Gente na História de Loriga - Figuras


Padre Theotónio Luiz da Costa *

Em 1813 foi colocado em Loriga como pároco-colado, como se dizia na altura e lhe esteve atribuída durante muitos anos, apesar de temporariamente deixar esta localidade por motivo se ter alistado na milícia então organizada na época, para expulsar do solo da Pátria os franceses.
Novo e cheio de vida, tinha a particularidade e tudo leva a crer que sim, de ser um homem combativo e enérgico, capaz de dar a vida pela causa que defendesse. Depois de ter contribuído para a expulsão dos franceses, viria novamente a participar nas "lutas" liberais, só depois regressando a Loriga em 1852, já cansado mas ainda com forças para paroquiar nesta "sua" paróquia até aos fins de Novembro de 1855.
Apesar de cansado e velho mas estando por dentro das "lutas" liberais, quando regressou a Loriga, teve que enfrentar uma população verdadeiramente inclinada para a causa "Miguelista" tendo por isso muitos problemas, nomeadamente quando no altar e nas suas pregações expressava as suas ideias politicas e, por conseguinte feria aqueles com ideias contrárias. Por esse motivo, chegou ao ponto, de pegar numa cadeira e correr com todos eles até ao adro, quando lhe vinham, no final das mesmas, pedir explicações.
Era de comprovado zelo paroquial e apesar da avançada idade permaneceu pároco-colado de Loriga até à sua morte.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Padre Sebastião Mendes de Brito *

Pertencendo a família abastada era natural de Loriga, foi na sua terra pároco-encomendado, como se dizia na altura, logo após o pároco-colado Theohtónio Luiz da Costa se ter alistado nas milícias.
Padre rígido, disciplinado e bastante zeloso, ao ponto de pensar todos terem por obrigação o cumprimento da religião católica. Muitas vezes, e já paramentado, saía da igreja e obrigava a entrar nela, para assistir à missa, todos aqueles que se encontravam no adro ou que na altura por ali passavam.
Viria a falecer no dia 24 de Dezembro de 1851 e segundo os escritos desse tempo foi sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor, no lugar onde o celebrante principiava as missas.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Padre Manuel Matias dos Santos e Figueiredo *

Nasceu na Vide, e depois de ter sido Pároco de Piodam, foi colocado em Loriga como Pároco-colado, onde esteve, desde Janeiro de 1860 até 1893.
Os 33 anos como Pároco na freguesia de Loriga, foram ferteis em acontecimentos. Homem de uma personalidade bem vincada, onde acima de tudo era reconhecido por ser paciente, teve sempre contra si duas das famílias mais poderosas da terra, as famílias Marques e Britos.
Em Novembro de 1882, desabou a igreja matriz, em consequência de um tremor de terra que se tinha sentido em Loriga, no mês de Setembro desse mesmo ano, o Padre Manuel Matias dos Santos Figueiredo, teve arte em conseguir unir todos os loriguenses, juntando a isso todas as forças possíveis, para concretizar a reconstrução, que se viria a verificar. Tendo sido restituída ao culto em fins de Setembro de 1884, para satisfação de todos e do próprio Pároco, que quando ao ver a igreja por terra, pensou que já não seria na sua vida que voltaria a ver a igreja edificada.
Foi no seu tempo, quando Pároco de Loriga, que foi construída a Capela de Nossa Senhora da Guia, que na altura se tornou num problema conflituoso, por motivo do local escolhido pelos loriguenses, serem de família abastada na localidade e não aceitava de maneira nenhuma a ocupação abusiva daquele local. Em todo esse processo mais uma vez o Padre Matias, deu mostra da sua total paciência, que tanto o caracterizava.
O Padre Matias, ficou na história da igreja de Loriga, que não sendo natural desta localidade, mais anos esteve efectivo como Pároco da Freguesia.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral *
1866 - 1936

Era natural de Loriga, onde nasceu em 24 de Janeiro de 1866, foi Pároco na sua terra de 1893 até 1910, ano que deixou ser o Pároco da Paróquia, por motivos de saúde. Foi elevado à dignidade de Monsenhor. Promoveu uma missão em 1902, incentivou a comunhão nas primeiras sextas-feiras do mês e incrementou o Apostolado da Oração. Faleceu em Loriga no dia 4 de Janeiro de 1936, ia portanto a fazer os 70 anos de idade Sabe-se que foi sepultado no cemitério de Loriga, no caminho mesmo em frente à capela do cemitério.

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Padre Doutor António Mendes Lages *
1838 - 1916

Nasceu em Loriga no dia 2 de Janeiro de 1838, era filho de António Mendes Lages e de Maria do Rosário de Moura. Com a idade de 21 anos entrou para a Universidade de Coimbra matriculando-se, ao mesmo tempo, em matemática e teologia. Em 1862 matriculou-se em medicina e arrastado pelas doutrinas desvairadas do tempo acamaradou com sociedades suspeitas, perdeu a fé abandonando mesmo as práticas religiosas que frequentara desde criança, chegando até a inscrever-se na Maçonaria.
Terminada a formatura em 1867 sempre com excelentes classificações foi exercer clinica no Sabugal onde obteve o partido médico. Em 1870 deixou essa vila e foi para o Porto onde exerceu clínica no Hospital de St. António, esteve também na Golegã e, mais tarde, vai para Lisboa, onde se fixou, chegando a ser chefe de serviço no Hospital de S.José.
Foi um dos fundadores do primeiro jornal de Loriga chamado "Estrella D´Alva" ocupando o lugar de Redactor principal tendo a cargo a Redacção e Administração.
Casou com Dona Adelaide Soriano em 1874, e foi pai de dois filhos. Com a morte da esposa em 1908, começou a sentir continuados rebates de consciência que o convidavam a servir a igreja e a emendar a vida desleixada, ingressou na Companhia de Jesus como noviço. Pensou ir a Roma expor ao Santo Padre a sua vida, mas antes foi confessar-se em Coimbra onde fez, durante oito dias, os exercícios de Santo Inácio, no final dos quais se sentiu de consciência tranquila e de bem com Deus.
Colocando de parte a ideia de ir a Roma dedicou-se à defesa dos operários vindo a fundar a Associação "A Cruz do Operário e Artistas" promovendo conferências sociais que despertaram muito interesse em numerosas localidades e arrastaram muitos à conversão. Pediu admissão como noviço da Companhia de Jesus com 70 anos de idade, pedindo para entrar na Ordem de Jesuítas de Campolide em 1908, seguindo depois para Torres Vedras onde inicia o noviciado durante três anos.
Em 1908 começou então a preparar-se para o Sacerdócio, ordenando-se em 8 de Maio de 1911, dia da festa do Patrocínio de S.José em Exaten na Holanda, com 73 anos de idade.
Há no entanto, outros relatos que nos dão conta ter concluído o noviciado e obtida a licença necessária para a ordenação em 11 de Fevereiro de 1911, " atendendo às circunstâncias absolutamente extraordinárias do caso" , tendo de facto celebrado a sua primeira missa em Maio desse ano.
Com a implantação da República teve muitos problemas e sofreu perseguições, tendo mesmo sido preso em 1910 e colocado na prisão de Caxias com outros jesuítas. Quando foi posto em liberdade, exilou-se na Holanda, chegando mesmo a ser-lhe suspensa a carta médica.
Os últimos anos da sua vida foram passados na oração e no sacrifício, edificando os religiosos da Companhia pelas suas altas virtudes. Faleceu em Múrcia - Espanha, no dia 11 de Janeiro de 1916. A Companhia de Jesus em Portugal considerou-o como uma das suas glórias e Loriga pode orgulhar-se de ter sido o berço de tal filho.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Augusto Luis Mendes *
1851 - 1925

Nasceu em Loriga no dia 23 de Janeiro de 1851, filho de Manuel Mendes Aparício Freire e de Maria Teresa Luis Brito, foi um dos maiores industriais desta localidade. Na sua infância frequentou um colégio em Valezim, que nessa época ali existia.
Homem culto, dinâmico e acima de tudo muito católico, de muito novo começou a ser atraído para os meios empresariais, passando a ter um conhecimento grande na industria de Lanifícios que o levaria a ser um industrial de sucesso. Era na sua fábrica da Redondinha que teciam os melhores panos e onde os melhores operários de Loriga tinham grande orgulho em ali trabalhar.
Casou com D.Eduarda Guimarães, de quem veio a ter cinco filhos, e que viria a falecer quando ainda seus filhos eram novos. Tempos depois voltaria a casar pela segunda vez, com D. Maria do Carmo Monteiro, senhora abastada cuja riqueza junta à do marido, formaram uma das famílias mais ricas existentes nessa época em Loriga.
O seu solar era um esmero naquele tempo, tendo ali recebido grandes personagens sociais, políticas e religiosas, mandando mesmo construir uma capela dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora onde, aos Domingos, fazia questão de ali assistir à missa rodeado da sua família e convidados. Nela foram também realizados os casamentos de seus filhos, o baptismo dos seus netos, e velado o corpo da sua primeira esposa, da sua filha Ermelinda, dos seus netos e também o seu próprio corpo, quando do seu falecimento em 1925.
Foi sócio da empresa Hidroeléctrica e o grande impulsionador para trazer a electricidade para as industrias de Loriga, que fez também estender pelas ruas da povoação. Foi um dos maiores lutadores para conseguir a ligação da construção da estrada de São Romão a Loriga, assim como teve um papel importante para a criação do Posto Telegráfico e Correios nesta localidade, mandando também construir os poços na serra para que no Verão não falta-se a água para a rega.
Reconhecido pelas suas virtudes humanas, era grande amigo dos pobres a quem distribuía esmolas semanalmente. Sendo possuidor de imensas terras de cultivo, viria a ser um grande benemérito para a sua terra que tanto adorava, oferecendo mesmo os terrenos que eram seus para neles ser construído o acesso principal à povoação por estrada. Esta doação foi de grande importância para a sua terra, bem reconhecida pelos seus conterrâneos loriguenses que, como prova de gratidão, e desde logo perpetuaram o seu nome naquele local, passando aquela via a chamar-se Av. Augusto Luis Mendes.
Envelhecido, foi ficando quase cego, adoece e é levado para Coimbra, vindo a falecer no dia 26 de Novembro de 1925. O funeral é realizado numa manifestação de dor, onde toda a população chora o homem que muitos consideravam como pai dos pobres, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir para sempre um dos seus maiores beneméritos.

* Albrito

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Cónego Manuel Fernandes Nogueira *
1861 - 1944

Nasceu em Loriga no dia 7 de Abril de 1816, era filho de Joaquim Fernandes Nogueira e de Custódia Mendes Jorge e foi baptizado a 18 do mesmo mês.
Cursou no Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 10 de Outubro de 1884. No ano seguinte, foi nomeado pároco do Píodam concelho de Arganil, onde transformou aquela freguesia de tíbia em fervorosa, iniciando e radicando nela práticas de piedade e devoções que não eram comuns naquela época, o que demonstra a sua intensa vida interior de fervoroso apostolado.
Em 1886 levou para junto de si alguns rapazes para o ensino do curso preparatório dos seminários e do liceu, tendo formado no Píodam uma espécie de colégio por onde passaram filhos de famílias de todas as categorias sociais da região que durou até 1906.
Durante esses 22 anos que esteve à frente daquela paróquia, para a população local o Sr.Cónego Nogueira foi como que um anjo enviado por Deus, onde a sua piedade era um dos aspectos mais característicos da bondade e zelo cristão. A sua pregação estendia-se também às freguesias vizinhas onde, percorrendo rudes caminhos pelas serras, levava a doutrina de Cristo e exercendo a sua verdadeira caridade, e distribuindo pelos pobres aquilo que lhe sobrava.
Em 1907 foi colocado como director espiritual no Seminário de Coimbra e, em 1914, foi nomeado arcipreste do distrito eclesiástico de Coimbra. Em 5 de Janeiro de 1922, foi nomeado cónego da Sé, pelo Bispo D. Manuel Luiz Coelho da Silva. Mesmo assim e, dentro da feição espiritual que lhe era comum, ficou ainda pároco de Moinhos (Miranda do Corvo) conquistando ali também muita simpatia e admiração.
A última vez que voltou à sua terra foi em 19 de Setembro de 1941, com 81 anos, já muito débil. Sentado no altar-mor a população de Loriga desfilou perante ele, ajoelhando-se e beijando-lhe as mãos, numa singela homenagem, para depois se dirigirem para junto do Largo Dr.Amorim, onde seria descerrada uma lápida colocada na casa onde oitenta e um anos antes ali tinha nascido tão ilustre Loriguense.
Faleceu em 28 de Fevereiro de 1944 no Seminário de Coimbra e foi sepultado no cemitério do Pio, num dia em que choveu torrencialmente o dia inteiro, mesmo assim, não deixaram de ser centenas, as pessoas que o acompanharam à sua última morada, onde se podiam ver todas a classes sociais, assim como, mais de 50 sacerdotes que vieram de longe, representações de muitas comunidades religiosas, representações de muitas paróquias e organismos e até de Piodam, foram pessoas a pé até Coimbra para assistirem ao funeral.
Em 1972, no Piodam, foi realizada uma homenagem dos 111 aniversário do seu nascimento, com a presença de muitas centenas de pessoas, onde foi inaugurado um monumento erguido ao Santo Cónego Nogueira, tendo sido dado o seu nome ao Largo da Igreja. Uma homenagem merecida a essa figura que ficou para sempre no coração do povo dessa localidade.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Dr.Joaquim Augusto Amorim da Fonseca *
1862 - 1927

Natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho) onde nasceu no ano 1862, era filho de Francisco da Fonseca e de D. Emília da Fonseca. Foi médico municipal em Loriga mais de 30 anos (1893 a 1927) onde viria a falecer com 65 anos, vítima do dever profissional quando nesta localidade se lutava contra a grave epidemia do "Tifo Exantematico"
Homem de profundos sentimentos religiosos, era sempre com um sorriso nos lábios que falava aos pobres, ricos e até às criancinhas. Era verdadeiramente dedicado aos seus doentes, ao ponto de, muitas vezes, o verem chorar quando se via impotente para debelar a doença ou minorar o sofrimento dos seus pacientes.
Quando concluiu a formatura médica, casou com D.Urbana Madeira natural da freguesia de Poiares concelho de Arganil, onde fixou residência até à sua colocação como médico municipal na freguesia de Loriga, e onde viria a construir a sua casa de habitação em terreno cedido gratuitamente pelo industrial Abilio L.Brito Freire.
Além de Loriga prestava assistência médica às localidades vizinhas, onde se deslocava a pé ou de "mula" quer chovesse ou desse Sol, nevasse ou estivesse vento, nada cobrando a quem quer que fosse. Vivia feliz e alegre e nada lhe faltava, porque lhe ofereciam muitas recompensas materiais, pois era acima de tudo muito adorado pelo povo.
Quando faleceu, em 21 de Maio de 1927, depois das respectivas exéquias, o seu corpo ficou depositado no jazigo do Sr.Augusto Luis Mendes. Mais tarde, em 19 de Setembro desse mesmo ano, foi transladado para a sua terra natal e sepultado no cemitério de Pedreira-Felgueiras, por decisão da família, num dia que ficou assinalado com a despedida emocionante do povo de Loriga, todo a chorar e dando adeus a tão grande e bom benemérito desta Vila.
Anos mais tarde como prova de gratidão, a Junta de Freguesia mandou erguer uma estátua num dos largos da povoação, que passou também a chamar-se de seu nome. Em 1977 e quando da passagem do Cinquentenário da sua morte, ali lhe foi prestada uma homenagem alusiva a essa data, assim como, a todas as vítimas dessa epidemia de 1927.

* Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias)

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Professor Pedro de Almeida
1873 - 1959

Nasceu em Santiago de Cassurrães - Mangualde, em 2 de Dezembro de 1873.
Colocado em Loriga como professor primário, exerceu proficientemente o magistério, durante longos anos, nesta localidade, onde se veio a radicar.
Professor culto, competente, profundamente dedicado aos seus alunos, tinha uma característica própria de ser também muito exigente nos seus ensinamentos, atraiu à sua escola estudantes de freguesias distantes, confiados pelos pais ao saber e cuidados do ilustre professor.
Muito rigoroso nas suas ideias e naquilo que acreditava, tinha uma característica de ser um orador influente, por isso, era ouvido com grande atenção, mesmo tendo em conta de facilmente alterar a sua atitude e mostrar alguma irritação, quando tinha momentos mais enervantes, mas mesmo isso nunca deixou de ser respeitado e admirado pelos loriguenses.
Reconhecido por um republicano convicto e verdadeiramente fervoroso, foi o grande impulsionador na criação em Loriga do organismo Clube Recreativo Luzo Brasileiro, em 12 de Junho de 1910, de orientação republicana, aproveitando a estadia em Loriga de um número expressivo de loriguenses da colónia residente em Manaus do Pará, também estes de ideias de mudança no nosso país da Monarquia para a República.
Pedro d´ Almeida, passou então a ser o presidente do Clube Recreativo Luzo Brasileiro, segundo relatos escritos da época, no dia da apresentação deste organismo e tomada de posse dos membros directivos ficou na memória, ao terem aderido a este movimento mais de mil e quinhentas pessoas, com a Banda Filarmónica a percorrer as principais ruas da vila, tendo depois decorrido uma palestra com muitas pessoas influentes a terem o dom da palavra, com o professor. Pedro d´ Almeida a ser o mais brilhante orador, explicando a todos aqueles que o ouviam, os benefícios que a república ia trazer aos povos e concretamente a Loriga.
Contribuiu sempre, quando solicitado, para várias organizações loriguenses, tendo chegado a desempenhar diversos cargos, entre os quais de Julgado da Paz e Registo Civil.
Casado com D. Adelaide Abreu Amaral Almeida, tiveram 9 filhos, seis raparigas e três rapazes - Guiomar; Alice; Irene; Celeste; Maria Rosa; Ester; Rodolfo; José; e Severo, que seguiram as pisadas do pai todos virados para o ensino, passando a ficar para a história de Loriga esta família com sendo conhecida por a "Família dos Professores". Todos os seus filhos foram professores do ensino primário, que se distinguiram, por onde quer que passaram, e aos quais também doou a tradição republicana. Deixou ainda na hora da sua morte numerosa descendência entre a quais netos e bisnetos, que no ensino primário e secundário e em outras actividades ocupavam relevantes posições sociais.
Muito católico, tanto ele como sua esposa e seus filhos, nunca faltavam à missa dominical ou mesmo nas devoções das tardes celebradas na igreja, privando ainda com todos com da sua estima, deixando muitas saudades e se tornando uma figura de Loriga, mesmo não sendo natural da terra que ele optou como sendo também dele.
Faleceu em Loriga no dia 4 de Dezembro de 1959, com 87 anos, ao funeral incorporaram-se centenas de pessoas, muitas delas vindas de vários pontes distantes do país. Na igreja foram cantados Ofícios Solenes, o funeral realizou-se depois para o cemitério local, onde ficou sepultado.

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Coronel José Mendes dos Reis
1873 - 1971

Oficial Superior da Armada de Infantaria (Coronel) nasceu em 1 de Abril de 1873 em Macapá-Pará - Brasil, era filho de José dos Reis e de Maria Águeda Mendes Lemos naturais da Vila de Loriga.
Alistou-se com voluntário em Infantaria 5, a 19.11.1889, sendo promovido a Alferes em 30.11.1895, tendo alcançando o seu posto de Coronel em 11.3.1922.
Foi professor de esgrima na Escola Prática de Cavalaria e altamente premiadoem diversos concursos dessa disciplina. Em 1911-12 por ocasião das incursões e movimentos monárquicos do Norte comandou um grupo de metralhadoras em operações efectuadas em Braga, Arco de Valdevez, Chaves e Montalegre e foi comandante do destacamento que sufocou a rebelião de Celorico de Bastos em 1912.
Comandou a força de Infantaria e Metralhadoras que forçou o Batalhão de Infantaria 21 mobilizado, a depor, a sua atitude de recusa para C.E.P. em França e comandou também uma força que prendeu os oficiais de Infantaria 34 que se recusavam, também a embarcar para a França em 1917. No ano seguinte foi ele mesmo também incorporado no C.E.P em França e em Inglaterra como chefe de uma missão militar.
De 1919 a 1926 foi Senador da República em quatro legislaturas consecutivas e ainda 2. e 1. Secretário dessa Assembleia e representou-a como vogal no Concelho Colonial. Por ter chefiado a revolução de 7.1.1927 contra o governo saído do movimento de 28 de Maio, foi separado do serviço de 15.11.1927 a 11.7.1930, tendo sido preso e deportado para Angola e reformado a 12.7.1930.
Passando pela ilha da Madeira por motivos de saúde, ali secundou o general Sousa Dias no movimento revolucionário eclodido no Funchal, sendo novamente preso e demitido do Exército em Abril de 1931, mas em 1937 foi reintegrado em situação de reforma.
A folha de serviços como militar regista dezenas de altos louvores e condecorações que depois da sua morte e, a após a revolução dos cravos (Abril 1974) passaram a poderem ser visionadas e que fazem parte de um espólio que pertence e está à guarda da Junta de Freguesia de Loriga.
São realmente muitas as condecorações e louvores que recebeu, no entanto são apenas algumas as que aqui se registam: -Medalha de Ouro comemorativa das Campanhas do Exército Português com a legenda "Sul de Angola 1914-1915"; Medalha Comemorativa do C.E.P. com a legenda "França 1917-1918"; Medalha da Vitória com estrela; Cruz de Guerra 1.Classe; Grau de Oficial da Ordem de Torre e Espada com palma dourada; os Graus de Comendador das Ordens de Cristo e de Sant´lago de Espada e a Ordem de Mérito Militar de Espanha com distintivo branco.
Segundo relatos antigos, quando na passagem e, com alguma influência, pelos meios governamentais da época, o Sr. Coronel Mendes Reis conseguiu fixar em Loriga os Correios Centrais que eram já de grande necessidade, falta que se fazia sentir pois, nesses tempos, era já uma realidade o desenvolvimento das fábricas de Lanifícios nesta localidade.
Por motivo de todos os contornos e audácia ao longo da sua vida militar, passou a sentir-se vigiado pelo poder governamental, refugiando-se em Lisboa na sua casa e junto à família, onde velho e cansado viria a falecer com 98 anos de idade, no dia 19 de Novembro de 1971.

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Emilia Mendes Brito
1874 - 1946

Nasceu em Loriga a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível a sua piedade, talvez fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à igreja da sua terra a sua total fidelidade, onde tratava da limpeza, no ornamento dos altares e dando catequese aos mais novos.
Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como ela compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus infinitamente humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a viu, que não fosse no lugar mais solitário do templo, entregue à oração mais concentrada.
Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era sempre uma presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão grande a sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar de comer o pão para com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não saiam da sua porta
Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu dia. Ela era igualmente a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da sua queridíssima Propagação da Fé, inscrevendo novos associados, visitando os pobres protegidos pela Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas das vezes se encontrava à cabeceira dos moribundos recitando-lhes o ofício da agonia, apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos humanos.
Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão diariamente. As pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as suas vestes a varrer o chão, passando pelas ruas sempre de olhos baixos como que desejando que ninguém a visse e, quando falava, a sua voz suave prendia todos aqueles que a escutavam, mas ela própria se arrepiava ao ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais insignificante que fosse.
Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Janeiro de 1946 ocorre o seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um sorriso na sua boca, como que feliz, por partir para junto do Senhor a quem dedicou toda a sua vida.
O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga, ao verem partir para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a sepultura onde descansa eternamente, e o povo da sua terra, como prova de gratidão, mandou colocar a mármore.
Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se encontrar intacto na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das Santas mantém-se tal como foi durante a sua passagem pela vida".

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Maria Ermelinda Mendes Guimarães e Cunha *
1881 - 1926

Nasceu em Loriga, era filha de Augusto Luís Mendes e de Eduarda Guimarães.
Notabilizou-se como uma senhora de grande sensibilidade e de uma enorme ternura e amor pelos outros, principalmente para com os pobres da sua terra.
Desde muito nova se evidenciaram as suas qualidades de bondade e de amor pelo próximo, bem demonstradas na sua atitude para com os mais necessitados. Numa época em que em Loriga, a pobreza extrema era bem visível, frequentemente, saía do seu Solar da Redondinha, a fim de visitar as casas dos mais carenciados, onde para além de esmola, levava carinho.
A virtude de querer fazer o bem, aliada a outras qualidades, fizeram com que fosse adorada pelos pobres de Loriga. Para além das cestas com comida que mandava entregar em casa dos pobres, pelas suas criadas, intercedeu junto de seu pai para que fosse distribuída semanalmente uma esmola pelos mais carenciados, um gesto que se manteve durante muito tempo.
Era uma excelente pianista, dando uma certa alegria àquele solar, quando o som das teclas do seu piano se faziam ouvir. Casou com o Sr. Fernandes da Cunha, vindo a ser mãe de quatro filhos.
Faleceu no ano seguinte à morte de seu pai, com apenas 45 anos, deixando os filhos ainda muito novos. A sua morte causou grande consternação, e o povo chorou a sua perda. As cerimónias fúnebres foram realizadas na capela da Nossa Senhora Auxiliadora, na Redondinha, propriedade da sua família, sendo o seu corpo depositado no jazigo da família no cemitério local.

* Albrito

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José Gomes Luís Lages
1881 - 1950

Nasceu em Loriga no lugar do Cabrum em 1 de Outubro de 1881, filho de José Gomes Luís Lages e de Ana Jorge.
Era o mais velho de três irmãos, que com o falecimento precoce do seu pai (com 24 anos) com apenas 8 anos e, após a abolição da escravatura no Brasil, viaja com o padrasto e o irmão António para este país, mais precisamente para o Rio de Janeiro.
Residiu no vale do Rio Paraíba e depois foi viver para Belém do Pará e também para Manaus, onde já existia uma vasta comunidade loriguense, que trabalhava no Café, na cana-de-açúcar e na borracha e onde consegue sobreviver à febre amarela, na altura muito comum naquela região.
Teve a sorte de regressar a Portugal em 1900, enquanto o irmão partiria para Argentina que à semelhança de tanta gente de Loriga, nunca mais voltou à sua terra.
Em Portugal, começa por viver em Loriga com a irmã Teresa e com a avó paterna Emma. Depois trabalha com um primo em Mangualde até regressar a Loriga em 1902, para o casamento da irmã com José Gomes Luiz de Pina. Nesse mesmo dia, começa um namoro com a irmã do cunhado, com quem acaba por casar passado meio ano.
Por via da mulher, Maria Emília de Luís Duarte Pina entra na Fábrica do Regato de onde sai após a morte do cunhado José, por tifo, e em divergência com a sogra e os restantes cunhados.
Em 1929, trabalhou para Carlos Nunes Cabral e travou conhecimento e amizade com o Conde da Covilhã. Em 1930, após hipoteca das terras que herdou da avó no lugar do Cabrum, no "Portugal" e no Teixeiro, perante o Conde da Covilhã contrai um empréstimo de 500 contos que serviria para construir a Fábrica das Lamas, aproveitando a levada de água que alimentava também a Fábrica da Redondinha.
Funda a Fábrica das Lamas e inicia a sociedade de lanifícios Lages que posteriormente adopta as designações de Lages, Santos & Companhia, Lda e mais tarde Lages Santos & Sucessores, Lda., não tendo já pertencido a esta sociedade que cessaria laboração em 1973 e que foi vendida por 500 contos em 1980 à firma Pedro Vaz Leal e Companhia.
Da memória dos netos, na sua maioria afilhados, fica a ideia de um homem que se gabava de travar amizade e histórias com salteadores e nobres e de ser de estatura notoriamente mais baixa que a esposa.
Católico e monárquico com um bigode com pontas encaracoladas e cicatrizes profundas nas mãos que passava muitas tardes a jogar às cartas com amigos de Loriga, como Joaquim Leitão, José Carreira e Pedro de Almeida, entre outros, no "Clube", que ficava na sua casa.
Durante a vida, dos 14 filhos que teve, perdeu dois rapazes (António e Augusto), finalistas da Faculdade de Coimbra com tuberculose e um filho (Isaac Luís) de sete anos, afogado no poço que posteriormente teve o nome pelo qual era vulgarmente conhecido, na Ribeira de Loriga.
No final da vida, fez as pazes com a família da esposa e viaja constantemente para Belas, onde visita a irmã, internada por demência após ter contraído meningite, em 1930.
Veio a morrer em Coimbra, em 11 de Dezembro de 1950, aos 69 anos, após internamento por acidente cardíaco. A sua casa no "Pátio" , no local conhecido pela "Praça" em Loriga, continua a ser parte indivisível de todos os seus herdeiros.
Loriga viu partir mais um dos seus filhos, fundador de uma das suas Fábrica
s de Lanifícios, que o tornou num dos muitos industriais que contribuíram em muito para o engrandecimento da sua terra.

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Padre António Mendes Cabral Lages *
1884 - 1969

Nasceu em Loriga em 23 de Agosto de 1884, filho de Augusto César Mendes Lages e de Rosalina Mendes Gouveia. Foi ordenado sacerdote em 18 de Julho de 1909, pelo Prelado D.Manuel Vieira de Matos na Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa em 25 do mesmo mês em Loriga.
Pouco tempo depois foi colocado como pároco encomendado como se dizia na altura, na freguesia de Santa Maria de Manteigas e no ano seguinte foi nomeado pároco da freguesia de Aldeia da Ponte onde permaneceu até fins de Junho. Entretanto, como o seu tio e padrinho Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral por motivos de saúde e impossibilitado de estar à frente da paróquia de Loriga, fez um pedido ao Prelado para a vinda para a sua terra, que viria a acontecer em Julho desse mesmo ano e na sua terra permaneceu como pároco cerca de 34 anos. Paroquiou também em Valezim, Alvôco da Serra e foi o maior impulsionador para a construção das capelas da Teixeira de Baixo, Frádigas e Fontão.
Formado em Teololgia no Seminário da Guarda além de sacerdote sentia-se politico, sendo caracterizado pela sua frontalidade e determinação, defensor dos mais desfavorecidos e dos pobres. Conhecia bem as diferencias sociais existentes na sua terra, por vezes dizia não serem justas e que apesar de não concordar com elas, estranhamente era com elas mesmo que tinha um mais estreito relacionamento.
Muito devoto do Sagrado Coração de Jesus primava por ser um verdadeiro cristão. No entanto era, acima de tudo um disciplinador e exigente no ensinamento da catequese, tendo fundado em Loriga alguns organismos da Acção Católica que, mais tarde, o seu sucessor reorganizou.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga em 1944, nos anos da II Guerra Mundial, onde a lei e justiça eram superados pelos interesses dos mais poderosos e teve grandes problemas com os seus paroquianos. Talvez fosse essa uma das causas mais marcantes para que o Bispo lhe retirasse a paróquia de Loriga, tendo-lhe até sido retirado o direito de celebrar missa no altar-mor da igreja, vindo a ser substituído pelo Sr.Padre Prata natural de Manteigas.
Chegou mais tarde a ser pároco da localidade da Cabeça onde durante anos realizou ali obras de grande vulto e de valor, sendo o grande obreiro na edificação da igreja local de bela arquitectura.
Já velho e cansado com frequência se podia ver passar umas horas no café do "Zé Maria" ou no "Clube", mas muitas mais horas passava refugiado na sua casa a bater nas "teclas" da sua velha máquina, escrevendo as suas memórias que intitulava de "Para Constar" que infelizmente muitas delas se viriam a perder.
Possuidor de muitos bens, ainda em vida resolveu doar tudo à igreja paroquial, doação que foi importante para a Acção Social e Religiosa em Loriga, sendo instalada nesta vila uma Ordem de Irmãzinhas, onde passaria a viver mais acompanhado e acarinhado o resto dos seus anos de vida e onde viria a falecer após doença em 19 de Fevereiro de 1969, com a idade de 84 anos.

* Albrito

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António João de Brito Amaro
1890 - 1961

Natural de Loriga onde nasceu em 4 de Janeiro de 1890, foi um industrial e comerciante de sucesso, que muito contribuiu no desenvolvimento industrial da sua terra, e que se destaca, entre outros, na verdadeira expansão dos tecidos fabricados em Loriga para outros localidades nomeadamente ao mercado da Beira Baixa.
Na sua infância fez parte da Banda Musical de Loriga onde tocava cornetim Era um cristão convicto e um verdadeiro católico praticante, possuidor de um coração bondoso tendo, ao longo da sua vida angariado a estima e amizade dos seus conterrâneos que, mesmo depois da sua morte o recordavam com saudade.
Após o seu casamento com Maria José Nunes Brito, também natural de Loriga, o casal rumou para o Brasil - Estado de Manaus. Ali adquiriu uma mercearia que tinha em anexo uma olaria iniciando, assim, a sua actividade comercial que o levaria a manter-se por lá durante alguns anos.
Regressou à sua terra em 1923, com alguns dos seus filhos ainda muito pequeninos, e que entretanto por lá tinham nascido e, mais tarde, o casal voltaria a ter mais filhos, mas desta feita nascidos em Loriga.
No ano seguinte (1924) fundou em Loriga uma sociedade do ramo de lanifícios com os cunhados António e Alfredo Nunes Luis. Um ano mais tarde (1925) e na ideia de expandir as vendas dos tecidos que nesta localidade se fabricavam e ainda para estarem mais perto dos clientes na Beira Baixa, para onde se destinava a grande parte dos mesmos, compraram uma loja de mercearia na Covilhã, centro industrial por excelência, alterando a gerência da dita casa comercial com o sócio António Nunes Luis, um mês na Covilhã e outro em Loriga.
Esta casa comercial na Covilhã viria a encerrar em 1935, passando a Sociedade a ter os seus negócios sediados apenas em Loriga. Entretanto esta sociedade é extensiva a mais familiares, com a finalidade de se expandirem um pouco mais na industria de lanifícios, tendo nesse mesmo ano arrendado a Fábrica da Redondinha (Augusto Luis Mendes & Comp.). Os sócios nomearam-no como gerente da dita fábrica, funções que viria a desempenhar até 1953.
Foi também um dos sócios fundadores da fábrica Nunes Brito & Comp., criada em Loriga no mês de Fevereiro de 1948, que nessa época passou a ser uma das mais modernas.
No ano de 1939 acontece o falecimento de sua esposa, Maria José Nunes Brito (28.10.1887 - 15.6.1939) com a idade de 51 anos, uma mulher muito sensível no seu trato e dotada de uma inteligência pouco vulgar para a época onde, o seu grande sentido de administração, contribuiu parte muitos dos êxitos nos negócios do marido. A morte de sua esposa foi um duro golpe que abalou profundamente o Sr. António João.
Esta figura de Loriga viria a falecer em 5 de Fevereiro de 1961, ficando esta Vila mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus maiores industriais que em muito contribuiu na divulgação e expansão da industria de lanifícios da sua terra.

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Carlos Simões Pereira *
1890 - 1977

Nasceu em Loriga em 9 de Agosto de 1890. Segundo se sabe, parece ter nascido para a música e, quando surge a ideia da fundação da Banda nesta vila, passou logo a fazer parte dela, aprendendo música com o mestre espanhol que viria a ser o primeiro regente.
Eram tão grandes as suas qualidades para a música, que depressa aprendeu o suficiente e, em 1911, com apenas 21 anos, passou a ser o regente da Banda de Loriga funções que viria a desempenhar até 1914.
Emigrou um dia tendo como destino o Brasil, onde esteve sempre em contacto com a música, fazendo mesmo parte e sendo até regente de diversas tunas. Regressou a pedido da família mas, mais tarde, partiu novamente, desta feita até ao Congo (África), mas só, que por lá, não esteve tão perto da música como desejaria.
Regressou a Portugal e a Loriga por altura de 1937, e é ainda com mais intensidade que se dedica à música, e entra novamente como músico na Banda da sua terra ocupando-se, também, a ensaiar o Grupo Coral da Igreja Matriz e destacando-se ainda ao serviço da Paróquia em assuntos de secretaria no tempo que era o Paroco de Loriga o senhor Padre António Ruque Abrantes Prata.
Era homem de verdadeiro sentido de interpretação musical, exigente, disciplinado e educador, ficando para sempre ligado como uma legenda pelas gerações de músicos que com ele muito aprenderam e, que a instituição musical desta localidade muito lhe ficou a dever. Pensou e reuniu uma série de músicas brasileiras que depois transcreveu para a banda executar com o título de Rapsódia Brasileira, assim como, copiou e aperfeiçoou muitas peças musicais, algumas das quais foram tocadas pela Banda de Loriga.
Foi regente da Banda Musical de Loriga, de 1911-14; de 1922-24; de 1951-61 e de 1966-68,
era também, acima de tudo, um cristão convicto que muito fez pela igreja da sua terra, tendo ainda, e durante muitos anos, desempenhado as funções de Regedor da Freguesia. Foi casado com Herminia Mendes Cabral Lages (23.12.1889-23.07.1974), recordando-se que esta distinta senhora era irmã do senhor Padre António Mendes Cabral Lages.
Nos anos da década de 1950 e principio de 1960, consegue elevar a Banda Musical de Loriga a altos níveis e que ficaram famosos na história desta instituição. Entre outros feitos, recorda-se quando, entre muitas outras Bandas, foi a Banda Musical de Loriga honrada a tocar o Hino Nacional ao Cardeal António Cerejeira nas Festas da Rainha Santa realizadas em Coimbra no ano de 1956.
O
"Mestre Carlos" como popularmente assim era chamado, deixa de colaborar na Banda já velhinho, afastando-se completamente aos oitenta anos, vindo a falecer em Loriga no dia 13 de Agosto de 1977, com 87 anos, sendo sepultado no cemitério de Loriga.

