altura me chegou a dizer que já nada havia a fazer para
o seu problema, no entanto, tinha ainda ciente de continuar com os seus projetos de
trabalho, notei até no seu olhar um certo brilho ao dizer-me que ia lutar até
onde fosse preciso e que havia de vencer.
Esteve ainda em Loriga há duas semanas atrás, quando
do casamento de uma sobrinha, já muito debilitado e na verdade a saber-se que
as forças já lhe iam faltando. Regressou pouco depois à Suíça,
dando entrada num hospital com o seu estado de saúde cada vez agravar-se mais,
vindo a falecer quase no final do dia 23 de Agosto, precisamente no dia que sua mãe
faleceu há um ano atrás, tinha então chegado ao fim as suas forças.
Faleceu com apenas 54 anos de idade, que tinha completado no
passado mês de Julho, quando ainda tinha tanto para fazer e viver, mas o destino
não se compadece e assim vemos partir mais um dos nossos familiares, ainda tão
novo. Faleceu lá longe com um desejo enorme de que fosse sepultado na sua terra,
com o seu corpo a fazer a sua última viagem por estradas que ele tão
bem conhecia, o seu desejo foi cumprido foi sepultado no cemitério da sua querida
terra, hoje dia 27 de Agosto, onde passou a ser a sua última morada. Até
um dia Zé Manuel, descansa em PAZ. (* ap) |
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Maria Emília
Martins Lages *
22.9.1948 - 3.1.2016 |
Recordar aqui
Maria Emília Martins Lages, a "Mila" com assim era chamada no meio familiar
e de amigos, é poder falar de uma familiar, minha prima, que para mim era mais
que isso, era minha "irmã de leite" com se diz na gíria popular,
quando as crianças são amamentadas pela mesma mulher.
Na verdade a Mila nasceu 3 meses e 13 dias depois de mim, sua mãe na impossibilidade
de dar o leite de mama, foi amamentada pela minha mãe durante algum tempo, desde
então a Mila foi sempre especial na nossa família. Segundo nos dizia
os nossos pais, desde de tenra idade e durante crianças eu e a Mila nos tornamos
inseparáveis, não nos podíamos ver um sem o outro que fazia admirar
toda a gente.
Tive sempre um carinho especial e uma grande estima pela Mila, aliás, na família
foi sempre muito querida, tinha uma postura de bondade que nos contagiava, com uma
cultura acima da média foi sempre muito determinada e lutadora na vida no sentido
de conseguir os objectivos com os quais tinha como horizonte.
Depois de completar alguns dos seus estudos e continuando a estudar e ao mesmo tempo
a trabalhar, passou a viver na nossa casa na Amadora, numa altura em que estava só
em Lisboa, a amizade que tínhamos para com ela éramos como irmãos.
Algum tempo depois trouxe a sua mãe para Amadora e desde então passamos
a viver relativamente muito perto uns dos outros, tempos houve que com os meus pais
já idosos e a viverem por lá sós, a Mila era uma sentinela vigilante
e a qualquer alarme que acontecesse ali estava ela logo presente, o que de certa maneira
nos deixava tranquilos. |
Durante
grande parte da sua vida levou uma vida profissional muito activa na área
da função pública, mas mesmo assim continuando a estudar
sempre com aquele sentido de valorização cada vez mais e com
a qual se sentia bem. De trato fácil, afável e de simpatia, conjugadas
naquela sua maneira própria de simples e discreta a caracterizavam,
que levava a granjear a amizade e estima dos seus superiores e colegas e de
todas as pessoas em geral com as quais se relacionava.
Adorava Loriga tal como eu, a ela fiquei a dever todo o empenho e determinação
com que se disponibilizou quando em 1999 criei a minha página www.loriga.de
colaborando num visionamento aprofundado da escrita, de maneira que ficasse
com um português mais correcto e ajustado, numa altura quando eu tinha
alguma dificuldade para que isso acontecesse.
Fez parte dos órgãos sociais da Confraria da Broa e do Bolo Negro
de Loriga e colaborou entusiasticamente em algumas iniciativas em prol da sua
adorada terra, como por exemplo, na recolha do receituário antigo loriguense,
para a criação do livro "Loriga, Sabores de Sempre" sendo também bem notório
e oportuno o seu empenhamento na "Rota da Broa de Loriga", sendo também a co-autoria do texto que serviu de guião
ao vídeo "Loriga, uma Estrela na Serra", produzido para a inauguração
da Exposição "Memórias com Alma" no Museu da Cerâmica de Sacavém. |

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Há pouco
mais de três anos uma brusca alteração de saúde, veio confirmar
um diagnóstico de certa maneira preocupante, desde logo se foi tendo a consciência
da gravidade da doença, que ela própria nos dizia saber do mal que a
estava atormentar. Empreendeu então um combate constante
contra esse mal que a apoquentava, foi verdadeira heróica, mesmo até
quando os tratamentos a deixavam muito em baixo, deu-nos uma lição de
coragem e de luta que nos surpreendeu a todos nós.
No passado verão foi comigo da Amadora para Loriga para assistir à festa
da Nossa Senhora da Guia, a sua última ida à sua terra da qual tanto
gostava, por lá passou alguns dias, notei no seu olhar um certo brilho por estar
ali, mal eu sabia que seria a última vez.
Passou o Natal e a Passagem do Ano junto da sua irmã, cunhados e sobrinhos,
apesar de nestes últimos dias já não se sentir muito bem, ainda
trocou mensagens de Boas festas e de Novo Ano, as forças pareciam que lhe estavam
a fugir, veio a falecer na sua casa no passado domingo dia 3 de Janeiro deste novo
ano de 2016.
A notícia chegou até mim, por momentos meditei, muito vem ao pensamento,
vejo partir esta minha prima por quem tinha grande amizade e admiração,
a vida é tudo e num momento não é nada, penso que partiu muito
cedo quando ainda tinha tanto para fazer, mas a vida é assim.
A cerimónia fúnebre vai ser realizada hoje. Até um dia Mila, quando
nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nessa parte
de lá, para nós não morrestes, apenas te deixamos de ver fisicamente,
para sempre ficarás na nossa recordação - Descansa em Paz. (* ap) |
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Carlos
Alves de Moura *
5.9.1930 - 17.4.2016 |
Recordar Carlos
Alves de Moura é poder falar de certa forma de uma figura de Loriga, que muitas
vezes esteve ao serviço da comunidade na sua terra, contribuindo dessa forma
em prol de Loriga.
Ainda de muito novo pertenceu a vários organismos da Igreja, como a JOC e LOC,
logo após a fundação destes grupos de jovens em Loriga, pelo Sr.
Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966), nessa
altura esteve muito relacionado na Igreja, ficando para sempre ligado numa grande amizade
com o senhor Padre António Prata.
Foi um dos loriguenses que outorgaram a escritura para a fundação da
Cooperativa Popular de Loriga, em 13 de Fevereiro de 1954, tendo sido mesmo na sua
residência que se procedeu ao acto da constituição da Escritura
deste organismo, sob a forma de sociedade anónima, designadamente Sociedade
Cooperativa de Responsabilidade Limitada, tendo na altura se deslocado expressamente
a Loriga para esse efeito, Virgílio Calixto Pires, Notário na Secretaria
Notarial do Concelho de Seia. Curiosamente, fazia parte do órgão diretivo
deste organismo de Loriga, quando do seu encerramento, ocorrido no dia 11 de Janeiro
de 2014. |