* Albrito

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António Cardoso de Moura
1892 - 1967

Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1892, filho de Emídio Cardoso de Moura e de Benedita Luiz Moura.
Uma vida recheada de múltiplos aspectos, teve na sua inteligência a virtude de angariar considerável fortuna, que foram frutos para que ao doá-los à sua querida terra, se tornaria no maior benemérito da Vila de Loriga.
Nascido de uma família humilde, passou os primeiros anos entre a educação de seus pais e a frequência escolar, tendo obtido o diploma da 4ª. classe na Guarda.
Tinha apenas 11 anos quando foi para o Brasil, com a sua família, trabalhou em diversos estabelecimentos comerciais, mas cedo começou a alimentar a ideia de se emancipar profissionalmente, assim aos 17 anos iniciou o trabalho por conta própria, e foi tão evidente a sua qualidade de trabalho, que se veio a impor-se como verdadeiro comerciante.
Posteriormente viria a construir a primeira sociedade com o conterrâneo José Fernandes Gomes, surgindo assim a "União" para impor no conceito geral como casa de sólida constituição e renome no meio comercial.
Todavia, seria na sua terra que não esquecia, que viria a começar novo ciclo, ao associar-se com alguns cunhados na constituição da firma industrial Moura Cabral & Comp.
Homem de brio e de excepcionais qualidades de trabalho, que vindo de um meio comercial diferente para uma actividade industrial completamente desconhecida, veio a firmar-se como um orientador perspicaz, aliando ao exemplo de homem activo e de nobreza de trato, que fazia de cada fornecedor ou cliente um amigo.
Desempenhou funções públicas tanto na Junta de Freguesia da sua terra, como também na Câmara Municipal de Seia, onde foi vereador durante muitos anos. Tinha o lema de acarinhar todas as obras ou iniciativas que tinham por fim desenvolver ou valorizar a sua terra, tendo mesmo pelos seus conterrâneos um certo carinho, que tentava por certos meios proteger, com todos colaborava e a todos subsidiava.
Os desprotegidos da sorte ou instituições loriguenses, muito dele receberam, não só no incentivo moral, bem como material, como nunca ninguém o tinha feito.
Era casado com D. Eduarda Mendes Cabral e Moura (11.11.1894 - 3.3.1971), onde a formação moral e cristã de ambos, se manifestou ao longo de 55 anos do casamento.
Se a sua vida não bastasse para constituir um hino de exaltação ao trabalho generoso e honrado, à riqueza de carácter e à generosidade esclarecida, quis ainda prolongar para além da morte esse mesmo lema, deixando a maioria dos recursos tão laboriosamente adquiridos à sua terra Natal.
Depois da sua morte e perante a doação feita a Loriga, foi constituída a Fundação Cardoso de Moura, sendo o prédio em que viveu este ilustre loriguense, situado na Rua Coronel Reis (antiga Amoreira), aquele que mais tem sido utilizado em prol da comunidade desta localidade. Já ali esteve sediado, a Junta de Freguesia; a Banda de Loriga; os Bombeiros quando a sua fundação; a Biblioteca; os CTT , enquanto se procediam a obras no edifício dos correios, assim como, foi utilizado com as máquinas da Associação da 3ª.Idade, enquanto não tinham sede, também funcionou ali o Curso dos Tapetes de Arraiolos e os Cortes e actualmente funciona ali o Posto de Informação Turística.
Faleceu em 31 de Outubro de 1967, em Lisboa, com a idade de 75 anos, sendo o seu funeral realizado para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, conforme sua vontade.
Os seus conterrâneos quiseram estar presentes, tomando em massa, parte activa nos ofícios fúnebres e missa, numa expressão sentida de estima e admiração. Esta presença espontânea de toda a freguesia, foi sinal de gratidão que tinham na alma, pois nesta altura ainda ninguém sabia das suas últimas vontades.

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António de Brito Pereira
1895 - 1987

Nasceu em Loriga, em 17 de Maio de 1895, filho de António Pereira e de Emília Lopes de Brito.
Desde muito novo começou a ter um gosto especial pela Banda, onde ingressou, vindo a notabilizar-se ao tocar diversos instrumentos, mas seria o Bombardino, a consagrá-lo, dizem até, que era um verdadeiro artista a tocar esse instrumento.
Homem humilde, de poucas falas, sofreu na carne a sua condição social. Alfaiate de profissão, ou por necessidade, era no entanto, a música que mais lhe estava no coração.
Era do pão que lhe faltava em casa, cujo filhos bem sentiram. Só que em vez de cortar mais pano, copiava papéis de música horas e horas sem conto. Só que em vez de alinhavar mais, perdia-se no sonho belo da cultura musical da sua terra.
Foi regente da Banda de Loriga, quando era ainda relativamente muito novo, funções que viria a desempenhar muitas mais vezes. No total deve ter estado na regência da Banda de Loriga cerca de 30 anos.
Trabalhou sempre incansavelmente para não deixar acabar a Banda da sua terra, porque em determinada altura parecia agonizar, devido a uma boa parte de loriguenses partirem para outras paragens, nomeadamente Sacavém e Brasil.
Esteve arredado da Banda Musical durante 30 anos, sofrendo interiormente quase um degredo. E era fácil vê-lo escutando a sua Banda, procurando ser discreto, mas a paixão não o deixava ocultar. Voltaria novamente à regência da Banda Filarmónica da sua terra, depois de todos esses anos, já velhinho, uma vez mais para a salvar.
Popularmente mais conhecido por "Mestre Barriosa", foi a muitos que ensinou música, passando-lhe pelas mãos quase todos os executantes da Banda de Loriga no seu tempo, até se dizia que era
"ele a fazer a Banda, e depois eram outros a possuí-la".
Sendo pessoa de bem tinha na sua modéstia, uma virtude, que ao longo dos tempos lhe fez angariar a estima, a amizade e o respeito dos seus conterrâneos.
Chegou a ser regente de outras Bandas, a de Silvares e depois a de Candosa, mas nelas não "murou" muito tempo, pois a Banda de Loriga e a sua terra, para ele eram tudo.
Era casado com Maria dos Anjos Alves Dinis, e pai do Albano, Manuel, João, António e Idalina, que tal como o pai muito viriam a fazer pela comunidade loriguense.
Faleceu velhinho e cansado em Loriga, no dia 24 de Junho de 1987, o funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultado. Perdendo Loriga um dos seus filhos queridos, que adorando a sua terra, acima de tudo amava a sua Banda, que por ela, grande parte da sua vida lutou, para que continua-se a manter-se bem viva e bem activa.

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Joaquim Pinto Ascensão
1895 - 1971

Natural de Loriga onde nasceu em 11 de Outubro 1894, filho de António Pinto D' Ascensão e Benedita Lopes de Brito.
Nasceu na vigência da Monarquia, e assistiu à Implantação da República, tinha então 15 anos de idade. Com a idade de 18 anos cumpre o serviço militar e já depois de ter cumprido todo o tempo, foi novamente chamado para voltar a ser integrado o serviço militar, mas desta vez para ir combater para França, na 1ª Grande Guerra Mundial, que ocorreu de 1914 a 1918.
Na altura já casado com a senhora Amélia de Jesus Florêncio (1894 - 1958) e com dois filhos que entretanto vieram a falecer, mesmo com todos os problemas inerentes á sua condição de pai, lá foi integrado no contingente português mobilizado para combater em França.
Regressado da Guerra são e salvo, começou a trabalhar na Indústria dominante em Loriga, os Lanifícios. Devido à competência revelada, cedo se tornou Mestre da Secção das Cardas, da Fábrica Leitão & Irmãos. Tanto mais que era uma das poucas pessoas em Loriga que, naquela altura lia e escrevia fluentemente.
Era vê-lo então um conversador nato a contar os episódios passados na guerra e nesses seus relatos nunca deixava de contar aqueles que mais o marcou e que mais perto esteve da morte. Um dia, algures pela França, o seu contingente foi atacado, para além dos habituais bombardeamentos com gazes tóxicos, que punham as populações em debandada, nesse dia houve também uma investida da infantaria alemã.
Da farda, fazia parte um capacete a que chamavam "franquelete" e foi o "franquelete" que lhe salvou a vida como contava aos amigos, à família e aos seus netos, que ainda o parece estarem a ouvir. -"Quando começou o ataque soaram as sirenes e um homem com uma bandeira na mão corria no meio da multidão em fuga gritando - Salve-se quem puder!.. -Ao meu lado corriam duas mulheres. Entretanto uma bala atingiu o meu capacete, o "franquelete" saltou da minha cabeça com o impacto da bala. Corri ainda mais para fugir da confusão. As mulheres que corriam ao meu lado e dos meus camaradas, nunca mais as volta-mos a ver. Acho que ficaram soterradas nos escombros das paredes que desmoronavam. A morte rondava muito perto de mim. Mas… não tinha chegado ainda a minha hora!.. O Franquelete salvou-me a vida"
Continuou sempre pregado nas imensas recordações da guerra. No regresso foi obrigado a viver de perto com a fome, as epidemias, como a do tifo que dizimou Loriga, tempos difíceis de uma vida atribulada que apesar de tudo isso o senhor Joaquim Pinto Ascensão o "ti Jaquim Faztudo" como popularmente era assim conhecido não praguejava, raramente se irritava e a todos aconselhava paciência e tolerância.
A sua curiosidade levou-o a estudar, por iniciativa própria, História Universal. Da sua paixão pela leitura, resultou, consequentemente, uma cultura acima da média nessa Loriga desses tempos. Para alem do mais e, atendendo à sua religiosidade, dedicou-se, também ao estudo da Bíblia, que passou a conhecer com profundidade.
Passou a dedicar-se de alma e coração à Igreja da sua terra, ao ponto de, em certas ocasiões quase substituir o padre. Foi a partir daí que o povo o passou a chamar por "Joaquim Faztudo".
As palestras bíblicas ficaram célebres e ficaram na memória, falava com eloquência dos vários episódios bíblicos do Antigo Testamento. Com a sua sabedoria prendia as atenções de todos ao contar os episódios mais heróicos da História de Portugal, de uma forma apaixonada. Não era fácil resistir à sua capacidade de argumentação e astúcia quando se discutia algum assunto mais polémico. Sem nunca perder a calma e o bom senso, a sua força estava na capacidade de diálogo.
Ao longo dos anos granjeou o respeito e admiração de toda a comunidade loriguense, fruto da inteligência e capacidade de se relacionar com os outros. Nunca se impunha, mas era escutado. Foram seguramente estas qualidades que no trabalho lhe permitiram também ter admiração dos seus colegas e patrões e rapidamente ficou a liderar a secção onde trabalhava.
Por volta do final dos anos 30 foi vítima de um aparatoso acidente de trabalho. As fábricas, nessa altura, eram movidas a força hidráulica motriz que punha em funcionamento um engenho com rodas mandantes e mandadas, umas maiores e outras mais pequenas, ligadas por correias.
As uniões das correias eram feitas com grampos uma espécie de agrafos com tamanhos enormes consoante o tamanho das correias. Ora, um dia ficou preso num desses grampos e a correia levou-o até ao tecto tendo depois caído com grande aparato. Foi levado para Coimbra, para o Hospital da Universidade, onde permaneceu durante bastante tempo em coma. Nos 8 meses que permaneceu no hospital não recebeu visitas. É que ir a Coimbra, nessa altura era mais difícil do que ir ao Brasil nos dias que correm. Mas...ainda não tinha chegado a sua hora e sobreviveu a mais uma das muitas provações que a sua vida lhe reservou.
O casal Joaquim e Amélia tiveram 11 filhos. Dois antes da ida para a guerra que faleceram e depois da sua vinda da guerra mais 9, seis rapazes e três raparigas, vivendo então mais dois rudes golpes com a perda de mais dois dos filhos, o Mário de 7 anos que morre num acidente com um camião e o José pouco tempo depois de ter nascido.
Em 1958 o destino o fustigou mais uma vez com a fatalidade a bater-lhe à porta com a morte súbita da sua esposa no dia 2 de Fevereiro de 1958, um dia lindo de sol e soalheiro, dia que foi mais um rude golpe para o "ti Jaquim Faztudo" que passou ainda mais a encontrar na igreja as forças para o superar.
Perante uma vida de verdadeiros atropelos do destino, no entanto, foi um homem que soube aceitar com uma resignação de fazer inveja, transmitindo a todos um exemplo de coragem, incentivando todos, principalmente a família a superarem-se em tudo e em cada dia que passava.
Faleceu em 21 de Setembro de 1971, Loriga viu partir um dos seus mais queridos filhos e os seus conterrâneos viram desaparecer um homem da guerra, referência que ficou na memória de muitos. Partiu para o céu mas em todos o seus conterrâneos e família ficou a saudade.
No seu funeral realizado em Loriga, incorporou-se quase toda a população que acompanharam o seu corpo ao cemitério local, onde ficou sepultado e na última morada passou a repousar em Paz.

* Extracto e arranjos dos registos de Jaquim Pinto Gonçalves

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António Augusto Moura
1895 - 1980

Nasceu no dia 16 de Fevereiro de 1895, na vizinha localidade da Lapa dos Dinheiros, quando ocasionalmente sua mãe ali foi, Filho de Francisco Augusto e de Maria Benedita Luiz de Moura, no entanto, considerava-se como que fosse em Loriga que tivesse nascido.
Notabilizou-se na arte de marceneiro, aliás, seguiu a profissão de seu pai, tempos foram que o trabalho do
"Ti Moura" como assim foi conhecido e também conhecido por "Ti António da Lapa", o consideraram nas redondezas como o melhor marceneiro do distrito da Guarda, ficando na memória e famosos os trabalhos em madeira, feitos na Igreja Paroquial de Loriga, solar do Conde de Valezim e em muitas casas senhoriais e outras.
Foi um dos combatentes loriguenses na 1ª. Grande Guerra (1914-1918) ficaram celebres, os seus dotes de combatente na famosa Batalha de La Lys, que o levaram a ser considerado um herói, sendo condecorado com 3 Cruzes de Guerra, que delas muitas vezes e orgulhosamente falava.
Chegou a ser gazeado, quando as tropas alemãs, tentaram tudo e por todos os meios levar de vencida recorrendo ao acto condenável do gazeamento das trincheiras, que sendo vítima desse acto o veio a afectar psicologicamente para o resto da sua vida.
Não parece restar dúvidas que a guerra o marcou para sempre, sendo uma vítima dos conflitos mundiais do passado século, foram talvez essas mazelas da guerra, que tornaram problemática a sua personalidade, nomeadamente no meio familiar, ficando ainda mais abalado, com o rude golpe do falecimento da sua única filha Albertina, por motivo de acidente de viação, quando na altura o seu relacionamento com ela, não parecia ser o mais eficaz, tudo isso a ter a ver, por ele nunca ter aceitado que a sua filha sonhasse e estivesse a enveredar por uma carreira de actriz, numa época em que as actrizes não tinham boa fama.
Era um homem alto e foi sempre de certa maneira elegante, conversador nato, principalmente quando puxavam por ele para contar as suas façanhas na guerra e por terras de França, no meio lá ia metendo uma ou outra palavra em francês que ele ainda tinha na memória, na verdade, contava coisas da guerra que era de arrepiar.
Foi tendo uma vida de altos e baixos muitas das vezes sem grandes ambições, figura carismática e emblemática de Loriga, muito conhecido no meio loriguense, mas a sua maneira de ser o tornavam também muito reservado e muito senhor de si próprio.
Vivia numa das mais cimeiras casas do Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa, lá bem no alto de Loriga, mesmo já velho e cansado era vê-lo com regularidade a descer ao centro da vila, estando ainda na memória de muitos de nós, sempre de boina basca e a chupar um rebuçado e quando de regresso a casa a obrigatoriedade que tinha, de entrar em todos os cafés e nalgumas tabernas a beber o seu copito de vinho ou aguardente, sendo a última etapa a taberna
"O Vicente" antes de chegar a casa, já nessa altura muito bem tratado.
Faleceu no dia 23 de Dezembro de 1980, ficou na memória dos lorigunses, uma personalidade que viveu a 1ª. Guerra Mundial por dentro, regressou às suas origens só que um pouco afectado pela vida, que possivelmente nunca pensou ter, no entanto, teve forças para continuar a viver, só que, à sua maneira.
Loriga viu assim
partir um herói da guerra, tinha então 85 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Loriga, onde então passou a Descansar em Paz.

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José Lopes de Macedo *
1897 - 1974

Nasceu em Loriga em 13 de Dezembro de 1897. Deixando a sua terra com destino a Belém-Pará Brasil ainda muito jovem. Estudou na Phenix Caixeral Paraense, onde concluiu o curso de Contador, vindo a ser um dos mais competentes profissionais numa época em que o ensino contábil no Pará ainda não era ministrado a nível superior.
Patriota sincero, trabalhou na administração de todas as associações portuguesas luso-brasileiras, existentes no seu tempo e, presidiu por alguns anos no Centro Loriguense de Belém, do qual foi um dos seus fundadores, assim como foi membro de destaque da União Comercial do Prará-Brasil.
Notabilizou-se nos desportos náuticos, onde alcançou vitórias para a TUNA, Luso-Brasileira, quando participou de guarnições de remo, que alcançaram o primeiro lugar nas regatas, conquistando troféus para a Entidade que representavam e medalhas de ouro individuais.
Grande entusiasta da Obra da Associação do Pão de Santo António, de amparo às pessoas da terceira idade, juntamente com a sua esposa D.Josefina, prestaram aquele organismo, relevantes serviços onde durante muitos anos colaboraram em todas as promoções para angariar fundos para a manutenção dessa notável entidade filantrópica.
Homem notável e de boas maneiras, apesar de tudo não esquecia a sua terra, sempre pronto a contribuir quando havia iniciativas a favor dela.
Faleceu no Hospital da Beneficiente Portuguesa em Belém - Brasil, em 23 de Março de 1974, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos que longe se notabilizou.

* Eugênio Leitão de Brito

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Emídio Gomes Figueiredo
1897 - 1969

Nasceu em Loriga, e era filho de Manuel Gomes Figueiredo e de Maria Gomes Lages. O "Ti Emídio Correia" como popularmente era mais conhecido, foi um dos maiores pastores da Serra da Estrela, senão mesmo o maior e foi, na realidade, uma referência tradicional dos tempos passados dum pastor loriguense verdadeiramente serrano.
Pai de oito filhos, era um homem bom, honrado e simples, era conhecido por todos e com todos ele gostava de falar. A dedicação aos seus rebanhos era algo de impressionante, procurando para eles os melhores pastos que pudessem existir por toda a serra.
A serra era o seu mundo, onde passou toda a sua vida como pastor, sendo considerado por muitos, o último guerreiro lusitano dos Montes Hermínios. Ao longo da sua vida teve sempre muitas histórias para contar da serra e dos seus cães, autenticas aventuras, que os mais novos as ouvindo as tornaram lendárias.
Praticamente desde criança trabalhou no campo, vivendo da agricultura, mas foi à pastorícia que ele dedicou toda a sua vida, passando metade do ano na serra sem vir à povoação, onde guardava a maioria dos rebanhos da região, chegando mesmo a ser o pastor com o maior rebanho na Serra da Estrela. Há relatos até que dão conta de ter à sua guarda cerca de 10.000 cabeças de gado.
Para os seus conterrâneos, o
"Ti Emídio Correia", era um símbolo, e tinham por ele enorme admiração e respeito. A sua fama de grande pastor era bem conhecida por todos, tendo um dia sido fotografado, assim como, seu irmão Manuel, também ele um grande pastor, passando a partir de então a figurarem em postais ilustrados como pastores modelos da serra, postais esses que passaram a fazer parte das séries da Serra da Estrela.
Conhecia a serra palmo a palmo, percorria caminhos que só ele conhecia, bem como conhecia todos os segredos e mistérios desse mundo serrano que, apesar de ser rude ele o adorava e considerava seu, mesmo, quando uma ou outra vez se sentia frustrado ao sentir-se impotente para lutar com a serra, quando esta era rigorosa e descarregava a sua ira por todo o lado e o impediam de conseguir para os seus rebanhos os melhores pastos.
Com a pele enegrecida pelo sol, e pelas aragens frias e rígidas da serra, ainda hoje muitos dele se recordam, quando, ao escurecer, o viam chegar à povoação ou, mesmo estando em suas casas ouviam os seus passos lentos e pesados, arrastando as suas botas cardadas por brochas, ansioso por chegar a casa, e desfrutar um pouco do calor do seu lar e do amor da sua família. Pela manhã, e bem cedo ainda, lá partia novamente, voltando para o seu mundo, onde só ali se parecia sentir bem.
Num começo de dia, que parecia igual a muitos outros, o velho pastor prepara-se para mais uma saída com o seu rebanho, coloca ao ombro a velha sacola com a "bucha", pega no seu inseparável cajado, prepara-se para se pôr a caminho.
Começa a sentir-se mal, senta-se nos degraus da palheira da Tapada do Amial e, possivelmente deitando um último olhar em seu redor, tranquilamente adormece no sono eterno, quem sabe feliz por deixar esta vida dos vivos, longe da povoação e num mundo que foi todo a sua vida - a serra.
Algum tempo mais tarde é encontrado por sua mulher naquele local, onde parecia existir uma verdadeira paz eterna. Junto dele, o seu cão e fiel amigo, fixava o seu olhar no velho pastor, e chorava parecendo um humano, cenário que não mais foi esquecido por aqueles que ali acorreram. Esse mesmo, cão com tal desgosto, deixou de comer e pouco tempo depois morreu também.
Faleceu com 72 anos de idade, e o seu funeral realizou-se com verdadeiro pesar pelos muitos dos loriguenses que o acompanharam ao cemitério local, onde ficou sepultado.
A serra pareceu também ficar triste, não vendo mais chegar até ela, um dos seus últimos guerreiros lusitanos, o velho pastor de Loriga.

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Pedro Vaz Leal *
1900 - 1964

Natural da Póvoa da Atalaia (Beira Baixa), onde ocorreu o seu nascimento em 8 de Março de 1900.
Completou a instrução primária na sua terra natal, que deixou ainda novo, seguindo com destino a Loriga para se empregar na oficina do Sr. António Ferreira situada no Cabeço. Anos mais tarde casou com D. Alzira Machado natural desta localidade.
Jovem inteligente e com vocação para aprender, depressa adquiriu uns certos conhecimentos da arte de ferreiro, que levaria a tornar-se em pouco tempo num brilhante profissional. Desde logo, e como também era dotado de uma certa ambição, e pretendia alargar os seus horizontes, pensou não ser, a oficina onde trabalhava, um lugar de futuro. Não foi, por isso, de estranhar a sua mudança para outro lugar, partindo para perto de Lisboa, onde se empregou desempenhando a profissão de ferreiro, dando ainda assistência às máquinas agrícolas nas quintas dessa região.
Em 1931 regressa a Loriga para trabalhar por conta própria e, com alguma ajuda, alugou a velha forja do Cabeço, iniciando assim um trabalho cujo crescimento era bem visível e, a partir daí não mais parou. Não se contentando só em trabalhar para Loriga, depressa alargou o seu trabalho para o exterior, não tardando mesmo a ser um dos fornecedores mais creditados das Minas da Panasqueira, sendo ainda no Cabeço, o construtor das primeiras vagonetas para transporte do minério.
Aumenta os quadros do pessoal, abre uma nova oficina já mais moderna no Terreiro da Lição, junto com a sua habitação onde sempre viveu. A expansão da sua firma continua a registar grandes progressos, por isso resolve fazer uma fundição na Vista Alegre com serviço automóvel e venda de combustível, acabando mais tarde por fazer novas instalações para onde passaria todos os serviços. Anos mais tarde, e já depois da sua morte, a sua empresa viria adquirir a antiga Fábrica das Lamas podendo, assim, alargar-se ainda mais em Loriga.
Sempre caracterizado por trabalhador patrão, teve sempre presente a preocupação de que os seus empregados adquirissem cada vez mais conhecimentos e melhor valorização profissional. Por isso mesmo, a sua Oficina passou a ser uma Escola Técnica que proporcionou, a muitos jovens que por lá passaram, a profissionalização naquela área.
A Metalúrgica Vaz Leal, foi uma das maiores Firmas de Loriga, e chegou a ser uma das principais do distrito da Guarda e uma das melhores do Concelho de Seia.
Era casado com Alzira Gomes de Pina Leal (28.8.1906 - 7.9.1961) virtuosa senhora de bondade para com os pobres. Aos 64 anos, e após doença prolongada, em 7 de Junho de 1964 morre o Sr. Pedro Vaz Leal. Ficou sepultado em Loriga, à qual ficou para sempre ligado e que, apesar de não ser natural desta localidade ele dizia ser também sua. Na realidade, assim pareceu ser, tendo sido considerado um dos maiores obreiros no desenvolvimento da Vila de Loriga, pelo contributo dado ao longo da sua vida.

*Albrito

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Francisco Mendes Campos *
1901 - 1957

Nasceu em Loriga em 18 de Fevereiro de 1901, ficando orfãm de pai e mãe, ainda com tenra idade. Foi uma personalidade de destaque na Colónia Loriguense de Belém, nas décadas de 1920/50, distinguindo-se como homem de letras, contribuindo também em muitas iniciativas em prol da sua terra.
Após a morte dos seus pais, passou a ser criado aos cuidados da avó paterna Emília, que lhe dispensou especial carinho pelo que lhe ficou muito grato, manifestando publicamente, isso mesmo, num sentimental artigo publicado no "Jornal Lusitano" editado em Belém e no qual foi secretário.
Foi para Belém do Pará, antes de 1920, onde possuía um tio paterno e outros familiares, formou-se na Escola Prática de Comércio, mantida pela Associação Comercial do Pará, e na qual foi um dos mais brilhantes alunos.
Ainda muito cedo manifestou a sua inclinação para o ensino, sendo um excelente mestre de português e de contabilidade, exercendo o magistério na Escola Prática, Phenix Caixeiral Paraense, Grémio Literário Português e Curso Ciências e Letras. No Grémio foi vice-presidente e director de curso.
Foi sócio e pertenceu aos corpos administrativos da Beneficente Portuguesa, Associação "Vasco da Gama", Tuna Luso Comercial, Liga Portuguesa de Repatriação, Phenix Caixeiral e Grémio Lusitano.
Foi durante muito tempo um assíduo colaborador dos jornais "Lusitano" e "A Colónia" com artigos patrióticos e em defesa de portugueses que eram vítimas de ataques e perseguição de uma minoria dotada de xenofobia.
Embora muito novo os seus artigos demonstravam fina sensibilidade. Assim os artigos "À minha Mãe além-túmulo"; "À minha Avó"; "À minha afilhada Vitória" outro sobre o escritor Gomes Leal e ainda uma réplica ao Padre Dubois por causa do poeta Guerra Junqueiro e, também pelo que escreveu contra o Marquês de Pombal, essas réplicas demonstraram grandes conhecimentos e uma maneira própria de o descrever.
Em 1923 transferiu-se para Recife, onde se manteve pouco tempo, regressando novamente a Belém. Exerceu o cargo provisório de arquivista no Consulado de Portugal onde a sua inteligência e zelo nas funções ali desempenhadas, eram bem reconhecidas por todos.
Viria a falecer ainda novo em 3 de Dezembro de 1957, no Hospital de D.Luiz I em Belém - Brasil, tendo sido sepultado no cemitério de Belém. Loriga foi o seu berço, mas foi em terras distantes que viveu e se notabilizou, e onde ficou também eternamente.

* Eugênio Leitão de Brito

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José Fernandes Conde *
1901 - 1972

Nasceu em Loriga em 16 de Maio de 1901, filho de António Fernandes Conde e de Ana Mendes de Moura.
Foi durante muitos anos o varredor das ruas de Loriga e também coveiro com a nobre missão na
"Obra de Misericórdia" de enterrar os mortos. Além disso tinha como todos os muitos seus conterrâneos na época, a natural habilidade de trabalhar as pedras.
Homem robusto, de caris temperamental, no interior era um coração de bondade. Cumpridor como poucos, era vê-lo logo pela manhãzinha orientando as águas nos regos, cujos canos ficavam entupir com lixos domésticos, que as mulheres ainda lusco-fusco deitavam nas águas correntes. As carências económicas e outras originavam que as pessoas fossem menos limpas. Era assim no tempo em Loriga com cerca de 4000 almas, tiremos daí as conclusões sobre a lida deste homem.
Brioso, varria as rua como ninguém. Era vê-lo constantemente a fazer as suas próprias vassouras, com ramos de azinho e quando encontrava os miúdos nos regos a fazer traquinices, desviando-lhe as águas, corria-os com estas palavras
"ide embora senão levais com o vassouram".
Como coveiro tratou do cemitério de Loriga como poucos o fizeram. As campas na altura eram na maioria térreas, e o
"Ti Zé Conde" a todos tratava com o mesmo carinho. Sabia quem tinha sido sepultado em cada côvado e por ordem de datas, tinha na sua cabeça aquilo que a Junta de Freguesia devia ter no papel, e não tinha. Quantas vezes este homem se levantou no meio da noite para abrir covas sozinho, debaixo de chuva e vento, para os funerais a realizar logo de manhã cedo.
Mal pago pela Junta de Freguesia ignorado ao dever que tinham para com ele, sujeitava-se a receber alguma coisita que no dia dos finados lhe depositavam no bolso. Quem não se lembra de o ver à porta do cemitério, recebendo os seus mortos, com o chapéu na mão em sinal de grande veneração. Foram muitos anos e, muitas as centenas de Loriguenses que este homem desceu à terra.
Era casado com Maria dos Anjos Brito Conde, tiveram quatro filhos, José, António, Adélia os três já falecidos e Maria do Carmo ainda viva.
Deixou o reino dos vivos em 20 de Janeiro de 1972, tinha 71 anos de idade, sendo sepultado no
seu cemitério que tantos anos da sua vida ali passou. Os Loriguenses viram assim partir um dos seus conterrâneos, que se a sepultura aos mortos é sem dúvida uma obra de misericórdia, este homem pelas que praticou na sua terra, está de certeza junto do Misericordioso Deus, gozando a eterna Paz.
*Albrito (Ano 1999)

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Constança de Brito Pina
1901 - 1981

Grande parte da sua vida dedicou
A quem vem ao mundo é para viver
De mãos suaves e até milagrosas
Muitos Loriguenses ajudou a nascer

Nasceu em Loriga no dia 9 de Junho de 1901, filha de Plácido de Moura Pina e de Maria Tereza Luis de Brito. Foi durante mais de 40 anos a "parteira" da sua terra natal.
Eram épocas há muito passadas, quando os nascimentos das crianças tirando uma ou outra excepção ocorriam nos domicílios. Por isso, de maneira alguma se poderá ignorar uma pessoa notável que através dos anos, décadas e gerações, prestou assistência a esses muitos nascimentos e que ficou para sempre registada como uma referência e uma legenda de Loriga.
Com dignidade e amor à sua terra e aos seus conterrâneos, assistiu e ajudou a nascer gerações de loriguenses, ocorrendo ao chamamento a qualquer hora do dia ou noite, nunca se preocupando se a assistência que ia prestar era para rico ou pobre, nunca exigindo qualquer renumeração e, alguma gratificação que lhe ofereciam, era consoante as posses de cada um.
Por tradição era a Sra. Constança que no dia do baptizado, levava ao colo os bebés que tinha ajudado a nascer. Por isso, perdeu o conto de quantos levou à igreja Matriz para receberem o baptismo, dado que foram décadas de anos em que a população se habituou a vê-la com os seus cabelos da cor da neve, a caminho da casa de Deus, sendo até uma das pessoas mais conhecidas de Loriga.
Entretanto os tempos mudaram, e os nascimentos deixaram de ser nas próprias casas e aos poucos foi deixando de ser solicitada. Decorria então o ano de 1975 quando, definitivamente, deixou de prestar assistência de "parteira". Era casada com José Pinto Romano.
Faleceu em 22 de Abril de 1981, ficando Loriga mais pobre ao ver partir, de certeza para o Céu, a mulher que durante uma vida inteira, foi a primeira a ver um Loriguense a nascer.

Nota:- No dia 15 de Agosto de 2002, numa homenagem singela, esta figura passou a fazer parte na Toponímia de Loriga, ao ser atribuído o seu nome a uma das ruas desta localidade.

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José Mendes Garcia *
1901 - 1985

Nasceu em Loriga, no ano de 1901, filho de José Mendes Garcia e Maria Teresa Garcia.
Homem simples, dotado de um coração generoso e uma alma grande. Trabalhador da industria de lanifícios no sector da ultimação, quedou de velho quando as portas do seu "Regato" não mais se abriram para voltar a sentir o martelar dos seus pisões.
Ao falar-se no "Ti Garcia" como popularmente assim era chamado, com naturalidade é recordado ligado à "Amenta das Almas". A ele se ficou a dever, pelo seu desempenho, preservação e continuação desta mais antiga tradição que Loriga se orgulha de ter.
De uma voz grave, taciturna, monocórdica, cantou vezes sem conto, pedindo orações pelos mortos, durante cerca de 60 anos, em todas as semanas quaresmais de cada ano.
Com ele cantaram várias gerações que seria difícil aqui descrever. Nunca faltava, até porque o ajuntamento se fazia na sua modesta casa, onde nunca faltava os figuitos e a aguardente que carinhosamente a esposa, Tia Cândida, deixava já em cima da mesa toalha de branco.
Para o "Ti Garcia" cantar a "Amenta da Almas" era como que sagrado. Essas noites da quaresma, para ele, era de grande respeito, exigindo mesmo a todos que o acompanhavam, um silencio sepulcral, dizia ele, que só assim os corações podiam ouvir e rezar. Distribuía os pontos, para cantar, sempre com a aprovação de todos, porque ninguém teria a coragem de contrariar o homem cujo exemplo era o próprio a dar.
Muito crente e devoto, era homem de bem. Se a Fé a todos acompanha, não deverá haver dúvidas, que este homem não pode estar noutro lugar senão junto a Deus.
Após a passagem do centenário do seu nascimento, foi finalmente prestada uma justíssima e singela homenagem, pena foi, ter pecado por tardia. Em 8 de Março de 2003, a Junta de Freguesia de Loriga, mandou colocar uma placa evocativa, na casa onde viveu durante grande parte da sua vida, perpetuando assim para as gerações vindoiras o nome desta figura loriguense.
Foi casado com Maria Cândida Martins de Ascenção, e desse casamento tiveram os filhos:- António, Emidio, Eduardo, Mário, Laurinda e Irene.
Faleceu em 17 de Agosto de 1995 na Guarda, o funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado, sendo muitos os loriguenses que o acompanharam à sua última morada. Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos, que muito lutou para que a tradição mais antiga desta localidade não morresse e para que continua-se a manter-se bem viva de geração em geração.

* Albrito

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Alfredo Nunes Luís
1903 - 1983

Nasceu em Loriga a 22 de Outubro de 1903, filho de Joaquim Nunes Luís e de Maria Antunes de Moura
Desde sempre notabilizou-se na área de lanifícios, distinto empresário de trato fácil e de uma maneira própria de estar na vida, onde despontava nele uma personalidade bem vincada e com um educação extrema que o distinguiam além do empenho e dedicação em tudo que fazia
Em 1924 e apenas com 21 anos faz uma sociedade com o seu irmão António Nunes Luís e o cunhado António João de Brito Amaro e mais tarde em 1929, criam a Fábrica do Pomar "Nunes Brito" que depois em 1948 dá origem à fundação (17 de Fevereiro de 1948) da Firma "Nunes, Brito & Companhia Limitada" de capital social de 252.000$00, com ele a ter uma das quotas principais (48.000$00) e onde continuou na gerência juntamente com os familiares que faziam parte da sociedade.
Adorava a sua terra estando sempre disponível para poder contribuir no seu desenvolvimento e estava sempre pronto para participar em organismo, eventos, ou no que quer que fosse, em prol da comunidade, nomeadamente, para com a igreja à qual dedicou muito da sua vida.
Muito religioso e cristão convicto durante muitos anos fez parte da Comissão da Fábrica da Igreja. Foi Zelador do Apostolado da Oração dos Homens, Fez parte da liga Eucarística dos Homens, não faltava a nada relacionado com a igreja, onde o seu contributo era mais que relevante.
Ficou na memória o trabalho de reorganização que fez na Irmandade das Almas e do Santíssimo Sacramento das Almas de Loriga, pertencendo a diversas direcções e durante anos a fio era mesmo uma presença de referência neste organismo loriguense.
Fez ainda parte de outros organismos de Loriga e foi um dos grandes impulsionadores, pertencendo mesmo a várias comissões das Festas da Vila de Loriga realizadas na década 50/60, as maiores festas que se realizavam na região e mesmo a nível do distrito, que ainda hoje predomina e se mantêm bem viva nas recordações de muitos loriguenses, que as continuam a considerar de terem sido as maiores festas realizadas em Loriga desde sempre.
Muito devoto à família e à Igreja o Alfredo (Lisboa) com popularmente era assim conhecido, tinha uma característica própria de ser muito íntegro e correto, por isso, ser muito respeitado e admirado pelos seus conterrâneos. Casado com Floripes Gouveia Neves Nunes (falecida em 20 de Agosto de 2002) uma distinta senhora também ela muito dedicada à Igreja da sua terra e, durante a sua vida fez também parte de várias associações religiosas. Tiveram sete filhos.
Faleceu em 1 de Outubro de 1983, com 80 anos, vendo Loriga desaparecer um dos seus filhos, que muito contribuiu no desenvolvimento e ao qual Loriga muito ficou a dever. O funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado.

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Abílio Luís Ramalho *
1903 - 1974

Nasceu em Loriga a 8 de Março de 1903, filho de António Luís Ramalho e de Amélia Pina Calado.
Notabilizou-se pela sua luta sindicalista em prol dos benefícios a que os trabalhadores tinham direito, nomeadamente, na reivindicação do horário das 8 horas de trabalho.
Muito cedo foi trabalhar na indústria de lanifícios da sua terra, mas sempre envolto num espírito de revolta com tudo o que achava errado no relacionamento de trabalho. Loriga tinha, na altura, mão-de-obra em demasia, e quando a oferta é superior à procura, dá-se um desequilíbrio desfavorável na uma das partes. Quem perdia era, sem dúvida, a classe trabalhadora.
Na altura horário de trabalho não existia: trabalhava, recebia; não trabalhava, não havia nada para ninguém. Caixa de Previdência, Fundo de Desemprego, Férias, Feriados, nada, absolutamente nada. Note-se que todas as fábricas no tempo eram movida pela força da água e, no Verões secos a ribeira de S. Bento quase secava, aí os patrões recusavam-se a pagar os tempos de paragem por falta de água. E quantos problemas à volta da falta de água. Os agricultores construíam poças por aquela ribeira acima, os patrões mandavam destruir por operários "bem mandados".
O jovem Abílio Ramalho rejeitou sempre fazer tal trabalho, e apontou sempre o dedo a quem
o fazia, informando os agricultores dos que tinham sujados as mãos. Mas outros problemas o preocupavam mais. A falta de um horário de trabalho, e a prática do trabalho de sol a sol, que começava cerca das 6 horas da manhã, e se estendia até às 20 horas num total de 12 horas aproximadamente, revoltavam o Abílio da "Amélia" também assim conhecido.
O Padre Lages na altura tinha então dado cobertura à criação da Associação Católica de Operários e Artistas, com fins duvidosos, da qual nada resultou de benefício para a classe trabalhadora de então, mais por causa de algumas pessoas colocadas à sua frente. Esta Associação funcionou na casa ainda hoje conhecida por "Casa do Jesué", e é ali que o jovem Abílio Ramalho, mais os seu companheiro Manuel Russo aprenderam as primeiras letras.
Começa, então na Covilhã a luta reivindicativa de 8 horas de trabalho diário, iniciada em princípio por uma organização anarco-sindicalista, e seguida pelo Movimento Nacional Sindicalista, fundada recentemente pelo jovem doutor regressado de Lovaina, Francisco Barcelos Rolão Preto, cuja célula em Loriga era constituída por Abílio Ramalho, Manuel Russo e Abílio Melo.
Estes três jovens deslocavam-se a pé por essa serra fora até à Covilhã, para reuniões várias, estendendo por esta via a luta travada em Loriga. Contava que numa dessas idas à Covilhã teve de fugir, pois todos os seus camaradas de luta tinham sido presos nessa noite, e levados para nunca mais voltarem. Ainda hoje se desconhece o que Salazar lhes destinou.
Abílio Ramalho, reivindicador convicto, anarco-sindicalista por tendência, não tinha medo de envergar a camisa azul com a cruz vermelha, símbolo da organização a que se orgulhava de pertencer, desafiando assim o patronato da sua terra.
Alguns operários ingratos chamavam-lhe o "Testa de Ferro", quando, afinal, este homem não lutava só por si. O Abílio esteva convicto e sabia que os camaradas operários o iriam trair. Uns, acasulavam-se no medo e na ignorância, outros, protegidos pelo capote do patrão, bocejavam aldrabices para continuarem protegidos com a benzedura do caciquismo.
Entretanto, o horário foi conquistado. Mas... daí até a sua aceitação foi ainda um grande passo. Criada uma multa para os não aderentes, Abílio Ramalho acusa os seus próprios patrões por falta de cumprimento, e a firma Lages é multada em 500$00. Conhecendo o facto reúnem-se os patrões e decidem impor ao patrão José Lages o despedimento do seu operário, e ficou ali acordado ninguém lhe dar trabalho, obrigando-o assim a sair de Loriga.
Nenhum dos seus camaradas de trabalho se levantou contra essa injustiça. Cobardemente, deixaram que o Abílio partisse, carregando a sua pesada cruz, e não apareceu Cireneu algum que o ajudasse.
Parte para Sacavém, com dois filhos nos braços, e a esposa carregava um outro na barriga. Homem duro, não quebrava facilmente. Arranja trabalho na fábrica dos adubos, carregando vagões de sacos de 100 Kg às costas. Passa por lá muitas dificuldades para sustentar a família.
Habita um a barraca, em Sacavém, feita de madeira apodrecida, que o vendaval numa noite lhe destrói, passando o resto da noite com a esposa e os três filhos debaixo de cartões, gemendo as crianças toda a gélida noite.
Por lá aguenta alguns anos, até que chega a segunda guerra mundial, e por volta do ano de 1942 regressa a Loriga, a convite do seu irmão José da "Amélia", para explorarem volfrâmio na serra. Manteve-se na serra até final da guerra, quando o volfrâmio deixou de interessar.
Decorridos estes anos, o "ódio" ao Abílio da "Amélia" tinha ficado diluído, o muito trabalho nas fábricas era evidente. É então que o Sr. Cardoso de Moura e o Sr. Carlos Cabral (pai) decidem empregá-lo na Fábrica Nova, onde se manteve até à reforma.
Pesaram-lhe os anos, mas ficou-lhe sempre o mesmo ideal. Nunca vergou a ninguém. Impunha-se pelo seu trabalho e verticalidade. Nunca aceitou bem os sindicalistas corporativistas que algumas vezes segredou de "Casa dos Fantoches".
Foi um apaixonado da Corporativa Popular de Loriga, ali se dedicou na arte de cozinhar confeccionando bons petiscos, como dobrada, febras fritas ou ainda iscas de cebolada, com os quais muitos se consolavam e que hoje ainda alguns se recordam.
Abílio Luís Ramalho faleceu em 16 de Julho de 1974, com 71 anos de idade, Loriga viu partir um dos seus filhos, homem vertical, que nunca torceu e a quem o operariado da sua terra muito ficou a dever. O funeral realizou-se para o cemitério local onde foi sepultado e ficou a descansar em Paz, ao fim de uma vida de luta pela justiça no trabalho e pelas justas e dignas reivindicações em prol de todos os trabalhadores da sua terra.

* Albrito

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João Mendes Oliveira
1906 - 1961

Nasceu em Loriga em 9 de Novembro de 1906, filho de João Oliveira e de Maria do Carmo Jorge de Moura.
Notabilizou-se na profissão de pedreiro, dando continuidade à profissão que já seu pai desempenhava. Foi um verdadeiro mestre na arte de trabalhar a pedra, deixando mesmo obras que ainda hoje se podem observar destacando-se algumas obras em que participou - Campo de Futebol, Fábrica Nova, várias Palheiras, Bairro da Vista Alegre e em várias casas um pouco pela povoação.
Foi um homem humilde e trabalhador, numa terra marcada por socalcos, onde os degraus construídos nos montes para se plantar, João "Ruas" (como popularmente era mais conhecido) empregava a sua mestria que se fazia notar nas tarefas que executava, onde podemos realçar os trabalhos executados nos "combaros" ou muros das "courelas", alguns com cinco metros de altura, que se transformam em obras de rara beleza e se confundem com a própria natureza quando contemplamos a paisagem.
Podemos até considerar uma "imagem de marca" na sua terra. Esta sua vocação para os trabalhos com a pedra era já uma herança dos seus antepassados. O nome de seu pai ficou sempre ligado à construção das belas fontes que ainda hoje vemos nesta vila que foram oferecidas pela comunidade loriguense de Manaus - Brasil.
Homem de bom coração, que os seus dez filhos lembram com muito carinho e saudade, sendo relembrado pelos mais antigos como um dos maiores pedreiros existentes em Loriga.
Um trabalho verdadeiro duro, onde o pó da pedra que ele tanto trabalhava, seria por certo, também muito prejudicial para a saúde, por isso o facto de uma vida menos saudável, falecendo ainda novo com apenas 55 anos.
Faleceu a 24 de Agosto de 1961, vendo Loriga desaparecer uma figura que deixou na pedra, uma marca que figurara para sempre perpetuado, na história da sua terra.
O funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado.

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José Nunes de Pina
1907 - 1993

Nasceu em Loriga no dia 20 de Outubro de 1907, filho de Joaquim Brito Pina e de Carolina de Brito Amaro.
Sapateiro de profissão durante praticamente toda a sua vida, foi um verdadeiro mestre na arte de trabalhar com os sapatos, atingindo mesmo certa fama, primeiro em Campolide - Lisboa, onde durante alguns anos trabalhou como sapateiro por conta própria e, mais tarde na Amadora onde durante muitos anos e também por conta própria, viveu e trabalhou.
Órfão de pai com apenas 4 anos de idade, teve nos ensinamentos da sua mãe e nos ensinamentos da vida os valores fundamentais para superar as dificuldades da época, tendo como ponto essencial andar na escola para aprender a ler, escrever e a contar
.
Aos 17 anos fugiu a pé de Loriga para Lisboa, juntamente com mais dois amigos, na procura de uma vida melhor e de futuro, viagem que demorou cerca de 15 dias, deixando sua mãe banhada em lágrimas. Passado algum tempo regressou, as saudades de sua mãe e da sua terra falaram bem alto ao seu coração, sendo com grande alegria e com as lágrimas a correr na face da sua mãe, que esta o recebeu de braços abertos.
Foi então que se começou a dedicar com mais determinação à arte de sapateiro, tendo para isso contribuído o senhor António
"Folhadosa" um dos maiores sapateiros de todos os tempos em Loriga, conhecido como pessoa de uma bondade impressionante, amigo de seu amigo, um verdadeiro e grande mestre de trabalhar na arte de sapateiro, que foi para o jovem José Nunes de Pina o seu grande mestre.
Na década de 1930/40, o José Nunes de Pina o
"Zé Palha" como era assim conhecido, alcunha que doou do seu pai, porque era o vendedor de palha em Loriga, começou a ter a paixão de fazer balões artesanais com iluminação, para lançar nos dias das festas, um meio de divertimento e que segundo relatos da época era mesmo um perito nessa matéria. Os seus balões bem concebidos e devidamente iluminados subiam bem para o céu, um espectáculo lindo que dessa forma abrilhantavam as festas em Loriga e nos arredores.
Casado com Aurora Lopes Martins e com 5 filhos, em 1948 deixa Loriga com destino a Lisboa, parte só procurando uma vida melhor para conseguir melhor sustento para a família, que em Loriga se estava a tornar mais difícil de conseguir. Começou por trabalhar por conta de outros, mas pouco tempo depois começou a trabalhar por conta própria, tornando-se mesmo muito conhecido.
Logo nesse ano quando chegou a Lisboa foi o primeiro aderir e foi o verdadeiro entusiasta para a realização do 1º. Convívio Loriguenses realizado em Lisboa, que num almoço efectuado no Restaurante Castanheira em Alvalade, juntou muitos loriguenses, famílias e amigos que residiam em Lisboa e Sacavém.
Uniu-se à comunidade loriguense em Lisboa de alma e coração, desde logo e após à sua chegada à capital, passando a conhecer toda a gente onde também passou a ser muito estimado e admirado pelos seus conterrâneos. Passou até a ser bem conhecido pela sua assídua presença, quando morria algum loriguense, nunca faltando ao velório ou funeral, era só ter conhecimento de alguém morrer, lá ia ele onde quer que fosse em Lisboa e mesmo nos arredores.
Nos últimos anos da sua vida uma enorme vontade de voltar para Loriga sobrepunha-o a tudo na vida, onde ficou bem na memória de muitos aquela sua frase
"nem se morre nem nada" com que brindava em brincadeira os amigos e a quase para toda agente.
Faleceu no hospital de Seia em 11 de Julho de 1993, após algum tempo já doente, tinha 86 anos. Era um domingo risonho de sol, como ele tanto gostava. Loriga viu assim
partir um dos seus filhos que tanto da sua terra falava e os loriguenses viram partir um seu conterrâneo que tanto estimavam.
O funeral realizou-se em Loriga no dia seguinte, ficando sepultado no cemitério local onde passou a repousar em Paz.

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António Moura Pina *
1907 - 1988

Nasceu em Loriga em 15 de Setembro de 1907. Ainda novo foi aprendiz de tecelão, mas foi a profissão de sapateiro que ele viria desempenhar durante toda a sua vida, que o tornou um grande oficial nesta arte e com certa fama nos arredores.
Homem popular e de boas maneiras, notabilizou-se por uma juventude de boémio, trovador, comediante, cantando serenatas que deleitavam os ouvidos das moças dos anos da década 1920 em Loriga. Nos bailes, vestia-se de mulher, fazendo critica de tudo que lhe parecia errado na sua terra sendo, por isso intitulado de "desavergonhado".
Sempre de grande dedicação à música, passa pela Banda de Musical, ensina ainda viola e bandolim a muitos estudantes que se reuniam na sua sapataria que, mais parecia um local de verdadeiros concertos musicais, sobrando-lhe ainda tempo para fazer parte do Grupo Coral da igreja matriz, tocando o órgão.
Verdadeiramente religioso, foi sempre um fiel servidor da igreja, ensaiado diversos grupos litúrgicos, sendo até um dos fundadores da Liga Eucarística dos Homens. Durante muitos anos exerceu ainda as funções de zelador da Irmandade, cargo que desempenhou com muita vocação e muita eficiência na organização das procissões, na distribuição das velas, na montagem trabalhosa da Essa ("Ercia" como era assim chamada pelo povo), para os funerais e o respectivo anúncio, logo pela manhã, dando volta à rua com a campainha na mão.
Grande entusiasta pelo teatro amador que se realizava em Loriga, tinha verdadeira jeito na arte de representar, fazendo rir a plateia. Simultaneamente ensaiava e tocava ele próprio as músicas tanto à viola como ao bandolim sem nunca se cansar.
Era Casado com Idalina Mendes Luis (21.4.1911 - 20.8. 1966). O Senhor António "Calçada" como popularmente assim era chamado, foi pai de 9 filhos, vindo a sofrer imenso com a morte do seu filho António, muito perto de ser Padre. Loriga já se congratulava com a ordenação de mais um sacerdote, mas por imposição dos meios eclesiásticos, esta ordenação, não se veio a concretizar. Tudo isto dois anos antes de ter ocorrido a morte deste seu filho.
Apesar de a doença o ir vitimando aos poucos, trabalhou até ao fim da sua vida, com o mesmo entusiasmo de sempre, passa os últimos tempos a caminho da Senhora da Guia e do cemitério rezando o terço. Veio a falecer no dia 27 de Novembro de 1988 e Loriga viu desaparecer um homem do povo que tocou música, cantou, representou, fez rir e provavelmente também fez chorar.

* Albrito

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Mário Lopes Prata
1910 - 2000

Nasceu em Loriga a 3 de Agosto de 1910, sendo filho de Francisco Fernandes Prata e de Eduarda Pinto da Neves.
Foi o sacristão da sua terra durante 48 anos, funções que desempenhava com toda a sua dedicação e onde a sua virtude de homem bom, granjeando ao longo da sua vida a amizade e a estima dos seus conterrâneos, onde em cada um tinha um verdadeiro amigo.
Nascido no meio de uma família muito religiosa, foi baptizado dois dias depois do seu nascimento, ao crescer foi cultivando as qualidades que Deus lhe deu, tornando-se um homem sério, honrado, humilde e respeitador, por isso a admiração que toda a gente tinha por ele.
A sua vida foi toda dedicada à agricultura e à igreja, tendo sido por mero acaso que começou a desempenhar as funções de sacristão. Na década de 1940, o pároco de então, Sr. Padre Prata, pediu-lhe para desempenhar essas funções enquanto o sacristão em actividade se encontrava doente. Assim com a promessa de apenas uns dias, passou a meses, e consequentemente passar depois as desempenhar as funções definitivamente.
Uma maneira serena de estar na vida, a sua calma, a sua postura e o respeito quando estava na igreja, chegava a ser mesmo impressionante, um exemplo a seguir por toda a gente e principalmente por uma juventude que tinha por ele uma certa admiração e respeito.
Foi o Sacristão numa Loriga de outras eras, onde os tempos eram difíceis e em que a população era muito mais, por conseguinte, eram também muitos mais os praticantes. Durante muitos desses anos, foram muitos os padres que ele conheceu, nomeadamente coadjutores que passaram por Loriga, para muitos deles o Sr.Mário Prata, foi mais que um sacristão, era acima de tudo um amigo um conselheiro, que na hora da despedida, não queriam partir sem lhe dar aquele abraço como prova de gratidão
Era casado com a Sra. Maria dos Anjos, tiveram nove filhos, aos quais procurou incutir as mesmas virtudes por ele vividas.
Na companhia de sua esposa e após deixar a sua actividade de sacristão, fixou-se em Coimbra, junto à família e ali viveu durante alguns anos. Viria a falecer no dia 8 de Dezembro de 2000, após doença. O seu funeral realizou-se para a sua terra que ele tanto amava, onde ficou sepultado no cemitério local.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre uma das suas figuras,
o sacristão de muitos anos, ou melhor o Homem, que não queria dar nas vistas, mas as suas qualidade e as suas virtudes ficaram para sempre marcadas numa certa geração de loriguenses.

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Maria dos Anjos Pinto Neves
1912 - 2002

Nasceu em Loriga, em 6 de Março de 1912, filha de Beatriz Pinto Neves, sendo, por isso, mais conhecida por "Dos Anjos da Beatriz".
Foi cozinheira de casamentos, baptizados, aniversários, festas religiosas e outros eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária e, por isso mesmo, a magnifica comida que confeccionava era apreciada por todos.
Durante dezenas de anos cozinhou para as mais variadas festas, tendo sido mesmo, a cozinheira que mais tempo esteve em actividade ao serviço da comunidade loriguense.
Sempre muito solicitada, não só em Loriga, como também para outras terras vizinhas, nunca dizia que não quando à porta lhe batiam a pedir-lhe para ser a cozinheira de qualquer boda que fosse, nunca fazendo preço ao seu trabalho, apenas aceitando o que lhe queriam dar.
Nesses tempos, as pessoas pagavam normalmente com alguns artigos de mercearia e algum dinheiro, no entanto, quando via que as pessoas eram pobres, apenas aceitava a mercearia, recusando-se a receber o dinheiro.
Esposa dedicada e mãe extremosa de nove filhos, que criou e educou com o maior desvelo e carinho, era também uma pessoa muito activa e despachada, parecendo ter sempre qualquer coisa para fazer.
Religiosa convicta, era reconhecida pelas suas qualidades humanas, sendo a sua bondade e a sua sensibilidade para com os mais desfavorecidos, por demais evidente e, por todas essas razões, era muito respeitada pelos seus conterrâneos, que por ela tinham grande admiração.
Faleceu em Loriga no dia 27 de Setembro, com a idade de 90 anos e o seu funeral realizou-se para o cemitério local, onde ficou sepultada. Foram muitos os loriguenses que a acompanharam à sua última morada, ficando Loriga, mais pobre ao ver partir com saudade uma mulher que tão soube exercitar a sua arte de cozinheira do povo.

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Cónego António Antunes Abranches
1913 - 2003

Nasceu em Loriga, em 9 de Dezembro de 1913, filho de José Antunes do Carmo e de D. Leonor Dias de Figueiredo.
Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi para Lisboa com a idade de 12 anos. Dois anos depois ingressou no Seminário de Santarém, para mais tarde frequentar os Seminários pertencentes ao Patriarcado em Lisboa.
Foi ordenado sacerdote no Seminário dos Olivais em 29 de Junho de 1938, seguindo-se tempos de muito trabalho, nomeadamente em outras paróquias, ajudando outros colegas. Poucos meses depois, teve a oportunidade de deslocar-se a Loriga, para finalmente celebrar a primeira missa na terra que o viu nascer.
Estava há ainda à poucos dias na sua terra, quando foi chamado ao Cardeal Cerejeira, sendo então nomeado para ficar ao serviço do Patriarcado de Lisboa, trabalhando em diversas tarefas, nomeadamente na Acção Católica.
Seria colocado na Paróquia de Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo, por motivo de o Pároco local se encontrar doente, onde se manteve durante cerca de 22 meses, executando ali um trabalho de grande valor.
Foi professor na Escola Central de Graduados da Mocidade Portuguesa e depois na Casa Pia de Lisboa, onde chegou a ser o Capelão-Chefe cargo que desempenhou durante 4 anos.
A partir de Outubro de 1945, foi colocado como Pároco na recém-criada Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma das novas paróquias das chamadas "avenidas novas" e onde se manteve até 1995, chegando, também, a acumular a paróquia de S.João de Deus.
Foram 50 anos como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, ao longo dessas cinco décadas foi de relevo todo o seu trabalho em prol da igreja, e dedicada à sua vida sacerdotal. Sempre de espirito aberto e atento à evolução dos tempos, entregou-se totalmente a promover actividades que pudessem contribuir para uma presença da Igreja no mundo actual, nomeadamente nos meios de comunicação social, como o cinema e a televisão.
Com um acentuado sentido de organização, por onde ia passando, deixava a sua marca em estruturas sólidas que permitiam às pessoas saberem onde situar-se e como tirar o melhor partido para as suas vidas e actividades.
Amava a sua terra e a ela se referia com muito carinho e estima e, sempre que podia, aproveitava para ali passar uns dias de merecidas férias. Tinha imenso gosto em apresentar Loriga aos outros, por isso com regularidade a visitava com pessoas amigas e das suas relações. Em 1988, chegou mesmo a levar a Loriga, em visita particular, o Sr. Cardeal D. António Ribeiro.
Gostava de ir a Loriga para assistir à Festa da Nossa Senhora da Guia, onde muitas das vezes foi o pregador. A sua voz forte e dinâmica, prendia todos aqueles que o escutavam, e que parecia chegar para além do recinto e da catraia.
Durante 50 anos como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma grave doença impossibilitou-o, nos últimos anos da sua vida, de poder continuar a desempenhar essas funções paroquias, bem como, de visitar a sua terra como tanto gostava. No entanto permaneceu com o título de Pároco Emérito desta Paróquia, até ao fim da sua vida.
Faleceu em Lisboa no dia 21 de Abril de 2003, tendo sido realizada na igreja de Nossa Senhora de Fátima, a missa do seu falecimento, que foi presidida pelo Cardeal de Lisboa D. José Policarpo. No dia seguinte o seu corpo seguiu para Loriga onde foi realizado o funeral, sendo sepultado no cemitério local na campa da Mãe, como era seu desejo. Ficando esta localidade mais pobre ao ver partir um dos seus filhos que, notabilizando-se longe dela, nunca a esqueceu.

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Manuel Gomes Leitão Júnior *
1914 - 1990

Natural de Loriga, onde nasceu em 30 de Maio de 1914, era filho de Manuel Gomes Leitão e de Maria do Carmo Nunes Cabral, também naturais de Loriga.
Verdadeiro bairrista e grande amigo da sua terra, a par da sua actividade como industrial de renome, na área dos lanifícios, desenvolveu outras actividades para as quais estava naturalmente vocacionado, e que estavam relacionadas com a sua paixão pelas letras.
Assim, foi correspondente do Diário de Coimbra, onde escreveu algumas rubricas, bem como em outros jornais prontificando-se, sempre que se justificasse, a escrever sobre a sua terra.
Estudou na Covilhã, onde concluiu o curso de Debuxo na Escola Campos de Melo. No entanto o âmbito da sua actividade profissional como industrial de lanifícios era mais alto, alargando-se a outras áreas. A ele se ficou a dever a organização da primeira fábrica de malhas em Loriga, que viria a ser de grande importância num novo desenvolvimento industrial desta localidade.
Muito dinâmico desejando o melhor para a sua terra, estava sempre pronto a contribuir em tudo o que estivesse ao seu alcance. Foi director da Banda Musical, foi Juiz da Irmandade das Almas, sendo ainda um dos grandes impulsionadores na construção do bairro social Eng. Saraiva e Sousa, hoje Vista Alegre, assim como teve grande influência na instalação de um Posto da GNR em Loriga.
Fundador do Grupo Desportivo Loriguense onde, por diversas vezes, fez parte dos corpos sociais, era um grande apaixonado pelo futebol, tendo mesmo criado, nesta colectividade, as melhores equipas de sempre. Para além disso, sonhava também com a existência de uma juventude culturalmente desenvolvida na sua adorada terra.
Com 35 anos de idade foi Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, onde executou um trabalho brilhante apesar das dificuldades da época, nomeadamente no que diz respeito a algum saneamento básico da povoação. Foi também o grande obreiro do "deita abaixo" dos balcões (incluindo o seu), que existiam um pouco por toda a Vila e que, em grande parte, dificultavam o acesso a muitas das ruas e becos. Tinha ainda como um dos seus maiores anseios conseguir dar à Vila de Loriga, o asseio, a beleza e a cultura da sua gente.
O Sr. "Manuelzinho" como assim era chamado pelo povo, passou os últimos anos da sua vida em Lisboa. No entanto, nunca esqueceu a sua terra, onde quis descansar para sempre, junto dos seus pais, vendo Loriga partir em 27.03.1989, um dos seus filhos que muito fez para o seu desenvolvimento e progresso.

* Albrito

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Herculano Brito Leitão
1914 - 1997

Nasceu em Loriga; em 12 de Agosto de 1914, e era filho de José de Brito Crisóstomo e de Maria do Anjos Leitão Brito.
Um verdadeiro bairrista que, apesar de estar afastado da sua terra, tinha-a junto ao coração e queria para ela o que de melhor pudesse haver. Sempre que tinha conhecimento das várias carências existentes em Loriga, tudo fazia para conseguir que essa carência fosse ultrapassada, estivesse onde estivesse.
Notabilizou-se por ser o grande impulsionador e fundador dos Bombeiros Voluntários de Loriga, uma das carência existentes na sua terra, concretizando, assim, não só o seu sonho, como um sonho de todos os loriguenses.
Homem amigo do seu amigo, era de ideias firmes e claras, colocando nos seus objectivos naquilo que que acreditava. Os Bombeiros para Loriga eram uma prioridade mas, para a pôr em
prática, teve que percorrer um longo caminho, dirigiu-se aos organismos competentes, venceu a burocracia, socorreu-se de gente influente para esse efeito, mas também debateu-se com algumas frustações. Contudo, no final, viu o seu trabalho recompensado com a fundação da Associação do Bombeiros Voluntários de Loriga, em 16 de Abril de 1982, o maior organismo criado em Loriga nas últimas décadas.
Tinha apenas 12 anos quando foi para o Brasil, na companhia da sua família, passando a viver na cidade de Belém-Pará. Por lá se manteve durante 25 anos, não esquecendo nunca a sua terra e o seu berço, também por lá notabilizou-se em iniciativas em prol de Loriga.
Regressou a Loriga na década de 1940, tendo fundado na sua terra a Sociedade Industrial de Malhas e a Sociedade Comercial Irmãos Leitão Lda. Mais tarde partiu para Lisboa onde se fixou, para tempos depois se radicar definitivamente em Santarém, onde permaneceu largos anos e onde veio a falecer, no ano de 1997.
Do casamento com D.Inadina Ferreira Leitão, tiveram dois filhos António José Ferreira Leitão e Maria de Fátima Ferreira Leitão. Viria a ter um segundo casamento com Maria Eugénia Madeira Pereira Leitão.
Depois de ter concretizado o sonho dos Bombeiros de Loriga, num novo desafio se envolveu. Desta vez, era no projecto de um Jornal para Loriga, uma ideia pela qual também muito viria a lutar, sem no entanto, poder ver a sua concretização.
Apesar de ter a convicção de que o projecto do Jornal não seria fácil, não era, no entanto, pessoa de desistir logo que surgissem os primeiros obstáculos. Mas também foi certo, que estaria longe de imaginar as complicadas barreiras que lhe apareceram pelos caminho e que foram difíceis de ultrapassar e, que contribuíram para atrasar todo esse processo, nunca chegando a concluir o sonho então idealizado do projecto, que era a fundação do jornal "Noticias de Loriga".
Faleceu no dia 13 de Abril de 1997, em Santarém, onde foi sepultado no cemitério local. Aí se deslocou uma delegação dos Bombeiros Voluntários de Loriga, para o acompanhar à sua última morada, assim homenageando esta figura loriguense, num gesto de sentimento e gratidão, a quem os Bombeiros e Loriga muito ficaram a dever e que de maneira alguma poderá ser esquecido.
Herculano de Brito Leitão foi, pois, uma Figura de Loriga, que ficou ligada aos Bombeiros da sua adorada terra, passando a ser uma referência desta instituição como fundador Nr.1. Por isso é bem ilustrativo e de justiça a sua fotografia figurar nas paredes da sede desta corporação.

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Joaquim Gonçalves de Brito
1915 - 2001

Nasceu em Loriga, em 15.08.1915, filho de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito.
Bairrista convicto, que tanto amava a sua terra e, que por ela sempre lutou e fez tudo o que estava ao seu alcance para o seu desenvolvimento.
Ainda muito novo, começou a trabalhar como empregado de escritório, em Loriga, e depois em Coimbra, no armazém de Lanifícios do industrial Sr. Carlos Cabral Leitão.
Ainda rapazinho, foi contínuo na Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga, uma Associação destinada apenas à classe alta desta Vila, tais como, médicos, industriais, professores, padres etc. Esta sociedade seria mais tarde extinta dando lugar à Sociedade Loriguense de Recreio e Turismo, onde o Sr.Joaquim "Alho", como popularmente era conhecido, viria a fazer parte das diversas direcções.
Fez parte de quase todas as direcções dos organismos de Loriga, sendo mesmo um dos fundadores do Grupo Desportivo Loriguense, pertencendo aos diversos Corpos Gerentes que por lá passaram. Na época, a fundação deste Clube, foi de grande importância para esta localidade a qual teve, como finalidade, atrair para o desporto, a grande massa de jovens existente nesta Vila preenchendo, assim, de forma saudável, os tempos de ócio.
Pertenceu à direcção da Banda de Loriga, quando em 1956, esta associação atingiu um dos pontos mais altos da sua história, ao abrilhantar as Festas da Rainha Santa em Coimbra.
De 1972 a 1976, pertenceu à direcção da Junta de Freguesia de Loriga, constituída por:-António Pinto Ascensão-Presidente, José de Pina Gonçalves-Secretário, e por ele próprio como Tesoureiro. Embora sendo uma época problemática, em que os meios financeiros eram escassos, funcionando sem subsídios, conseguiram levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como uma Vila mais moderna.
Foi também Vereador da Câmara Municipal de Seia, durante quatro anos, sendo responsável pelo pelouro das obras.
Dedicou-se à indústria, pertencendo à Sociedade Industrial de Malhas de Loriga tendo, mais tarde, constituído a firma Gonçalves & Nunes, Lda., uma fábrica de confecção de malhas. Posteriormente, fundou a firma de construção civil, "Joaquim Gonçalves Moura" que teve, no seu irmão José Gonçalves Brito, o seu braço direito e seu sócio. Com a colaboração dos seus sobrinhos, alargou o âmbito de actividade da empresa para outros ramos da construção civil, passando a ser muito reconhecida na região.
Homem de uma calma impressionante, tinha uma maneira própria de estar na vida. Nunca casando, dedicou a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente os sobrinhos. A morte de seu irmão José, após doença prolongada, foi um rude golpe para ele. No entanto, resignado, continuou a orientar e a colaborar com os seus sobrinhos na empresa que se orgulhava de ter fundado.
Sendo uma pessoa muito considerada na Vila e na região, era sempre atencioso com quem se lhe dirigia solicitando ajuda ou orientação para a resolução de qualquer problema.
Faleceu em 31 de Julho de 2001, no Hospital de Viseu, aos 85 anos, e foi sepultado no cemitério de Loriga, sendo recordado pelos Loriguenses, como um bairrista que tanto amou a sua terra.

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António Nunes Ribeiro *
1916 - 2005

Nasceu em Loriga no dia 3 de Julho de 1916, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito Moura.
Depois de concluir a escola primária rumou para a Covilhã, onde estudou e tirou o curso de Debuxo Têxtil na conceituada Escola Industrial Campos Melo. Findo o curso voltou para a sua terra ingressando a trabalhar na Firma Pina, Nunes e Comp. no lugar do Regato.
Mais tarde juntou-se aos tios António e Alfredo, na firma Nunes, Brito & Comp., Lda, onde entretanto, já possuía uma quota de herança do pai.
Oriundo de família de industriais de lanifícios, veio a notabilizar-se pela sua dinâmica e ideias no melhor que sabia, para que o seu trabalho nas firmas fosse o melhor para todos. No campo social, António Ribeiro, cumpriu o seu papel como homem interessado pela sua terra.
De muito novo, foi um dos fundadores e dirigente do Grupo Desportivo Loriguense, em 1934, onde imprimiu um rigoroso aprumo para a cultura da juventude da sua terra, principalmente a operária.
Foi também director da Banda de Música de Loriga, nas décadas de 1940, 50 e 60, onde deixou a sua marca, nos fardamentos, no aprumo, no brio, na disciplina, elevando assim a Banda Filarmónica a um patamar invejável.
Fez parte como vereador na Câmara Municipal de Seia, nos vários mandatos do Comendador Joaquim Fernandes Ferreira Simões, de quem era muito amigo.
Passou também pela Junta de Freguesia de Loriga como presidente, tendo-se revelado um grande conhecedor dos problemas da sua terra e, interessado em resolvê-los.
Casado com D. Aurora Brito Pina Ribeiro, era um cristão convicto, ficando mais apegado às coisas da fé depois do curso de cristandade, que frequentou no Seminário da Guarda no anos de 1965. Cumpriu diversos mandatos na Comissão Fabriqueira da Igreja, sempre com muito amor e carinho, pelas coisas da Igreja, e pelas valências da Acção Social.
Os seus últimos dias de vida passou-os na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde faleceu em 18 de Dezembro de 2005, com a idade de 89 anos, após doença prolongada, vendo Loriga partir mais um dos seus filhos que muito fez por Loriga e pela comunidade.
O funeral realizou-se em Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local.

*A.L.Brito (GL)

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Padre António Roque Abrantes Prata *
1917 - 1993

Natural de Santa Maria de Manteigas, onde nasceu em 15 de Outubro de 1917, foi ordenado Presbítero em 8 de Setembro de 1940. Após ter estado algum tempo em Pero (Viseu) foi colocado como pároco de Loriga em 1944, onde se manteve durante 22 anos, localidade que viria a deixar em 18 de Dezembro de 1966 por motivo de ter sido chamado para trabalhar a tempo inteiro nas actividades pastorais da obra de Santa Zita em Lisboa.
Na sua passagem de mais de duas décadas na Paróquia de Loriga, ficaria para sempre ligado a uma certa geração que não mais o esqueceu e o considerou uma das maiores figuras que a história de Loriga jamais conheceu.
Grande entusiasta da juventude e entrega total à igreja, desenvolveu em Loriga uma larga e eficiente Açcão Social, nomeadamente na dinamização e impulso que imprimiu na fundação, orientação, apoio e ainda com grande contributo no desenvolvimento da freguesia.
De grande zelo e convicções religiosas fez da doutrina aprendida a sua verdadeira vida durante os 53 anos de sacerdócio, sendo sempre de uma entrega total ao serviço do Senhor e da sua Igreja, onde a sua personalidade e respeito são virtudes dignas de registar.
Enérgico nos seus pensamentos e nas suas ideias, para levar até ao fim tudo em que se envolvia, era um verdadeiro defensor dos mais desfavorecidos nomeadamente dos operários, ousado, ao dar força para que fosse devolvida aos trabalhadores a autonomia sindical notabilizando-se até, por acompanhar um grupo de Jocistas numa entrevista pedida ao então Primeiro-Ministro Dr. Oliveira Salazar.
Enfrentou também em Loriga uma sociedade poderosa, por isso nem sempre foi totalmente pacifica a sua passagem por esta vila, tendo até existido um certo movimento de protestos enviados ao Bispo da Guarda, com ecos escritos e furiosos os quais o Sr.Padre Prata soube enfrentar como pároco de todos e de tudo.
Durante a sua permanência em Loriga serão para sempre recordadas as suas obras que fundou e fez movimentar ou renascer outras já existentes e ainda na criação de muitas mais acções importantes para a população. Ficam aqui registadas algumas que ficam para sempre perpetuadas para as gerações vindoiras, e a frase que na sua simplicidade, costumava dizer
"só Deus é que vê e julga as obras e as intenções"
J.O.C.F.; L.O.C.; L.O.C.F.; Centro da Assistência Paroquial; Casa de Santa Teresa; Socorro Paroquial Loriguense; Apostolado da Oração; Museu Paroquial; Biblioteca Paroquial; Património dos Pobres; Agasalho aos Pobres, o reaparecimento como Boletim Paroquial "A Neve" ; Lâmpadas Vivas, Curso Unificado da Telescola; Bolsa de Estudos de N.S. da Guia: Sopa; Cantina; Rosário Perpetuo; Lausperene Semanal; Missões Paroquias; Retiros-Recolecções; Acção Missionária; Irmandade do Sacramento das Almas; Cursos de Cristandade; Conferência Vicentina e a construção da Residência Paroquial e Salão.
A 8 de Dezembro de 1990, foi homenageado em Loriga no dia que fez as Bodas de Ouro sacerdotais numa verdadeira festa de fraternidade e de amizade do povo desta localidade, a que se associou também o Sr. Bispo da Guarda. Grande multidão aguardou na "Carreira" a chegada do Sr. Padre Prata e do Sr. Bispo que num cortejo informal pelas ruas, acompanhados pela Banda Musical, seguiu para a igreja onde foi efectuada uma concelebração, seguindo-se um almoço realizado no Salão Paroquial a que assistiram 230 pessoas.
Faleceu por motivo de doença que o vinha vitimando, na manhã do dia 18 de Julho de 1993, na Casa se Santa Zita. O funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério dos Prazeres de Lisboa onde ficou sepultado.
Deixou no seu testamento uma doação a Loriga, pedindo aos seus familiares para entregarem ao Centro de Assistência Paroquial de Loriga a quantia de 6.800 contos.
Em Agosto de 2001 e véspera da Festa de Nossa Senhora da Guia, foi inaugurada uma rua em Loriga à qual foi dado o seu nome, uma homenagem de gratidão que os Loriguenses lhe deviam.