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Passou
grande parte da sua vida em Viseu, onde se radicou e desempenhou a sua atividade
profissional, regressando anos depois á sua terra, para se dedicar à
casa comercial de seu pai, o senhor José Alves de Moura, o "ti Zé do senhor" como era assim conhecido no
meio loriguense, vindo então a tornar-se um comerciante na área
de papelaria e livraria, venda de jornais, artigos religiosos e outros artigos
de bijutaria.
Então já radicado na sua terra, dedicou-se ao associativismo,
passando por órgãos sociais de várias associações
de Loriga, onde sobressaio o trabalho de relevo na Banda de Música,
dando continuidade ao trabalho que vinha de trás e que levou a um grande
esforço de uma visão de futuro e de responsabilidade para aquisição
da Sede própria da banda.
Já neste século e sempre muito atento aos problemas de Loriga,
resolveu um dia criar um Núcleo de Loriguenses Apoiantes do Progresso
e Desenvolvimento de Loriga, cognominado por Movimento de Opinião Formal
(MOF) que se veio a tornar problemático e que fez correr muita tinta,
que não chegou a ter o real valor para o qual tinha sido criado. |
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Também
teve certo relevo politicamente a nível da sua terra, fez parte de uma lista
do partido CDS às Eleições Autárquicas, que perdeu por
margem mínima, a única vez que este partido conseguiu a quase destronar
o PS (Partido Socialista) crónico como vencedor das eleições em
Loriga. Nas Eleições Autárquicas de 2011 voltou a ter algum realce,
desta vez fazendo parte em lista do PSD (Partido Social Democrático).
A grande amizade que manteve toda a vida com o senhor Padre António Prata, depois
da morte desta grande figura de Loriga, tudo fez para que o seu corpo fosse sepultado
em Loriga, sendo de relevo o muito empenhamento num processo moroso, tendo em conta
de o corpo já ter sido sepultado em Manteigas, terra natal desta figura de Loriga.
Nunca desistindo foi recompensado ao ser transladado para o cemitério de Loriga
o corpo do senhor Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, onde então
passou a ser a sua última morada.
Nos últimos tempos, foi-se tendo conhecimento que senhor Carlos Moura, se encontrava
doente, notava-se mesmo debilitado, uma alteração mais grave de saúde,
foi internado no hospital de Coimbra, onde veio a falecer no dia 17 de Abril de 2016,
tinha 85 anos de idade, vendo os loriguenses partir um seu conterrâneo que muito
fez por Loriga, sendo sepultado no cemitério da sua terra onde passou a repousar
em Paz..
(* ap) |
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Manuel
Abreu Pina *
31.5.1941 - 20.4.2016 |
Recordar aqui
Manuel Abreu Pina, o "Manel
Calçada"
como era assim conhecido no meio loriguense, é poder falar de mais um amigo,
que vemos partir, um dos últimos baluartes da arte de sapateiro da nossa terra,
que nos habituamos a ver sempre agarrado a esse nobre trabalho artesanal de consertar
ou fazer calçado.
De muitos irmãos que tinha, foi o único que enveredou pela atividade
de seu pai António Moura Pina (1907-1988), o senhor "António Calçada" como era assim conhecido e que foi
um dos mais conceituados sapateiros da nossa terra, sendo digno de ver o desempenho
da continuação dessa profissão pelo seu filho Manuel como do melhor
sabia fazer, resultante dos ensinamentos que seu pai lhe deixou como herança.
Sempre muito prudente no cumprimento horário e dos seus afazeres, numa sua maneira
própria de viver, passou quase toda a sua vida agarrado às raízes,
parecendo nunca ambicionar ir mais além, quem lhe tirasse o recanto da sua casa
e o recanto da sua sapataria tirava-lhe tudo. A sua velha sapataria pareceu parar no
tempo e ali foi resistindo como que afastado das modernices atuais e mais práticas,
que foram deixando para trás essa dignificante profissão de sapateiro.
Foi subsistindo ali naquele recanto, sempre na espera que lhe entrassem pela porta
dentro sapatos para consertar, que com os tempos isso se foi tornando cada vez menos
real, uma certa vez chegou a dizer-me "…olha hoje em dia quase não mandam arranjar
sapatos, repara que hoje compram sapatos por 5Euros ou menos e como podes ver nem vale
a pena arranjar se o valor de um concerto é quase isso e meias solas é
ainda mais…." |
Algumas
vezes pela sua sapataria passei, atraído ainda pela nostalgia daquele
local, que tempos houve era um lugar de tertúlia e de paragem obrigatória,
mesmo muitos anos passados e quando ali entrava, parecia-me ainda ouvir ali
as cordas da velha guitarra tocada pelo seu pai, senhor António Calçada,
como só ele o sabia fazer.
Homem simples e de trato fácil, o "Manel Calçada" tinha uma maneira própria
e discreta de viver, adorava a sua Loriga e tudo que a envolvia, para ele era
todo o seu mundo, nada mais ambicionava do que viver tal como sempre viveu,
estando muito longe de pensar que a vida lhe fosse madrasta nos últimos
anos da sua vida. Um erro cometido e indesculpável, perpetrado talvez
pela sua ignorância e a sua maneira própria de simplicidade, que
o não fazia ver a gravidade do mesmo, ou mesmo até vítima
de uma sociedade em que hoje vivemos, encontrava-se atualmente a pagar esse
seu erro, um rude golpe na sua vida que nunca pensou lhe viesse acontecer. |

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Acerca de pouco
mais de dois anos atrás, foi então fechada a velha sapataria, o nosso
amigo "Manel
Calçada"
deixou de viver na sua querida terra, indo para longe dos seus e dos amigos que lhe
restavam, a sua vida passou a ser vivida diferente inserido numa comunidade condicionada
e isenta de uma normal autonomia, uma transformação grande no seu conviver
e que nunca previu, provavelmente passando a ser envolvido na tristeza e no arrependimento,
um passo mais ligeiro que o viria a decimar.
Entretanto, foi-lhe diagnosticada uma grave doença, que se foi agravando e cada
dia que passava o foi tornando cada vez mais debilitando. Não conseguiu resistir
a esse problema de saúde que o apoquentava, veio a falecer no passado dia 20
de Abril, em CaxiasHP sua residência ocasional, com a notícia a chegar
ao nosso meio loriguense que deixou a sua família e amigos consternados.
Loriga deixou de contar com um dos seus últimos bastiões da arte de sapateiro,
nos deixando a meditar que a vida de um momento para outro dá voltas que provavelmente
não se imagina, como foi o caso deste nosso amigo e conterrâneo "Manel Calçada" que vemos partir desta terra dos vivos,
com o seu corpo a regressar à sua terra que tanto adorava, para ser sepultado
no cemitério local. Até um dia "Manel", descansa agora em PAZ.
(* ap) |
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Joaquim
Lemos Conde *
23.2.1938 - 24.6.2016 |
Poder falar
aqui de Joaquim
Lemos Conde,
é poder falar de mais um amigo que vejo partir e por quem tive sempre uma admiração
e carinho e que valeu a pena o ter tido como amigo.
Desde sempre me lembro do amigo Joaquim, viveu quase toda a sua vida bem juntinho ao
meu bairro de S. Ginês que ele também dizia ser dele, pessoa de trato
fácil, de uma humildade assinalável e homem de bem, gostava imenso de
falar com ele, o que aliás isso muitas vezes acontecia, nomeadamente, quando
gostava de recordar o seu tempo de quando era também emigrante.
O "ti Jaquim" como carinhosamente assim o tratava algumas vezes, foi um dos
meus ídolos a jogar futebol na nossa terra. Novo ainda foi um insigne jogador
do nosso Grupo Desportivo, como defesa central do melhor que existia, que com o meu
olhar de criança me impressionava e me deliciava vê-lo jogar. Hoje por
aquilo que vemos, penso que tal como outros na nossa terra, naquele tempo, passou ao
lado de uma grande carreira futebolística. |