No dia 15 de Dezembro de 2003, os restos mortais do Senhor Padre Prata, foram transladados do cemitério de Manteigas para o cemitério de Loriga, concluindo-se assim, a vontade sempre manifestada em vida de tão proeminente figura, em repousar eternamente junto dos paroquianos que tanto amou durante os anos que paroquiou Loriga.

* Albrito

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Carlos Fernandes Urtigueira
1917 - 1996

Nasceu em Loriga a 26 de Fevereiro de 1917, filho de Alberto Fernandes Urtigueira e de Maria Emília Pinto Ascenção,
Alfaiate de profissão, cortava o pano e alinhava os fatos tal como os seus dedos tocavam as cordas da sua guitarra. Era um grande profissional, talvez mesmo um dos melhores alfaiates de Loriga. Era na realidade um verdadeiro artista, tendo sempre a preocupação de actualização e modernidade.
Começou a trabalhar numa alfaiataria situado no Santo Cristo, mais tarde mudou-se para o Largo Dr. Amorim da Fonseca, passando ainda pela "Carreira" para finalmente fixar a sua alfaiataria "Académica" na Rua principal da Vila, por cima do estabelecimento do Sr. José Luis Santos.
Foi durante a sua vivência em Loriga a alma do Fado de Coimbra cantado na sua terra. Pela sua alfaiataria "Académica" passaram as diversas gerações de estudantes, e nela havia sempre uma guitarra e uma viola para acompanhar os que se dispusessem a entoar a velha canção coimbrã.
Tinha ainda tempo e sempre disposição, para se juntar a outros loriguenses, que por vezes se reuniam nos balcões das ruas em verdadeiras serenatas, onde as cordas da sua guitarra faziam espalhar aquela melancólica música que deleitavam os ouvidos das pessoas que passavam.
O falecimento da sua esposa Ermelinda, em 1959, foi um duro golpe e uma grande perda para os seus filhos, Fernando, José Alberto, Natércia e Maria Amélia.
Procurando uma vida melhor, que a sua terra parecia não lhe poder dar, deixou Loriga na década de 1960, radicando-se na Póvoa de Santa Iria, mais tarde no Prior Velho e depois em Sacavém, onde instalou a sua alfaiataria.
O fado de Coimbra parecia fazer parte de si, por isso mesmo, tinha sempre presente a sua velha guitarra, que mesmo longe de Loriga, o faziam continuar a dar alma ao velho fado dos estudantes que ele tanto amava.
O Carlos "Governo" como popularmente era assim conhecido, deixou raízes nos seus filhos, Fernando e Zé Alberto, dignos continuadores dessa herança de tocadores de guitarras e violas, que ainda hoje deliciam todos aqueles que os escutam.
Faleceu em Sacavém, após doença prolongada em 31 de Dezembro de 1996, e o funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre um dos seus filhos, recordando as suas qualidades de bem tocar o fado de Coimbra que ficaram para sempre marcadas numa certa geração de loriguenses.

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Prof. António Domingos Marques *
1917 - 2004

Nasceu no Fontão (Loriga) a 7 de Janeiro de 1917 filho de Maria José Gertrudes e de Manuel Domingos Marques.
Depois de concluir a escola primária na sua terra, frequentou um colégio na Figueira da Foz, onde estudou e concluiu o curso de Professor Primário.
Radicou-se em Loriga no desempenho das suas funções de professor. Os seus antigos alunos lembram com saudade, o homem, o professor, que tiveram nesta personalidade a base da sua formação para os desafios que o mundo contemporâneo exige.
O Professor "Fontão" como popularmente era assim também conhecido, foi sem dúvida uma figura de grande relevo em Loriga, onde leccionou durante várias décadas, distinguindo-se como um professor brilhante e um homem de grande humanidade e a quem muito se ficou a dever em prol da educação e da cultura em Loriga.
Casou em Loriga com D. Amália Brito Pina, proprietária da Farmácia Popular, de quem veio a ter dois filhos. A sua vida profissional ficou então marcada por duas vertentes: o exercício de professor primário e a gestão conjuntamente com a sua esposa da Farmácia.
Dedicou também parte da sua vida à causa pública e à comunidade. Foi Presidente da extinta Casa do Povo de Loriga, fez parte do Conselho da Fábrica da Igreja, Direcção do Centro Assistência Paroquial e Presidente da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, onde realizou um trabalho meritório e notável. Como político liderou listas do P.S.D e uma lista do C.D.S como independente. Fez parte em vários mandatos, como Deputado da Assembleia de Freguesia de Loriga.
Bairrista muito empenhado, conselheiro, nunca regateou os seus préstimos, para o bem comum, sempre disponível para toda e qualquer iniciativa que visasse o desenvolvimento de Loriga. Como prova de gratidão, as forças vivas de Loriga, prestaram-lhe uma Grande Homenagem, tendo-se associado um grande número de Loriguenses. Foi também agraciado com a Medalha de Mérito do Concelho de Seia em 1992.
A emoção vivida por esta personalidade foi tão grande, que o projectou para a doença que o acompanharia até ao último dos seus dias.
Faleceu a 23 de Julho de 2004 em Loriga, ficando sepultado no cemitério local, ficando Loriga mais pobre ao ver desaparecer um Loriguense que deixou marcas indeléveis no exercício do magistério, na vida Associativa e Cultural.
* Blog-Loriganoseumelhor

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Eugénio Leitão de Brito
1917 - 2009

Nasceu em Loriga, no dia 6 de Dezembro de 1917, filho de José de Brito Crisóstomo e de Maria dos Anjos Leitão Brito.
Escritor ilustre, historiador, jornalista e muito dedicado à leitura, notabilizau-se no norte do Brasil onde práticamente viveu toda a sua vida. Homem de cultura e de génio,distinguiu-se sempre, colocando o seu saber ao serviço da comunidade portuguesa no Brasil, sendo bem reconhecidos os prestimosos serviços prestados às instituições portuguesas cuja história aprofundada e bem documentada consta de um conjunto de livros seus, editados em Belém Brasil.
A sua actividade comercial e a participação associativa senpre foram uma constante na vida desta figura em terras do norte do Brasil, do qual os loriguneses muito se orgulham. Sempre com Loriga no seu coração, nela vinha passar temporadas com bastante frequência.
Fez a escola primária em Loriga, com a idade de 13 anos partiu para Belém-Pará Brasil em 1931, onde chegou no dia 30 de Março. Foi residir na "Cidade Velha", onde passou a viver durante 14 anos.
Frequentou o Curso de Contabilista, no Grémio Literário Comercial Português que concluiu em 1936, obtendo o prémio
"Pequito Rebelo", instituido pelo Banco Moreira Gomes, de Belém-Pará, que era entregue ao aluno que obtivesse as melhores notas na instituição. Como jornalista, colaborou na "Folha do Norte" quer com o nome próprio, quer sob o pseudônimo de Fernando Portugal, bem como ocasionalmente no Jornal "O Liberal".
Homem honesto e muito dedicado à família, foi também um bairrista convicto, tendo contribuido em muitas iniciativas a favor da sua terra, que ele tanto amava, tornando-se uma referência junto dos seus conterrâneos.
A sua dedicação ao associativismo português na cidade de Belém, foi na realidade de grande relevo, realizando ao longo dos anos, um trabalho dignificante, bem reconhecido por todos e do qual os seus conterrâneos muito se orgulharam. Pertenceu também como direcctor do Centro Loriguense em Belém, onde foi Secretário (1997).
Recebeu em 1984, a medalha " Acylino de Leão", do Concelho Estadual de Cultura do Pará em 1984. Foi Presidente do Conselho Deliberativo da Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficiente em cujo quadro social ingressou aos 14 anos (1931). Foi direcctor e posteriormente Presidente da Directoria do Grêmio Literário e Recreativo Português, do qual foi Sócio Benemérito.
Na qualidade de membro do Directório do Conselho da Comunidade Portuguesa do Pará, secretariou a Comissão Excutiva para o monumento a Pedro Teixeira por ocasião dos 350 anos da fundação da cidade de Belém.
Autor dos livros -
"Fran Paxeco no Brasil"; -"História do Grémio Literário e Recreativo Português, editado em 1994"; -"Minhas Memórias da Cidade Velha" editado em 1997; -"3º. Centenário de Nascimento do Marquês de Pombal, 1699-1999" edição 1999; e a sua grande obra "Os Portugueses no Grão Pará" editado em 2002.
Este último livro, foi de facto a sua maior obra, sendo acima de tudo uma fonte de pesquisas históricas e foi um presente que o autor colocou à disposição da sociedade brasileira e internacional por ocasião das comemorações do 5º. Centenário dos Descobrimentos do Brasil. A obra
"Os Portugueses no Grão Pará" é na realidade um registo da presença lusitana em solo paraense, desde a Independência e teve como principal objectivo resgatar a história da Comunidade Luso Brasileira do Pará, especialmente a sua contribuição no desenvolvimento do Estado.
Em 10 de Junho de 2000, dia de Portugal e das Comunidades foi agraciado com a Comenda de Mérito pelo senhor Presidente da República de Portugal Mário Soares, em reconhecimento pelos brilhantes serviços prestados á comunidade portuguesa e ao seu país, que o deixou muito orgulhoso assim como a todos os seus conterrâneos.
Foi casado com D. Maria Helena Duarte Brito, do casamento teve duas filhas Maria Fernanda e Maria Eugénia, a primeira nascida em Loriga e a segunda em Belém, foi sempre de muita dedicação à família, sofrendo imenso quando do falecimento das suas duas filhas.
Apesar de estar longe de Loriga, nunca esqueceu as suas raízes, foi na realidade um verdadeiro embaixador da terra que tanto adorava e da qual foi arrancado pelas vicissitudes da vida, sempre que podia vinha visitá-la matando dessa forma as saudades.
Faleceu no dia 19 de Março de 2009, com a idade de 92 anos e após doença prolongada, sendo sepultado em Belém a terra que o acolheu e que a considerava a sua segunda terra.
A comunidade Loriguenses no Brasil vê assim
partir para sempre este seu consagrado conterrâneo do qual sempre se orgulhara. Da mesma forma que Loriga vê desaparecer mais um dos seus filhos ilustes, que um dia partiu para longe, mas transparente como a água pura, amou sempre a sua terra e a qual tinha sempre junto ao coração.

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Padre Doutor António Ambrósio de Pina *
1918 - 1995

Nascido em Manaus-Brasil, filho de António Ambrósio de Pina (falecido em 26.5.1925) e Maria dos Anjos de Brito Moura Frade (falecida em 14.4.1942), foi apenas com três meses de idade que os pais o trouxeram para Loriga onde cresceu e fez a escola primária.
Logo após completar a escola em Loriga foi para o Seminário da Costa em Guimarães, onde fez todos os seus estudos menores. No ano de 1936 entra para a Companhia de Jesus e, no ano de 1940, concluiu o Curso Superior de Letras e Humanidades para, de seguida, entrar na Faculdade.de Filosofia de Braga onde conclui a sua licenciatura em 1944.
Em 1947 transferiu-se para Barcelona-Espanha a fim de frequentar a Faculdade de Teologia de Sarriá onde é formado em 1950, passando depois para a Faculdade de Teologia da Universidade Pontifica de Salamanca onde termina a tese do seu doutoramento.
Durante alguns anos dedica-se ao apostolado nesta cidade espanhola a favor dos mais carenciados. Regressa a Portugal e organiza as comemorações do XVI Centenário de Santo Agostinho na cidade de Braga, participando ainda no I Congresso Nacional de Filosofia, também realizado nesta cidade.
Professor na Faculdade de Filosofia de Braga, veio a notabilizar-se através dos anos como escritor, historiador, poeta, artista plástico, pensador, teólogo, sendo ainda um dos maiores colaboradores nos vários órgãos da imprensa religiosa nacional e espanhola, com numerosos trabalhos científicos no campo da Filosofia e Teologia, traduzidos em várias línguas.
Apesar de estar sempre afastado de Loriga, pensava muito na terra que dizia também ser sua, sendo para ele alegria imensa ao encontrar-se com seus conterrâneos. Enquanto sua irmã Ruth Ermelinda foi viva, assim como outros seus familiares próximos, visitava regularmente a sua terra, por vezes passando até curtas férias. Depois deixou de ir à terra que ele tanto adorava, no entanto foi mantendo sempre alguma correspondência com um seu primo e amigo, ao qual enviou um dia uma declaração escrita, no sentido de quando ocorresse o seu falecimento, o seu corpo (ou restos mortais) fossem levados para a sua querida Loriga e que fossem sepultados no túmulo da mãe.
Talvez por conhecimento tardio em Loriga da noticia da sua morte, o seu corpo viria a ser sepultado no cemitério do Monte de Arcos em Braga no talhão dedicado aos Padres Jesuítas, não sendo aceite pela Companhia de Jesus a declaração apresentada posteriormente, mas ficando em promessa, de essa declaração ser considerada para anos mais tarde.

* Albrito

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Laurinda Gonçalves de Brito *
1918 - 1999

Nasceu em Loriga, em 5 de Março de 1918, filha de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito.
Desde muito nova teve sempre uma maneira própria de viver, dedicando parte da sua vida em prol da comunidade, nomeadamente cozinhando nas bodas ou outras festas, onde os seus conhecimentos eram de uma tendência nata e inegável.
Lendo leitura da especialidade, foi aperfeiçoando o seu saber, em dotes de cozinheira, adoçando muita gente não só com bolos, mas também com carinhos, assim como, muitos ainda recordam a arte como enfeitava as travessas para serem servidas.
Muito religiosa, entregou-se de alma e coração a favor das obras da Paróquia, onde particularmente a sua opinião parecia nunca poder faltar. Tendo sido importante o seu contributo para a fundação do Centro Paroquial de Loriga. Auxiliou muito o Senhor Padre Lages, enquanto o Centro não foi fundado.
Foi catequista, benfeitora e angariadora de fundos para obras religiosas. Trabalhos que executava com uma enorme força de vontade e dedicação.
Arranjou durante muitos anos o altar das Almas. Foi Vicentina da Conferência de S.Vicente de Paulo, pedindo para os pobres e durante cerca de 60 anos foi a distribuidora do jornal "Bem Fazer" e das pagelas do Rosário.
Foi sempre muito solicitada para madrinha do Crisma. Num determinado ano e numa dessas cerimónias que decorreu em Loriga, levou até junto do Senhor Bispo 12 crianças para crismar, este muito admirado chegou a comentar
"esta traz um comboio".
Nunca casando, dedicou toda a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente aos sobrinhos, em que era uma segunda mãe, madrinha, enfermeira e amiga, por isso, estes com carinho a chamavam por Nininha.
Vivendo no Bairro de S.Ginês, junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo, durante alguns anos foi uma das mordomas, realizando um trabalhou incansável na angariação de fundos para obras de restauração da capela. E tal como ela dizia
"queria que a Nossa Senhora do Carmo tivesse uma Capela linda".
Faleceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1999, com 81 anos de idade, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir quem tanto fez pela Acção Paroquial. O funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultada, sendo muitos os Loriguenses que a acompanharam à sua última morada.

* Joaquim Gonçalves de Brito

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António Luis Amaro Tuna
1918 - 2003

Nasceu em Loriga, em 23 de Agosto de 1918, filho de José Luis Amaro Tuna e de Emília de Brito Miguel.
Era ainda muito novo quando ficou órfão de seu pai, conhecido por José Farias (Barbeiro), que faleceu vitima da epidemia do "Tifo Exantemático" que ocorreu em Loriga no ano de 1927. Por esse facto, e dada a necessidade de ter que trabalhar para o sustento da casa, empregou-se numa das fábricas de lanifícios, onde viria a ser operário têxtil durante anos, profissão que deixou na altura em que encerrou definitivamente a Fábrica da "Redondinha".
Nas horas livres, dedicava-se ao corte de cabelos e barba, seguindo os passos do pai, e depois do encerramento da fábrica onde trabalhava, dedicou-se de alma e coração à sua Barbearia, na arte que ele tanto adorava e que era a sua grande paixão.
Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender, muitas das vezes só o fazendo a altas horas da noite. Não tinha horas nem para as refeições, privando, muitas vezes, a família da sua companhia nessas horas.
Na altura da "Febre do Volfrâmio" deu também uma saltada à serra, à procura desse valioso minério, tendo sempre histórias curiosas para contar.
Tinha uma maneira própria de ser, desenvolvendo um bom relacionamento com todos, fazendo dele um homem de bem, não se lhe conhecendo, por isso, qualquer inimigo. A sua Barbearia era como que um ponto de cavaqueira onde os fregueses liam o jornal, conversavam e falavam das novidades da terra, e onde o "Ti António Farias", mais popularmente assim chamado, tinha sempre histórias antigas para contar de Loriga, e das suas gentes.
Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do cemitério e à Nossa Senhora da Guia, ou mesmo até na Igreja, onde por vezes se "refugiava" nas suas orações.
Fazia longas as caminhadas pelos vários recantos da serrania, que parecia conhecer como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu a alguém para lhe escrever algumas palavras, tempos depois, numa das fragas junto à "Fonte dos Carreiros" feitas com ajuda de um pico e um pincel, onde foram aparecendo, como que misteriosamente, as legendas "Pensai e Meditai em Deus -Loriga 1990- Nossa Senhora Livrai-nos de todo o mal",
Cantava o Fado de Coimbra, do qual era um grande entusiasta. Ao cantar, a sua voz emocionada deliciava as gentes de Loriga, e foram muitas as serenatas que ao longo da sua vida fez, na companhia de outros loriguenses.
Um dia foi homenageado por um grupo de loriguenses, como prova de gratidão pela maneira simples e singela como se dedicava a cantar fado de Coimbra, com os amigos, homenagem que muito o sensibilizou e da qual falava vezes sem conto.
Foi submetido a várias cirurgias, mas a sua grande força e fé, tornavam-no forte para poder suportar tudo com designação. Nos próprios hospitais, apesar da gravidade da sua enfermidade, era ele que prontamente dava estimulo aos outros doentes.
Era casado com Maria do Anjos Alves Pereira, também de Loriga e pai de Maria de Fátima Alves Amaro Gonçalves.
Faleceu em 18 de Fevereiro de 2003, ficando Loriga mais pobre ao ver partir um dos seus filhos mais queridos. Foram muitos o loriguenses que o acompanharam à sua última morada, sendo o funeral realizado para o cemitério local onde ficou sepultado.

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António Pinto Ascensão
1920 - 2005

Nasceu em Loriga em 8 Setembro de 1920, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio.
"Mestre Ascensão", como muitos assim o chamavam, foi um dos maiores e mais conceituados maestros de música de Loriga e até mesmo da região.
Muito novo ainda, e depois de concluir o ensino primário, onde foi "aprovado com distinção", começou a trabalhar numa das fábricas da indústria de lanifícios local. Mas foi também desde muito novo que nasceu nele a paixão pela música e, por isso, em 1935 iniciou a aprendizagem de música na Banda de Loriga onde foi executante de grande valor até 1948, ano em que assume pela primeira vez a regência da banda.
Casou em 15 de Junho de 1946 com Maria dos Anjos de Brito Saraiva, casamento que durou 59 anos, só interrompido com a sua morte. Tiveram nove filhos, oito ainda vivos. Apesar das dificuldades de então proporcionou a todos uma educação de nível médio ou superior.
Homem de convicção e de ideias firmes, caracterizava-o o seu espírito de iniciativa e acção, lutando sempre por aquilo em que acreditava, principalmente, pela sua terra que tanto adorava. Verdadeiro bairrista e querendo o melhor para a sua terra, nunca deixou de apresentar soluções e ideias, tanto de viva voz como através da sua pena nos jornais, nomeadamente, da região sendo, por vezes, mal compreendido.
Nos anos 50, António Pinto Ascensão, foi pioneiro da exibição de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes aos jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos. Foi de facto, na época, uma lufada de cultura pois a maioria da população, principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte.
Na década de 60, fecha a fábrica Leitão & Irmãos , onde trabalhava como encarregado de Ultimação. Desempregado e com quase 50 anos de idade, e todos os filhos a estudar, iniciou uma nova vida, abrindo uma loja em Loriga, no ramo dos electrodomésticos, situada na "Carreira", tornando-se um conceituado comerciante muito conhecido na região.
Por várias vezes foi regente da Banda da sua terra (1949/53; 1962/65; 1982/87). Era um inovador por natureza quando assumia a regência de qualquer Banda, tendo sempre presente a preocupação de arranjar repertório novo, que tornaria qualquer Banda de música bastante mais rica.
Quando da sua última passagem pela Banda Recreativa Musical de Loriga, 1982/87, foi o grande impulsionador da criação da publicação "A Voz da Banda" que teve, na altura, uma certa expressão, a qual, depois da sua saída, deixou de ser publicada.
Ainda nessa altura, e por sua iniciativa, a Banda teve uma Escola de música, reconhecidamente muito importante, à qual aderiu muita juventude. Bem como, foi criado em Loriga o grupo "Amanhã", ao qual o mestre Ascensão deu preciosa ajuda contribuindo no aperfeiçoamento deste grupo de jovens de cantares tradicionais.
Foi da sua autoria, a introdução do Hino "Ó Padroeira Amorosa" na Festa da Nossa Senhora da Guia em Loriga, que remonta ao ano de 1950, um arranjo do original cântico "Ó Padroeira Amorosa" que se cantava e ainda hoje se canta à Senhora da Nazaré na cidade de Belém-Pará-Brasil.
Sem nunca deixar a sua dedicação à musica foi, durante cerca de 14 anos, regente da Banda de São Romão, onde desempenhou um trabalho de grande relevo ainda hoje ali recordado. Regeu também, durante algum tempo, as Bandas de Torrozelo e Paços da Serra.
Frequentou um curso de Aperfeiçoamento e Didáctica Musical na Fundação Calouste Gulbenkian onde enriqueceu os seus conhecimentos musicais, que o habilitaram para dar aulas de Educação musical, primeiro no Externato Nossa Senhora da Conceição em São Romão e depois na Escola do Ciclo Preparatório em Loriga.
Foi presidente da Junta de Freguesia de 1972 a 1976, anos problemáticos, em que os meios financeiros eram escassos, conseguindo levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como Vila mais moderna e, onde a preocupação ambiental foi sempre presente, tendo nessa altura sido levada a efeito uma grande campanha de incentivo junto à população, para uma
Loriga mais limpa.
É de registar o facto de que, após a revolução do 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia recebeu o voto favorável dos loriguenses numa reunião realizada no Salão Paroquial, completamente cheio.
Foi o grande impulsionador e um dos fundadores da Associação de Apoio à Terceira Idade, um carência em Loriga, que apesar de o percurso não ter sido pacifico, contou sempre com a força e o dinamismo do senhor António Pinto Ascensão, para prosseguir, e que veio a concretizar-se, com a sua fundação em 12 de Julho de 1990, sendo uma mais valia para os idosos da sua terra. Foi o primeiro presidente desta Associação.
O "Mestre Ascensão" era um verdadeiro compositor de peças de cariz popular, tendo ao longo da sua vida feito recolhas, e passou para o papel inúmeras cantigas populares que, de outra forma, se teriam perdido.
Em 1988, foi ao maestro António Ascensão que o Etnomusicólogo Michel Giacometi se dirigiu com o intuito de recolher os cânticos da Ementa das Almas de Loriga. As gravações foram feitas em 5 de Outubro na Escola Primária de Loriga.
A sua paixão pela música parecia ocupar todo o seu tempo. Entretanto, e com mais de setenta anos, "descobriu" o computador para registar dezenas de obras que graciosamente colocou à disposição das bandas de música da região, ganhando mesmo vários prémios.
Em 1994, foi autor da letra e da música da marcha de São João, classificada em primeiro lugar na cidade de Viseu. Em 1997 voltou a brilhar nesta cidade ao conquistar novamente o primeiro lugar no concurso das marchas populares de Santo António. A marcha que apresentou ganhou ainda os prémios para o melhor arranjo musical e para a melhor letra.
Integrado na Associação Humanitária de Paranhos da Beira, o "Mestre Ascensão" obteve nos anos 2003 e 2004, o primeiro prémio destinado a temas de canções e poesia entre idosos, que anualmente se realiza nos Concelho de Seia e Gouveia
No dia 3 de Julho 2003, a convite do Presidente da Câmara Municipal de Seia, o maestro Ascensão, dirigiu, em simultâneo, sete bandas do concelho - Loriga, Seia, São Romão, Torrozelo, Tourais, Carragozela e Santa Marinha, na interpretação de uma marcha da sua autoria, especialmente composta para esse dia, com o tema "3 de Julho dia de Festa" , dedicado à inauguração da remodelação do edifício dos Paços do Concelho, e ao mesmo tempo assinalando as comemorações do XVIII aniversário da elevação de Seia a cidade.
Em 2005, apresentou em Loriga uma Marcha para as festas de São João. É também da sua autoria a marcha do Centenário da Banda de Loriga, a comemorar em Julho de 2006, que a actual Direcção em boa hora lhe pediu para compor, o que fez com muito prazer e orgulho e que intitulou "Cavalgando no Futuro".
A última manifestação pública, aconteceu no dia 11 de Outubro 2005, altura do seu 85º. Aniversário, quando a Banda Filarmónica de Tourais se deslocou, propositadamente, a Loriga, para lhe fazer uma singela homenagem, num reconhecimento público, ao trabalho e dedicação do "Mestre Ascensão" por aquela Banda.
Poucos dias depois de ter completado 85 anos de idade, faleceu em Viseu no dia 29 de Outubro de 2005, onde se tinha deslocado para um controle de saúde. O funeral realizou-se em Loriga no dia seguinte, sendo sepultado no cemitério local.
Terminou assim, a partitura da sua vida recheada de acordes harmoniosos, pautada pelo rigor e pela disciplina. Uma vida que começou no tear e acabou no computador, sempre com a harmonia que a música exige.
Loriga viu também partir um dos seus maiores bairristas, ao qual muito ficou a dever.

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Dr. Carlos Leitão Bastos
1920 - 2006

Nasceu em Loriga no dia 1 de Fevereiro de 1920, filho de Carlos de Jesus Bastos e de Maria do Patrocínio Reis Leitão.
Ainda muito novo foi para Lisboa, onde começou a estudar, vindo a formar-se mais tarde em medicina. Iniciou a sua actividade profissional no Instituto Português de Oncologia como assistente de Anatomia Patológica, passando ainda pelo Hospital de Santa Maria, onde esteve durante algum tempo. Habilitado pelo Instituto de Medicina Tropical exerceu, também, por algum tempo, clínica em Luanda.
Desenvolveu trabalhos de investigação, um dos quais sobre ESFREGAÇOS EM PARAFINA, em que os resultados foram publicados em separata da revista Clinica Contemporânea tomo III Nr. 30 - Dezembro de 1949.
Radicado em Campolide (Lisboa) desde 1944, ali veio a instalar o seu consultório e nele exercer a sua nobre profissão. Médico ilustre de elevado profissionalismo e competência técnica, ao longo de mais de cinquenta décadas teve o seu consultório instalado no pitoresco bairro de Campolide em Lisboa, onde era credor do maior afecto e simpatia por toda a gente.
Devotou-se à medicina com paixão e total respeito por valor éticos. A sua solidariedade com os economicamente débeis, granjeou ao longo da sua vida enorme popularidade, nomeadamente no "seu" bairro de Campolide, cujas instituições ainda hoje realçam este traço marcante da sua personalidade.
Sempre com o estetoscópio, que colocava aos ombros, assim que chegava ao seu consultório, caracterizava-o a sua maneira simples, sincera e franca, ao mesmo tempo de grande humanismo e nobreza de carácter e espírito de solidariedade.
Era conhecido por
"médico do povo" onde, a sua determinação e firmeza, aliadas a uma certa humanidade, o levou muitas vezes a consultas gratuitas a domicílios no Casal Ventoso, bairro problemático de Lisboa e bem perto de Campolide.
Nos tempos negros da ditadura do salazarismo ficou também conhecido como o
"pai dos pobres", devido às suas atitudes solidárias, que segundo a PIDE, o procuravam associar ao ideário comunista.
Loriga era uma das suas paixões, adorava a sua terra e nutria um verdadeiro carinho e afecto pela suas gentes. Desde muito novo participou activamente em iniciativas, que com outros jovens loriguenses, também estudantes em Lisboa, os levaram à fundação do Centro de Assistência, numa altura em que a mortalidade infantil atingia a elevada taxa de 47%.
Colaborou numa exposição "Loriga vista pelas crianças", com a realização de palestras sobre saúde pública, veterinária, cultura geral e agronomia, que tiveram lugar no Salão da Residência Paroquial e que foi de muita utilidade na época.
Apoiou com entusiasmo, inúmeras diligências junto das entidades competentes, para elevar o nível de escolaridade em Loriga e que culminaria na construção da Escola.
Foi o primeiro Director do Jornal "A Neve", fundado por ele e por um grupo de amigos e bairristas Loriguenses, no ano de 1949, em Lisboa. Jornal que teve o seu primeiro número em Março desse ano onde se podia ler no prefácio da sua primeira página
-Por tudo e por todos - A bem de Loriga e da região.
Como se disse, foi o primeiro e único director do Jornal "A Neve" enquanto na primeira fase da publicação de 1949 até 1951, ano em que foi interrompida a sua publicação para, anos mais tarde, voltar a surgir mas, desta vez, como Boletim Paroquial, que ainda hoje existe.
Verdadeiro bairrista e amigo de Loriga, que apesar de estar fora estava sempre atento a tudo que se relacionasse à sua terra, nunca deixando, sempre que se tornasse oportuno, de apresentar as suas ideias ou pontos de vista. Deu, igualmente, todo o apoio à constituição da ANALOR e, sempre que podia, colaborava no jornal "Garganta de Loriga".
Foi ao Dr. Bastos, que se ouviu pela primeira vez falar em turismo rural quando, em determinada época, ele chegou a dizer existir potencial para, nesta área, poder haver um meio de desenvolvimento para Loriga. Idealizou projectos de desenvolvimento para um futuro turismo rural na sua terra, tendo mesmo dado os primeiros passos, não se chegando a concretizar, infelizmente, por falta de apoios.
Grande entusiasta pelo Campismo e pelo Atletismo, era um fervoroso adepto e associado do Sport Lisboa e Benfica, tendo sempre o hábito de dizer, para que todos soubessem, "ser um benfiquista ferrenho". Chegou a ser galardoado com a "Águia de Ouro" pelo Sport Lisboa e Benfica.
Pessoa de ideias firmes, costumava dizer que nada neste mundo o fazia abandonar a medicina, porque
"parar depois da reforma é morrer" e, por isso, aos 83 anos ainda exercia a sua nobre profissão, com toda aquela sua energia com que sempre se conheceu.
Faleceu em Lisboa no dia 12 de Fevereiro de 2006, o funeral realizou-se para a sua terra natal, onde foi sepultado no cemitério local, como sempre foi o seu desejo.
Loriga viu
partir um grande bairristas e amigo da sua terra, ao qual muito ficou a dever, vendo-se também partir aquele, que na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam.

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António Nunes de Brito
20.3.1920 - 4.9.2019

Natural de Loriga onde nasceu em dia 20 de Março de 1920, filho de António João de Brito Amaro e Maria José Nunes de Brito.
Deixou sua terra natal no dia 6 de Maio de 1934 rumo a Lisboa, quatro dias mais tarde, embarcava no navio "Amazónia" com destino ao Brasil, mais precisamente à cidade de Belém do Pará, onde então passou a viver quase toda a sua vida.
Chegou ao Brasil no dia 25 de Maio de 1934, tinha apenas 14 anos de idade, começando a trabalhar no bar e mercearia Cruzeiro, onde trabalhou de 1934 a 1937. Depois trabalhou na padaria "Estrela Brasileira" e em seguida na mercearia "O Vesúvio" e mais tarde iria trabalhar nas Indústrias Glória, no centro comercial de Belém.
Foi sem dúvida uma das maiores figuras em Belém do Pará, desde muito novo se dedicou em trabalhos em prol das comunidades portuguesas e loriguenses, notabilizando-se desde logo num trabalho de destaque que o ocupou longos anos por serviços prestados às associações portuguesas do Estado.
Além de trabalhar, Sr. Brito também matriculou-se em 1938 no Grémio Literário e Comercial Português - hoje Grémio Literário e Recreativo Português, para cursar o curso de Contabilidade no período nocturno, onde se veio a formar em 1941. Nesse período trabalhou na J. Dias Paes & Cia onde foi chefe de contas e pelo meio trabalhando também, no Consulado de Portugal em Belém
Em 22 de Agosto de 1946 decide retornar a Portugal para visitar sua terra natal, quedando-se então por Loriga, onde abriu uma casa comercial na área de electrodomésticos, que na época ficou muito conhecida em Loriga, entretanto, começa a namorar com Maria Irene, casando-se no dia 9 de Janeiro de 1947. Em Julho de 1948 nasceu sua primeira filha Maria Regina e em Fevereiro de 1951, a segunda Maria Helena.
Nesse mesmo ano de 1951, decide voltar ao Brasil e assim em Dezembro desse mesmo ano, deixou a mulher e filhas em Loriga e voltou para a cidade de Belém. Um ano depois mulher e filhas, partem também para o Brasil para junto dele. Fizeram a viagem no navio "Hildebrand" muito conhecido no meio loriguense, por ter sido o barco de viagem de muitos loriguenses. Em Agosto de 1955 já no Brasil nasceu sua terceira filha a primeira brasileira Maria Palmira (já falecida) e em 1960 o seu quarto filho Nuno Henrique.

Nesse mesmo ano de 1951, decide voltar ao Brasil e assim em Dezembro desse mesmo ano, deixou a mulher e filhas em Loriga e voltou para a cidade de Belém. Um ano depois mulher e filhas, partem também para o Brasil para junto dele. Fizeram a viagem no navio "Hildebrand" muito conhecido no meio loriguense, por ter sido o barco de viagem de muitos loriguenses. Em Agosto de 1955 já no Brasil nasceu sua terceira filha a primeira brasileira Maria Palmira (já falecida) e em 1960 o seu quarto filho Nuno Henrique.
Em 1954 constituiu a firma Indústrias Glória Ltda., tendo sua esposa como sócia, e que explorava o ramo de afunilaria e malária. Nesta empresa permanece até 1982 onde se veio aposentar pela Previdência Social.
Em 1961 foi determinante na reorganização do Conselho da comunidade luso-brasileira, um trabalho de responsabilidade e de grande utilidade. Sendo uma pessoa de grande destaque no seio da comunidade portuguesa na cidade de Belém - Pará, onde foi sempre bem demonstrativo o desempenho de trabalhos de relevo em prol da comunidade luso-brasileira, numa maneira própria de determinação e sabedoria, que foi sempre olhado pelo governo português como uma pessoa de impares qualidades, que veio a reconhecer todos esses atributos, quando em Julho de 1993, o Dr. Mário Soares, então Presidente da República, lhe atribuiu o título de Comendador.
Muito conhecido na cidade de Belém, era também muito reconhecido pelos seus méritos de estar sempre pronto a ajudar as associações, que curiosamente com o seu conhecimento e vivência nas comunidades portuguesas, era por isso sempre designado e solicitado para formular ou alterar os estatutos das associações, por isso ter recebido carinhosamente no meio delas, o apelido de
"Papa dos Estatutos".

O "senhor Brito", ou mesmo "senhor Comendador" como era assim mais conhecido na comunidade Luso-brasileira, esteve sempre muito ligado à grande comunidade portuguesa sediada nesta grande cidade de Belém, bem ao norte do Brasil, com passagens importantes em diversas associações portuguesas, onde foram sempre bem reconhecidos os seus dotes de grande personalidade.
Associou-se às instituições Portuguesas desta cidade: Centro Loriguense de Belém do Pará (sócio fundador), CAFIC (Centro de Ação Filantrópica e Cultural) fundada pelo ex-cônsul de Portugal, Dr. Júlio de Vasconcelos, Grémio Literário e Recreativo Português, Associação Vasco da Gama, Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Pará, Conselho da Comunidade Luso Brasileira do Pará (sócio fundador) e Tuna Luso Brasileira.
Participou nas direcções de todas as associações, exercendo o cargo de Presidente em diversas delas onde sempre desempenhou com muita competência e dedicação, que como registando ter sido presidente da Associação Vasco da Gama de Belém durante 24 anos.
Em 18 de Agosto 2012, no tradicional jantar dedicado em homenagem ao Dia dos Pais, que se realizou na Associação Vasco da Gama, resolveu esta associação homenagear o senhor António Nunes Brito, como o "Pai do Ano" que para o efeito lhe foi oferecido uma placa comemorativa, que muito o sensibilizou.
No dia 1 de Setembro de 2019, por motivo de uma queda em sua casa, foi hospitalizado, ficando a família com alguma preocupação e a recuperação não veio acontecer falecendo na madrugada do dia 4 de Setembro 2019, tinha 99 anos de idade. Já algum tempo que era considerado o loriguense mais idoso da comunidade loriguense em Belém - Brasil e também o loriguense mais velho no conceito geral.
Uma longevidade de vida com dádiva de Deus, adorado e amado pela família e amigos o Senhor o chamou para o seu Reino, com o seu funeral a ser realizado para o cemitério de Santa Isabel na cidade de Belém, a terra por opção que passou desde muito novo a ser também sua. Resta-me dizer Descanse em PAZ.

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Armando Fernandes dos Santos *
1921 - 1952

Armando "Folhadosa" assim conhecido, era natural de Loriga onde nasceu no ano de 1921, ficando órfão ainda muito novo, depois de fazer a quarta classe foi trabalhar e viver com o padrinho Sr. António Folhadosa, um oficial sapateiro com nome nas redondezas, que tinha uma sapataria junto ao Poleirinho, por onde também passariam outros que mais tarde se viriam a tornar grandes sapateiros.
Anos depois da morte do padrinho, o Armando viria a tomar conta da gerência da sapataria, onde se viria a tornar num sapateiro de sucesso. No entanto, viria a morrer ainda muito novo, vitima de uma doença existente nesses tempos, que o minava e para a qual na época ainda não era possível a cura eficaz.
Foi um grande dinamizador do futebol em Loriga, onde jogava a guarda-redes, e foi no apogeu da sua mocidade que foi fundado o Grupo Desportivo Loriguense, tendo os fundadores encontrado no Armando "Folhadosa" um dos principais apoiantes. Nessa altura não havia campo de futebol e era no Terreiro da Lição, Fonte do Mouro, Sargaçal e mais tarde o Campo da Vista Alegre onde era jogado esse desporto, o único em Loriga na época.
Acérrimo defensor e grande adepto do Sporting que nessa altura dominava por inteiro o panorama futebolístico nacional, foi ele que lançou a semente do seu sempre querido clube cujos adeptos estavam em maioria em Loriga. A sua sapataria era um repositório dos grande ídolos daqueles tempos, Soeiro; Peyroteo; Pireza; João Cruz; Azevedo; Cardoso; Mourão; os famosos violinos etc., onde ali podiam ser vistos em todos os tamanhos.
Com naturalidade, a sua sapataria era lugar de tertúlia, onde todos se informavam e discutiam os assuntos desportivos, principalmente o futebol, e onde os jornais e revistas da época:- Sports, Stadium e o recém aparecido "A Bola" faziam parte da mobília.
Faleceu em 10 de Maio de 1952 com apenas 31 anos, sendo sepultado no cemitério local, vendo Loriga partir um grande desportista que muito tinha a dar à sua terra, mas que infelizmente, ainda muito novo partiu para sempre.

* António José Leitão

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Armando Reis Fernandes Leitão
1922 - 2023

Pelas redes socias chegou até mim a notícia do falecimento do senhor Armando Reis Fernandes Leitão, um centenário loriguense, mais conhecido no nosso meio por "Armandinho Leitão" que tinha feito os 100 anos de vida, no dia 23 de Agosto do passado ano 2022, uma pessoa por quem tive sempre uma enorme estima e admiração, tendo o privilégio também de ter pertencido ao seu círculo de amigos, bem como, o prazer de o ter sempre e desde a primeira hora, como um assíduo visitante da minha página www.loriga.de.
Não dei a notícia do seu falecimento nesta minha página como sempre por norma o faço, por respeito a um pedido seu que um dia me pediu, quando na última vez que estive com ele, um ano antes da Pandemia, nos encontramos e assentados num dos bancos da "Carreira" em dado momento me disse "caro amigo Adelino um dia que eu morra não quero que publiquem a notícia, já também disse à família, por isso, peço-lhe que não dê também a notícia". Fiquei por momentos calado e pensativo mas depois lhe disse "se assim é, respeito essa sua vontade". Esse seu pedido ficou registado na minha memória, que resolvi cumprir religiosamente tal como me pediu.
Mas hoje recordar aqui nesta minha Página, Armando Reis Fernandes Leitão, é pois uma Evocação e ao mesmo tempo uma homenagem a uma pessoa notável, que como dádiva de Deus o fez atingir a idade dos três dígitos. Fazia no próximo mês de Agosto os 101 anos de idade.
Pessoa afável e dócil, por quem tive muita admiração e estima, de uma enorme cultura e inteligência que como cheguei a dizer "era uma autêntica enciclopédia viva", estou em crer, que foi o loriguense que mais viajou pelo mundo inteiro, no desempenho da sua vida profissional, parece mesmo que não haverá um local pelo planeta que não tivesse visitado.
Quando me contava por onde andou por esse mundo fora, lhe disse "senhor Armando você é um homem do mundo" considerava-o mesmo uma figura de Loriga, que apesar da sua idade conservava uma memória impressionante que me fascinava e me agradava imenso com ele conversar, que na verdade o irei ter na minha memória deixando-me imensas saudades.
Um conversador de natureza, que sempre ao encontrar-me com ele tinha sempre um montão de histórias para me contar, sabendo que eu vivia perto de cidade de Hamburgo, um dia me disse "sabe que também estive onde você vive" ou seja em Hamburgo, a cidade dos sonhadores e que também muito o encantou, me chegou a falar de locais que eu conheço, que pelo meio do seu sorriso contagiante me falou também de St Pauli, um local mundialmente conhecido, famoso e turístico.
Um dia, o senhor Armando Leitão e já aposentado, deixou o rebuliço e os ares suspeitos de Lisboa onde vivia, o que aliás, são esses os quotidianos próprios das grandes cidades, resolveu radicar-se na sua adorada Loriga, onde passou a viver a tranquilidade e o prazer de respirar os ares puros que purificam os pulmões e provavelmente o fizeram rejuvenescer ainda mais o desgaste que despendeu ao longo dos anos.
A partir de então era por Loriga que o passei a ver mais vezes e a mantermos as conversas mais em dia, surpreendia-me sempre com a sua longevidade e sempre com uma boa disposição que nos apegava uma certa alegria, andava por todo o lado e não prescindia de fazer o seu passeio matinal, normalmente até à praia fluvial, onde ali se deliciava com o sol e ao mesmo tempo se regala com ar fresco que vem da água cristalina.
Mas na verdade mais tarde ou mais cedo os anos vão pesando cada vez mais, vim um dia a saber que o senhor Armando tinha deixado Loriga, passando a ser utente num lar de idosos muito longe da sua terra, foi ali que celebrou o seu centenário no dia 23 de Agosto de 2022. A partir dessa data do seu centenário, passou a figurar na Galeria dos Loriguenses Centenários que criei na minha Página, homenageando dessa forma todos aqueles nossos loriguenses que tiveram o privilégio nesta vida de atingirem esta bonita e sonhadora idade dos 100 anos de idade.
Ao saber do seu falecimento ocorrido no passado domingo dia 21 de Maio de 2023, fiquei triste e emocionado, vendo partir desta nossa vida um homem notável que foi um prazer o ter conhecido e ao mesmo tempo ter tido por ele grande carinho e estima.
O funeral foi realizado em Loriga, hoje terça-feira dia 23.5.2023, regressando assim á sua adorada terra natal, para então sim, repousar e dormir com tranquilidade o sono eterno. Até um dia caro amigo Armando Leitão. Descanse em PAZ.

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Dr. Carlos Pinto Ascensão
1922 - 1997

Nasceu em Loriga no dia 25 de Dezembro de 1922, onde também frequentou a escola primária, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio. Com 13 anos de idade seguiu para o Seminário tendo passado por Santarém, Almada e Olivais. Anos mais tarde abandonou a vida eclesiástica e, no ano de 1944, ingressou como funcionário na Casa Pia de Lisboa.
Entregando-se ao trabalho de educação dos adolescentes especialmente aos deficientes visuais e auditivos, foi ocupando nesta instituição sempre cargos de relevância, onde foi também granjeado a simpatia geral, vindo mesmo a ocupar funções directivas, nomeadamente no Instituto Jacob Rodrigues Pereira, tendo sido também Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos.
Personalidade de reconhecido prestígio no plano internacional, viajou por todo o mundo em representação da Casa Pia, sempre com grande sentido do cumprimento do dever. Foi representante de Portugal no BIAP - Bureau Internacional de Audiophonologie, sendo por sua iniciativa criada uma Comissão Internacional a que presidiu desde a sua criação.
Ao longo da sua carreira escreveu muito, principalmente dos temas que ele tão bem conhecia relacionados com o deficiente, colaborando em vários jornais e revistas destacando-se entre outros:- Diário popular; A Capital; o Diário de Noticias e a Flama.
Dedicando toda a sua vida àquela Instituição, apesar de aposentado em 1992 a ela continuou ligado como Director da Revista da Casa Pia de Lisboa e também como Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos.
Era por vezes acusado de ter esquecido Loriga, ao que ele respondia "
Que se lembrava da sua terra todos os dias, e se há quem pense que ser bairrista é estar sempre presente em cima da terra, ser bairrista é fazer pela terra tudo quanto se pode sem se esquecer dela".
Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em 1949, tendo colaborado com os seus escritos nos programas das Festas da Vila realizadas na década 50 e 60, escrevendo ainda alguns artigos no Jornal "Garganta de Loriga" nestes tempos mais recentes.
Em 17 de Março de 1993, no Palácio da Ajuda, o Dr. Carlos Ascensão recebeu das mãos do então Presidente da República, Dr. Mário Soares, as insígnias de Comendador da Ordem de Mérito, numa consagração oficial e pública de uma vida dedicada à solidariedade.
Faleceu no dia 23 de Agosto de 1997, vendo Loriga partir um dos seus filhos que se notabilizou fora dela, mas que a deixou mais enriquecida na sua história.

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Manuel Dinis Pereira *
1923 - 1996

Nasceu em Loriga a 1 de Junho de 1923, vindo a notabilizar-se ao longo de muitos anos pelo seu desempenho profissional no serviço de saúde, não só na sua terra como ainda nas freguesias periféricas. Era o Enfermeiro, mas em certas situações pareceu ser o médico.
A sua humildade tornavam-no num homem simples, sendo um grande bairrista que adorava todas as coisas da sua terra. Além de tudo era um loriguense convicto e que acreditava na palavra, por isso a popularidade e a amizade que sempre granjeou dos seus conterrâneos.
Após concluir a escola primária o médico de Loriga Dr. Andrade, chama-o para o seu consultório, passando a ser o seu "moço de recados" o que durante anos não parecia passar disso mesmo. No entanto o "Ti Manel Barriosa" como era assim chamado, foi deitando o olhar por tudo o que o rodeava.
Tornou-se um ajudante imprescindível do médico, com quem teve sempre um bom relacionamento, muito embora este só o tenha inscrito na Previdência Social um pouco tarde, colaborou, após a morte do Dr. Andrade, com o filho deste, Dr. Jorge Andrade e, mais tarde, durante muitos anos, com o Dr.Bandeira.
Foi adquirindo experiência, e apesar de não ter curso de enfermagem, adquire mesmo o estatuto de enfermeiro de Loriga. Deu injecções sem conto e, neste serviço de enfermagem aventura-se mesmo a fazer muito mais, chegando ao ponto de tirar dentes e a dar sem querer nada em troca medicamentos que ele por vezes conseguia de amostras de propaganda médica.
Esta figura de Loriga marcou na sua terra uma época em que nunca poderá ser esquecido, destacando-se entre outras actividades, o ter sido um potencial impulsionador do teatro amador nesta localidade. Muitos ainda recordam quando pela sua mão houve a possibilidade de ser colocada em cena a "Casa do Pai" talvez um dos maiores êxitos que o teatro amador desta Vila conheceu. Homem simples e bom, foi sem dúvida muito importante e de grande utilidade para Loriga, pois estava sempre pronto para ajudar em tudo que fosse realizações de carácter cultural na sua terra. Havia até quem o chamasse de "festeiro", atendendo às ideias e iniciativas que pôs em prática, mesmo sendo ele a pagar do seu próprio bolso, para que tudo fosse possível fazer.
Fez parte da Direcção da Banda de Música durante muitos anos, onde ainda hoje é recordado com saudade e foi, durante sete anos mordomo da Festa da N.S. da Guia, sendo ele também o promotor, em 1963 das primeiras marchas populares realizadas em Loriga.
Os tempos mudaram foram surgindo os enfermeiros habilitados, o "Ti Manel Barriosa" o "Enfermeiro" de Loriga deixou de ser menos solicitado, mas nem por isso foi esquecido por muitos a quem ele, dedicadíssimo, prestou preciosa assistência. Faleceu a 21 de Outubro de 1996, vendo a população partir aquele que, na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam.

* Albrito

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José Nunes Moura
1923 - 2006

Nasceu em Loriga, no dia 24 de Março de 1923, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito Moura.
Depois de concluir a escolaridade obrigatória, prosseguiu outros estudos, tendo-se especializado em Técnico Debuxador.
Regressou à sua terra e ingressou na Fábrica da Fândega e, mais tarde, na Sociedade Moura Cabral.
Homem de trato fácil e de uma amabilidade extrema era, acima de tudo, um homem de corpo inteiro, sempre presente nas iniciativas em prol de Loriga demonstrando, assim, um louvável bairrismo e um profundo respeito e adesão aos valores do associativismo.
Fez parte dos órgãos sociais de várias colectividades da sua terra, nomeadamente, da Banda Filarmónica, do Grupo Desportivo, do Sindicato, bem como fez parte da autarquia como Secretário da Junta de Freguesia, mandato dos últimos anos da década de 1950.
Em 1961 constituiu uma sociedade comercial com os senhores Carlos Nunes Cabral e seu filho Carlos Nunes Cabral Júnior, designada "Carlos Cabral, Limitada", com sede em Lisboa, na Rua da Prata, nº 199, 1º. Esquerdo, com vista à comercialização de fazendas e lanifícios.
Radicou-se então em Lisboa, onde passou a desempenhar a sua actividade. Após a extinção da referida sociedade, passou ele próprio a dedicar-se à comercialização de fazendas e também de malhas, tendo instalado o seu escritório na Praça da Figueira, onde esteve sediado durante muitos anos.
Adorava a sua terra, que visitava com regularidade, estando sempre muito atento a tudo que se relacionava com Loriga sendo, por isso, bem reconhecido o seu bairrismo e dedicação às causas em prol da sua terra. Qualquer iniciativa levada a efeito, a presença do senhor José Moura era uma referência, mostrando sempre disponibilidade para dar o seu apoio. Até mesmo nos funerais dos seus conterrâneos falecidos em Lisboa, era sempre uma presença pois, de maneira alguma faltava para os acompanhar à ultima morada.
Casado com Maria Teresa Nunes Cabral, da qual teve três filhos e, com netos e bisnetos era-lhe reconhecido a grande dedicação à sua família. Em 14 de Março de 1997, sofre um rude golpe com a falecimento da sua esposa. Desde então, passou a ver-se o senhor "Zé Moura" como popularmente era assim chamado, caracterizado com o preto do luto.
Foi um grande apoiante da Associação de Apoio da 3ª. Idade, da qual era associado e que não esqueceu, tendo deixado em testamento a quantia de 5.000 Euros a esta associação. Entre outras doações não esqueceu também a Banda, à qual doou um belíssimo e artístico móvel, que veio enriquecer uma das salas desta instituição musical.
Construir uma casa na sua terra, era uma sonho que sempre alimentou, o qual veio a concretizar e onde, com mais regularidade, pode passar um pouco mais do seu tempo.
Foi convidado de honra nas comemorações do Centenário da Banda realizadas em Julho de 2006, o último acto público em que esteve presente, antes da doença que o vitimou.
Faleceu em Lisboa, no dia 3 de Novembro de 2006, com a idade de 83 anos. O funeral realizou-se em Loriga, onde foi sepultado no cemitério local, vendo os loriguenses desaparecer um seu conterrâneo, com uma personalidade bem marcante, caracterizada pela simpatia e simplicidade na sua relação com os outros, pelo seu sorriso amável, e também pela estima e o respeito como tratava toda a gente.

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Laura Moura Pina *
1923 - 2007

Nasceu em Loriga em 19 de Fevereiro de 1923, filha de Plácido Aparício Pereira e de Maria do Carmo Moura Pina.
De muito nova se apegou às coisas da Igreja na sua terra. Logo na catequese, entrou para o organismo das filhas de Maria, e da Cruzada, no tempo do saudoso Padre Lages e não mais se viria a despegar dos diversos organismos católicos da sua terra.
Catequista zelosa durante largos anos. Zeladora do Apostolado da Oração e desagravo ao Sagrado Coração de Jesus. Era vê-la em muitas procissões, levando bem erguido o guião, sem que algum complexo lhe assaltasse a sua mente. Locista, interveniente nas famílias com problemas sociais e outros.
Cantora de sempre nos grupos corais da Igreja, tinha muito gosto de cantar era mesma uma apaixonada, cantava como ninguém todo o Te Deum de Perosi sem falhar nada, tinha um hábito de entoar bem alto a sua voz "que era para Nosso Senhor a ouvir" como costumava dizer.
Casou com José Duarte Gouveia conhecido por "Zé da Volta" que era para ela o melhor marido do mundo. Tiveram 10 filhos, mas chegaram a criar 11, ao ter tomado conta do filho da sua irmã falecida em Coimbra logo após o parto. Criou o seu sobrinho Joaquim ao mesmo tempo da sua filha Filomena, costumando dizer "que era uma mama para cada um".
A tia Laura da "Santa Eufêmea" como popularmente era assim conhecida foi no campo das habilidades, uma pessoa fora de série, nomeadamente nas sua qualidades inigualável na área de laborar rendas, manejando as agulhas como ninguém era capaz de o fazer.
Tudo imaginava e tornava mais belo desde lavores simples aos mais complicados, ao ponto de ornamentar as garrafas, com vestidinhos todos diferentes, cada qual com o seu chapeuzinho. A sua última paixão e da qual se orgulhava era fazer terços de renda que oferecia às pessoas com o propósito que fossem rezados, mesmo já doente no Hospital no Luxemburgo, chegou a fazê-los para depois os oferecer às enfermeiras.
Na realidade os seus trabalhos mereciam figurar em museu tal é a grande obra de arte que executou ao longo dos anos.
Quis Deus que a Tia Laura fosse morrer ao Luxemburgo, onde se encontrava de visita à família, cumprindo assim a mesma sina que seu filho Tó que ali morreu precisamente no mesmo Hospital. Regressou já sem vida à sua terra onde foi sepultada no cemitério local, vendo os loriguenses desaparecer uma das sua conterrâneas reconhecidamente admirada e estimada por todos.

* Extractos retirado do artigo de A.Brito
(Jornal "Garganta de Loriga/2007)

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Padre António Bernardino do Nascimento Barreiros
1923 - 2006

Nasceu em Castelejo (Fundão) a 25 de Fevereiro de 1923, filho de Francisco Bernardino do Nascimento e de Angelina Fernandes Barreiros.
Frequentou os Seminários Diocesanos de 1936 a 1946. Foi ordenado sacerdote por D. João Oliveira Matos a 4 de Agosto de 1946.
Exerceu ministério pastoral em Aldeia Nova - Trancoso (1946 -1950), Vale de Prazeres (1950), Loriga (1966) e Loriga e Cabeça (1972), sendo mudado para o Fundão em 1979 onde serviu a paróquia de São Martinho durante 27 anos.
Foi ainda Arcipreste do Fundão (1983 -1988); Administrador Paroquial de Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo (1985 - 1987); Professor de Religião e Moral; Director e Capelão do Abrigo de S. José e foi membro do Conselho Presbiteral (1997).
Durante os 13 anos que esteve em Loriga, (1966-1979) ficou na recordação de muitos o grande trabalho apostólico desenvolvido nesta vila, que ele passou a gostar, tendo deixado Loriga com muitas saudades.
Tendo na altura substituído o senhor Padre Prata, esperava-o um legado paroquial de certa forma rico de simbolismo, que o senhor Padre Barreiros tudo fez para dar continuação à obra deixada pelo seu antecessor, levando a empreender simultaneamente iniciativas que foram importantes para a paróquia.
Ao partir está ainda na memória as palavras de carinho que transmitiu ao povo loriguense: -
"Vou deixar-vos. Parto pobre, e parto rico. Parto pobre, porque nada levo do que é vosso e deixo-vos a doação de quase 13 anos de vida gasta por cada um de vós, e essas centenas de contos economizados para a remodelação da Igreja Paroquial e de que não tive tempo de alindar como desejava.
Parto rico, porque rico de amizades de carinho, rico de atenções que sempre me foram dispensadas. Se incompreensões houve para comigo ou para com a minha actuação apostólica, sinto que tudo sempre desaparecia, lembrando as ondas do mar a desfazerem-se em branca espuma.
Vai fazer 13 anos que tomei posse de Loriga acompanhado do carinho das minhas irmãs, das lágrimas dos amigos que deixava e das flores e alegrias que me dispensastes ao chegar. E convosco quero viver a saudade das pessoas e das coisas, a saudade desta serra, onde a neve branca das suas cristas nos convida a renovar a nossa vida. Saudades das diversas ermidas que restaurei e onde ensinei a rezarem e orei com a alma fervorosa deste povo, sobretudo nas grandes solenidades de N.S. da Guia.
Saudade das crianças, que amei sempre com um pai. Saudade dos adultos, a quem amei com irmão. Saudade da juventude que tantas alegrias me deu nas noites de trabalho apostólico. Saudade dos pobres, que me deram a honra de viver comigo na pobreza. Saudades dos abastados, que acolheram sempre a minha humildade. Saudades dos patrões e operários, que convivíamos como uma família. Saudade de vós católicos que me edificastes com a Fé. Saudades dos doentes que me ensinaram a compreenderem o mistério da dor. Saudade de todos vós, quando colaborastes comigo de mais perto nos diversos campos do apostolado, tantas vezes cercados de incompreensões e sofrimento, mas fortes no amor.
A todos levo no coração, porque a saudade é a ausência feita de presença e a presença de ausência".
Os últimos tempos da sua vida residia no Lar da Santa Casa da Misericórdia do Fundão por motivo de doença que o impossibilitou de continuar a exercer o trabalho pastoral na paróquia do Fundão
No dia 5 de Agosto poucos dias antes da sua morte, o Padre Barreiros cumpriu 60 anos desde a sua ordenação, tendo decorrido uma missa em sua homenagem na Igreja Matriz do Fundão, presidida por D. Manuel Felício, bispo da Guarda. Na altura, o bispo da Guarda elogiou a "dedicação e vontade" do padre António Barreiros à comunidade religiosa
Faleceu no dia 22 de Agosto de 2006 com a idade de 83 anos, após doença prolongada, nesse dia ainda foi assistido nas urgências do Centro Hospitalar da Cova da Beira - para onde se dirigia com vista a receber tratamentos - mas acabou por não resistir.

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Padre Francisco Borges de Assunção
1923 - 2006

Natural de Travancinha (Seia) onde nasceu em 25 de Janeiro de 1923. Filho de Henrique Borges Assunção e Maria Olivia de Almeida Serra.
Entrou para o Seminário do Fundão, donde, depois de quatro anos de preparatórios, passou para o Seminário da Guarda. Aqui estudou a Filosofia e a Teologia, para no fim, em 4 de Agosto de 1946, receber a Ordenação Sacerdotal das mãos do Senhor Bispo da Guarda.
A Missa Nova ocorreu em 18 de Agosto de 1946 e após um ano de apostolado como Coadjutor, foi Pastor dedicado às ovelhas que lhe foram confiadas durante cinquenta e quatro anos em várias Comunidades Paroquiais, só deixando esta sua actividade aos setenta e oito anos, por motivo de doença incapacitante.
Foi Pároco em Loriga durante 22 anos (1979-2001) onde exerceu um trabalho Pastoral, Apostólico e espiritual de grande relevo, que destaca também a sua grande sensibilidade pelos problemas sociais.
Chegou a Loriga no dia 28 de Outubro de 1979, sendo recebido com uma afectuosa e calorosa recepção, como é timbre do povo da hospitaleira vila de Loriga, que o surpreendeu e sensibilizou, como mais tarde o veio a dizer. Veio da freguesia de Arcozelo da Serra para substituir o Padre António Bernardino do Nascimento Barreiros, que entretanto tinha sido colocado no Fundão
Na Portela do Arão foi-lhe apresentado os primeiros cumprimentos pelas autoridades e as mais importantes individualidades de Loriga, organizando-se de seguida o cortejo de algumas dezenas de automóveis até Avenida Augusto Luís Mendes, que se encontrava apinhada de gente, destacando-se também todos os organismos católicos da Paróquia e públicos, que dessa forma apresentaram boas-vindas, formando-se um luzido e enorme cortejo a caminho da Igreja Paroquial, no qual e durante percurso foram-se sucedendo muitas provas de muita demonstração de carinho e Fé, com vivas, cânticos e aplausos.
Homem bondoso, afável, atento e com muita sensibilidade e preocupação social. Confrontado com incompreensões e até alguns desafios, respondeu sempre com sofrimento e silêncio sem desfalecimentos, não se desviando da rota por si almejada, que houvera traçado.
Foi uma pessoa dotada de grande capacidade de trabalho, empreendedor, pragmático, determinado, directo e frontal, soube desde a primeira hora, estar atento às necessidades mais prementes de Loriga, não se poupando a sacrifícios dos mais díspares, afectando a sua própria saúde.
Assim que se familiarizou com Loriga, mostrou grandes preocupações de ordem social, extrema sensibilidade e um especial carinho pelos mais velhinhos e necessitados de ajuda. Durante a sua permanência nesta vila, deixou obras de largo alcance social, onde se destaca entre outras a Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia, hoje de vital importância para os idosos de Loriga e da região, que a todos recebe de braços abertos e que de certa maneira é o
"ex. líbris da Vila de Loriga", considerada como Obra da Coragem. O seu mentor considerá-la-á sempre "como a pupila dos seus olhos", pois são vivências que marcam e nunca esquecem, "finis coronat opus".
É na realidade de realce a obra que fez em Loriga, que de certa forma ficará para sempre como um figura marcante, e que se deve recordar e que aqui registamos.
- Para os que começavam a jornada da vida, incentivou a acção das Creches, Jardim-de-infância e A.T.L.s, e para os que já se encontravam no ocaso da sua existência, criando Centros de Dia e Lares para Terceira Idade.
A Formação de leigos conscientes das suas responsabilidades apostólicas, foi uma constante da sua vida Pastoral. Saliente-se, que paroquiou simultaneamente Loriga, Cabeça e durante nove anos, Alvoco da Serra.
Construção de raiz de um Pavilhão para Creche, Jardim Infantil e A.T.L. Restauro e requalificação total da Casa de Nossa Senhora da Conceição, destinada à prática da Catequese, reuniões e actividades de outros organismos apostólicos.
Requalificação de um espaço físico para funcionamento do Centro de Dia para Idoso Grande restauro e requalificação da Igreja Paroquial no seu interior e exterior. Do seu interior consta um novo tecto, uma nova pavimentação com colocação de granito na coxia central, colocação de lambrim de azulejos nas paredes do templo sagrado, dotando-o ainda com novas bancadas. No exterior, colocação de vitrais e devolução à origem do seu esplendor granítico.
Obras na Casa Paroquial, dotando-a de melhores condições de habitabilidade, não descurando o restauro do Salão Paroquial, para desenvolvimento de actividades pastorais e lúdicas.
Melhorou a Sede social do Centro de Assistência Paroquial de Loriga. Ajudou a criar a Casa Mortuária, valência que Loriga apreciou e continua a evidenciar. Lançou meios estruturais para o exercício dos Movimentos Apostólicos. Estimulou Loriguenses responsáveis que operaram na transformação da Capela e recinto de Nossa Senhora da Guia, Capela e Largo de S. Sebastião e Capela de Nossa senhora do Carmo.
E por fim a construção da Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia (Lar de Idosos) a mais importante obra concluída em Loriga nestes últimos anos.
Em 4 de Agosto de 1996 fez a suas Bodas de Ouro Sacerdotais, sendo realizada a Festa Jubilar em Loriga no dia 08 de Agosto de 1996, numa bem demonstrativa e afectuosa celebração à qual se associou toda a população local.
Já minado pela doença, por vezes deixava transparecer a sua falta de saúde, mas remando sempre contra as ondas de um mar encapelado que ele próprio fazia acalmar, não obstante o seu corpo franzino, surpreendendo todos os que o conheciam pela sua heroicidade.
Deixou a Paróquia de Loriga no ano de 2001, por motivo de saúde. Em 2006 festeja os seus sessenta anos de Sacerdócio. Em 2007 escreve e publica o livro das suas memórias
"Subindo Sempre" obra editada pela editora Psicosoma, que retrata bem a simplicidade e humildade memorial do seu autor. E, como poeta, a Evangelização veio ao de cima, através dos poemas que iam sendo publicados no seu jornal paroquial "Ecos Paroquiais".
Faleceu no dia 24 de Maio com 86 anos, no Hospital Sousa Martins na Guarda, pela manhã, com a Cerimónia Fúnebre, presidida pelo D. Manuel da Rocha Felício, Digníssimo Bispo da Guarda, a realizar-se dois dias depois (26 de Maio) em Travancinha sua terra natal, onde se deslocaram muitos loriguenses para estarem presentes e acompanharem o seu corpo à última morada no cemitério local, onde ficou sepultado.
Assim os loriguenses vêem desaparecer uma figura, que não sendo da sua terra, muito fez por ela e ao qual Loriga muito ficou a dever e tal como foi dito nessa hora em nome dos Loriguenses, tudo que fez por Loriga
"jamais se apagará".

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José do Nascimento Claro
1924 - 2009

Nasceu no lugar da Sobreda, freguesia do Seixo da Beira, concelho de Oliveira do Hospital, no dia 9 de Outubro de 1924. Filho de Manuel António Claro e Maria da Conceição Henriques.
Em 1936 e após a instrução primária, com a idade de 12 anos, foi trabalhar para Loriga, com o seu conterrâneo senhor Manuel da Sobreda, que possuía uma taberna, situada na cave da antiga Farmácia Popular, na então chamada Rua Escura. Poucos meses depois, foi trabalhar para a padaria do Sr. José Maria Pinto, onde se manteve até aos 17 anos, não imaginando que começava assim dessa forma uma longa vida na área da Panificação.
Nessa fase da sua adolescência regressou para a sua terra Natal e, a convite de um seu tio foi trabalhar para Vila Nova de Tazém, na mesma actividade de panificação. No entanto, parecendo ficar nele uma certa adoração por Loriga, resultante dos cinco anos que lá esteve, um ano depois de ter dali partido, não resistindo à saudade, regressa para Loriga e novamente foi trabalhar para a Padaria do senhor José Maria Pinto, onde permaneceu até a idade de 26 anos.
Em 1950 e com a idade dos 26 anos, foi-lhe apresentada uma proposta para adquirir a padaria do Sr. José Lages, conhecida como Padaria do Vinhô, onde aí se estabeleceu por conta própria, tornando-se num dos maiores padeiros que existiram em Loriga, reconhecido como um profissional sério, trabalhador e dedicado à sua arte, bem definida no seu espírito empreendedor que o levou a desenvolver a qualidade do pão, nomeadamente do "paposseco", trigo-milho, da "poia", o centeio e da famosa broa de milho, reconhecida não só em Loriga, mas também na região e até muito afamada na área da grande Lisboa.
Empresário de sucesso na área de Panificação, que o levava a trabalhar sete dias por semana, apesar disso, conseguia algum tempo para se dedicar às causas comunitárias da sua terra de opção, tornando-se mesmo numa verdadeira força viva de Loriga. De uma educação extrema, era amigo do seu amigo um dos atributos bem reconhecidos por todos que com ele mais de perto vivia e por quem a população por ele nutriu sempre uma verdadeira admiração e respeito.
"Zé Claro" como popularmente era assim chamado, passou por vários órgãos sociais dos vários organismos de Loriga, com um contributo importante que muitos ainda hoje recordam, pela sua determinação e visão de olhar as coisas pelo positivo, foi mesmo associado de todas as colectividades loriguenses. Na verdade foi sempre um verdadeiro entusiasta, comunicativo, atento e participativo, que o aliou ao enraizado saber académico 4ª Classe, com o dinamismo do saber-fazer e saber-ser, construído ao longo da sua carreira profissional. A sua maneira de pessoa de bem, foi marcante, que ficou para sempre na memória daqueles que se cruzaram consigo
Conhecido como um acérrimo adepto do Sport Lisboa e Benfica, muitas vezes era vê-lo a conversar sobre o seu clube de paixão, sofrendo mesmo quando as coisas não corriam tão bem ao seu clube.
Pertenceu à comissão constituída por vontade de 25 loriguenses de todas as condições sociais, que outorgaram a respectiva escritura pública em 12.07.90, para a fundação da Associação Loriguense de Apoio à Terceira Idade e já por fim foi também um dos outorgantes da escritura da Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga, em 6 de Dezembro de 2008, último serviço público em prol da terra que ele tanto adorava e que era também dele, apesar de nela não ter nascido.
Homem de família, realizado, que juntamente com a sua mulher Ilda Mendes Moura, construiu não só o seu sucesso empresarial, mas também familiar ao longo de quase 61 anos, tendo três filhos, cinco netas e um bisneto, de quem muito se orgulhava.
Faleceu em 17 de Agosto de 2009 com 84 anos de idade após doença, resultante de uma alteração de saúde que se manifestou meses antes, vendo os loriguenes partir uma figura que muito fez pela terra que passou um dia a ser sua por opção. O funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado.

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Dr. Joaquim Jorge Reis Leitão *
1926 - 1994

Nasceu em Loriga em 5 de Novembro de 1926, filho de Emílio Reis Leitão e de D. Adélia Jorge Leitão. Fez na sua terra a escola primária, indo de seguida para o Liceu e depois para o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.
Estudante brioso e muito cumpridor, salientou-se no meio estudantil em que esteve envolvido onde acima de tudo eram bem evidentes a suas qualidades de inteligência e personalidade. Pouco tempo depois da sua licenciatura, foi Professor provisório da Escola Preparatória Nuno Gonçalves de Lisboa de 1953 a 1954, e nessa mesma Escola foi, a partir de 1957 a 1959 Professor secretário e de 1959 até 1967 Subdirector.
Colocado no Ministério da Educação fez uma brilhante carreira ao longo de 37 anos, sempre desempenhando elevados cargos, tendo ainda participado em grupos de trabalhos e outras missões, como por exemplo na Presidência dos diversos júris de concursos de habilitação para pessoal administrativo, nomeadamente chefes de secretaria de estabelecimento de ensino.
Teve ainda algumas participações em grupos de trabalho e outras missões, destacando-se entre outras as de Membro da Comissão Organizadora do Congresso Nacional do Ensino Técnico realizado em 1968, Revisão das estruturas administrativas dos estabelecimentos de ensino preparatório e secundário e frequência de um estágio em Paris para estudo da gestão dos estabelecimentos do ensino secundário franceses patrocinado pela OCDE.
Grande amigo da sua terra e muito bairrista onde, por norma, se deslocava semanalmente, foi um grande obreiro para a criação da Escola Secundária nos finais da década de 1960 e cuja inauguração foi efectuada pelo então Ministro da Educação Dr. José Hermano Saraiva que foi recebido pela Banda de Loriga executando o Hino da Maria da Fonte.
Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em Lisboa no ano de 1949, publicação que viria a ser interrompida poucos anos depois, passando mais tarde a ser publicado como Boletim Paroquial.
Veio a ter grande influência na construção da Escola EB em Loriga à qual desde logo foi posto o seu nome:- Escola EB 2.3 Reis Leitão-Loriga, numa prova de gratidão da localidade, a tão grande bairrista loriguense.
Faleceu em Lisboa a 29 de Agosto de 1994, sendo sepultado no cemitério de Benfica, longe da sua terra que tanto adorava, tendo a Vila de Loriga perdido uma das suas maiores figuras que em muito contribuiu para o desenvolvimento da sua terra.