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Emigrou
tal como muitos de nós, deixando Loriga com destino à França
onde esteve radicado durante vários anos, lembro-me de ter um dia viajado
com ele de comboio para aquele país onde me desloquei para buscar o
meu carro, que tinha deixado lá depois de ter tido ali um acidente de
viação quando viajava da Alemanha para Portugal, isso nos meus
primeiros anos também de emigrante, não esqueço das suas
palavras de apoio que ele me transmitiu durante o percurso e que foram bem
importantes, ao mesmo tempo que foram de ensinamento para mim.
Homem de trabalho por terras de França longe da sua terra, mas sempre
com o pensamento no seu país e na sua Loriga que esperava a ela regressar,
o que veio acontecer após alguns anos e assim voltar às suas
origens, com ideia de não a mais a abandonar. Recordo como curiosidade
quando regressou à sua terra trouxe com ele o seu automóvel Peugeot
104 do Ano de 1977, verdadeira paixão que nutriu sempre por essa sua
viatura, que para ele era na verdade muito especial, hoje uma verdadeira relíquia
com cerca de 38 anos de existência, que ainda existe e é considerada
a mais antiga viatura a circular em Loriga.
Quando regressou às suas origens não ficou parado, começando
por passar parte do seu tempo na quinta familiar situada nas Lamas de Cima,
bem no sopé da "Penha do Gato" colhendo da terra alguns géneros
conseguidos da lavoura que tinha gosto de fazer naquele local para ele como
seu habitar desde criança. |
|
Foi com certa
surpresa que recebi a notícia, quando o telefone tocou e alguém do outro
lado da linha me dizia "morreu o Joaquim "Chora", por momentos fiquei
sem responder, logo depois me ponho a meditar vindo à minha memória o
amigo Joaquim, que vou deixar de ver e com ele conversar quando voltar a Loriga, mais
uma falta que vou notar nessa nossa Loriga, onde cada vez mais vou vendo desaparecer
pessoas com que convivi e que de certa maneira me marcaram.
Faleceu na última sexta-feira dia 24 de Junho, em sua casa, onde amigos e familiares
o foram encontrar logo depois de notarem a sua falta, vendo-se assim partir este nosso
amigo, mais um nosso conterrâneo que nos deixa, que cada vez que ali volto à
nossa terra me faz viver de recordações de pessoas que tanto gostamos
e que vamos vendo partir desta nossa terra dos vivos.
Até um dia amigo Joaquim, descanse em PAZ. (* ap) |
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Joaquim
Martins Pina *
17.7.1934 - 2.2.2017 |
Recordar aqui
o meu irmão Joaquim
Martins Pina,
é falar do primeiro filho dos nossos pais, José Nunes de Pina e de Aurora
Lopes Macedo, nascido no Bairro de S. Ginês, um recanto de Loriga e pelo qual
o meu irmão tinha também uma Paixão especial.
Teve uma infância igual a todas as crianças da época, na escola
primária teve um super desempenho, que o fez distinguir de outras crianças.
Assim que terminou a escola primária foi de imediato para empregado do único
e primeiro café em Loriga, do qual era proprietário o senhor António
Machado, que se situava na garagem do prédio do "Zé Maria"
como é assim foi sempre conhecido esse imóvel.
Como também acontecia com a maioria das crianças na época, quando
terminavam a escola, não tardou que rumasse para Lisboa na companhia do nosso
pai, onde teve uma adolescência não muito fácil e tal como muitos
outros jovens, comeu o pão que o diabo amassou, como se costuma dizer na gíria
popular.
Ainda relativamente muito novo, decorria o ano de 1957, quando foi para o Brasil mandado
ir pelos meus padrinhos e tios, recordo que partiu de barco e enquanto durou a viagem,
todas as noites por volta da meia-noite, com a minha mãe e mais família,
lá íamos todos rezar à capela da Nossa Senhora da Guia, só
terminando este ritual, quando era recebida a notícia que já estava no
Brasil. Na época em Loriga, era assim um procedimento muito comum no seio das
famílias, quando um dos familiares partia de viagem para o Brasil.
Não foi fáceis os seus primeiros anos no Brasil, foi um lutador e foi
muito determinado a enfrentar os percalços que lhe foram aparecendo, tinha uma
força interior extraordinária que o não fazia desanimar, sofreu
para poder vencer. Só voltou a Portugal 10 anos depois de ter partido, recordo
que foi uma festa quando chegou, nessa altura já toda a nossa família
estava a viver na Amadora.
De regresso
ao Brasil e enfrentando uma nova contrariedade, resolveu arriscar e colocar de parte
o medo, decidindo enveredar sozinho por um novo rumo, lutou muito e padeceu, a sua
vontade era grande de superar, colheu assim os seus frutos tornando-se anos mais tarde
num conceituado comerciante, muito reconhecido em Belém do Pará.
Muito chegado a toda a família, que amava como ninguém, era uma referência
e muito querido e adorado por todos, com uma sempre boa presença e disposição
que nos contagiava a todos, o mesmo acontecendo no meio dos amigos que com facilidade
granjeava a estima e consideração de todos aqueles que tiveram o privilégio
de o conhecer. |
Apesar
de mais de setenta anos fora da sua terra natal e vivendo muito longe, tinha
um fascínio por Loriga que o distinguia, era um verdadeiro bairrista
como poucos, atrevo-me mesmo a dizer que era daqueles loriguenses dos "sete
costados", como se costuma dizer na gíria popular, vezes sem conta
visitou a sua querida terra, nomeadamente, com mais frequência nestes
anos mais recentes que não faltava de maneira alguma, principalmente
à festa da Nossa Senhora da Guia.
Muito católico e praticante, foi o que mais herdou com essa dádiva
da nossa mãe, o que aliás foi sempre assim e desde muito novo,
contavam os nossos país que ainda muito criança tinha um queda
para fazer procissões lá por casa e pelo Beco de S. Ginês,
que por vezes os vizinhos tinham hábito de dizer que o "Quinzito"
devia dar um bom padre.
Muito devoto e com muita fé na Nossa Senhora da Guia, muitas vezes me
disse que era a Ela que muitas vezes recorreu para ter forças para enfrentar
as contrariedades da vida, nunca faltou às festas realizadas em honra
desta Virgem, que os emigrantes brasileiros cognominaram a Padroeira dos Emigrantes,
quer nas festas realizadas em Belém ou quando estava em Loriga.
Pessoa de trato fácil e de uma bondade absoluta, muito amigo para com
todos aqueles que o rodeavam, sempre disponível para causas em prol
dos outros, foi durante muitos anos muito ativo e muito contribuiu no meio
do associativismo, passou como diretor por vários organismos em Belém
- Pará, nomeadamente, pelo Centro Loriguense de Belém - Pará.
Ainda no passado ano de 2015, foi homenageado pelo Grémio Literário
e Recreativo Português, pelos seus 56 anos de associado, no qual se registou
como sócio dois anos depois de ter chegado ao Brasil, sem dúvida
um registo assinalável.
Em 2001, sofre um rude golpe na vida, com o falecimento inesperado da sua amada
esposa Isabel, também loriguense, com o apoio da família, dos
amigos e a enorme fé que tinha para com Nossa Senhora da Guia, foi aos
poucos superando esse infortúnio, na verdade um rude golpe e de grande
preocupação para todos nós familiares, sendo de registo
aquela sua grande força que teve para o conseguir ultrapassar. |

|
|
Tinha-mos por
hábito todos os anos por esta altura do ano, começarmos a planear as
nossas idas no verão a Portugal, este ano não fugiria à regra,
parecia até entusiasmado em poder estar em Portugal mais cedo, para poder assistir
ao centenário das Aparições de Fátima, como assistiu quando
da comemoração dos Cinquenta anos, tinha este ano um enorme desejo de
assistir agora ao Centenário, que infelizmente já não pode concretizar
esse seu desejo.
O meu irmão Joaquim, era já um dos poucos naturais e genuínos
de Loriga, da vasta comunidade loriguense que chegou a existir nesta grande cidade
de Belém do Pará, bem ao norte do Brasil, ainda há pouco me tinha
dado uma relação com os nomes que se reduziam apenas a 21 loriguenses.
Na passada quinta-feira dia 2 de Fevereiro, já se não levantou muito
bem, também derivado a uma gripe que o apoquentava, foi levado ao hospital e
já lá teve uma alteração súbita de saúde,
de imediato tive logo conhecimento da situação e do que se estava a passar,
situação que teve o seu agravamento não conseguindo então
superar e pouco depois faleceu.
Mesmo compreendendo que a vida é assim mesmo e por vezes sem se
esperar, foi um choque para todos nós familiares, apoderando-se de nós
um sentimento de angústia que nos faz meditar mais uma vez e nos vem ao pensamento
os planos, os sonhos, tudo isso numa vida que afinal é apenas uma passagem,
o meu irmão partiu, deixou-nos fisicamente mas vai continuar sempre, mas sempre
junto de nós.
Loriga vê também partir desta vida um seu filho que mesmo
levando uma vida longe dela, a amava e a tinha sempre presente no seu coração,
no próximo verão se lá chegarmos para mim já será
diferente, não será igual a muitos outros, tenho que me resignar por
esta vontade sublime de Deus, pois a vida é assim mesmo.
O funeral foi realizado na cidade de Belém do Pará, a sua
terra de opção, foi sepultado no cemitério "Recanto da Saudade"
desta cidade, repousa agora junto da sua adorada esposa, onde passou a ser a sua última
morada, nesta terra dos vivos.
Até um dia Joaquim quando nos voltarmos a encontrar. DESCANSA EM
PAZ. (* ap) |
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Pedro Mendes
Fernandes *
21.3.1936- 8.2.2017 |
Recordar Pedro
Mendes Fernandes, o "Pedro
da Lapa"
como assim era conhecido no meio loriguense, que acabamos de ver partir desta terra
dos vivos, é poder aqui fazer uma singela homenagem a uma pessoa que admirei,
um verdadeiro artista que numa mestria impressionante a manejar com um torno e não
só, fazia coisas decorativas e com muita imaginação só
ao alcance dos artistas.
Assim, recordando aqui nesta minha página este nosso conterrâneo, reproduzo
uma anotação que fiz sobre ele, quando um dia estivemos juntos numa Festa
Sportinguista no recinto da Nossa Senhora da Guia, ao mesmo tempo expressando. Até
um dia caro Pedro, Descanse em Paz. |

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"Pedro
Mendes Fernandes, de 74 anos popularmente conhecido por "Pedro da Lapa"
é na verdade um génio na arte de trabalhar com o torno. Torneiro
de profissão esteve também alguns anos radicado na África
do Sul, para onde tinha emigrado na ideia de uma vida melhor.
Num recente encontro que tivemos com ele, venho a reparar nos trabalhos que
vai executando à mão ou recorrendo ao torno, fazendo artigos
decorativos onde desponta a imaginação e ao mesmo tempo uma misteriosa
idealização de um trabalho de verdadeira perfeição,
que é digno de admirar.
Nesta foto aqui reproduzida em madeira podemos ver uma esfera movimentada dentro
de um octógono onde não se visionando uniões, nos leva
a imaginar um certo mistério numa criatividade de um trabalho perfeito
de elevado espírito de bem-fazer.
Sei que já fez várias exposições, no entanto, muitos
outros trabalhos ainda não foram divulgados o que espero com oportunidade
fotografar, para mais tarde aqui colocarmos na divulgação de
um trabalho que vale a pena visionar".
www.loriga.de
- Agosto 2010 |
|
(* ap) |
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João Carlos Martins Silva
*
11.8.1968 - 19.3.2017 |
Recordar aqui
nesta minha página, João Carlos Martins Silva, natural de Barcelos, é poder falar de uma pessoa
que valeu a pena ter conhecido, radicou-se em Loriga acerca de duas dezenas de anos
onde passou a desempenhar a sua vida profissional, sendo de destaque a sua maneira
própria e tão eloquente de facilmente se ter integrado na comunidade
loriguense, que temos por dever de enaltecer.
Tive sempre uma grande consideração e estima por este nosso amigo e meu
vizinho, apesar de não ser de Loriga, encantou-me sempre ao vê-lo a fazer
parte em certos organismo da nossa terra, algumas vezes pessoalmente o saudei, por
isso, também várias vezes lhe demonstrei todo esse meu apreço
e admiração, que tinha para com ele.
Loriga passou
a ser a sua terra de opção, foi ao longo dos anos granjeando admiração,
amizade e o respeito de um povo que passou a ser também dele, parece não
haver em Loriga pessoa alguma que não tivesse por este nosso amigo uma certa
simpatia, gostei de algumas vezes falar com ele sobre Loriga, nalguns pontos de vista
pontuais e importantes na nossa terra.
Pessoa simples e de trato fácil, me impressionava a sua maneira calma e uma
pronta vontade bem expressa e sempre disponível em colaborar em prol da comunidade
loriguense, era mesmo um exemplo para todos nós, passou por várias instituições
e organismos da nossa terra, nomeadamente, destacando aqui a nossa Banda onde vinha
despenhando um trabalho de relevo como diretor e elemento filarmónico, bem como,
não se podendo esquecer, a sua disponibilidade junto da Igreja, ao serviço
da Paróquia. |
Amigo
do seu amigo, trabalhador incansável, um profissional de alto gabarito
e de competência, a par de lealdade e de pessoa de bem, dons que o caracterizavam-no
e como eu disso valeu a pena o ter conhecido e ter feito parte do meu rol de
amigos que muito admiro e pelo qual nutri por ele a minha simpatia, a minha
admiração e a minha amizade.
No quase final da tarde, dum dia ironicamente como sendo o dia do pai, um dia
de domingo que parecia ser igual a muitos outros, no desempenho das suas funções
na Assembleia Geral, que estava decorrer na sede da nossa Banda, uma alteração
repentina de saúde que se previu logo ser grave, foi de imediato acionado
e a intervenção do pronto-socorro para o efeito, que numa luta
constante se veio a tornar infortúnio todo o esforço dispendido
e algum tempo depois ser confirmado o seu óbito, sendo na verdade um
choque que deixou Loriga e os loriguenses consternados.
Loriga ficou na realidade mais pobre, o povo loriguense ficou em choque, a
vida por vezes reserva-nos estas injustiças, levando a meditarmos na
crueldade que vamos vendo, quando vemos partir assim prematuramente desta vida
dos vivos, pessoas que tanto tinham ainda para fazer e para viver, levando
muitas vezes a surgir dentro de nós um certo grito de desabafo e ao
mesmo tempo revolta, ao dizer-mos que "há momentos em que a vida é
mesmo madrasta e cruel". |