* Albrito

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Álvaro dos Santos Aparício
1926 - 2007

Nasceu em Loriga em 22 de Outubro de 1926, filho de Luciano dos Santos Aparício e de Maria Emília Mendes dos Santos.
Não chegou a conhecer o seu pai, pois quando nasceu já ele tinha embarcado para o Brasil, destino comum de muitos loriguenses na época. Já crescido, o pai ainda o tentou levar para junto dele onde já se encontravam a irmã e irmão, só que a sua mãe não o permitiu.
Grande bairrista, amava a sua terra como ninguém. Foi um cidadão exemplar, que dignificou a sua vida na comunidade, tornando-se uma das suas principais referências sociais e morais pela sua integridade e verticalidade, que eram mais que evidente na sua maneira própria de viver em bem.
Sempre muito devoto, bem como a sua esposa, estava sempre disponível para colaborar nas actividades promovidas pela Igreja, em que se destacam os Cursos de Cristandade e a Liga Eucarística dos Homens. Pertenceu, e é bem lembrado, o seu envolvimento na JOC (Juventude Operária Católica) e na LOC (Liga Operária Católica), que tiveram no senhor Álvaro Aparício um dos seus mais importantes membros.
Foi um dos sócios fundadores da Cooperativa Popular de Loriga e do Socorro Paroquial Loriguense, fez parte de diversas direcções da Irmandade das Almas e do Santíssimo Sacramento de Loriga, bem como de vários outros organismos.
Solidariedade, amor ao próximo, dignidade profissional, desportista e activista cultural, transmitiu valores que perduram como guia de conduta social com gestos cativantes de humanidade e valores.
A sua actividade profissional foi quase toda ela dedicada à firma Metalúrgica Vaz Leal, onde trabalhou cerca de quatro décadas. Logo após ter terminado a escola primária, começou a trabalhar na oficina Pedro Vaz Leal, nessa altura ainda na chamada "Forja" situada no Cabeço, que mais tarde passou para o Terreiro da Lição. Depois de meia dúzia de anos na oficina do Joaquim Correia (Casegas) voltou novamente para o Pedro Leal mas, desta feita, para a oficina já situada na Vista Alegre, onde esteve até se reformar aos 62 anos.
Possuidor de uma energia que venceu desafios, independente dos poderes estabelecidos, colocou-se sempre ao lado dos mais humildes e pelas mais nobres causas, estando sempre atento a tudo que se relacionasse com a sua terra.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga num mandato de três anos, de 1977 a 1979, nas primeiras eleições realizadas democraticamente, encabeçando a lista do Partido Socialista, da qual também faziam parte a D. Helena Leitão e o Sr. Horácio Ortigueira.
Foram anos problemáticos à frente da autarquia, numa altura em que corriam os primeiros anos da democracia e que a situação do país era ainda um pouco confusa. Por outro lado, a escassez dos meios financeiros tornavam ainda mais difícil a tarefa de dirigir a Junta de Freguesia tendo, apesar de tudo, efectuado um trabalho digno de relevo ainda hoje muito recordado.
De vários melhoramentos levados a efeito no seu mandato, destaca-se a construção do Ringue de Patinagem, num complicado processo da ocupação dos terrenos, pertencentes à Fundação Cardoso de Moura. Foram também concluídas as obras do abastecimento de água e saneamento em toda a vila. Como também foram efectuadas as obras para o alteamento e reforço de muros dos Poços de Loriga (Serrano e Covão das Quelhas), que se vieram a tornar de importância vital para a terra.
Foi determinante, e também de grande realce, o seu envolvimento como presidente da Junta de Freguesia, na reorganização da Banda de Música de Loriga em 1978, após mais uma crise, (na altura encontrava-se encerrada), tendo sido igualmente fundamental o grande apoio e a contribuição dada por António de Brito Pereira o
"Mestre Barriosa" como assim era chamado.
Depois de finalmente organizada, a Banda retomou a sua actividade, o que aconteceu no dia do Corpo de Deus, estando ainda na lembrança de muitos loriguenses, quando nesse dia foi recebida na "Praça" com grande ovação. Foi, também, nessa altura, que a Banda foi inscrita na Federação Portuguesa das Actividades de Cultura e Recreio.
No ano seguinte, em 24 de Junho de 1979, a Banda realizou uma digressão a Sacavém para obter apoios da comunidade loriguense. Para esse efeito, foi organizado um convívio na Quinta do Seminário dos Olivais e também um concerto na Cooperativa de Sacavém, bem difundido pela imprensa escrita, onde também esteve presente o senhor Álvaro Aparício na sua qualidade de presidente da Junta, que deu uma importante entrevista onde realçava as carências de Loriga.
Casado com a D. Irene Gomes Dinis Prata, eram-lhe reconhecidos os atributos de dedicação à esposa e filhos. Também a sua humanidade e amizade para com os outros o fez sempre granjear a estima e admiração dos seus conterrâneos. Em 12 de Outubro de 1997, sofreu um rude golpe com o falecimento da sua esposa.
Os últimos anos da sua vida foram vividos na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga, onde faleceu no dia 24 de Julho de 2007, com 81 anos, tendo sido sepultado no cemitério local, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos a quem tanto ficou a dever, e os Loriguenses viram
partir mais um seu conterrâneo, uma notável figura por quem tiveram sempre uma grande admiração e estima.

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José Moura Mourita
1927 - 1998

Natural de Loriga onde nasceu em 12 de Julho de 1927, filho de Joaquim Moura Mourita e de Maria do Carmo Lopes Vide, também naturais desta localidade.
Figura querida de Loriga foi o
"último" Carteiro desta Vila, em épocas quando a nomenclatura das ruas ou mesmo os números das portas das habitações faziam parte do nosso imaginário, tendo ao longo de muitos anos desempenhando aquelas funções com muita dignidade.
Foram quilómetros sem conto percorridos ao longo dos anos de serviço na sua profissão de Carteiro, devendo ser o único loriguense a conseguir pisar todas as ruas, becos, pátios, quelhas ou mesmo qualquer recanto da povoação, levando consigo boas e más noticias. Conhecia toda a gente pelos seus nomes e apelidos, apesar de serem tempos em que a população atingia números elevados que nada tem a haver com o movimento populacional de hoje, que se vem notando cada vez mais reduzido.
Homem de uma calma impressionante e de pontualidade eficaz, ao sol, chuva, vento, frio ou neve, a partir das 11 horas da manhã era uma presença obrigatória pelas ruas da Vila, fazendo chegar aos seus destinatários a tempo e horas a correspondência que consigo levava, mesmo tendo por vezes o hábito de se entreter em
"dois dedos de conversa" com os amigos ou aproveitando essas paragens por breves momentos para refrescar um pouco a garganta.
Hoje nada sendo com antes, desempenhar o serviço de carteiro parece necessário ser bastante letrado e em vez do andar a pé, existem os transportes para se movimentarem, parecendo nada poder ser feito se não houver a ajuda da electrónica. No entanto o
"Ti Zé Mourita" o carteiro de Loriga não precisou nada disso, pois registava mentalmente todos os nomes das pessoas da sua terra. Hoje em dia, se a memória nos falha, podemos socorrer-nos da nossa "memória electrónica", como é o caso do computador.
Sendo bastante religioso era um cristão convicto e um fervoroso defensor da igreja, adorando igualmente a sua terra. Era casado com a Sra. Adélia Alves Jesus.
Um dia, em caminhos que percorreu e tão bem conhecia, aconteceu o que nunca previa que viesse acontecer. Caiu e feriu um pé e uma a perna e, a partir daí não mais foi o mesmo, Foi adoecendo e essa mesma doença o viria a vitimar, falecendo no dia 20 de Abril de 1998. A população de Loriga viu partir o
"último" Carteiro da Vila daquela época em que a correspondência, para chegar até nós, apenas bastava ter o nome.

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Mário Gonçalves da Cruz
1928 - 1999

Natural de Loriga onde nasceu em 16 de Janeiro de 1928, ficou na memória como um dos maiores bairristas loriguenses, onde o amor a Loriga estava sempre presente onde quer que fosse e estivesse em tudo o que se envolvesse relacionado com a sua querida terra.
Esta figura loriguenses viveu quase toda a sua vida em Sacavém. Para muitos era como que um cônsul de Loriga nesta localidade, a quem muitos recorriam para saberem novidades e noticias e como não podia deixar de ser foi também um dos fundadores da ANALOR (Associação dos Naturais e Amigos de Loriga) à qual dedicou muito do seu tempo.
Um dom poético o caracterizava para projectar a sua adorada terra através da poesia, escrevendo muitos poemas, quase sempre dedicados a Loriga e às suas gentes, não esquecendo os Bombeiros e Músicos pelos quais teve sempre uma grande admiração.
Homem de alma grande, ficou na recordação de muitos quando organizava excursões a Loriga, nomeadamente no verão e mais precisamente para os festejos da Festa da N.S. da Guia, estando na lembrança a chegada à "Carreira" onde era enorme a emoção e quando da partida, a tristeza reinante era bem visível nos rostos de todos aqueles ao deixarem mais uma vez a sua terra.
Pessoa simples e afável tinha uma maneira própria de falar das artes, dos livros, da poesia, nos acontecimentos diários, tendo também sempre histórias e peripécias para contar desses passeios excursionistas e ainda de uma vida que levou dedicada ao melhor que houvesse para Loriga.
Faleceu em 28 de Dezembro de 1999, após doença, sendo sepultado no cemitério de Sacavém, ficando assim dividido por duas localidades que foram a sua vida, uma que foi seu berço e a outra em que ficou sepultado, ficando Loriga mais triste por não mais ver chegar aquele que um dia lhe cantou:

"Eu canto Loriga canto. A tua Primavera em flor. Como eu te quero tanto. Minha terra, meu poema, meu amor".

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Carlos Nunes Cabral Junior
1928 - 2004

Nasceu em Loriga, em 16 de Maio de 1928, filho de Carlos Nunes Cabral e de Urbana Nunes Moura.
Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi estudar para Coimbra, por onde se manteve durante alguns anos.
Desde muito novo se notava a sua qualidade de empresário e cedo começou a pisar os passos de seu pai, também ele um grande industrial em Loriga.
Homem de grande inteligência e de luta, empresário de enorme qualidade e sucesso. Após a morte de seu pai, tomou a liderança da Firma Moura Cabral & Comp., que administrou durante três décadas, chegando mesmo a ser uma firma de sucesso, em desenvolvimento, progresso e qualidade, merecidíssimas reconhecida no concelho e não só.
Fez parte dos Corpos Sociais de vários organismos da sua terra natal, nomeadamente de carácter desportivo, cultural e humanitário, funções que sempre desempenhou com todo o empenho e dedicação.
Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga de 1990 a 1993, onde se destaca a obra realizada e de grande valor, no desenvolvimento da sua terra.
Depois do 25 de Abril de 1974 e até 1976, fez parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Seia
Tanto como dirigente ou empresário, apoiou sempre todas as iniciativas, que fossem de beneficio para a sua terra.
Em medas da década de 1980, foi determinante o seu contributo ao espírito impulsionador, em termos de panorama do futebol, elevando o Grupo Desportivo Loriguense, ao seu mais alto nível desde a sua existência, ao disputar pela primeira vez o Campeonato Distrital da 2ª. Divisão da Associação do Futebol da Guarda. Foi também nessa altura, o Presidente eleito desta popular colectividade loriguense.
Poucos anos antes da sua morte, resolveu afastar-se do meio empresarial, deixando mesmo a sua empresa. Esta firma continua em laboração, sendo a única empresa de lanifícios, que actualmente e apesar de tudo, ainda sobrevive em Loriga.
Faleceu inesperadamente em Coimbra, no dia 4 de Abril de 2004. O funeral realizou-se para a sua terra natal, onde ficou sepultado no cemitério local.
Loriga ficou mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus industriais, que muito fez pela sua terra e que tanto adorava.

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Adélia Alves Martins
1929 - 1974

Nasceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1929, era filha de António Alves Martins e de Maria Emília Duarte Jorge.
Desde muito nova se começou a destacar como cozinheira, numa maneira própria de muito bem confeccionar a comida regional.
Os seus dotes culinários eram muitos reconhecidos não só em Loriga, mas também pelas outras terras da região, para onde era solicitada com regularidade.
Cozinhava para bodas ou outros eventos, sendo a mais nova das cozinheiras a trabalhar para a comunidade em Loriga. Tal como era usual nesses tempos, nunca também fazia preço pelo trabalho que executava, aceitando o que as pessoas lhe queriam dar, sendo que, muitas vezes, o pagamento consistia apenas em mercearias.
Muito devota e religiosa, teve sempre presente o cumprimento dos deveres da Igreja, tendo pertencido à JOCF e à LOCF, logo após a fundação destes organismos em Loriga, pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966).
Foi a primeira cozinheira do Restaurante Império em Loriga, quando este foi inaugurado em 1972 onde, durante o tempo que ali trabalhou, a comida que confeccionava, era bastante apreciada pelas pessoas que vinham de fora.
Teve sempre a preocupação de transmitir aos outros os seus conhecimentos de culinária e, por isso mesmo, os seus ensinamentos vieram a tornar-se muito úteis, para as pessoas que com ela muito aprenderam.
Mãe de doze filhos, muito carinhosa e esposa resignada pelo infortúnio da doença do marido, viria a morrer relativamente nova, após doença prolongada, deixando seus filhos ainda muito novos e, quando ainda tinha muito para dar à família e também à gastronomia loriguense.
Faleceu em 20 de Outubro de 1974, sendo sepultada no cemitério local, onde muitos loriguenses se deslocaram acompanhando-a até à sua última morada, num funeral de verdadeiro pesar, vendo Loriga, desaparecer para sempre, uma das suas cozinheiras, que deixou em todos, recordações e saudades.

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Eng. Emílio Leitão Paulo
1932 - 2001

Nasceu em Loriga em 17 de Julho de 1932, foi uma figura de prestigio desta localidade, distinguindo-se como personalidade bem vincada em todos os cargos que desempenhou.
Fez o ensino primário na sua terra, licenciou depois em Coimbra, tendo sido diplomado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Trabalhou na Companhia dos Diamantes de Angola, durante alguns anos, regressou à Metrópole, tendo ingressado nos Nitratos de Portugal como Director Técnico. Transitou depois para a Metalúrgica Vaz Leal, em Loriga, onde foi sócio-gerente durante alguns anos, onde também teve sempre a preocupação de gerir esta firma industrial da sua terra, com o maior dinamismo e entusiasmo.
Dedicou parte da sua vida à politica, militante pelo partido do CDS, teve um papel de relevo na organização deste Partido no distrito da Guarda, onde chegou a ser o mais votado, chegando mesmo também a ser Vice-Presidente do Conselho Nacional.
Após o 25 de Abril de 1974, foi Deputado pelo CDS na Assembleia Constituinte pelo círculo da Guarda. A partir de 1978 foi nomeado para Governador Civil da Guarda, funções que desempenhou durante algum tempo. Foi também Vice-Presidente da Câmara de Seia.
Pessoa de fino trato, e de elegante relacionamento, era bem reconhecido por todos o trabalho desempenhado nas suas funções politicas, onde procurava acima de tudo ser aberto a todos, sem distinção de ideologias, tentando servir o melhor possível os interesses do seu Distrito.
Foi um dos sócios fundadores da Editora Porta da Estrela Lda., proprietária do Jornal da Porta da Estrela publicado em Seia.
Casado em primeiras núpcias com D. Maria Lela de quem ficou viúvo, tendo casado em segundas núpcias com D. Maria de Lurdes D.Brito.
Faleceu no Hospital Particular de Lisboa, no dia 12 de Outubro de 2001, vítima de doença. O seu funeral saiu da Igreja do Campo Grande-Lisboa para Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local.

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Eng. Joaquim Leitão da Rocha Cabral
1934 - 2003

Nasceu em Loriga, em 25 de Maio de 1934, filho de António da Rocha Cabral e de Guilhermina Reis Leitão Cabral.
Vivendo praticamente sempre fora da sua terra, notabilizou-se pelo seu invejável e meritório curriculum, devido aos altos cargos que desempenhou ao longo da sua vida, e que o tornaram num loriguense de destaque.
Chefiou e administrou muitas instituições públicas, e fez parte também de diversos governos, vivendo uma vida de actividade, que o impossibilitava de muitas mais vezes visitar Loriga, como decerto desejaria.
Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico em 1951-58 e, posteriormente, viria a formar-se em Genie Atomique INSTN Saciay 1959; Calder Hall Operatine School 1960 e Auditor do Curso de Defesa Nacional 1993-94.
De 1959 até 1976, foi Engenheiro da Companhia Portuguesa de Industrias Nucleares, bem como da Empresa Termo-Eléctrica Portuguesa e da Companhia Portuguesa de Electricidade. De 1976 até aos últimos tempos da sua vida, chefiou a Equipa de Projecto da Central Nuclear, passando à reforma em 1999, na função de assessor do Concelho da Gerência.
Em 1977, foi nomeado Administrador da Electricidade de Portugal. De 1971 a 1983, foi representante português na Comissão de Estudos Nucleares da UNIPEDE, e em 1987 na Comissão Consultiva da EUROTOM. De 1983 a 1984, foi Vice-presidente da UFIPTE.
Dedicou-se à politica, tendo feito parte do I Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia e Minas: (28-07-1976 a 07-01-1977) e de (07-01-1977 a 25-03-1977), do II Governo Constitucional, como Secretário de Estado da Energia e Indústrias de Base: (06-02-1978 a 28-07-1978), mantendo-se em gestão até à posse do 3º Governo Constitucional, em 29-08-1978, e do IX Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia: (18-06-1983 a 12-07-1985), mantendo-se em gestão até à posse do 10º Governo Constitucional, em 06-11-1985.
Foi nomeado Secretário-Adjunto do Governo de Macau, de Julho de 1987 a Dezembro de 1989. Em 1992, candidatou-se à Junta de Freguesia do Campo Grande (Lisboa) onde saiu vencedor, tendo-se recandidato e vencido também em 1996. Pelos serviços prestados ao longo da sua vida, foi reconhecido pelo seu trabalho, ao ser-lhe atribuída a condecoração do Grão-Cruz da Ordem de Mérito Civil de Espanha. Foi casado com Maria Isabel Nunes Cabral, também natural de Loriga e pai de Ana Isabel Cabral Grade. Faleceu no dia 17 de Janeiro de 2003, e o seu funeral foi realizado para o cemitério do Alto São João - Lisboa, tendo Loriga ficado mais pobre ao ver desaparecer um dos seus mais nobre e ilustre filho.

Em 2010 a Câmara Municipal de Lisboa, atribui o seu nome a uma rua lisboeta - Rua Eng. Joaquim Leitão da Rocha Cabral - situada na freguesia de Campo Grande, distinguindo e perpetuando dessa forma a memória deste distinto loriguense.

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Fernando Gonçalves *
1934 - 1997

Nasceu em Loriga no dia 23 de Setembro de 1934, filho de Abílio Luís Amaro e Maria Gonçalves.
Era o mais novo no seio de uma família de agricultores, mas viria a ser operário, como, aliás, a grande maioria dos loriguenses da sua geração. No entanto a terra sempre exerceu um grande fascínio sobre a sua vida, pois conciliou, ao longo da sua existência, a indústria e a agricultura.
Seguindo as pisadas do seu irmão Carlos, rumou a Lisboa, onde permaneceu alguns anos, mas como mais tarde se veria, não conseguia estar muito tempo longe da sua querida Loriga. Era o chamamento da terra... Assim, regressa a Loriga e divide a sua actividade entre a fábrica e a agricultura, que nunca deixou definitivamente. Entretanto, seguindo a tradição de família, já que os seus irmãos também eram filarmónicos, ingressa na banda, onde tocava saxofone soprano.
Viria a casar com Maria Emília Florêncio Pinto, também, a mais jovem dos filhos de Joaquim Pinto Assunção (conhecido como Joaquim "Faztudo") e Amélia de Jesus Florêncio. Desse casamento nasceram quatro filhos: a Mª Aurora, o Quim, o Ismael, e a Mª Raquel. Ficando viúvo contraiu segundo casamento com Maria do Carmo Duarte Marcos.

Foi sempre um inconformado e, por consequência, empreendedor, viria a passar pelas várias fábricas de Loriga, com a excepção da Metalúrgica, mas também trabalhou na Fisel, em Seia e na Vodratex, em Vodra, em Passos da Serra e, tentou até a dura experiência da emigração.
Em 1969, foi
"a Salto", assim se dizia da emigração ilegal, para o Luxemburgo, juntamente com um grupo de loriguenses e outros portugueses de proveniências diversas. As peripécias que contava dessa atribulada viagem até ao Luxemburgo, são dignas dos filmes mais rocambolescos. Desde atravessarem rios a nado, até passarem fome durante vários dias ou andarem sem rumo, sem conhecer ninguém, nem falar as línguas das gentes dessas paragens, houve um pouco de tudo. Mas chegaram ao destino são e salvos e rapidamente começaram a trabalhar. No entanto, esta aventura duraria pouco mais que três meses, já que, segundo ele... "se para ganhar algum dinheiro era preciso tanto sacrifício, preferia sacrificar-se na sua terra, junto da família".
Um dos companheiros de aventura dizia muitas vezes... "
O Fernando não tem espírito de emigrante porque, a cada refeição, vê a mulher e os filhos no fundo do prato". Era de facto assim, para ele a família era o porto seguro. Era rude com os filhos, muito exigente, como, aliás, era consigo próprio. Afinal, era esse o modelo que herdara de seus pais.
Fazia amizades muito facilmente, daí que, onde quer que fosse deixava logo um rasto de amigos, pois era muito animado e divertido, fazendo parte daquele grupo restrito que, na banda, animava as noites nas casas e adegas dos mordomos nas terras onde a banda actuava.
Sem ser beato, tinha uma religiosidade exigente que transmitiu aos filhos, tendo feito parte dos movimentos operários católicos como a JOC e a LOC. Mais tarde fez o Curso de Cristandade.
Tinha uma forte crença na vida eterna, que o leva, no período conturbado do pós 25 de Abril de 74, juntamente com um grupo restrito de carolas, a preservar a tradição da "Ementa das Almas", que outros, incluindo alguns frequentadores assíduos da igreja pretendiam que acabasse.
Era ele que, juntamente com o José Fernandes (mais conhecido por "Aleixo"), quer chovesse, quer nevasse, se levantavam mais cedo para andar, de porta em porta, a reunir os participantes deste ritual secular de Loriga, que contava, na altura com o veterano Ti Zé Garcia.
Quando Michel Giacometi contactou o Mestre Ascensão, seu cunhado para recolher registos da Ementa das Almas, este chamou o Fernando e o Zé, não só para cantarem para que fosse gravado pelo Etnomusicólogo, mas, sobretudo, para explicarem, de viva voz, o que fazia um grupo de homens, levantarem-se de madrugada, para cantar, segundo eles, para ...
"Aliviar as Almas". Hoje serão outros a cantar para aliviar a sua alma que, espero, repouse em paz...
Faleceu em 22 de Janeiro de 1997, com 62 anos de idade, sendo sepultado no cemitério local, vendo Loriga
partir um dos seus filhos que se não podia ver a viver longe dela.
* Joaquim Pinto Gonçalves (blog)

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António Abreu de Pina *
1937 - 1962

Nasceu em Loriga no dia 7 de Setembro de 1937, filho de António de Moura Pina e de Idalina Mendes Luis Abreu.
Depois de frequentar a escola primária, ingressou no seminário da Guarda, que apesar de ser um jovem de uma maneira diferente de viver, era bem visível todas as condições para trepar facilmente as escadas do altar.
Seminarista, escuteiro, jogador de futebol, tocador de viola, actor de teatro, era acima de tudo um jovem desinibido. Filho de uma família extremamente religiosa, possuidor de uma vasta inteligência, uma capacidade musical como poucos, uma desenvoltura linguística invulgar, que mais Deus tinha a dar a este futuro seguidor.
Quando vinha à sua terra de férias, além das coisas da igreja estava em tudo. Fazia teatro, jogava futebol no Grupo Desportivo Loriguense, que ainda hoje é recordado como um dos melhores futebolistas de Loriga. Estava nas tertúlias que se sucediam nas sapataria do seu pai, tocava viola e cantava com os outros.
Organizava acampamentos na serra, com a juventude, passeava nas ruas com tamanha elegância e à vontade que serviam de escola no seio da timidez que assolava a juventude de Loriga na época.
O António Calçada, como popularmente era assim chamado, queria ser Padre. Mas um padre actual, virado para as questões sociais, para os problemas da juventude de uma era moderna e não um rezador de novenas. Só que na época os apoios eram parciais nos Seminários e as opiniões divididas. O António chega às ordens menores mas há hesitações dos superiores, procuram-se esperas, o bispo recebe dúvidas a arrasta o processo.
Depois de tanta hesitação, o pároco de Loriga terá dado, segundo opinião de alguns, uma informação negativa e o seminário desaconselha, assim, a ordenação do futuro Padre Abreu. Caía a noticia em Loriga como uma bomba, e um trovão sobre a cabeça dos seus pais.
O jovem António Abreu, parte então para Lisboa, empregando-se na Misericórdia dada a sua capacidade e paixão musical, frequenta o conservatório da música, e ali conheceu o Professor Santos Pinto, vindo a tornar-se grandes amigos.
Avizinha-se o serviço militar, António sentia qualquer coisa de anormal no seu coração. Os médicos aconselham um exame difícil para a época: cateterismo.
Foi fatal. Faleceu nas mãos dos médicos no dia 16 de Julho de 1962, com a idade de 24 anos. O Funeral realizou-se para o cemitério dos Olivais em Lisboa onde ficou sepultado.
Loriga viu assim desaparecer um jovem que tanto queria ser Padre, e muito poderia fazer por Loriga, mas que as mentalidades conventuais, na época, não viam com aprovação a libertação deste jovem de outras ideias mais moderna.

* Albrito (GL 1998)

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Abílio Alves de Brito
1942 - 2009

Nasceu em Loriga em 22 de Novembro de 1942, filho de Carlos Brito Amaro e Maria do Carmo Alves Fernandes.
Um castiço loriguense, que muitos se habituaram a ver de barbas e longos cabelos, que quis manter esse seu visual, desde dos tempos que assim era uso e caracterizou uma juventude dos chamados anos de ouro, que desse modo foi sempre para ele uma maneira própria de estar na vida.
Homem do povo que nunca quis ter outra maneira de vida, era um companheiro das noitadas numa Loriga de outras eras, em que obrigatoriamente as "Migas" faziam parte de um modo social duma juventude e geração loriguense, sendo mesmo o maior nessas noitadas, nomeadamente, era quase sempre ele que 'fechava' a noite em Loriga, quando os primeiros trabalhadores das fábricas pegavam o turno da manhã. Facilmente, se tornou assim numa figura castiça que muitos o estimavam e que ele também estimava muitos.
Com algum jeito a mexer com a electricidade, quando solicitado, estava sempre pronto para efectuar os arranjos, reparando velhas instalações, velhos rádios ou outros objectos eléctricos, assim como, ele próprio arranjava, adaptava e construía as suas aparelhagens para animar os bailes do fim-de-semana, parecia mesmo que só ele conseguia trabalhar com toda aquela "gerigonça" de aparelhos.
Quando se pensava realizar bailes em Loriga a música ficava desde logo a cargo do Abílio, que de pronto se apresentava com todos aqueles improvisados aparelhos e a sua colecção de discos sempre actualizadas com os últimos êxitos. Foi de facto um verdadeiro DJ (Disc Jocky) daquela época em Loriga, talvez nada ficasse a dever aos modernismos de hoje desta era digital.
Ficou também conhecido como um dos melhores cantadores do jogo do Quino, hoje modernamente chamado "Bingo" muito jogado no Grupo Desportivo Loriguense, apelidando todos os números desse jogo caracterizando-os à moda de Loriga, que ficaram para sempre registados nas nossas memórias.
Recorde-se que chegou a ser atribuídos aos números de 1 a 90 desse jogo do "Quino", nomes típicos à moda de Loriga, e o Abílio sabia-os todos, a maioria deles foi ele o próprio autor, e era assim que ele os "cantava", pois o Abílio foi de facto um dos mais insigne "cantadores" do "Quino" em Loriga.
Faleceu subitamente em Loriga no dia 14 de Março de 2009 com a idade de 67 anos, quando pela tarde, a família estranhando não se levantar, o procurou no seu quarto, estando já morto, pensa-se que a sua morte poderia ter ocorrido muitas horas antes, mesmo durante a noite.
Loriga viu assim
desaparecer um dos seus filhos dos mais castiços dos últimos anos, o seu funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado.

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António Gonçalves Ferreira
1944 - 2006

Nasceu em Loriga no dia 29 de Fevereiro de 1944, filho de José Gomes Ferreira e de Maria do Carmo Gonçalves.
Um dos mais dinâmicos e trabalhador em prol da comunidade nestes últimos anos da chamada era moderna. Sempre activo, foi sem dúvida uma referência de bairrismo muito reconhecido pelos seus conterrâneos.
Caracterizava-o a sua personalidade firme de homem forte e dotado de grande alma, bem patente na dedicação em tudo em que participava, os seus dotes de cantor e actor, estão ainda bem na memória de todos. Homem gracioso e bairrista cheio de boa disposição, era acarinhado por muitos dos seus colegas e amigos, grande amigo da família e estimado pela mesma.
Uma forma humilde e própria de estar na vida, na participação criativa, voluntária e desinteressada nas colectividades da sua terra e também em muitas iniciativas de solidariedade em que participava, fizeram-no num dos melhores filhos de Loriga.
Foi vocalista no grupo musical os "Karts" criado na década de 1960, uma nova evolução na juventude Loriguense da época e que elevava o nome de Loriga onde quer que actuava. Participou em vários teatros, nomeadamente, cantando na sessão musical designada as "Melodias de Sempre"
Com a profissão de técnico de malhas, trabalhou durante muitos anos na antiga Fábrica de malhas "Loriseira" em Loriga, foi Vogal suplente na Assembleia de Freguesia, grande entusiasta do associativismo, nos Bombeiros, Grupo Desportivo e outras colectividades Loriguenses, era também um colaborador incansável em tudo que fosse de bom para a sua terra. Estão ainda nas memórias as refeições que ele próprio confeccionava para todos os que gostavam de conviver e confraternizar, quer no Grupo Desportivo, Bombeiros ou nas festas anuais dos Sportinguista que ele tanto gostava.
Pertencente ao corpo directivo da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga, nos finais dos anos 90, revelou-se um verdadeiro Bombeiro Voluntário sem farda. A sua dedicação, a camaradagem para com todos os elementos do corpo activo e o espírito de ajuda em termos de logística, foram factores que não passaram despercebidos por tantos quantos o admiravam e o estimaram.
Sempre pronto no outro lado da missão a dar o seu préstimo de voluntário. Eram as refeições que mais o preocupavam dizendo bastas vezes, "aquela gente de trabalho duro tem que ser bem alimentada". Os bombeiros, muitas vezes "longe de casa", eram nutridos por aquelas saborosas refeições onde as fazia muitas das vezes já tardiamente e pelo correr do perímetro do incêndio de vários quilómetros, estava preocupado em preparar a próxima quer fosse para o próprio dia quer fosse a refeição para o dia seguinte.
Casado com Maria Isabel Brito Aparício Ferreira e com dois filhos Pedro e Rita, o António foi sem dúvida de uma grande dedicação à família e também aos amigos, em que sua humanidade e amizade fez granjear de todos uma verdadeira admiração e estima.
Traído muito cedo pela doença que o deixou abatido sem nunca perder o seu bom humor. Veio a pausar algumas actividades que lhe exigiam maior dedicação e em 8 Outubro de 2006, deixou a missão da terra para continuar uma outra que Deus lhe destinou no céu.
Faleceu em Loriga com a idade de 62 anos, após a doença prolongada, o funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado. Nesse dia chovia copiosamente, parecendo que o céu também chorava, unindo-se dessa feita aos seus conterrâneos que o acompanharam à sua última morada. Loriga viu assim partir um dos seus filhos queridos ao qual muito ficou a dever.

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Carlos Augusto Nunes de Pina
1945 - 2003

Nasceu em Loriga em 1945, filho de Carlos Nunes de Pina e de Maria dos Anjos Gomes de Pina.
Fez a escola primária em Loriga e desde muito cedo se notava nele uma certa aptidão para a escrita.
Depois de concluir os seus estudos enveredou pela carreira jornalística, onde se notabilizou com grande sucesso ao longo de mais de 30 anos, angariando sempre a estima e a admiração dos seus superiores e colegas.
Iniciou o seu percurso jornalístico no Jornal "Diário de Noticias" passando pela categoria de revisor gráfico e de redactor. Foi subdirector e mais tarde director do Jornal "O Dia", foi ainda director da "48 Horas" e editor da revista "Tempo Livre" da Inatel.
Ocupou no mundo da comunicação social outros cargos importantes que para além de ter sido co-fundador do "Jornal Novo", destaca-se de ter sido o jornalista responsável pela introdução da comunicação institucional, tendo para o efeito, fundado a INFOPLAN e a INFOPLUS.
Nos últimos tempos da sua vida, exercia, as funções de director-adjunto da Revista "Homem Magazine".
Foi um grande colaborador e bateu-se pelo aperfeiçoamento e melhor qualidade do Jornal "Garganta de Loriga", a ele se deve a nova linha gráfica deste jornal loriguense, propriedade da ANALOR.
Adorava a sua terra e dela escrevia por onde quer que passasse, mantinha sempre bem vivas as recordações dos seus tempos de criança na sua terra natal, e onde quer que andasse não esquecia Loriga.
Faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 2003, com a idade de 58 anos, e após doença prolongada. O funeral realizou-se para o Estoril, sua terra de residência. Foram muitos os amigos e conterrâneos que estiveram presentes para lhe prestar a última homenagem, e o acompanharem à sua última morada para o cemitério local onde ficou sepultado.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre mais um seu ilustre filho, e os seus conterrâneos viram desaparecer alguém, que pelo seu elevado nível de pessoa de enormes qualidades e capacidades, constituiu para todos motivo de orgulho.

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António Mendes da Costa
1947 - 2008

Natural de Loriga onde nasceu em 19 de Abril de 1947, filho de António Alves da Costa e de Urbana Mendes Brito.
Ainda novo começou a trabalhar como tecelão na fábrica de Lanifícios Moura Cabral de Loriga, mas foi por poucos anos, a doença que enfrentava impossibilitou-o de trabalhar na profissão que ele tanto gostava. Em 1968 teve que se apresentar no serviço militar em Viseu, mas foi imediatamente dispensado.
Conhecido como um loriguense exemplar, que cultivava a amizade e simpatia de toda a gente, uma virtude que o acompanhou durante toda a sua vida. Com uma personalidade bem vincada na sua elegância de bondade e relacionamento com os outros, tinha também em todos um amigo, em que despontava aquela sua maneira própria de contagiante alegria e sã convivência, além daquele espírito de verdadeiro conversador nato.
Adorava música, principalmente romântica, muitas vezes dizia que ouvir música era um bálsamo para o seu espírito. A sua inteligência era exemplo de querer estar dentro de tudo o que se passava pelo mundo e com o olhar no futuro.
Já nos seus tempos de criança principalmente de escola, parecia ser diferente de todas as outras crianças, cultivava com relativa facilidade a amizade, admiração e estima de todos os outros seus colegas e amigos. Os seus amigos de infância recordam-no até nos tempos das rivalidades de "Cimo" e "Fundo" onde a sua maneira de ser, vivendo como sempre no "Fundo" o seu relacionamento com os seus amigos do "Cimo" foi sempre igual na passividade e amizade para com todos.
Desde sempre foi obrigado a viver com a doença que o acompanhou durante quase toda a sua vida, vivendo sempre sobre uma dependência de acompanhamento, mas apesar disso continuava a ser um verdadeiro lutador, não se resignando ao infortúnio, principalmente, nos últimos anos e quando passou a ser mais visível a sua dificuldade de se movimentar e também por último se "prendia" mais em casa.
Na década de 1980 foi admitido na Junta de Freguesia de Loriga, em reconhecimento das suas aptidões para a escrita e suas qualidades humanas. Assim, ali passou a exercer a actividade de funcionário administrativo durante largos anos, em que granjeou a amizade, simpatia e respeito de todos os seus conterrâneos e habitantes das terras vizinhas. A sua postura alicerçada numa educação e respeito para com todos, estava sempre disponível no seu posto para ajudar e a resolver os problemas de quantos ali se deslocavam, para assuntos autárquicos ou outros, para todos o "Tó Pisoeiro" como popularmente era assim conhecido, tinha sempre a disponibilidade e sempre pronto para ajuda na resolução dos assuntos que lhe apresentavam.
António Mendes da Costa, faleceu subitamente no dia 14 de Julho 2008, com 61 anos de idade, pouco depois de ter estado no Café o "Degrau" onde habitualmente ia para uns momentos de cavaqueira e de convívio com os amigos.
Loriga, viu desaparecer um dos seus filhos queridos, bem eloquentemente demonstrada no dia do seu funeral, com um mar de flores que parecia não ter fim, em que centenas de pessoas o acompanharam na última viagem, com destino à sua última morada no cemitério local onde ficou sepultado.

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Joaquim Augusto Nunes de Pina Moura *
1952 - 2020

Natural de Loriga, onde nasceu em 22 de Fevereiro de 1952, filho de Viriato Nunes Moura e de Maria Filomena Nunes de Pina. Tinha 4 anos quando os seus pais se mudaram para o Porto, onde passou a viver frequentando a escola primária e onde depois continuou a estudar.
Foi sem dúvida a maior figura loriguense no aspecto político, chegou a ser a ser simultaneamente Ministro das Finanças e da Economia, que lhe valeu ter ficado conhecido por Super Ministro, isto no ano de 1999, quando do XIV Governo Constitucional liderado por António Guterres.
Quando começou a estudar endereçou por estudar Engenharia Mecânica, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde foi dirigente da Associação de Estudantes. Contudo acabou por se mudar para Economia, tendo-se licenciado no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa. Na mesma instituição obteve uma pós-graduação em Economia Monetária e Financeira, e exerceu funções docentes, como Assistente.
Ainda novo e por influência familiar começou a interessar-se por política, num horizonte de ideia contra o regime em vigor. Em 1972, na altura com a idade de 20 anos, filiou-se do PCP (Partido Comunista Português) usando o mesmo pseudónimo - "Duarte" - do líder histórico dos comunistas portugueses. Por isso, passou a ser chamado, durante anos, de "Cunhal dos pequeninos" e visto, por alguns militantes comunistas, como seu "delfim".
Tomou parte da Comissão Nacional do III Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro, em 1973. Foi então que se candidatou nas listas das Comissões Democráticas Eleitorais (CDE) às eleições para a Assembleia Nacional. Após o 25 de Abril de 1974 dirigiu no Porto a União dos Estudantes Comunistas.
Acabou por abandonar o Partido Comunista, ao qual esteve ligado durante 20 anos (1972 a 1992). Em 1992 fundava a Plataforma de Esquerda da qual fez parte até 1995, ano em que aderiu ao Partido Socialista. Foi Deputado à Assembleia da República, como Independente dentro das listas do Partido Socialista pelos círculos do Porto, de Lisboa e da Guarda entre 1995 e 2007.
Joaquim Pina Moura, em 1995 é chamado para o XIII Governo Constitucional, para exercer o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro António Guterres, cargo que executou até ao ano de 1997, ano da sua nomeação como Ministro da Economia, chegando a acumular com a pasta da Finanças, a partir de 1999 e até 2001 e tal como se diz anteriormente foi cognominado por Super-Ministro.
Depois de deixar o Governo, foi Professor Catedrático Convidado do ISEG e do ISG - Instituto Superior de Gestão, desde 2005, foi ainda consultor externo do Conselho de Administração do Banco Comercial Português, tendo sido ainda presidente do Conselho de Governadores do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.
Foi administrador da Galp e presidente da Iberdrola Portugal - em acumulação com o cargo de deputado, o que lhe valeu uma onda de críticas no partido e fora dele. Foi em 2007 que deixou todos os seus cargos partidários para assumir um lugar na administração na Media Capital, dona da TVI, que acumulou com o de presidente da Iberdrola, que ocupou até 2013.
Sempre que podia ia a Loriga, visitando a sua família, mas a vida extensa que tinha o impossibilitava de mais vezes visitar a sua terra natal, como chegou a dizer. Depois de se retirar da vida activa, foi-lhe diagnosticado uma doença neurodegenerativa, que o levou a lutar com essa sua doença que o passou atormentar.
Faleceu na sua casa em Lisboa e junto à família, no dia 20 de Fevereiro de 2020, dois dias antes de completar os 67 anos de vida, sendo sepultado em Lisboa.
Os loriguenses viram assim partir desta vida, uma grande personagem na história contemporânea do seu país, figura de relevo que teve como berço Loriga. (ap).