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Quando a notícia
me chegou por momentos pensei não acreditar, depois de cair em mim pensei que
quando voltar a Loriga de certo que vou notar muito a falta deste meu vizinho, vai
ser diferente, já não o verei ir e vir do trabalho como quase sempre
isso acontecia quando estou por lá, como loriguenses e já o considerando
um dos nossos, vou notar mais um vazio, vindo-me à lembrança que cada
vez se vai ficando menos.
O funeral foi realizado em Loriga, com o seu corpo a ficar sepultado no cemitério
da nossa terra a sua última morada, ficando para sempre junto dum povo que o
acolheu e numa terra que passou também a ser sua e que esta muito lhe ficou
a dever.
Até um dia caro João Silva. Descanse agora em Paz. (* ap) |
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António Abrantes
Costa * |
Com o falecimento
de António Abrantes Costa, no passado domingo dia 30 de Abril, que deixou consternada
a comunidade loriguense sediada no Luxemburgo, poder recordá-lo aqui nesta minha
página é poder falar de um grande amigo de Loriga e dos loriguenses,
natural da nossa vizinha localidade de Sazes da Beira, era muito ligado à nossa
terra que passou também a ser sua por opção.
Radicou-se desde muito novo no Luxemburgo, pequeno estado no centro da Europa, enveredando
assim para a sua vida de emigrante, deixando para trás a sua terra natal, tal
como muitos outros, na procura de uma vida melhor.
Conheci este nosso amigo no Luxemburgo há três dezenas de anos, desde
logo fiquei com aquela impressão enorme de estar perante uma pessoa de bem e
de bondade e fácil de cativar a amizade e a estima de todos. |

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Casado
com a loriguense Margarida Coelho, desde logo passou a ficar muito ligado a
Loriga, que passou também a gostar dela como todos nós, ali construiu
a sua casa, ajudou muito e muitos dos nossos conterrâneos loriguenses
a ir para o Luxemburgo, era daquelas pessoas sempre prontas a ajudar, por vezes
até em prejuízo próprio.
Era um apaixonado por Loriga e sempre muito presente junto da comunidade loriguense
sediada nesse país, foi um dos impulsionadores para a criação
da Association les Amis dos Loriguenses no Luxemburgo, sendo mesmo um dos fundadores
e fazendo parte também dos corpos sociais, associação
que como sabemos ainda é jovem, que é hoje o segundo organismo
loriguense sediado no estrangeiro.
Pai de três filhas e muito dedicado à família, não
faltava em Loriga na altura do verão, muto conhecido no meio da comunidade
no Luxemburgo, um trabalhador incansável e sempre muito ao dispor daqueles
que dele necessitassem. Tinha passado à reforma no mês de Janeiro
último, comentando por vezes que agora não havia relógios a despertar
e que a vida era agora mais calma e que era uma outra coisa estando aposentado |
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Faleceu subitamente
nas ruas da cidade de Paris, onde a comunidade loriguense se deslocou em excursão
que anualmente é realizada por esta altura: Quando tudo parecia ser mais um
passeio de festa e de convívio virou tragédia, este nosso amigo António
Costa sem se queixar de nada, cai bruscamente para não mais se levantar, deixando
assim esta vida dos vivos.
Foi na verdade de comoção e um choque grande para a família e
para a comunidade loriguense, mas a vida e o destino prega-nos assim estas partidas,
Loriga ficou mais pobre e os loriguenses viram partir prematuramente um grande amigo
que ainda tinha tanto para fazer por a nossa terra e tanto para viver junto dos seus
entes queridos e de todos.
Resta apenas dizer até um dia caro amigo. Descanse agora em PAZ. (* ap) |
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Carlos
Alves Pereira *
12.3.1948 - 29.12.2017
Recordar aqui
Carlos Alves Pereira, conhecido no meio loriguense por "Carlos Galinha" ou o "Carlos do Miguel" é poder falar de um amigo da velha guarda, como
se tem por hábito dizer, amigo de infância do mesmo ano, frutos de uma
criação ali no nosso Bairro de S. Ginês, onde uma geração
despontava para a vida, que mais parecia como sendo tudo uma só família.
Era uma Loriga de outras eras, onde no Bairro de S. Ginês a crianças mais
pareciam um bando de pardais à solta, o nosso amigo Carlos já nessa altura
era muito determinado naquilo que fazia, espontava nele uma calma de encher os olhos,
recordo estar sempre pronto para ajudar na padaria o seu avô António Galinha,
distinguia-se de nós todos pelas ideias avançadas que demonstrava e que
me surpreendia a mim particularmente.
Entrava-mos na década de 1960, na altura já com os nossos 12 anos, lembro-me
ter sido a um dos primeiros que disse que eu ia partir para Lisboa, ficou para sempre
na minha memória o seu olhar a fixar-se em mim e dizer-me "tens cá uma sorte já ires embora daqui,
quem me dera que fosse eu também", mas algum tempo depois também ele partiu de Loriga,
com os seus pais e irmãos tendo como destino a bela vila de Alenquer onde se
fixaram.
Deixei de o ver a partir dessa altura, mas cada vez que passava naquela estrada nacional
a principal do país, que passava bem perto de Alenquer, lembrava-me sempre do
amigo Carlos, que só nos voltaríamos a encontrar quando fomos a Loriga
à inspecção para a tropa, foram dias de farra e marcantes que
com pena nossa foram de pouca duração, para depois nos voltarmos a despedir
mais uma vez, para percorrer os trilhos da vida, que se vieram a cruzar na vida de
emigrante. |
Tal
como eu resolveu ele também procurar noutro país dar um rumo
novo à sua vida, desde então e mesmo ao estarmos no mesmo país,
deixei de o ver regularmente visto estarmos longe um do outro, durante alguns
anos eram poucas as vezes que ele ia por Loriga e assim mais difícil
se tornava para o encontrar, no entanto, ia tendo sempre notícias dele,
sabendo que se adaptou também muito bem ao país de acolhimento,
profissionalmente chegou a ser chefe de turno na firma onde trabalhava, teve
ainda uma vida de sindicalista activa, assim como, muito activo na sua vida
pessoal e em prol da comunidade.
Alguns anos depois passou a ir até Loriga com muita mais frequência,
nomeadamente, na altura do verão, a partir de então nos voltamos
a encontrar com muita mais regularidade, assim como, o encontrei uma ou outra
vez na Alemanha, quando fui de visita à região onde ele vivia,
nos nossos encontros tínhamos sempre que falar e muito, principalmente
dos nossos tempo de criança e de Loriga e dos seus problemas mais vistos
por quem vai de fora. |

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Tal como eu
tinha o Sporting no coração, gosto que nos acompanha desde os nossos
tempos de crianças, o nosso amigo Carlos era na verdade um Sportinguista convicto,
fazia tudo para poder estar presente nas festas do Sporting anualmente realizadas em
Agosto na nossa terra, ainda bem há poucos anos fez parte de uma das comissões
de festas, foi ele o grande impulsionador para aquisição de umas dezenas
de mesas para as Festas Sportinguistas, que veio a comprar na Alemanha e enviou para
Loriga, que muito jeito fizeram, inclusive, também passaram a fazer muito jeito
à comunidade loriguense, pois vezes sem conta já foram cedidas para os
mais diversos eventos.
Depois de mais de três dezenas de anos como emigrante na Alemanha, resolveu regressar
definitivamente a Portugal e em princípio à sua origem, pensou mais que
uma vez fixar-se em Loriga, no entanto, decidiu achar por bem ir viver para São
Romão, mais precisamente na Catraia, mesmo assim não muito longe da terra
que foi seu berço.
Ainda não há muito que tive conhecimento de um mal que o atormentava,
que se veio agravando com o tempo, neste último ano não tive a oportunidade
de o ver, mas ia tendo conhecimento que a doença se agravava, por isso, já
não estando presente na Festa do Sporting do verão passado por falta
de forças. Mesmo eu sabendo do agravamento da doença que o molestava,
foi com choque que recebi a notícia e me leva a pensar, que de um momento para
o outro não somos nada.
Vejo partir desta nossa vida um grande amigo, um loriguense amigo da sua terra, um
sportinguista, mais um do meu ano e da minha infância que vejo partir mais cedo,
quando ainda também tinha tanto para fazer, só me resta agora dizer até
um dia amigo Carlos, quando nos voltarmos a encontrar nesse caso já desse lado
de lá. Descansa agora em Paz. (*
ap) |
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Maria de
Lurdes Lopes de Moura *
3.5.1936 - 14.9.2018
Poder recordar
aqui como um singelo preito, Maria de Lurdes Lopes de Moura, a senhora "Lurdes do Maurício, como assim era mais conhecida no meio loriguense, é
poder falar de uma das últimas residentes do nosso Bairro de S. Ginês,
dizendo mesmo, que foi das residentes que mais tempo viveu ali naquele pitoresco recanto
de Loriga, que com mágoa foi-se percebendo a ficar cada vez mais deserto e praticamente
sem ninguém.
Mulher de trato fácil, determinada, divertida e sempre de uma grande aptidão
para falar, na verdade no nosso Bairro era um exemplo de comunicação,
dedicou grande parte da sua vida na arte da costura, o seu local de trabalho na sua
casa, era um verdadeiro local de tertúlia, onde de tudo se falava e se passavam
horas infinitas de grande vivência, amizade e convívio entre vizinhas.
Infinitas eras as horas de trabalho nessa sua ocupação de costura, parece
que ainda ouço a máquina da costura a trabalhar, para o arranjo das mais
variadas peças de roupa, recordo-me também quando essas horas de trabalho
diário se prolongavam pelas horas da noite dentro, às vezes até
altas horas e já bem perto da madrugada, principalmente quando aprontava ainda
a roupa para alguém usar nalguma festa a realizar no dia seguinte. |

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Muito
dedicada às brincadeiras, lembro-me quando ainda criança, um
susto que ela fez apanhar à garotada e até alguns homens, quando
por influência dela e com outras amigas irem apanhar abóboras
grandes, ou seja botelhas, tirarem o miolo e fazerem uma cara que depois punham
dentro uma vela, colocando as mesmas iluminadas no muro da capela da NSCarmo,
que como se poderá compreender na escuridade da noite o medo que muitos
apanharam.
Excelente na confecção de bolos, nomeadamente do Bolo Negro,
colaborou também no livro "Loriga, Sabores de Sempre", foi também sempre como que uma sentinela
vigilante da capela da Nossa Senhora do Carmo, mesmo com o nosso bairro a ficar
cada vez mais deserto, lá íamos continuando a estar habituados
com a presença da senhora de Lurdes do Maurício, como que uma
resistente que nos deixava ainda pregados às recordações. |
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Mas a vida não
se compadece e alguns anos a esta parte, começamos a ter conhecimento de estar
doente, que com o tempo foi sendo cada vez mais notório, que mesmo com um dom
de lutadora e de resistência as forças também foram sendo cada
vez menos, estando nestes últimos anos internada como utente no Lar de Idosos
do Centro Paroquial da Freguesia de Sazes da Beira, localidade vizinha de Loriga..
A notícia do seu falecimento chegou até mim, ontem dia 14 de Setembro
de 2018, desde então fui envolvido na nostalgia das recordações
do meu Bairro, vendo assim partir desta nossa vida dos vivos, mais uma residente e
das últimas resistentes genuína desse recanto da nossa Loriga. O seu
funeral foi realizado hoje sábado dia 15 de Setembro, sendo sepultada no cemitério
da nossa terra.
Até um dia senhora Lurdes do Maurício, Descanse em PAZ. (* ap) |
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Fernando Moura Aparício
2.3.1940 - 30.3.2019
Recordar aqui
como preito Fernando Moura Aparício, é poder falar de uma pessoa por
quem sempre tive uma amizade e estima, ao qual de certa maneira fez parte do meu círculo
familiar, ao ser irmão de um cunhado meu.
Tenho ainda na memória, quando com ele e com o seu irmão Manuel ia para
as terras de cultivo que tinham para lá da Campa, onde cultivava o seu pai,
o amigo Fernando era uma força da Natureza, que muito me deu a conhecer o que
era a vida do campo e desde esses tempos passei a nutrir por ele uma simpatia, uma
admiração e uma certa consideração.
No objectivo de uma vida melhor e proporcionar uma vida também melhor para a
sua família, resolveu partir um dia na aventura da emigração,
foi para a França onde esteve radicado uns bons e largos anos, era então
no verão que me encontrava com ele, também eu já andava na lides
e também aventureiro na emigração. |
Era
então no verão que nos encontrava-mos em Loriga, muito conversávamos
dessas nossas vidas pela estranja, como se costuma dizer na gíria popular,
o Fernando trabalhava incansavelmente, dizia-me muitas vezes que era uma vida
rude, mas tal como todos nós dizemos via-se o fruto do trabalho, notava
nele sempre a aclimatada ideia de mais tarde ou mais cedo regressar para a
nossa terra, os anos foram passando e por lá continuava era bom com
ele conversar com as nossas conversas ter como tema o meio e vida da emigração
onde estávamos inseridos.
Até que um dia um grave acidente de trabalho bateu-lhe à porta,
por algum tempo deixei de me encontrar com ele, quando algum tempo depois nos
voltamos a encontrar já estava mais ou menos recuperado, me chegou a
dizer então já não se sentir o mesmo, algum tempo depois
pensou afincadamente voltar a Loriga, o que viria acontecer regressando à
sua querida terra o seu berço e também à sua adorada família.
Alguns problemas de saúde entretanto foram surgindo na sua vida, com
o tempo foi ficando cada vez mais atenuado quando os problemas de mobilidade
passaram a ser uma realidade na sua vivência, passei a encontrar-me com
o ele lá pela sua porta, na altura já se não atrevia a
sair dali, porque a doença estava cada vez bem presente, que não
lhe permitia poder ir mais além. |

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Era um sportinguista
convicto e dos sete costados como se costuma dizer, tinha também o hábito
de assistir às Festas Sportinguistas em Loriga, que se realizam no verão,
só que com a doença deixou de poder ir. Tenho ainda presente a última
que ele assistiu ainda há poucos anos, quando alguns amigos o foram buscar e
o levaram até ao recinto da Nossa Senhora da Guia, onde decorria a festa, lembro-me
o ver bem emocionado e nos seus olhos um brilho de felicidade de estar ali, foi mesmo
gratificante o ver ali nessa festa onde passou alguns momentos muito feliz.
Ultimamente o passei a ver na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde era utente,
uma última vez que eu ali estive ainda recordamos com saudade tempos que nos
ficaram na lembrança. Recentemente uma alteração de saúde
originou que não conseguisse resistir, falecendo no sábado dia 30 de
Março, tinha 79 anos de idade.
Recebi a notícia do seu falecimento, por momentos medito e penso no caro amigo
Fernando, que termina a sua passagem na vida e na terra, foi sepultado na sua adorada
terra hoje dia 1 de Abril de 2019. Fica-me em mim a recordação de mais
um amigo que vejo partir desta terra dos vivos. Até um dia amigo Fernando descanse
agora em PAZ.
(* ap) |
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José
Nunes Dias *
19.10.1945 - 28.5.2019
Recordar o amigo
José Nunes Dias, o "Zé Lino" como assim era conhecido no nosso meio loriguense, é poder como
tributo falar de um amigo da velha guarda, desde os nossos tempos de criança,
que vivendo bem junto ao Bairro de São Genês, fazia por isso também
parte, daquele recanto de Loriga.
Naquela altura quando crianças, era notório em alguns uma mais irrequietude
do que noutros, o Zé Lino era daqueles diferenciava por ter uma maneira calma
e descontraída, tal como quase todos dessas idade, o jogar à bola era
como que uma obsessão, o amigo Zé tinha uma certa aptidão a jogar
a guarda-redes, por isso o eleito para a baliza nos nossos jogos de futebol entre o
"Cimo"
e "Fundo" de gratas recordações.
Lembro-me como se fosse hoje quando o vi entrar para a Banda Filarmónica de
Loriga, tendo eu arregalado o meu olhar ao vê-lo fardado todo impecável,
ao mesmo tempo que me parecia como que tímido e estranho, mas na verdade ali
o via todo ancho, verdadeiramente feliz e com aquele seu sorriso que demonstrava uma
paixão enorme, que parecia já estar a viver, mal eu sabia que o ia ver
assim décadas de anos de um amor grande pela Banda da sua terra.
Na altura de crianças e jovens chega depois a hora que cada um seguir o seu
destino, alguns foram sempre fiéis à nossa terra e por lá ficaram,
tal como o amigo Zé Lino, outros tal como eu seguiram outro rumo deixando para
trás aquele nosso cantinho, só o voltei a encontrar alguns anos mais
tarde quando voltei novamente a Loriga, numa altura também em que ele tinha
chegado da vida militar e do ultramar e eu estava a começar essa caminhada. |