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Carlos José Gonçalves Ferreira *
1954 - 2009

Nasceu em Loriga em 20 de Setembro de 1954, filho de José Gomes Ferreira e de Maria do Carmo Gonçalves.
Um loriguense de gema como se costuma dizer, verdadeiro bairrista que amava a sua terra que tanto adorava. Ainda novo partiu tomando o destino da grande Lisboa, sediando-se na Bobadela, trabalhador incansável que foi atingindo os seus fins, vindo com o tempo a tornar-se empresário, só que neste aspecto nem tudo correu como totalmente desejava, no entanto, foi sempre um lutador nato pelo trabalho, verdadeiro profissional, que granjeava a amizade e a estima de todos os seus colegas e com todas as pessoas que com ele lidavam.
Ficou para a memória de todos a sua dedicação à vida associativa e comunitária, bem como, o seu talento na arte de representar, onde de maneira alguma se pode esquecer o seu contributo na fundação do grupo Teatro Amador da Bobadela (TAMBO) que foi formado no Clube Recreativo Bobadelense, tendo sido galardoado pela Câmara Municipal de Loures, com o diploma de melhor actor de teatro amador do concelho de Loures, pela sua excelente representação no papel de inquisidor-mor, na peça de Dias Gomes
"O Santo Inquérito" decorria então os primeiros anos da década de 1980.
Eram um entusiasta das associações de Loriga, das quais era associado e sempre pronto a apoiá-las, apesar de estar ausente. Em Sacavém foi um dos primeiros colaboradores, da ANALOR (Associação dos Naturais e Amigos de Loriga), logo após a sua fundação, dando parte da sua disponibilidade nas iniciativas levadas a efeito como exemplo:- Janeiras, Semana Serrana, grupos musicais entre eles o "Malhapão".
Vocacionando-se a cantar o fado, nomeadamente o fado de Coimbra, que cantava com grande sentimento e nostalgia, a sua voz integrada no grupo "Trova Nova" e "Trovadores da Saudade" ficou na recordação e saudade daqueles que tiveram o privilégio de o ouvir.
Era um entusiasta pelo seu Sporting, nunca faltando à festa
"Sportinguista" que todos os anos se realiza em Loriga, estando bem patente na recordação de muitos a sua genica, dinamismo e organização, nos anos em que fez parte da comissão da festa ou colaborando com outras comissões ao longo dos anos.
Casado com Fernanda Conde e com o filho Ricardo, eram na verdade uma família verdadeiramente cheia de felicidade, onde a alegria e a boa disposição eram contagiantes, virtude que estava sempre presente nesta família feliz.
Faleceu no dia 24 de Dezembro de 2009, com apenas 55 anos e quando ainda tinha tanto para viver,
partindo desta terra dos vivos, quando fazia a viagem de Lisboa para Loriga para passar o Natal com a família, quadra de que tanto gostava e adorava passar na sua terra. A luz negra da morte o surpreende nessa viagem a decorrer tranquila, disso dá conta a sua esposa ao perceber-se que alguma coisa não estava bem e de imediato lançou mão ao travão da viatura que ele conduzia, imobilizando-a. Apesar dos esforços levado a cabo não dá sinal de vida, já não chegando à sua terra que tanto gostava e quando os ares de Loriga pareciam já chegar até ele.
O funeral realizou-se em Loriga, onde muitos loriguenses não deixaram de estar presentes. O fado as
"Lágrimas" era o fado de sua eleição que muitas vezes cantou embora nunca lhe tivessem vindo aos olhos, quando ele, na perfeição o cantava, quis o destino que viessem a ser derramadas sentidamente por aqueles que o ouviam e o acompanharam à sua última morada, situada no cemitério local onde ficou a descansar em Paz.
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Recortes extraídos das crónicas de José Mendes e Fernando Ortigueira (GL)

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António Luís Cardoso Amaro
1955 - 2010

Nasceu em Loriga em 26 de Junho de 1955, filho de Carlos Luís Amaro e de Laurinda Cardoso Santos.
Desde novo que se lhe conheciam certas aptidões, com as suas ideias bem fixas e com horizontes bem definidos. Depois de completar a escola seguiu os estudos, primeiro em Seia e depois em Coimbra, vindo atingir patamares elevados.
Licenciando-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, após terminar a sua licenciatura tornou-se Assessor Principal da carreira técnica superior do Mapa de Pessoal da Segurança Social do Centro Distrital de Coimbra.
Teve uma actividade profissional no serviço público de grande relevo ao longo da sua curta vida, que se deve e merece enaltecer esse seu currículo, começado em 1974 quando passou a exercer as funções de técnico-pedagógicos, em estabelecimentos oficiais de Educação Especial.
De 1982 a 1984, foi nomeado Técnico Superior no Centro Regional de Segurança Social do Porto, no Núcleo de Gestão de Pessoal. No mesmo período foi professor do ensino preparatório e secundário em regime de acumulação. De 1984 a 1989 passou a integrar o quadro técnico da Administração Regional de Saúde de Coimbra, onde coordenou o Núcleo de Gestão de Pessoal na Administração Regional de Saúde do Centro. Em 1989 foi afecto ao quadro técnico dos Serviços Tutelares de Menores, com afectação ao Ex-Centro de Observação e Acção Social de Coimbra sendo nomeado por inerência Adjunto da Direcção. Diagnosticado
Em 1990 transitou para o quadro técnico do Núcleo da DGAP (Ex-Direcção Geral da Administração Pública) sediada em Coimbra, estrutura responsável pela promoção difusão e execução da formação profissional na Região Centro. No ano de 1992 passa a integrar o quadro técnico superior da Direcção Regional do Ambiente do Centro.
Em 1996 transita para o quadro técnico superior do Centro Regional da Segurança Social do Centro, afecto à área de formação profissional sendo nomeado coordenador daquele serviço técnico de formação (SFAP). A partir de 2001 passa a exercer funções dirigentes como director do Núcleo de Recursos Humanos do Centro Distrital de Coimbra.
Ao longo da sua carreira profissional, esteve ligado à actividade sindical, destacando-se as funções de dirigente no Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro, no mandato de 1981 a 1983, bem como, idênticas funções de dirigente sindical no Sindicato dos Quadros Técnicos de Estado (STE) nos mandatos de 1999-2002 e de 2002 a 2005.
Nos últimos meses da sua vida foi nomeado tomando posse no dia 12 de Julho de 2010 como Director-Adjunto do Centro Distrital de Coimbra da Segurança Social, uma nomeação mais que justa e reconhecida pelo trabalho de grande valor e relevo desenvolvido no Quadro da Segurança Social a que pertence e que desde 2001 era como se disse director do Núcleo de Recursos Humanos do Centro Distrital.
Sempre atento aos problemas da sua terra, foi de relevo o trabalho empreendido em 1982, para que fosse posta a funcionar a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais de Loriga) obra já concluída e devidamente apetrechada desde 1978 continuava parada no tempo, que só depois dessas diligências efectuadas, sendo o assunto levado mesmo à Assembleia da República, foi finalmente posta em actividade em 1982.
Foi ele também o mentor e promotor do colóquio intitulado
"Do Açor à Estrela com o passado empreender o futuro" debate realizado no Salão Paroquial e inserido no programa da Festa da Nossa Senhora da Guia, que tinha como objectivo o despertar para as necessidades de impulsionar e fomentar a iniciativa singular ou colectiva, de forma a ser possível aproveitar e proteger actividades e produtos locais e desenvolver emprego nesta região deprimida.
Radicado na região de Coimbra, onde aliás, desempenhou quase sempre a sua actividade profissional, casado e pai de duas filhas, teve sempre uma vida familiar de afecto e de felicidade.
Foi por altura de finais do mês de Julho de 2008, que teve uma alteração de saúde, que depois duns controles aprofundados lhe foi diagnosticado um problema grave, começando a partir daí com uma luta constante contra a grave doença ao longo de mais de dois anos.
Ao longo da sua curta vida o Dr. António Luís Cardoso Amaro, foi sempre um homem de "grande dignidade" e "grande dedicação" um homem sempre a revelar
"um sentido de serviço público" acima da média. Sendo "uma referência de amizade, solidariedade, cumplicidade, um homem de carácter", que acabou por falecer com a "mesma atitude" com que encarava a vida, "com grande optimismo e dignidade".
Esteve ainda no mês de Junho 2010 em Loriga, na festa convívio da celebração dos 55 anos dos bebes Loriguenses nascidos no ano de 1955, num encontro que afinal se traduziu de despedida dos seus amigos da sua criação.
Em meadas de Agosto de 2010 já numa fase mais declinante volta ao HUC de Coimbra, mas voltando ainda para casa e para o trabalho. Até que em meadas de Setembro seguinte na Quarta-Feira do dia 15, sentindo-se mal foi internado no IPO do hospital de Coimbra, onde veio a falecer no Sábado seguinte dia 18 de Setembro.
O seu corpo ficou em câmara ardente na capela de Nossa Senhora de Lourdes Montes Claros - Coimbra) e o funeral a realizar-se na de manhã Segunda-Feira dia 20 pelas 10h00, para a Figueira da Foz onde foi cremado.
Foi uma grande perda para Loriga, que assim viu
partir um dos seus filhos, que notabilizando-se fora dela, muito fez pela sua terra, deixando todos os seus conterrâneos muito consternados

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Maria de Lurdes Martins Aparício Alves
1956 - 1995

Nasceu em Loriga a 29 de Julho de 1956, filha de António Gomes Aparício e de Maria José Gouveia Martins.
Maria de Lurdes, operária fabril, foi a primeira bombeira de Loriga, ingressando na Associação dos Bombeiros Voluntários nos primeiros anos após a sua fundação, quando o antigo Quartel era no "Barracão" situado no Bairro das Penedas, em que a sua presença assídua era bem demonstrativa na sua grande dedicação às missões que lhe conferiam, nos relevantes préstimos ao serviço da Associação.
A sua vontade de ser bombeira foi na realidade de muita coragem, tudo fazendo para a sua integração, na então nova Associação dos Bombeiros Voluntários de Loriga, numa época quando muitos ainda pensavam que o voluntarismo nos Bombeiros era apenas destinados aos homens.
É nesse enquadramento que se regista com relevo a determinação da Maria de Lurdes, lutando na altura contra alguns preconceitos que foram muito determinantes e como que motes para simultaneamente outras raparigas lhe seguirem o trilho, que no entanto, ficou para a história de ter sido ela, oficialmente, a primeira Bombeira de Loriga.
Casada com Carlos Moura Alves, foi mãe de dois gémeos Roberto Alexandre Martins Alves e Marco Paulo Martins Alves (falecido). Era esposa, mãe e dona de casa, mas mesmo assim repartia o seu tempo livre a efectuar os seus esmerados serviços em prol dos Bombeiros, instituição da qual ela muito gostava de pertencer.
Em Abril de 1990, por altura do 8°. Aniversário dos Bombeiros de Loriga, foi escolhida para madrinha de baptismo da viatura atribuída aos Bombeiros, o Renault VFCI 01 onde mostrou uma vez mais o seu brio de verdadeira Bombeira e servir a Associação dos Bombeiros da sua terra.
Nos primeiros anos da década de 1990, veio afastar-se dos Bombeiros por motivos profissionais, dando um novo rumo à sua vida, emigrando para Alemanha para trabalhar, mas algum tempo depois e ainda muito nova foi atraiçoada pela doença que a deixou desalenta da sua vida activa.
A sua luta então passou a ser contra essa enfermidade, tudo fazendo para ter forças para lutar contra ela, a doença passou a ser mais declarada e algum tempo depois veio a falecer em 19 de Janeiro de 1995, na Alemanha onde residia, com apenas 39 anos.
Loriga perdeu dessa forma uma
sua filha, uma mulher determinada e de bom coração, especialmente dedicada á família e aos bombeiros, num voluntariado sem precedentes a favor dessa instituição dos Bombeiros da sua terra que ela tinha por hábito de dizer que adorava.
O seu corpo veio para Loriga, onde foi realizado o funeral no dia 27 de Janeiro de 1995, sendo sepultada no cemitério local, perdendo Loriga e os Bombeiros a
sua primeira Bombeira, à qual muito ficaram a dever.

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Fernando Luís Ferreira Ferrão *
1958 - 2006

Natural de Loriga onde nasceu em 13 de Setembro de 1958, Filho de Herculano Luis Ferrão e de Maria Emília Ferreira.
Sempre solidário, muitas vezes divertido e nunca ambicioso, dedicou grande parte da sua vida às causas sociais, sendo sem margem para dúvidas, um exemplo a seguir, pois quem o conhecia sempre o encontrava, incansável e solícito, em actividade nas colectividades e instituições de Loriga.
Pertenceu a vários organismos das sua terra. Foi bombeiro, escuteiro, marchante, actor, músico, enfim, um sem números de causas em que estava sempre pronto para colaborar em tudo de bom para a Loriga.
Era um bom bombeiro, sempre a postos para combater os fogos ou a cumprir outros serviços humanitários. Como escuteiro, estava ele sempre disponível a organizar caminhadas com os mais novos. Foi marchante e um entusiasta das Marchas Populares onde deixou a sua marca com garra e alegria.
Foi também actor, longe de querer os holofotes voltados para ele, o "Ferrãozito", como era tratado, era um bom actor, participando activamente no grupo cénico do Grupo Desportivo Loriguense.
Como músico começou na Banda de Loriga, animando depois os grupos de música tradicional, "Amanhã" e "Novo Horizonto" onde tocou viola e bandolim.
Faleceu inesperadamente na sua casa onde vivia, no dia 6 de Julho de 2006, com a idade de apenas 47 anos, Loriga vê assim desaparecer um dos sue mais conceituados filhos, que muito contribuiu em prol da comunidade e do associativismo e que muito ainda tinha para dar à sua terra.
O seu funeral realizou-se em Loriga, tendo tido Honras de Bombeiro, com o corpo levada em carro da corporação do Bombeiros Voluntário de Loriga para a sua última morada no cemitério local.

* Casimira Mendes (GL)

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Carlos Jorge Cardoso Amaro
(1969 - 2013)

Natural de Loriga, onde nasceu em 18.7.1969, era filho de Carlos Luís Amaro e de Laurinda Cardoso Santos.
Era sem dúvida, até altura da sua morte, a maior figura de Loriga, homem determinado e confiante naquilo que acreditava, um dos maiores bairrista que amava e conhecia Loriga como ninguém, bem como, toda a região circundante e também toda a Serra da Estrela, parecia mesmo, que não havia um palmo de terra que ele não conhecesse, guiou centenas de pessoas pelos caminhos tortuosos e mesmo extasiantes, foi um verdadeiro cicerone que muito deu a conhecer.
Foi durante alguns anos vigilante do Parque Natural da Serra da Estrela, era na realidade um apaixonado pelas suas origens, tinha um conhecimento elevado de factos, de pessoas, dos lugares, da flora de toda a região, que foi acumulando, quer pelo seu interesse e empenhamento, quer pelas funções que exerceu.
Estudou turismo no Instituto Politécnico da Guarda. Tinha na fotografia um dos seus
hobbies, retratava tudo por onde passava relacionado à Serra da Estrela ou à sua terra, mesmo até algo de insignificante não lhe escapava, conseguindo ter milhares de fotografias, sobretudo da sua "querida" Loriga. Recebeu até o certificado de participação no maior Álbum Fotográfico do mundo, já reconhecido pelo GUINNESSE, com fotografias suas que foram escolhidas para aquele álbum, que o deixou muito feliz.
Homem de uma frontalidade bem sua característica, quando os valores da justiça e da honradez estavam em causa, não alinhando com a hipocrisia, que levava muitas vezes a não ser compreendido, era um lutador e um defensor da sua terra com tão forte espírito que levava quase sempre de vencida quem a tentasse prejudicar. O seu amor por Loriga era na verdade grande, fazia tudo pela sua terra pois queria tudo de bem para ela, apetrechava-se com todo o seu conhecimento que o dedicava em prol do progresso e pela sua supremacia da sua Loriga, enquanto terra importante, enquanto território de muitas potencialidades
Era ainda novo quando teve um rude golpe na vida, que de certa forma o afetou e marcou profundamente para sempre. Num brutal acidente de motorizada morreu um seu cunhado, na mesma motorizada onde ele também ia, ficando bastante ferido, quando foram abalroados por um condutor irresponsável.
A partir do ano 2000, passou a ser Técnico Tributário da Autoridade Tributária Aduaneira (Finanças) em Seia), onde desempenhava com verdadeiro zelo e profissionalismo essas funções no funcionamento público, sendo muito conhecido por estar sempre pronto a ajudar todos aqueles que o procuravam, nomeadamente, os seus conterrâneos, que era os primeiros a ajudar, pois na verdade assim era, muitos da sua terra o procuravam quando tinha algum problema relacionado aos serviços que ele desempenhava.
Tinha muitos projetos para a sua terra, inseriu-se também em outros, nomeadamente, quando se relacionavam a nível do impacte ambiental, lembrando-se até um deles que teve um certo impacto no que dizia respeito aos problemas de poluição, quando contribuiu na apresentação de uma longa exposição acompanhada de fotografias, em relação ao problema surgido na Torre (Serra da Estrela) onde era referido problemas de poluição que se verificaram na área, fundamentalmente no que se refere à poluição dos cursos de água devido à existência de fossas sépticas com mau funcionamento, à dispersão de resíduos sólidos e mesmo à afectação da geologia - neste caso com a utilização das pistas no verão para desportos motorizados.
Ficou na história como o grande impulsionador de levar a Praia Fluvial de Loriga à grande campanha da escolha das
"7 Maravilhas - Praias de Portugal" um dos maiores projetos de divulgação de Loriga. Foi mesmo o rosto no programa da televisão RTP 1, realizado em direto na Praia Fluvial de Loriga, no dia 5 de Agosto de 2012.
O senhor Presidente da Câmara Municipal de Seia, Felipe Camelo, agraciou com o emblema que foi o símbolo das
"7 Maravilhas - Praias de Portugal" (emblema que o senhor Presidente da Câmara usou no festival da final para atribuir a "7 Maravilhas - Praias de Portugal") numa singela homenagem, pelo seu desempenho neste projeto que foi de grande divulgação de Loriga e do concelho de Seia.
Fez parte dos órgãos diretivos de várias instituições de Loriga, tinha um carinho especial pelos Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga e pela Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, sendo para ele uma grande alegria quando o seu filho se tornou músico, concretizando assim um seu sonho e do seu falecido pai, que tanto gostava de ver um filho na Banda, passando o Carlos Amaro a dizer com orgulho,
"que o seu pai não teve um filho músico na Banda de Loriga, mas tinha agora um seu neto"
Gostava muito da Primavera, tinha um prazer imenso a ver as maias, a flor da giesta e toda a flora emprestando um colorido especial às paisagens circundante de Loriga e da serra, dizia que a Primavera para ele era a estação do ano mais bela, que segundo também dizia
"além de nos deliciar com temperaturas amenas e confortáveis, preenche a visão com um festival de cores e tonalidades que nos fazem alegres e causam em nós sensações de conforto e bem-estar, além disso, as paisagens mudando de cores são neutras, imparciais, pois caso contrário tornaria as paisagens monótonas". Escreveu ele um dia ao contemplar a paisagem da sua terra - "Viva a alegria, viva a diversidade, viva a primavera".
Em Janeiro de 2009, começa a lutar com a doença que entretanto lhe aparece, passou ainda mais a ser admirado pela sua força de autêntico guerreiro, uma luta tremenda que por vezes dava a sensação que parecia consegui-la vencer, sofreu muito que por vezes não dava a perceber.
Pai e marido extremoso, para ele a família era também tudo, deixou órfãos dois filhos ainda menores, uma preocupação que o acompanhava e que mais o angustiava, depois do diagnóstico da doença com a qual ia vivendo.
Nas duas últimas semanas da sua vida o mal tomou proporções com
passadas galopantes, é internado nos Cuidados Paliativos do hospital de Seia, onde faleceu no dia 15 de Junho de 2013, quando estava a cerca de um mês de completar 44 anos de idade e quando tinha ainda tanto para fazer e para viver.
Morre, por volta das 11h30 cerca de três horas depois do falecimento de um outro grande loriguense, precisamente no quarto ao lado, também chamado Carlos (Carlos Moura Santos 1947-2013) também ele internado nessa Unidade Hospitalar.
Loriga ficou então mais pobre, ao ver
partir um dos seu filhos queridos e ao qual muito ficou a dever, para muitos uma grande perda se não mesmo irreparável, que deixou muitas saudades à famílias, aos amigos e a todos os seus conterrâneos.
O seu funeral foi realizado em Loriga, onde foi sepultado no cemitério local, uma multidão imensa o acompanhou à sua última morada, o tempo pareceu também notar a sua
partida, um dia sinuoso se fazia sentir, como que também triste, ficou a repousar e a descansar no Recanto Santo da terra que foi seu berço, a sua querida Loriga que ele tanto amava.

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Galaria dos Loriguenses Centenários
Registo de pessoas nascidas em Loriga que viveram 100 anos e mais.

* 11.03.1885 - + 11.12.1987

* 16.01.1888 - +  .  .1988

* 15.08.1894 - + 10.05.1995

Urbana Pereira
(Loriga *)
1885 - 1987

AlbanoFernandes Conde
(Brasil *)
1888 - 1988

Maria dos Anjos Leitão Brito Crisóstomo
(Loriga *)
1894 - 1995

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* 02.08.1898 - +28.09.1999

Maria dos Anjos Jorge Moura de Joao Luíz
(Argentina *)
1904 - (**)

António Nunes Moita (Loriga *)
1898 - 1999

Urbana Duarte Pina (Lisboa *)
1911 - 2013

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Maria Emília de Moura Pina (Loriga *)
1914 - 2017

Aurora Brito Antunes (Loriga *)
1917 - 2018

António Luís Pina (Lisboa - Olhão *)
1920 - 2022

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Laura Antunes Moura Silvestre (Loriga *)
1922 - 2022

Armamdo Reis Fernandes Leitao (Lisboa - Loriga *)
1922 - 2023

Maria dos Anjos Mendes de Jesus (Loriga - Moscavide *)
1923 -

(*) Local onde viveram a maior parte do tempo da sua vida.

(**) Sabe-se ter completado os 100 anos em 2004, mas a partir de então não tenho registo de qualquer outra noticia respeitante a esta centenária loriguense.


- R E C O R D A R -

- Recordar - É o tema relacionado as pessoas que não estando inseridas nesta página, com os seus dados biográficos, aqui as recordo também por com elas ter convivido, algumas delas foram mesmo recordadas nesta minha Homepage na rubrica ACTUALIDADES (na data do falecimento). Aqui se recorda num síntese de registo efectuado por mim ou eventualmente por outras pessoas, fazendo-se desta forma uma homenagem a Pessoas Loriguense ou até Pessoas não Loriguenses, que de certa maneira tiveram Loriga com terra de opção, gente que já nos deixaram partindo para uma outra vida mais Além, mas que continuam vivas e bem presentes nas nossas recordações.

Disse um dia o poeta Fernando Pessoa
"Serás lembrado em duas datas na que nascestes e na que morrestes"

APina - (ap)


Joaquim Augusto Correia
16.02.1900 - 23.08.1965

Recordar Joaquim Augusto Correia popularmente conhecido por Joaquim "Caségas" é poder-se falar de uma referência em Loriga na época, por se ter tornado um dos melhores e maiores serralheiros numa terra, que não sendo a sua, passou a ser a sua terra por opção.
Joaquim Augusto Correia nasceu em 16 de Fevereiro de 1900 no Paúl concelho do Fundão, distrito da Covilhã na Beira-Baixa, era filho de Joaquim Antunes Correia e de Maria Nunes. Tinha apenas 17 anos quando veio para Loriga aprender a arte de serralheiro na pequena oficina do senhor José Caségas, na altura ainda pouco expandida.

Desde logo foi notório no jovem Joaquim Correia certa aptidão na arte de serralheiro, não sendo por isso estranho que se viesse a tornar num verdadeiro mestre, que com o tempo foi transmitindo os seus ensinamentos a outros jovens que se formaram e que se vieram a tornar também grandes serralheiros em Loriga

De uma inteligência rara, com um futuro prometedor pela frente, enamorou-se da filha do seu patrão, com quem veio a casar, passando a ter então outras responsabilidades, que com uma visão mais progressiva fundou com o seu sogro uma oficina mais virada para o futuro e que veio a tornar-se durante muitos anos numa grande referência em Loriga. A firma fundada no Outeiro ficou com o nome de José Soares & Filho, com o falecimento do seu sogro anos depois, passou para o Joaquim Augusto Correia, que a dirigiu durante muitos anos.
Era eu uma criança, quando me habituei a ver na oficina do Joaquim
"Caségas" no Outeiro, como assim foi sempre chamada, aquela figura de uma personalidade bem vincada como foi sempre o senhor Joaquim Augusto Correia, que para além de patrão era uma pessoa boa e de muita humanidade, por isso, ter angariado a estima e a consideração dos habitantes de uma terra, de onde não era natural.
Faleceu aos 65 anos de idade, quando provavelmente tinha ainda muito para dar, vendo Loriga
desaparecer uma figura marcante na época, com a nossa terra a ficar muito mais pobre, uma figura que veio de outra terra, mas como que de Loriga fosse. Ficando para sempre o seu nome perpectuado na memória de muitos loriguenses. ( * ap + excertos de escritos/família)


Álvaro Jorge Ribeiro *
16.5.1915 - 26.12.1970

Recordarmos Álvaro Jorge Ribeiro, é poder falar de uma pessoa de bem, que fez parte daquele grupo de sindicalista loriguenses, cientes na defesa dos valores a que todos os trabalhadores tinham direito, pelo fruto do seu trabalho, nomeadamente, pelo trabalho nas fábricas dos lanifícios de Loriga.
Com a idade de 12 anos, vai para o Brasil, para Belém do Pará, juntamente com uma irmã e madrinha mais velha, onde também já vivia a sua tia Urbana. Trabalhou também na cidade de Manaus, na profissão de padeiro. Com a idade de vinte anos regressa a Portugal, onde conheceu Arminda Nunes Matias que era sua vizinha em Loriga com quem veio a casar.

Quedou-se então por Loriga, passando a trabalhar na Fábrica do "Regato A.Pina", que mais tarde passou a ser a Fábrica " Pina Nunes". Tinha então já seis filhos quando pensou partir novamente para o Brasil, procurando uma melhor vida para o sustendo dos seus, desta vez para o Rio de Janeiro, mas pouco tempo depois da chegada, começa a sentir-se doente, é então diagnosticada uma doença cardíaca.

Sete meses depois da sua partida para o Brasil, regressa assim a Portugal, que impedido de continuar uma vida mais promissora, tentou uma carreira por Lisboa, onde permaneceu um ano, acompanhado da filha mais velha, Lúcia.
Entretanto, a doença vai-se agravando, tendo mesmo sido impedido de trabalhar, dado que não podia fazer grandes esforços, regressa então à sua terra natal, nasceram depois ainda mais três filhos, que veio apertar ainda mais a sua vida, já por si bastante difícil.
Já reformado dedica-se de alma e coração ao sindicalismo, passando a fazer parte das direcções do Sindicato Nacional dos Operários da Indústria de Lanifícios (Secção) de Loriga, instalada na casa conhecida pelo "Casarão", uma sede que era um local de convívio para todos os operários das fábricas e suas famílias.

Bastante evoluído e habilidoso, passa a fazer a escrita do Sindicato e passa a ter um papel fundamental junto da comunidade ao ajudar as pessoas a tratar da papelada para receberam as suas respectivas reformas.
Faleceu aos 55 anos, um dia depois do Natal da chamada festa da família, no ano de 1970, vendo os loriguenses assim
partir um seu conterrâneo, muito estimado e respeitado e quando ainda tinha tanto para fazer nesta vida na terra. (*ap + excertos de escritos/família)


Padre António Mendes Cabral *
16.02.1921 - .02.1976

Nasceu em Loriga em 16 de Fevereiro de 1921, filho de Alfredo de Mendes Cabral e de Maria Emília Moura Cabral.
Desde muito novo era visivil um certa ideia objectiva, nomeadamente, uma inclinação num futuro apostolado. Ingressando no seminário logo após complectar a escola primária na sua terra.
Foi ordenado sacerdote em 26 de Novembro de 1944 na cidade da Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa na semana seguinte (1 de Dezembro) em Loriga. Foi colocado como coadjutor na Guarda-Gare, sendo assim o começo da sua vida sacerdotál

Foi pároco em Girabolhos, Torroselo, Folhadosa e Vila Cova, Fatela e por fim na Cabeça, em todas as localidades deu um pedaço da sua vida espalhando a graça de Deus com a verdade do Evangelho e onde efectuou um trabalho de relevo e por isso ainda hoje é recordado.
Em 1969 celebrou na Cabeça as Bodas de Prata da Ordenação, no entanto, Loriga não quiz deixar também de homenagar, este seu filho e amigo neste seu aniversário festivo, tendo-se realizado no dia 8 de Dezembro em Loriga, por ser festa da Imaculada Conceição, uma singela homenagem, à qual se associou muito povo, recebendo também muitas ofertas em nome da Comunidade Loriguense.
Faleceu subitamente em Loriga, em Janeiro de 1976 com a idade de 56 anos.As cerimónias fúnebres foram presididas pelo senhor Bispo da Guarda, D. Policarpo da Costa Vaz, concelebrando com muitos sacerdotes que se deslocaram a Loriga. O funeral realizou-se para o cemitério local, onde se incorporaram muitas pessoas que o acompanharam à última morada, onde ficou sepultado.
(* ap)


Professor Alberto Pires Gomes *
28.06.1910 - 06.10.1979

Nasceu em 28 de Junho de 1910. Colocado em Loriga, como professor primário, ali se radicou, onde veio a casar com D. Irene Almeida Abreu, também professora.
Eram sobejamente conhecidas as suas qualidades como pedagogo, não só pelos seus colegas como também pelos seus alunos. Foi o meu primeiro professor e tenho ainda comigo muitos dos seus ensinamentos.
Leccionando em Loriga durante longos anos, foram bem reconhecidos os grande benefícios que espalhou por esta localidade, ensinando gerações e gerações de loriguenses.

No dia 22 de Dezembro de 1974, foi homenageado, bem como a sua digníssima esposa, professora D. Irene Almeida Abreu, numa significativa homenagem que os seus antigos alunos de várias idades lhe prestaram, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande educador e à qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de Freguesia e Banda da Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi realizada inserida nessa homenagem.
Foram na realidade muitas as pessoas que quiseram estar presente nesse dia, vindo mesmo de fora antigos alunos, para todos juntos lhe demonstrar toda admiração, afecto e estima que tinham por tão nobre professor, que fez de Loriga a sua terra
A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu com justiça, que o nome deste ilustre professor fizesses parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas, logo após este ter sido construído.
Faleceu em 6 de Outubro de 1979, em Loriga, com a idade de 69 anos, ficando sepultado no cemitério local, esta terra que ele considerava também sua.
(* ap)


Adelino Pereira das Neves *
15.07.1901 - 07.01.1979

Recordar Adelino Pereira das Neves é recordar uma pessoa que não sendo de Loriga, muito fez no desenvolvimento de uma terra onde um dia resolveu se radicar. Natural de Santa Ovaia, onde nasceu em 15 de Julho de 1901, filho de António Francisco e de Maria dos Prazeres Pereira. Fixou-se em Loriga em 1925, logo após a construção da estrada que passou a ligar São Romão à Vila de Loriga.
Criou uma carreira de transporte de passageiros, com um pequeno autocarro, de que era proprietário.
Em 1931 fundou uma empresa de transportes públicos, "Auto Viação Serra da Estrela" já então com outras camionetas de passageiros, que ia de Loriga à estação ferroviária de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia de Transportes Hermínios, que passou a operar na região de Seia.
Já na condição de aposentado, teve um carro de praça de que era proprietário e, durante algum tempo, exerceu essa actividade.
Faleceu em 7 de Janeiro de 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério de Loriga. Vendo-se assim
partir uma pessoa que de certa maneira ficou na memória e na recordação de uma geração loriguense. (* ap)


Maria do Carmo Brito Amaro Alves *
02.02.1900 - 17.12.1982

Recordar aqui Maria do Carmo Brito Amaro Alves, popularmente conhecida no meio loriguense por "Péis Bom" = "Pois Bom" (por aplicar essas palavras a todo o momento quando se expressava), é poder falar de uma pessoa do meu Bairro de S.Ginês, que me marcou profundamente, nomeadamente nos meus tempos de criança, minha vizinha porta com porta no pitoresco e histórico Beco de S.Ginês, era uma pessoa como que fazendo parte da minha família, pois lembro-me de ser em minha casa que passava a maior parte do tempo, lembro-me até, de dividirmos com ela, quase todos os dias, do que havia para comer.
Mulher extremosamente religiosa, sempre de preto com a cabeça tapada com o velho lenço, enrolada no seu xaile e com as saias a quase a varrer o chão, todos os dias ia há igreja mais que uma vez, em que a sua sensibilidade, ternura e de pessoa de bem a diferenciava de todas as pessoas do meu bairro, não podia ouvir uma palavra feia ou mesmo uma asneira inocentemente que fosse, ficava como que envergonhada e triste, tendo aquela ideia, que mesmo estando a ouvir, também era pecado.

O Beco de S.Ginês, a sua casita, pequena loja onde vivia, o seu irmão António que tanto adorava, o chá preto com um bocadito de pão e queijo, como que obrigatoriedade a sua alimentação diária, a devoção à igreja, a comunhão que diariamente recebia e nós os vizinhos, tudo isto era na verdade o seu mundo e a sua vida, que eu no meu olhar de criança a via assim como que uma santa.
Parecia viver também uma vida de preconceitos, viu-me nascer, pegou comigo ao colo, viu-me crescer e me viu tornar homem, a sua timidez e a sua vergonha era tanta, já depois de estar por fora, quando eu chegava a Loriga e a cumprimentava beijando-a, ela pensava que estava a praticar o maior pecado do mundo, ou quando eu em brincadeira à frente dela tirava a camisa e ficava em tronco nu, ela refugiava o seu olhar escondendo-o no seu xaile ao mesmo tempo que tapava a sua cara de muito envergonhada.
Recordo que quando surgiu a lei em Portugal de as pessoas poderem recorrer a uma reforma através da Casa do Povo, mediante uma quantia contributiva (que na época não era pouca e que até podia ser paga de uma só vez), a senhora do Carmo do
"Péis Bom"= "Pois Bom" na sua qualidade de idosa, também pensou requerer a essa pensão, o seu irmão lhe deu parte da quantia necessária, o resto ia ela pagando aos poucos, sei que na minha primeira visita a Loriga, já estando eu no estrangeiro, sabendo do que ainda lhe faltava saldar, lhe paguei essa quantia que faltava, pouco tempo depois passou a receber a pequena reforma. Ao pagar-lhe a quantia que faltava, tenho ainda presente em mim o olhar alegre com que me brindou, pois estava habituada a ver os seus olhos sempre tristes, mas nesse dia encheram-se de alegria como que em festa.

Uma vida de oração a Deus, pedindo por todos nós, foi sem dúvida uma virtude da sua vida na terra, se de facto há lugares no céu reservados, a senhora Maria do Carmo, foi ocupar um desses lugares, que estou certo e ali junto a Deus, continuou e continua a rezar e a pedir por todos nós. (* ap)


Professora Irene Almeida Abreu *
03.08.1904 - 02.04.1982

Nasceu em Loriga em 3 de Agosto de 1904, filha de Pedro de Almeida e de Maria Adelaide Abreu Amaral.
Professora de reconhecido mérito, sempre muito dedicada aos seus alunos, tendo herdado os atributos de seu pai, Professor Pedro de Almeida, na missão de ensinar as primeiras letras às crianças.
Exerceu o magistério em Loriga, durante quarenta e um anos. Ensinou gerações de alunos, cujos testemunhos evidenciam o rigor, o empenho e o elevado nível de exigência que colocava nos seus ensinamentos, e que se traduziam nos bons resultados por eles obtidos.