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Fez
a sua campanha de guerra por terras de Moçambique, integrado na Companhia
de Caçadores 1618, conhecida por "Toupeiras da Selva" que estiveram naquelas paragens
e em cenário de guerra de 1966 a 1968. Chegou-me a contar alguns episódios
bem marcantes que passou, me dizendo muitas vezes que apesar de tudo teve sorte
de regressar bem, o mesmo não puderam dizer alguns seus camaradas que
tombaram em combate, bem como, outros dos seus companheiros que foram feridos.
Depois da vida militar cumprida, chegou a assistir a muitos dos convívio
de confraternização que a sua companhia foi fazendo todos os
anos, até que um dia resolveu ser ele a organizar um desses convívios
em Loriga, que se traduziu num grande sucesso, conseguindo reunir e trazer
à nossa terra cerca de 110 pessoas entre antigos colegas e familiares,
vindos das mais variadas regiões do país, com a recepção
a ser efectuada nas instalações da Banda de Loriga, depois houve
um cortejo a pé até à Igreja Matriz onde decorreu uma
missa cantada por vários elementos da Banda da Música, seguindo-se
o Almoço do Convívio realizado na Nossa Senhora da Guia (um belíssimo
cenário para este géneros de convívios) onde na "Casa
do Fogueteiro" decorreu um almoço, num ambiente de grande amizade
e fraternidade.
Depois do seu regresso da vida militar, já então casado, resolveu
então também tentar a aventura da emigração, à
procura de uma vida melhor, emigrou para Alemanha deixando assim a sua querida
terra, na hora da partida transportou com ele toda uma nostalgia da saudade,
com a qual passou a viver diariamente. Por essas terras da estranja uma das
prioridades foi comprar um rádio com as respectivas ondas curtas que
desse para apanhar a RDP internacional, numa avidez enorme para saber as noticias
do seu Portugal, tornando-se dessa forma durante os anos que por lá
andou, num assíduo ouvinte dessa emissora portuguesa transmitida de
Lisboa. |
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Esteve sediado
na Alemanha durante 10 anos (de 1972 a 1982) nessa altura só nos encontrávamos
na altura do verão e assim íamos pondo a conversa em dia, pelo meio notava
nele aquela ideia de que não estaria por muitos anos nessa vida de emigrante,
aquele bichinho da saudade dentro dele parecia ser cada vez mais forte, não
me surpreendendo ao ter conhecimento do seu regresso, voltando assim às suas
origens e à sua adorada terra com o qual sempre sonhava.
Quase meio século de músico, que na verdade passou a ser uma referência
na nossa Banda de Loriga, onde andou cerca de 44 anos, que poderiam até traduzir
em 60 anos, se não fossem interrompidos quando esteve emigrado na Alemanha durante
10 anos e 3 anos no serviço militar, acrescentando-se ainda mais 2 anos, que
após o seu regresso da Alemanha, que tendo uma vida laboral muito ocupada numa
Padaria local o impossibilitava de poder dar o seu contributo à Banda. No entanto,
no meio de tudo isso e principalmente quando estava emigrado e estando de férias
na sua terra, estava sempre pronto e disponível a dar o seu contributo à
sua querida Banda.
A sua paixão pela música e pela Banda de Loriga era algo sedutor, foi
na verdade uma vida dedicada a esta nobre instituição loriguense. Cerca
de três anos atrás, quando completou o seu 71º. Aniversário
a sua família, esposa, filhos e netos resolveram homenageá-lo pela sua
dedicação à Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, uma festa
bonita, culminada com uma surpresa, ao lhe ser oferecido pelo seu filho Pedro as partituras
da Marcha de Rua "Zé
Lino"
que mandou elaborar, que na verdade o comoveu muito e mais emocionado ficou quando
a Banda de Loriga a tocou pela primeira vez, ficando assim perpetuado para sempre aquela
paixão com que sempre viveu de amor à Banda.
Era o músico com mais idade a tocar na Banda de Loriga, quase todos os anos
me dizia que estava na hora de terminar, no entanto, aquele bichinho que tinha pela
Banda o fazia recuar, muitas vezes lhe disse que não acreditava, bem como, vezes
sem conta lhe disse que ele era uma referência que era mesmo eterno, mas nos
últimos tempos que estive com ele notei que na verdade seria dessa vez, que
ia mesmo pôr-se de parte, porque entretanto também, a sua saúde
foi-se alterando.
A doença foi-se apoderando dele, tentou lutar e sempre pensei que superava,
fui tendo conhecimento que o problema era na verdade grave. No passado dia 12 de Maio,
deu entrada no hospital da Guarda, após uma súbita alteração
ao seu problema de doença, as notícias que entretanto eram do meu conhecimento
não era animadoras.
A notícia chegou até mim ao ser informado que o amigo Zé Lino,
não conseguiu vencer a batalha que estava travando, tinha então acabado
de partir deste nosso mundo dos vivos, nesta segunda-feira dia 27. Maio 2019, muitas
lembranças me vieram à memória, mais um amigo que vou notar a
sua falta quando voltar a Loriga, mas a vida é assim, por vezes ingrata, fica-me
a recordação do Zé, que tive o privilégio de ter como amigo.
O funeral foi realizado hoje (terça-feira) dia 28. Maio em Loriga. Até
um dia amigo Zé, quando nos voltarmos a encontrar mas agora nesse lado de lá.
Descansa agora em PAZ. (*
ap) |
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Emílio
Moura Abrantes +
(4.3.1944 - 14.1.2020)
Recordar aqui
Emílio Moura Abrantes, é poder homenagear um velho amigo, por quem tive
uma certa amizade e estima, que ao partir já desta nossa vida fica-nos a sua
recordação.
Percorremos juntos os primeiros passos da emigração, quis o destino que
ao partirmos para Alemanha no mesmo dia, fomos parar à mesma cidade onde passamos
a viver e a trabalhar, enquanto eu um ano mais tarde dali sai e fui para outra região,
o amigo Emílio por ali ficou, mas relativamente pouco tempo, a saudade da família
e da terra, começou a falar mais alto e resolveu regressar a Loriga que tanto
adorava.
Na altura eram tempos diferentes, estando nós na mesma cidade, vivia-mos em
locais oposto, mas nos encontrávamos muitas vezes, nomeadamente aos fins-de-semana,
foi para mim um exemplo de vida, sendo eu mais novo e ainda solteiro e ele já
casado e muito mais experiente na vida, transmitiu-me ensinamentos e conselhos importantes
que foram marcantes, para o meu viver no quotidiano dos primeiros tempos dessa nova
vida, quando não era fácil quando se chegava ao estrangeiro.
Regressou a Portugal e a Loriga onde passou a trabalhar numa fábrica malhas
local, era no verão quando me encontrava com ele, era então quando colocávamos
a conversa em dia, principalmente falarmos da nossa vida pela estranja, de vez em quando
me ia dizendo que tinha saudades da Alemanha e que já estava arrependido de
ter regressado um pouco cedo, no entanto, estava feliz por estar em Loriga e junto
da família. |
A sua
maior ambição era ter uma casa, vezes sem conta lhe ouvi esse
seu maior desejo, tenho na recordação de uma das vezes que me
encontrei com ele em Loriga, ver nos seus olhos um brilho de felicidade ao
dizer-me que ia construir uma casa que já tinha o terreno e que em breve
ia começar com as obras, ficando eu próprio feliz por ver nele
toda essa felicidade e o ver concretizar um sonho que tanto ambicionava, que
tanto desejava e que tantas vezes lhe ouvi falar nessa sua ambição.
Homem determinado, trabalhador incansável, com ideias fixas e bem fincadas,
com o fruto do seu trabalho na fábrica onde trabalhava e na dedicação
ao seu trabalho na agricultura, lá foi conseguindo lutar por uma vida
melhor. Esse seu gosto no maneio das terras de cultivo, era para ele um prazer
enorme de poder colher o que a terra lhe podia dar. Junto à sua casa
e apesar do terreno muito irregular, conseguiu construir esse seu cantinho
de cultura que me dava a entender que tinha conseguido todo o seu sonho, ter
a sua casa e ter um cantinho para cultivar junto à mesma, estar na sua
terra que tanto adorava e viver a vida, foi na verdade tudo com que tinha idealizado. |

|
|
Alguns tempos
a esta parte e cada vez que eu ia a Loriga e o visitava, lá me ia dizendo que
se sentia doente, na verdade problemas de saúde o iam atormentando, notei então
nele alguma falta daquela mesma e sempre energia como sempre o conheci, mas mesmo assim
não parava de trabalhar no manejo das terras daquele seu recanto, que tinha
gosto de me mostrar e me ir dizendo, que tudo o que ali eu via foi conseguido através
de muito e muito seu trabalho.
Neste último ano, quando estive pessoalmente com ele e depois falando mais através
do telefone, fui tendo conhecimento do acentuado e notório agravamento dos problemas
de saúde que o afectavam, eu próprio comecei a notar a vê-lo perder
aquela sua força lutadora de verdadeiro guerreiro contra essas suas enfermidades,
que sistematicamente teimavam em atormentá-lo.
Faleceu no hospital de Seia, para onde foi transferido depois de ter esta no hospital
da Guarda, eram seis horas da manhã deste passado dia 14 de Janeiro de 2020,
quando o amigo Emílio deixou esta terra dos vivos, ficando em mim mais um amigo
que parte e assim nos deixa, mas que vai manter-se em mim e na minha recordação.
Até um dia amigo Emílio quando nos voltarmos a encontrar, só que
dessa vez será nesse lado de lá. Descansa em PAZ.
(* ap) |
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José
Duarte Marcos *
24.2.1945 - 17.11.2021
Recordar aqui
José Duarte Marcos, é um Tributo a um amigo desde os nossos tempos de
infância no nosso Bairro de S.Gínês, um amigo que vejo partir desta
nossa vida, na certeza de me ter deixado gratas recordações, mais um
que vou sentir a sua falta quando voltar à nossa Loriga.
Ainda me lembro ele ir para Coimbra muito novo, já espigadote o vemos um dia
chegar a Loriga e de imediato ali estava connosco no Terreiro da Lição,
um dos seus lugares de habitar, juntando-se aos seus amigos de infância que continuavam
ainda por ali a viver. Trazia para nós já uns conhecimentos avançados,
adquiridos lá por Coimbra, um deles ainda recordo nos ensinando a fazer umas
bombitas que faziam ir bem alto as latas de graxa dos sapatos, que fazíamos
estremecer ali o nosso bairro, ao mesmo tempo que fazíamos arreliar a nossa
gente mais idosa.
Entretanto, cada um começa a tomar o seu rumo e a saída de Loriga da
maioria era um facto real, como foi o meu caso só voltando ao nosso berço
alguns anos depois, me voltando a encontrar com o amigo Zé, já ele estava
trabalhando na Metalúrgica Pedro Vaz Leal, ao mesmo tempo ajudando o seu pai,
conhecido e conceituado comerciante, que tinha a sua pequena loja de mercearia na rua
José Mendes Veloso, bem encostado ao nosso típico e histórico
bairro. |

|
Depois
do falecimento de seu pai, mesmo tendo a sua ocupação profissional
como trabalhador na Metalúrgica Pedro Vaz Leal, com o legado dos ensinamentos
comerciais deixado pelo seu pai, o amigo Zé continuou a gerir a loja,
até que um dia resolveu abrir uma casa de electrodomésticos no
Vinhô, sidiada na casa do senhor Augusto Nunes de Pina, naquele pitoresco
lugar e histórico da vila de Loriga, onde esteve algum tempo nesse ramo
como casa de electricidade.
Tempos depois e ao deixar a sua ocupação como trabalhador na
Metalúrgica, então sim, o mote em endereçar pela via comercial,
foi logo um passo bem significativo para se dedicar a tempo inteiro, tendo
cada vez mais a sua loja bem equipada com electrodomésticos da moda,
que na verdade foi de muita utlidade para muita gente em Loriga.
Como que um chamamento, resolveu regressar às suas origens, ao
transferir a sua casa comercial para o Terreiro da Lição, onde
permaneceu até aos tempos actuais, regressando ao Bairro que ele tão
bem conhecia, ocupando uma pequena loja que também faz parte da história
de Loriga, pois por estranho que pareça, aquele espaço apesar
de pequeno, já ali esteve instalado os Correios, a Junta de Freguesia,
uma Barbearia, uma casa de fotografia, entre outras. |
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A casa de electrodomésticos
do José Duarte Marcos ali no seu Bairro de S.Ginês, foi pois uma casa
onde se encontrava tudo relacionado artigos eléctricos e, que mesmo não
havendo no momento o que uma pessoa pretendia, tudo fazia para rapidamente mandar vir
e assim satisfazer os seus clientes, por isso, se chamar uma verdadeira "Casa
de Bairro" que bem necessária foi em Loriga, que foi dessa forma resistindo
aos tempos, em que o seu proprietário tinha como lema o bem servir.
Alguns anos a esta parte o amigo Zé, foi lutando com uma certa enfermidade que
o ia a tormetando, mas mesmo assim quando o encontrava, a sua maneira determinante
de comunicador e sempre disposto para falarmos e recordarmos, transmitia para os amigos
uma contagiante disposição, com aqueles mommentos recordações
que nos fazia como que renascer.
Ultimamente o seu estado de saúde se foi agravando, encontrava-se por último
internado na UCP (Unidade de Cuidados Paliativos) integrada no espaço do hospital
Nossa Senhora da Assunção em Seia, onde faleceu na noite do passado dia
17 de Novembro 2021, deixando esta nossa vida dos vivos, vendo eu partir um amigo que
indo mais cedo esperará por todos nós. Até um dia amigo Zé.
Descansa agora em PAZ. (* ap) |
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António
Mendes Pina *
(1949 - 26.12.2021)
Recordar aqui
o nosso camarada António Mendes Pina, é um Tributo a este nosso Ex Combatente
Loriguense do Ultramar, que agora nos deixa, após já algum tempo a lutar
com uma doença que o atormentava, mas que lamentavelmente a Covid19 veio a complementar
para este desfecho.
Amigo do seu amigo era uma pessoa de bem, honesta, humilde e de trato fácil,
que tinha uma maneira própria de estar na vida, com o seu sempre presente e
contagiante modo de dizer uma graça, granjeando ao longo da vida a estima e
consideração dos seus conterrâneos, que o foi caraterizado por
ser como que o "empreiteiro do povo" quando a ele recorriam, porque na verdade
muita vez transformava o velho para novo, nos ficando a recordação de
toda a sua dedicação ao trabalho nas obras. |
Foi
um dos voluntários na edificação do monumento "Aos
Nossos Combatentes do Ultramar" que com a sua evidente calma e com os
seus conhecimentos e mestria, foram na verdade fundamentais e muito importantes
na colocação e assentamento milimetricamente do enorme e pesado
bloco de pedra, ao ser ali colocado naquele local.
Foi na realidade um trabalho digno de registo, tudo planeado ao pormenor e
ao milímetro, para que nada faltasse e ficasse perfeito, o que veio
a acontecer, em que o nosso camarada Pina empreendeu todo o seu esforço
para que isso fosse possível. Por isso, com o seu contributo e onde
foi bem notório o seu empenhou e profissionalismo, ficou bem patente
para a história ser também um dos obreiros na construção
deste nosso Monumento, hoje considerado um ex-libris na vila de Loriga.
Podemos ainda aqui recordar um pouco da sua vida militar, em que prestou serviço
na Marinha, tendo feito a sua comissão do Ultramar no Arquipélago
de Cabo Verde e também em Angola, no período de 1971 até
1973. Na altura que esteve em Cabo Verde, esta zona era de privilégio
para os pescadores japoneses na pescaria do atum, por conseguinte era muito
fácil adquirir camaras fotográficas das mais sofisticadas na
época, que esses próprios pescadores traziam.
Assim, o nosso camarada Pina, logo que ali chegou adquiriu ao japoneses uma
máquina fotográfica tornando-se logo de imediato o fotógrafo
da sua unidade, que segundo se sabe tinha até um certo jeito, passando
a registar as suas fotos e dos seus camaradas para depois mandarem para as
famílias, tendo até nos confessando, ter ainda ganho alguns cobres
nesta sua nova faceta no período da sua vida militar. |
A.jpg)
|
|
A notícia
da sua morte deixa-nos desolados ao vermos partir desta vida o nosso amigo Pina. Faleceu
no hospital da Guarda onde tinha dado entrada depois de uma nova alteração
de saúde. O funeral foi realizado em Loriga hoje dia 27.12.2021, pelas 16h30,
onde foi sepultado no cemitério local para descansar em Paz.
Deixou esta vida na Terra, quando ainda tinha tanto para fazer, tal como, recentemente
também nos deixou Carlos Pinto Nunes, outro nosso ex combatente, na verdade
duas populares figuras que de certa forma deixaram mais pobre a nossa Loriga e que
nos deixaram com as recordações e saudades. Até um dia Camaradas.
* (ap) - (Subescrevendo
na íntegra este texto retirado da Página dos Ex Combatentes aqui me prezo
a registar) (Dezembro/2021) |
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José
Nunes Pereira *
(23.2.1942 - 24.1.2022)
Recordar José
Nunes Pereira, é um Tributo que me prezo aqui fazer a um amigo que nos deixa
nesta vida física, mas na certeza de ficar para sempre nas nossas memórias.
Mesmo se considerando não ter nascido em Loriga, mas sim na vizinha localidade
de Alvoco da Serra, onde sua mãe ali se encontrava casualmente, nesse dia do
seu nascimento, era no entanto, um daqueles bairristas que adorava a nossa terra, digo
mesmo com argumento de um loriguense dos sete costados como se diz na gíria
popular.
Convicto e determinado numa maneira própria de olhar Loriga, conhecia muita
da história da nossa terra e seus locais, mais ainda identificava a serra como
ninguém, conhecia, desenhava e percorria trilhos como que só ele sabia
fazer, uma outra vez fui com ele para me mostrar muito dos mistérios da serra
e que eu desconhecia, por vezes me parecia que falava mesmo com as pedras ali há
milhares de anos silenciosas. |

|
Um verdadeiro
artista em trabalhos artesanais, um colecionador nato de muitos objectos antigos
e um colecionador de pequenas pedras originais de muitos outros países
pelo mundo, onde só ali se podem encontrar, criou um seu museu num espaço
específico para colocar todo esse seu espólio, que me deslumbrava
ao vê-lo, tudo tratado carinhosamente e tudo muito bem catalogado, irei
sempre recordar quando me explicava as pedras e os seus mistérios, que
eu pensava serem todas iguais, quando na verdade são diferentes umas
das outras.
Na procura de uma vida melhor resolveu também emigrar, foi um dos milhares
oriundos da nossa região que partiram no tempo do grande êxodo
emigratório, tendo como destino os países europeus. Fixou-xe
na Holanda, adptando-se muito bem ao esse país de acolhimento, tanto
a nivel profissional como social, por lá esteve longos anos mas sempre
que podia vinha às suas origens e era um prazer com ele me encontrar,
tendo sendo uma história para me contar.
Ex Combatente do Ultramar, fez a sua comissão em Angola, passou por
lá tempos complicados e a viver em paredes meias com o perigo, que como
dizia sobreviveu. Fez parte comigo na Comissão dos Combatentes no ano
de 2018, sendo também desde a primeira hora um grande entusiasta com
o Monumento "Aos Nossos Combatentes do Ultramar" em Loriga, pelo
qual nutria um carinho especial, ficando na memória aquele seu gesto
de registo, que cada vez que ia à nossa terra, uma das primeiras coisas
que fazia era adquirir flores naturais para ali colocar, homenageando dessa
forma todos os camaradas, nomeadamente os falecidos. |
|
Algum tempo
atrás comecei a ter conhecimento que padecia de uma enfermidade, entretanto
surgida, que se foi agravando e pela qual ia lutando dentro das suas forças.
Na ultima sua ida a Loriga chegou mesmo a confidenciar a alguns amigos "que era
a última vez que ia a Loriga"
O telefone me toca e uma voz amiga me diz "morreu o nosso amigo Zé da Luz",
noticias que se não gosta de ouvir, mas na realidade é assim a vida,
caimos em nós e passamos a recordar os momentos dos nossos encontros que tivemos,
o vemos partir mais cedo e vai esperar por todos nós.
Faleceu na passada segunda-feira 24.1.2022, na Holanda, ondeserá realizado o
seu funeral.
Até um dia Amigo Zé, DESCANSA EM PAZ. (* ap) |
|
António
Mendes Guilherme
*
(12.1955 - 3.4.2022) |
Recordar aqui
como um Tributo o "Tó Guilherme" como assim era também conhecido, para além de ser meu familiar
é também poder aqui falar de um amigo e de uma pessoa de bem, que nos
deixa um espaço vazio e do qual vamos ter muitas saudades.Comecei a ter um contacto
permanente com o Tó, era ele ainda um jovem, decorria o ano de 1972, quando
do meu regresso da Guerra do Ultramar e quando decidi fixar-me em Loriga, na altura
fazia ele parte dessa geração de jovens loriguenses, que lhes fervia
no sangue o gosto pelo desporto, quando o nosso Grupo Desportivo Loriguense, passava
por mais uma crise de actividade desportiva praticamente nula.
Nesse prisma, os jovens resolveram fundar o Futebol Clube "Os Dragões" um projecto idealizado principalmente
para o futebol, que na época chegou a ter uma certa projeção com
quase todos os jovens aderirem, em que era enorme um gritante entusiasmo pela vila,
complementado com muita alegria, que também foi contagiante para gente com idade
mais à frente, que de imediato também se uniram, onde eu próprio
me incluo e com eles me envolvi nesse grande projecto já em marcha.
Um dos fundadores desse projecto foi o amigo "Tó Guilherme" muito
motivado e já com muita visão virada para o futuro, ao mesmo tempo determinado
e decidido, impressionava-me a sua maneira calma que o fazia sobressair na juventude
dessa época, por isso, era visto como uma voz certa, nada sendo feito sem a
sua opinião, foi ele mesmo o criador ao apresentar o nome Futebol Clube "Os Dragões" que depois todos concordaram. |
Foi
pena ter sido tempos que passaram depressa, pois entretanto, as vidas de cada
um de nós começaram a ter rumos diferentes, ficando para trás
uma época marcante enquanto jovens, que nos deixou saudades e que muita
vez recordava com ele, tendo sido um choque grande para ele e para mim, quando
do falecimento do nosso amigo Luís Carlos Almeida Pinto (1955-2011), o grande obreiro também
desse projecto dos "Dragões".
Anos mais tarde tive o privilégio de ele entrar para a minha família
por meio do matrimónio com a minha sobrinha Maria do Rosário,
desde então, se eu já tinha enorme simpatia e admiração
por ele mais fortaleceu. Entrou na nossa família e logo tivemos para
com ele uma certa adoração. Muito amigo da família e de
todos, estava sempre pronto a ajudar no que pudesse ser prestável, trabalhador
incansável e amigo do seu amigo, era na verdade uma pessoa de bem, que
valeu a pena com ele conviver.
Foi diretor em alguns organismos em Loriga, nomeadamente, no Grupo Desportivo,
onde chegou a ser também jogador. Resolveu um dia partir emigrando na
busca de uma vida melhor e também para os seus. Fixou-se na Suíça
onde esteve durante alguns anos, mas sempre que podia vinha até à
sua adorada Loriga, até que um dia resolveu regressar definitivamente
à nossa terra, chegou-me a dizer que foi uma experiência de vida
de emigrante que de certa forma foi gratificante. |

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Foi durante
parte da sua vida atormentado com problemas de saúde e com o qual passou a viver,
mas nestes últimos tempos o foi apoquentando ainda mais. Foi internado no hospital
em Viseu, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica, mas
e quando menos se esperava infelizmente chegou a sua hora nesta terra em que vivemos.
Falecendo na noite de domingo do dia 3 de Abril de 2022.
Cá longe o telefone toca, voz conhecida me dá a notícia que nunca
se espera e não se queria receber, mas é a realidade desta vida, um choque
nos percorre e nesses momentos me fez cair em mim, me fez recordar os belos tempos
que passamos, que conversávamos e recordávamos, mas o mais lamentável
de tudo, é ver partir uma pessoa de bem e do qual foi uma ventura em o ter tido como amigo.
O funeral foi realizado em Loriga, onde foi sepultado, ficando Loriga e todos nós
mais pobres. Até um dia amigo Tó, quando nos voltarmos a encontrar nesse
lado de lá, que agora passastes a conhecer. DESCANSA EM PAZ AMIGO. (* ap) |
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António Luís
Pina *
(2.8.1920 - 8.6.2022)
Recordar aqui
o senhor António Luís Pina, é um tributo que faço a uma
grande figura de Loriga e grande bairrista, mas também lembrar uma pessoa amiga
e notável, por quem tive uma enorme estima e consideração e que
tive o privilégio do ter feito parte do seu meio de amigos.
Uma longevidade de vida como
que uma dádiva de Deus, atingindo a bonita idade dos três dígitos,
sendo para mim gratificante poder com ele falar, como até ainda há bem
pouco tempo, sempre com uma disposição contagiante e o seu dom de bom
conversador, que me deslumbrava cada vez mais ao recordar-me da sua idade, ultimamente
a sua surdez impossibilitava de poder mais vezes com ele falar.
Vou sempre recordá-lo
como um amigo e como uma pessoa fascinante, ainda como um comunicador nato em que a
sua lucidez e a sua memória prodigiosa que me encantava, sempre pronto para
conversar comigo logo assim que me via, principalmente, no verão quando de visita
também a Loriga ali nos encontrávamos, sempre tinha uma história
para me contar, dos tempos antigos da nossa terra, que me deliciava o ouvir. |
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A sua
vida foi um autêntico livro, sempre gostou de escrever, mesmo ainda há
bem pouco tempo e apesar da sua avançada idade, continuava nele aquele
bichinho de escrever coisas de Loriga, são conhecidos muitos dos seus
artigos publicados em jornais, nomeadamente, no Jornal "Garganta de Loriga"
em que tinha todo o prazer de dar a conhecer muito de Loriga antiga, que muitos
de nós desconhecia.
O senhor António
Pina vai ficar para sempre na minha recordação como uma pessoa
de bem, amável, por quem tive uma simpatia especial, ficará para
sempre na memória de Loriga como um seu filho que mesmo vivendo fora
dela a não esquecia, recordando sempre com nostalgia o seu amado cantinho
Viveu quase sempre em
Lisboa, até que um dia resolveu ter uma sua casa em Loriga, a terra
que foi seu berço e que tanto adorava, onde pudesse ir e assim matando
saudades, ao mesmo tempo regalar-se com os ares puros e viver com a recordação
dos seus tempos quando por ali viveu.
Alguns anos atrás
passou a residir no Algarve radicando-se em Olhão, um dia ao passear
eu pelo aquelas zona dou com ele numa esplanada nesta acolhedora cidade, foi
uma festa e ali estivemos numa cavaqueira mais, eu estava apenas de passagem
mas foi bonito e foi bom ali me encontrar com ele, que no mesmo pensamento
se exclamou "como o mundo é pequeno". |
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O telefone tocou
e me chega a notícia do falecimento do senhor António Pina, meditei e
me veio à lembrança numas das última vezes que falei com ele me
dizer, que ainda nos tinha-mos que encontrar ou em Loriga ou em Olhão, mas a
vida é mesmo assim a sua presença física na terra tinha chegado
ao fim. Tinha 101 anos e a pouco mais de um mês de completar os 102 anos.
Faleceu bem cedo na manhã
do dia 8 de Junho de 2022, na sua residência em Olhão. Até um dia
caro amigo senhor António Pina. Descanse em Paz. (* ap) |
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Set/1999 -
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