Casou com Alberto Pires Gomes, também professor primários, que tinha sido colocado em Loriga, onde se radicou.
No dia 22 de Dezembro de 1974, foi homenageada, bem como, o seu marido professor Alberto Pires Gomes, numa significativa homenagem que os antigos alunos de várias idades quiseram prestar, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande educadora e à qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de Freguesia e Banda da Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi realizada inserida nessa homenagem.
Além de muitas pessoas que associaram à esta homenagem, esteve também presente muitos familiares desta distinta senhora, entre eles o seu sobrinho Dr. Almeida Santos na altura ministro da Coordenação do Território.
A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu com justiça, que o nome desta ilustre professora passasse a fazer parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas, logo após este ter sido construído.
Faleceu em Loriga, com 78 anos de idade, no 2 de Abril de 1982, perdendo Loriga uma senhora de grandes virtudes, sendo sepultada no cemitério local
. (* ap)


Professor Adelino Moura Galvão *
09.10.1929 - 08.02.1990

Nasceu em Loriga em 9 de Outubro de 1929, filho de Mateus de Moura Galvão e de Maria dos Anjos Pina Galvão.
Professor primário de enormes qualidades, esforçando-se para que os seus ensinamentos fossem linhas orientadoras que permitissem aos seu alunos enfrentar sem temor o dia de amanhã.
Era mesmo considerado como um verdadeiro mestre na arte de ensinar, tendo sempre como preocupação transmitir aos seus alunos todo o seu ensinamento que o distinguia. Tive o previlégio de ter sido seu aluno e tenho comigo ainda hoje, muitos dos seus ensinamentos.

Muito culto, disciplinado e de muito profissionalismo, deu o melhor que sabia ao ensino, tinha ainda uma particularidade muito própria, que mesmo para além do normal horário escolar levar os seus alunos para uma sua casa situada na "Vista Alegre" para estudarem, um acto que para tirar da rua os seus alunos para que aprendessem ainda mais, isto antes da entrada em actividade a nova Escola Primária de Loriga.
Foi presidente da Junta de Freguesia na década de 1960, tendo projectado muitas ideias, que contribuíram para muito do desenvolvimento que na década seguinte se veio a concretizar na vila de Loriga.
Era casado com D. Helena Leitão, que com os dois filhos formavam uma família que ele tanto adorava.
Faleceu em Loriga, no dia 8 de Fevereiro de 1990, sendo sepultado no cemitério local. Vendo Loriga desaparecer mais um dos seus professores, deixando uma saudade em todos aqueles que muito o admiravam. (* ap)


José Luis dos Santos *
05.10.1911 - 25.10.1993

Nasceu em Loriga em 5 de Outubro de 1911, filho de José Pinto Luis e de Maria do Carmo Santos.
Um dos mais conceituados comerciantes de Loriga, reconhecido pelo seu dinâmico espírito para o meio negocial.
As sequelas físicas, por motivo de um grave acidente originado por uma bomba de foguete, ocorrido quando era ainda criança, nunca foram impeditivas para o desempenho de qualquer actividade, nomeadamente, no ramo comercial.
Sempre disponível para actividades da comunidade, durante muitos anos desempenhou funções na Irmandade das Almas, tendo sido igualmente importante, o seu contributo na década de 1940, como Escrivão de Loriga.
Fixou em Loriga um Depósito central de tabaco e, durante décadas, abasteceu toda a região sendo, por isso, muito conhecido por todo o lado.
Faleceu em Loriga 25 de Outubro de 1993, sendo sepultado no cemitério local. Os loriguenses viram partir o
"Ti Zé Luzia" como popularmente assim era chamado, uma pessoa que foi uma referência no meio comercial de Loriga e que ficou na memória e na recordação dos seus conterrâneos. (* ap)


Padre Herculano de Brito Martins *
28.10.1918 - . .1994

Recordar o Padre Herculano é recordar alguém a quem me ligou laços familiares em grau de parentesco. Nasceu em Loriga em 28 de Outubro de 1918, filho de Carlos Brito Martins e de Maria do Carmo Alves Macedo. Foi ordenado sacerdote em 29 de Junho de 1943. A sua vida sacerdotal foi toda ela passada fora da sua terra, passando pelo seminário de Santarém, onde foi professor desempenhando também o cargo de vice-reitor. De 1957 a 1963 foi Pregador das Missões do Patriarcado, depois foi Pároco na Amadora durante vários anos, sendo em 1974, nomeado Pároco da Graça em Lisboa. Mais tarde e depois de deixar a Paróquia da Graça, desempenhou funções sacerdotais noutras paróquias de Lisboa.

Visitava Loriga quando podia, na companhia da sua mãe que o acompanhou sempre na sua vida sacerdotal. Em determinada fase da sua vida e, após o falecimento da sua mãe, passou a visitar com mais regularidade a sua terra, principalmente para gozar as sua férias anualmente, teve mesmo uma casa alugada durante vários anos, e quando da sua estadia em Loriga estava sempre disponível para ajudar o Pároco local.
Tenho na recordação o senhor Padre Herculano, pois foi ele que fez o meu casamento. Nos últimos anos da sua vida, já pouco desempenhava as funções canónicas, por se encontrar doente e muito debilitado. Faleceu em Lisboa, perdendo Loriga um seu filho que se notabilizou fora dela.
(* ap)


Arminda Nunes Matias *
20.8.1914 - 14.10.1994

Falar-se de Arminda Nunes Matias, é podermos recordar uma senhora de coração grande, que ao serviço da comunidade se notabilizou ao vestir e arranjar os defuntos, quando as famílias a ela recorria, para desempenhar tão nobre trabalho, a troco da recompensa de Deus.
Aprende a costurar era ainda uma menina, e foi esta vida de costureira, que a levou a uma profissão pobre, mas muito rica de histórias, que ela tinha para contar. Desde costurar nas casas de gentes mais abonadas da sua terra, ou para gente menos afortunada, vezes sem conta confeccionou as ditas mortalhas ou as roupas dos defuntos, muitas das vezes até as altas horas da madrugada, quando lhe batiam à porta para esse fim.

Ainda muito nova com a idade de 14 anos, fica órfão de sua mãe, Leonor Nunes, sendo a mais velha de 5 irmãos, passou ela a ter a incumbência de cuidar da casa e família, tendo também em conta de seu pai Agostinho Matias ser emigrante em França, onde esteve durante largos anos, por isso mesmo lá foi então cuidando dos irmãos até cada um começar a levar o rumo das suas vidas.
Esposa e mãe extremosa deu à luz 9 filhos, que criou e educou com o maior afago e carinho, teve um rude golpe com o falecimento do seu marido Álvaro Jorge Ribeiro, que morre com a idade de apenas 55 anos, decorria então o Natal de 1970, mesmo assim, consegue arranjar as forças necessárias para superar o infortúnio, quando tinha razões para chorar, fazia por transmitir para a família valores muitos bons, complementados com uma presença alegre e muito positiva.
Foi trabalhando até já não mais poder, nesta arte da costura, muitas vezes a troco de nada, levando sempre em frente uma vida pobre mas honrada, compartilhando a sua alegria de viver com os netos à sua roda, que muito os adorava.

Faleceu no dia 14 de Outubro de 1994, tinha então 80 anos de idade, com uma vida concluída de muito sacrifício, mas que fazia com que tudo parecesse o contrário, não admitindo tristezas à sua volta.
Os loriguenses viram assim desaparecer mais uma sua conterrânea, que se distinguiu no arranjo de muitos defuntos, para que chegassem bem arranjados, ao irem ao encontro de Deus. (*ap + excertos de escritos/família)


Nuno Álvaro Abreu Mendes *
19.11.1942 - 20.04.1995

Recordar o Nuno Álvaro Abreu Mendes é falar de um homem afável, doce, pacifico e de uma suavidade impressionante, que tinha na família o seu maior valor e o melhor que uma pessoa pode ter.
Conheci o Nuno nos meus tempos de menino em Loriga e depois nos meus primeiros tempos de Lisboa quando o voltei a ver, ao visitar a casa de seus pais, nessa altura a viverem para os lados da Praça do Chile. O destino ligou-o à minha família ao casar com uma minha irmã, desde então passamos a ter um relacionamento não só familiar como de forte amizade, estando ainda na minha memória os conselhos úteis quando da minha mobilização para Angola em 1969, ele já com a experiência da sua comissão vivida por terras da Guiné, cerca de três atrás.

Passou a ser na nossa família uma referência, falar com ele era como que um estímulo de afeição e de lealdade, a família era tudo para ele e no trabalho onde colocava acima de tudo o seu profissionalismo era um verdadeiro amigo para os seus colegas e ao mesmo tempo um professor de virtudes.
O Nuno marcou qualquer um de nós pela sua simplicidade, bondade e pela sua maneira de ser. Adorou sempre Loriga e comigo falava dela com certa nostalgia, a visitava quando podia e quando a vida o permitia.
Com o aparecimento da doença com a qual passou a lutar, mesmo assim manteve sempre uma postura de lealdade e de zelo, não se resignando foi enfrentado a vida sempre na esperança, porque também o amor familiar em seu redor sobreponha-se a todo o mal.
Ficou em mim marcado todos os ensinamentos e os conselhos de vida que ele me transmitiu, o recordo com saudade, o vimos
partir ainda novo quando tinha ainda muito para fazer. Mas partiu só apenas fisicamente, porque continuou sempre a estar presente nos nossos corações e nas nossas recordações.
Um dia nos voltaremos a encontrar Nuno, e pode crer com todo o tempo para então pormos as nossas conversas em dia.
(* ap)


Armando Gomes Aparício *
. .1924 - 01.12.1996

Recordar Armando Gomes Aparício é falar-se de alguém que merece e deve ser recordado ao ter ficado ligado à história de Loriga, com a instalação da rede telefónica, contribuindo por isso no desenvolvimento da comunicação por meio de telefone, um dos maiores inventos que veio a tornar o meio comunicativo um dos bens da maior necessidade para a sociedade.
O senhor Armando
"Planeta" como popularmente era assim conhecido pelo povo de Loriga, era um homem de um temperamento impressionante, nunca parecia parar tal era a genica que parecia tomar conta do seu corpo, ao mesmo tempo que o fazia sempre numa presença sempre activa no trabalho ao qual dedicou quase toda a sua vida, talvez por isso o alcunha como era assim conhecido.
Funcionário dos CTTs a ele se deve a instalação telefónica em toda a vila de Loriga, muitos ainda se recordam da sua agilidade como subia as escadas e colocava os cabos telefónicos nas paredes das casas, que por estranho que pareça, com um olhar mais atento ainda hoje se podem ver alguns que são do seu tempo.
Armando Gomes Aparício faleceu em 1996, com a idade de 72 anos, foi na verdade uma referência de Loriga, que com o seu trabalho contribuiu no desenvolvimento de uma terra e da sua gente.
(* ap)


Professora Ilídia Nunes Pina Prata *
05.02.1921 - 03.05.2000

Nasceu em Loriga, a 5 de Fevereiro de 1921, notabilizou-se no ensino que durante décadas desempenhou com uma grande dedicação e alegria de ensinar.
Frequentou em Loriga o ensino primário. Rumou depois para Viseu, onde conclui o ensino secundário no grande Colégio Português. Em 1944 ingressou na Escola do Magistério Primário de Coimbra, tendo concluído o curso em 1946.
Nesse mesmo ano, regressou à sua terra natal para iniciar a sua actividade como professora do 1.ciclo do ensino básico. Em 1949, obteve a nomeação como efectiva para a Escola Primária de Vasco Esteves, onde se manteve até 1953, data a partir da qual foi colocada na Escola Primária do Pereiro.
Em 1961, passou a fazer parte do quadro da Escola Nr.1 de Seia, onde permaneceu durante 30 anos precisamente até 1991.
Aposentou-se com 45 anos de serviço e 70 anos de idade, tendo ao longo de todos esses anos granjeando a amizade e a estima dos habitantes de Seia e dos seus conterrâneos.
Foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Seia, a Medalha de Mérito da Cidade. Faleceu em Coimbra no dia 3 de Maio de 2000, vendo os Loriguenses desaparecer uma sua conterrânea que, notabilizando-se fora de Loriga, deixou mais enriquecida a história desta localidade.
(* ap)


José Maria Pinto *
. .1913 - 16.06.2001

Falar-se de José Maria Pinto o "Ti Zé Maria" como popularmente assim era chamado é voltar a um passado de recordações e lembrar um homem como referência de uma vida dedicada ao trabalho, trabalho e mais trabalho.
Homem de uma energia invejável, determinado e apenas como objectivo o trabalho, como que parecendo não ter tempo para mais nada. Nos meus tempos de criança parece que nunca me habituei a ver o
"Ti Zé Maria" sem estar na sua Padaria ou no seu Café "Neve", e se alguma vez o via vestido um pouco mais a rigor a caminho da camioneta da carreira para ir a Seia tratar de algum assunto, o meu olhar desbocava de surpresa, muitas vezes até dar comigo a dizer "está para cair algum Santo do altar".

Essas recordações leva-me a ver o "Ti Zé Maria" com um enorme respeito e nos meus tempos de menino como que mesmo com certo receio, principalmente, quando estava no seu café "Neve", numa altura em que os frequentadores assíduos eram selectivos, o que levava a desencorajar a frequência daquele café de uma clientela mais popular. Mas os tempos foram mudando e já nos meus tempos de adolescente e frequentador diário do seu café, comecei a ter com o "Ti Zé Maria" um relacionamento de longos períodos de conversa, mais acentuado depois do meu regresso de Angola, quando mais tempo estive em Loriga.
Nesses tempos, foram muitos os momentos de conversa com o
"Ti Zé Maria" ali no seu café "Neve" um ex-libris de Loriga, local privilegiado de encontros, tertúlias e de leitura matinal do jornal. Sendo ele um conversador nato dava gosto com ele falar, apesar de uma determinada maneira do contra com o quotidiano da vida de então ou mesmo não aceitando ver os tempos diferentes que decorriam, contava-me episódios de uma vida de trabalho, de uma Loriga antiga, enfim, tínhamos sempre alguma coisa com que falar. Muitas vezes tentava levar as minhas conversas aos tempos passados no seu café, que ele não gostava muito de falar, nessa altura notava também nele uma certa frustração e talvez quem sabe um certo arrependimento.
Numa das minhas visitas a Loriga e já nos seus últimos anos de vida, deparo com o
"Ti Zé Maria" na companhia de sua esposa, sentados no banco junto à cabine telefónica, aproximei-me e cumprimentei-o, já pouco se lembrou de mim, pela minha frente tinha um homem doente e debilitado, não queria acreditar que estava de frente com aquele homem de uma energia impressionante, de uma vida de trabalho, de uma dinâmica invejável, um conversador imperante nas suas ideias, enfim, um homem de "uma Loriga de outras eras" que de certa maneira marcou uma geração de loriguense, mas que na verdade, e é justo dizer, um dos grandes impulsionadores no desenvolvimento económico e social de Loriga.

Marcou-me esse encontro ali na "Carreira" por momentos pensei como é a vida, como o tempo sem se dar por isso vai andando, para chegarmos à conclusão, que a nossa passagem nesta vida mesmo levando tempo chega ao fim. Algum tempo depois tive a noticia de a vida ter acabado para o "Ti Zé Maria"
Até um dia
"Ti Zé Maria" quando nos voltarmos a encontrar. (* ap)


Drª. Amália Brito Pina *
. .1917 - 25.12.2003

Nasceu em Loriga em 1917, filha de António Luis Duarte Pina e de Maria do Céu Brito Pina.
Foi durante mais de quatro décadas, proprietária e Directora Técnica da Farmácia de Loriga. Tendo adquirido este estabelecimento à firma Leitão & Irmãos por compra, que passou a designar-se por Farmácia Popular de Loriga.
Numa época em que a continuação de uma Farmácia em Loriga parecia estar complicada, foi determinante o empenho desta distinta senhora para que Loriga continuasse a ter este estabelecimento, indiscutivelmente muito importante para esta localidade e terras vizinhas.
Pessoa de trato fácil e de leal colaboração profissional para com toda a gente, estava sempre disponível para dar a melhor informação medicinal aos doentes.
Era casada com o professor António Domingos Marques. Foi a primeira monitora da Telescola, quando começou a funcionar em Outubro de 1966.
Faleceu em 25 de Dezembro de 2003 em Braga, com a idade de 86 anos, estando sepultada em Loriga. Vendo-se assim
partir uma distinta senhora a quem muito Loriga ficou a dever. (* ap)


Manuel Fernandes Aparício *
30.11.1936
- 15.02.2003

Um homem sempre pronto para tudo aquilo que lhe pedissem, uma vida de trabalho e de muita dedicação à família, principalmente à esposa e filhos que eram tudo para ele, teve sempre uma vida verdadeiramente activa e determinada nunca parecendo ter tempo para descansar.
Trabalhador fabril, durante quase toda a sua vida, tinha ainda tempo no amanho das terras, onde com muito trabalho retirava parte do seu sustento e ainda fornecia para a família, qualquer bocadito de terra chegava para cultivar, que o fazia com uma alegria e uma determinação fora do comum.

Conhecia Loriga como ninguém, mesmo muitas vezes era procurado para indicar as estremas das propriedade, sabendo muito bem onde estavam os marcos que indicava com precisão a divisão das terras, era também um dos grandes conhecedores dos nomes de todos os locais de Loriga.
Foi durante longos anos músico da Banda da sua terra, para onde entrou ainda muito novo e à qual deu parte da sua vida com grande adoração e entrega que ainda se recorda, fazendo parte também durante largos anos da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga como irmão e, também como elemento de direcções desta instituição loriguense.
Ficou para a memória ter sido um dos maiores e melhores condutores da "Carreta", quando este veículo não motorizado, passou a ser o meio de transporte dos defuntos para o cemitério, tendo ele sempre uma certa perícia, que era necessária, para conduzir pelas ruas empedradas da vila, esse veículo puxado à mão.
Ligando-me ao Manuel laços familiares, era meu cunhado, tive sempre para com ele uma grande amizade e estima, tendo também ciente, que muito também lhe fiquei a dever. Viver na sua terra era tudo para ele e, quando por alguma razão dela se tinha que ausentar, estava sempre ansioso da hora de regressar.
Faleceu subitamente em 2003, traído pelo seu coração que já algum tempo o atormentava. Loriga viu partir um homem sempre pronto para tudo que lhe pedissem e que estivesse ao seu alcance.
Até um dia Manuel. Descanse em Paz. (* ap)


Carlos Mendes Duarte *
12.07.1936
- 28.11.2003

Com uma personalidade própria era um bom homem, amigo do seu amigo, que um dia namoriscou pelo Bairro de S. Ginês e por ali se quedou para toda a sua vida. De uma calma impressionante era bom com ele falar, sempre atendo a tudo o que o rodeava e tinha uma paixão sportinguista de que se orgulhava.
O "Carlos Hildebrande" como popularmente assim era conhecido, dava gosto com ele conversar e o ter como amigo, o seu sorriso de simpatia contagiava qualquer um, por isso, ser muito estimado e admirado e, de quem eu próprio ter gratas recordações e ter para com ele sempre grande estima.
Tenho ainda presente em mim, da fotografia que lhe tirei no Setembro de 2003, precisamente dois meses antes da sua morte, talvez a última fotografia que me deixou de recordação.
Faleceu em 28 de Novembro de 2003. Loriga vê desaparecer uma figura que me marcou e marcou o meu Bairro de S. Ginês que ficou mais pobre.
Até um dia amigo Carlos. (* ap)


António Fernandes Gomes *
20.01.1915 - 03.07.2004

Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1915, Filho de José Fernandes Gomes e de Aurora Mendes Dias Santos.
Conhecido por "Repórter Max", escreveu muito sobre a sua terra e a região serrana onde, nos seus artigos, exprimia a sua grande preocupação pela dignificação de Loriga e da região da sua Serra da Estrela, como também pela promoção das actividades tradicionais, e pela preservação das características paisagísticas e arquitectónicas desta região serrana.
Fez parte dos quadros da Armada Portuguesa, tendo percorrido os quatro cantos do mundo, chegando a exercer o cargo de delegado marítimo em Benguela (Angola).
Adorava a sua terra e foi, seguramente, quem mais escreveu sobre ela, quer em jornais nacionais, como o "Século" e o "Diário de Noticias", quer em jornais regionais, como a "Voz da Serra", "Porta da Estrela" e "A Neve".
Escreveu, também, em muitos outros jornais do antigo ultramar português, nomeadamente, a "Voz de Macau" e o "Jornal de Benguela". Foi um dos mais activos defensores da imprensa regional, em cujos congressos nacionais se destacava sempre.
A sua obra conhecida está reunida em três volumes que intitulou "Crónicas do Repórter Max", com edição do autor, onde estão compilados textos abarcando várias temáticas que escreveu em vários jornais.
Faleceu no dia 3 de Julho de 2004 em Lisboa, onde foi sepultado.

* Jornal "Garganta de Loriga"


Eduardo Mendes Pinto *
.. .. 1944 - .. .. 2004

Recordo-me do Eduardo nos meus tempos de criança, já ele era mais maduro. Era conhecido como muito activo e de certa forma impulsivo que o diferençava dos outros da mesma idade. A vida leva todos a tomar o seu rumo e o voltei a ver apenas uma ou outra vez já depois de crescidos.

Só que as vidas cruzam-se muitas vezes, como aconteceu quando por simples acaso o voltei a ver na cidade de Hamburgo, decorria então os finais da década de 1970.
Também ele tinha enveredado pela vida de emigrante, radicando-se na cidade de Hamburgo norte da Alemanha, onde tinha a família constituída pela mulher e filhos, um deles a sofrer de uma patologia grave, ao qual era preciso dedicar muita atenção.
De quando em vez me encontrei com o Eduardo na cidade de Hamburgo, que ele conhecia muito bem, sempre com a mesma maneira activa, como sempre nos habituamos a vê-lo nos nossos tempos de criança.
Um dia o telefone toca na minha casa, do outro lado da linha uma voz me dizia, morreu o Eduardo, na altura pensava que ainda estava em Hamburgo, mas não, tinha falecido em Portugal com uma doença que apenas teve a duração de cerca de seis meses.
Até um dia Eduardo. Descansa em Paz.
(* ap)


António Ferreira da Silva *
10.05.1930 - 22.01.2005

Passou grande parte da sua vida no Brasil, radicado na cidade de Belém do Pará. Com regularidade visitava Loriga, nomeadamente, nas últimas décadas ainda de residente no Brasil, altura que o passei a conhecer e a encontrar-me frequentemente com ele e passamos então a ter um certo relacionamento.
Com o falecimento da esposa e já na reforma, regressou definitivamente a Portugal e a Loriga, então sim, todos os anos, com ele me encontrava, companheiro do jogo das cartas e mesmo de passeios de laser pela estrada, notabilizando-se nele uma educação extrema e uma maneira própria de pessoa de bem, com quem valia a pena conversar e compartilhar amizade.
(* ap)


Emílio Lopes de Brito *
03.11.1925 - 02.07.2005

Ligou-me a Emílio Lopes de Brito laços familiares, um homem de uma bondade e ternura, que é difícil de se encontrar. O "Primo Emílio" como assim sempre o chamei, era na verdade um homem de bem, sem maldade e nunca mas mesmo nunca ter para com algum dos seus semelhantes qualquer género de iniquidade.
Radicado na grande Lisboa desde muito novo, ali casou e constituiu família, uma vida de longos anos de certa preocupação, por motivo, dos problemas de saúde com que se debateu a sua filha e única, praticamente desde que nasceu, quase sempre numa vivência hospitalar.
Ficou viúvo ainda novo, voltou novamente a casar desta vez em Loriga, com Aurora Pinto Ascensão, passando então a ter a sua vida repartida entre Loriga e Cacém, onde sempre viveu.
Gostava de me encontrar com ele e quase sempre selava-mos o nosso encontro com um "chiripiti" como ele gostava de dizer (referência a uma bebida). Nunca me posse esquecer dos meus tempo de criança, do bem que me fez à minha família, pois era um coração aberto e sempre muito amigo de toda a família, que deixou em todos nós ao
partir para a outra vida no Além, uma saudade enorme ao mesmo tempo que o lembramos com muito carinho e afecto.
Até um dia "Primo Emílio". Descanse em Paz nessa vida que já conhece.
(* ap)


Luciano Brito Pina *
26.11.1936 - 03.06.2006

Homem bom que um dia resolveu radicar-se em Coimbra, sem nunca esquecer a sua terra que tanto adorava e que recorrendo ás tecnologias da época, tudo fazia para divulgá-la, em fotos ou em filmagens.
Homem frontal tinha na alma certa revolta e certo inconformismo, pelas injustiças que se fizeram numa
"Loriga de outras eras" e que de certa maneira atingiram o seu pai, mas mesmo assim tinha a sua terra sempre no coração, dando tudo por ela.
Foi dos primeiros loriguenses a filmar em vídeos as paisagens e eventos da sua terra, passando mesmo a comercializar cassetes de vídeo com a cobertura total da Procissão da Nossa Senhora da Guia e Ementa das Almas entre outros, que eu próprio adquiri e que ainda hoje tenho em meu poder.
Foi o Luciano Brito Pina, que a convite do senhor Padre Abranches, fez as filmagens vídeo, da primeira visita a Loriga feita pelo Cardeal de Lisboa Rev. D. António Ribeiro, visita particular que ocorreu em Agosto de 1988, a convite também dessa figura loriguense que foi o senhor Padre Abranches, feita à figura máxima da Igreja Católica em Portugal.
Luciano Brito Pina, popularmente mais conhecido pelo "Luciano Ruço" faleceu em Coimbra após doença prolongada tinha então 68 anos
.
(* ap)


Mário Nunes Amaro Pinto *
24.06.1942
-19.04.2006

Lembro-me do Mário era eu pequeno, mas depois saí de Loriga e deixei de ter lembrança dele, até que num belo dia do ano de 1965, casualmente entrou na Pastelaria Castanheira, onde eu trabalhava, em plena Baixa de Lisboa, e o voltei a ver. A partir de então nos encontrávamos com regularidade apesar da diferença de idade que tínhamos, ficamos amigos, pois ao fim e ao cabo não trabalhávamos muito longe um do outro.
Era um homem bom, com o qual se podia conviver, notando-se nele uma certa alegria quando encontrava um seu conterrâneo. Muitas vezes me dizia
"aparece no Cinema Tivoli para veres o filme tal…" Pois o Mário trabalhava no cinema Tivoli, uma casa de espectáculo das mais importantes de Lisboa na época. Parece que ainda o estou a ver, no seu belo "traje" que despontava pela qualidade e de uma presença bem notada, tal como estávamos habituados a ver nos filmes de Hollywood e Nova Iorque.
Algumas das vezes lá eu apareci, o sorriso do Mário logo à entrada, era o sinal de o acompanhar, sem bilhete pagar, lá me levando até a um lugar num dos Balcões do Cinema, onde eu me consolava a ver o filme, parecendo-me eu um senhor por tão bem estar instalado.
Foi por terras distantes que tive conhecimento da noticia da morte do Mário Amaro, ficou em mim uma profunda tristeza, recordei quando nos encontrávamos em Lisboa, deixou-nos cedo de mais, ficando em nós a lembrança de um homem de bem, que estou certo de ter sido recompensado no céu
.
Até um dia amigo Mário, quando nos voltarmos a encontrar na parte de lá desta vida dos vivos, para recordarmos a nossa passagem pela
nossa Baixa de Lisboa. (* ap)


José Lopes de Brito *
25.01.1916
- .06.2006

Falar em José Lopes de Brito é recordar um homem que me marcou na minha vida. Ligando-me laços familiares o "primo Zé" como assim o chamava, considerei sempre mais que como um simples primo, tive sempre para com ele uma certa consideração, admiração e respeito. A ele fiquei a dever belos ensinamentos de vida e alguns dos empregos nos meus tempos de adolescente.

Partiu muito novo para Lisboa, pouco depois de ter ficado órfão, ali se radicou para sempre, tendo vivido a maior parte da sua vida em Queluz, sua segunda terra de opção. Homem de bem e de uma bondade que sempre foi bem demonstrativa na amizade que nutria para com toda a família, ao pé dele nunca ninguém passava dificuldades e sempre pronto para ajudar aqueles que ele via necessitar de ajuda.
O facto de eu ter saído de Lisboa e enveredar por outras paragens, quando voltava à capital nem sempre tive a oportunidade de me encontrar mais vezes com ele o que só acontecia a espaços, mas o contacto telefone ia acontecendo, por vezes e talvez mais amiúdo quando e infelizmente aconteciam falecimentos na família.
Como disse, este meu primo Zé, deixou-me uma marca de vida que nunca esqueci, que foi viver, lutar e tentar vencer, foram virtudes que me transmitiu e que conservei em mim. Fiquei sempre para com ele, com uma certa dívida de gratidão, alguma vezes me deu a mão, nos meus tempos de adolecente pela grande Lisboa, quando parecia que por vezes eu estava a ir ao fundo, marcou-me na vida deixando-me muitas saudades e recordações.

Se a recompensa está no Céu, estou plenamente certo que o "primo Zé" está lá onde esperará por nós. Descanse em Paz "primo Zé" e até um dia quando nos voltarmos a encontrar, mas dessa vez já nesse lado de lá. (* ap)


Álvaro Pinto Ascensão *
03.08.1929
- 24.10.2006

Ligou-me a Álvaro Pinto Ascensão laços familiares, ao ter casado com uma prima, que na altura vivia na nossa casa, por isso, considerada na altura, mais que uma simples prima.
Trabalhador fabril nas fábricas de lanifícios de Loriga e depois uma experiência em Lisboa, era um homem dinâmico e de uma visão progressiva muito grande, tinha sempre presente a ideia de ir sempre mais além.


Emigrou para o Brasil, no princípio da década de 1960, na procura de uma vida melhor. Teve como destino a cidade de Belém, onde se radicou. Pouco depois mandou ir para junto de si, sua esposa e os seus dois primeiros filhos, já no Brasil nasceram depois mais dois dos seus quatro filhos. Alguns anos esteve por lá, mas continuava a ter sempre presente aquela ideia de poder regressar à sua terra, que tanto adorava.
Regressou a Loriga alguns anos depois, continuava com aquele sentimento bairrista dos "sete costados", como se diz na gíria, que o fez que colocasse em prática a ideia de muito fazer pela sua terra. Assim foi o grande impulsionador na transformação e desenvolvimento do traçado onde termina a Av. Augusto Luís Mendes, popularmente chamado a "Carreira" quando no início da década de 1970, mandou construir o prédio "Império" como era chamado na época ou então "Hotel" como também foi conhecido, porque era esse objetivo inicial que tinha pensado para esse seu grande empreendimento.
Nesse seu projeto na construção desse grande imóvel, estava incluído, a abertura de um café e restaurante, o que veio acontecer, nessa altura já com a minha colaboração, por eu próprio ter decidido passar a viver em Loriga, depois do meu regresso da Guerra do Ultramar. Assim no dia 1 de Agosto de 1972, abriu-se o Café Restaurante "Império", que ainda hoje perdura e que na altura foi na realidade a grande evolução no meio de restauração em Loriga.

Os últimos tempos da sua vida foram passados e já também doente, como utente na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, aos poucos o seu estado de saúde se foi gravando e ficando cada vez mais debilitado, ali veio a falecer em Outubro de 2006. Tinha então 77 anos de idade.
Até um dia primo Álvaro. Descanse em Paz. (* ap)


Adolfo José Duarte Gouveia *
17.05.1934 - 30.01.2007

Em criança me habituei a ver e admirar o Adolfo. Era o guarda-redes do Grupo Desportivo Loriguense um ídolo da juventude dos anos 50 do século passado, considerado mesmo o melhor guarda-redes de Loriga, de todos os tempos. Ainda treinou no Académico de Viseu, só que o nosso loriguense Adolfo, pareceu nunca levar a peito essa sua insígnia aptidão que todos lhe reconheciam, pensando apenas levar em frente a sua vida normal de trabalho e viver a sua normal vida famíliar.
Era eu adolescente quando voltei a ver o Adolfo, vivia então ele no Estoril, decorria a longínqua década de 60, olhei ainda para ele como meu ídolo de criança, mas pela minha frente tinha ali um homem de bem, realizado e feliz, foi a vida que escolheu e por momentos me lembrei, que na realidade este meu ídolo de criança, passou ao lado de uma grande carreira futebolista, a nível de Portugal e quem sabe mesmo internacional.
(* ap)


José Manuel Oliveira Ferreira *
23.10.1967
-13.02.2007

Empregado no Café/Restaurante "Império" em Loriga, era um rapaz muito conhecido e muito popular na sua terra. Relevante e muito falador, tinha uma maneira própria de com todos conversar, numa contagiante sua disposição de consideração e estima.
Uma certa forma doentia que tinha para com o
seu Benfica, do qual era um fervoroso adepto, levava por vezes a termos conversas divertidas, quando acontecia o seu clube do coração estar menos bem.
Faleceu ainda novo, quando o seu coração o atraiçoou, notou-se ficar um vazio em Loriga, deixamos de ter o Zé Manel, da sua proeminente figura e o seu tom de voz, enquanto saboreávamos a cerveja que nos servia, que agora a mesma parece já não ter o mesmo sabor.
Até um dia Zé Manel. Descansa em Paz.
(* ap)


Filomena Alves dos Santos *
27.11.1918 - 11.03.2008

Tive sempre para com a senhora Filomena, um carinho muito especial. Era uma pessoa boa de um enorme coração, sempre muito amiga da família e das pessoas que não lhe sendo da família, era como que se fossem.
Conheceu-me ainda em bebé, pois quando eu nasci vivia na mesma casa, em baixo na Loja (cave) onde a minha família morava no Beco de S.Ginês, onde por sinal duas semanas antes tinha sido também mãe, quando do nascimento do seu filho Fernando, meu amigo.

Foi viver em Seia, onde se radicou com os seus filhos e o seu marido José Cardoso de Pina o "Ti Zé" como assim o chamo, mas mesmo assim e apesar de terem saido de Loriga, continuei a ter sempre para com eles um verdadeiro carinho e amizade, considerando-os como da minha família. Recordo com saudade o carinho com que a senhora Filomena me recebia, quando eu estava na tropa (ano 1969) e chegava a Seia à noite, cheio de frio e, não tendo já transporte para Loriga, em sua casa me recebia já com o leite quente e uns bolinhos acabados de fazer e lá eu dormia.
Sempre dinâmica dificil estar parada, foi sempre uma mulher muito caridosa, desfazendo-se de tudo e sem saber o que me havia de fazer, cada vez e quando a visitava em sua casa em Seia, a sua bondade extremosa era uma virtude na sua maneira própria de boa pessoa que era, que eu recordo com saudade, porque as pessoas continuam a viver quando as recordamos com amor e amizade.

Faleceu depois de ter dado um queda no Lar da Nossa Senhora da Conceição em Seia, onde já alguns anos ali vivia com o seu marido José Cardoso de Pina. Ao receber a noticia da sua morte fiquei triste, ao ver desaparecer alguém que me marcou e por quem tive uma enorme e estima e admiração, costumo dizer "as pessoas boas não haviam de morrer" e a senhora Filomena era uma delas. (* ap)


Joaquim Gomes Melo *
19.11.1927 - 28.3.2005

Recordar Joaquim Gomes Melo, é poder-mos recordar mais um filho de Loriga que vemos partir desta vida, que se notabilizou num trajecto social vincado por profundo amor pela preservação da cultura tradicional da sua terra e da região.
Nasceu em Loriga em 19.11.1927, pertenceu a uma família de certa notoriedade, começando desde muito novo a trabalhar nas fábricas de lanifícios da sua terra, vindo-se a tornar num tecelão de renome com uma característica própria de uma pessoa multifacetada.
Desde sempre teve uma vocação para estar familiarizado socialmente e com o associativismo, fez muito pela sua terra, destacando-se ter sido um dos impulsionadores na idealização das Marchas Populares de Loriga em 1963, sendo mesmo um dos primeiros ensaiadores, realizando os primeiros ensaios numa carpintaria que existia por baixo da sede do Sindicato, no imóvel popularmente conhecido por "Casarão", situado no Vinhô.

Um dia resolveu sair da sua terra, mas não para muito longe, foi trabalhar para Seia, onde era muito solicitado por ser um grande profissional nessa sua profissão de tecelão, por conseguinte também atraído por melhores condições salariais. Pensou ainda procurar outros horizontes, mas acabou por se radicar na sede do concelho, para também estar bem perto da sua terra que tanto adorava.
Joaquim Melo, também em Seia procurou estar sempre muito por dentro do meio social, foi um dos fundadores do Rancho Folclórico de Seia, fundado em 10 de Junho de 1980, com o fim de servir e valorizar a cultura tradicional da Serra da Estrela. A partir de então o Rancho manteve uma certa actividade, com actuações em todo o País e no estrangeiro, não se poupando a esforços no domínio da investigação das raízes etnográficas do povo da Serra da Estrela. O Joaquim Melo chegou mesmo a integrar como elemento ativo nas atuações do rancho um pouco por todo o lado.
Em 2007, Joaquim Gomes Melo, a título póstumo, foi distinguido com a
"Campânula Municipal de Mérito Cultural" pelo contributo enorme que deu para que o Rancho de Seia fosse e continuando a ser um património inestimável da cultura da região.
Faleceu em Seia, no dia 28 de Março de 2005, tinha então a idade de 87 anos, vendo os loriguense partir um dos seus conterrâneos, que muito se notabilizou na cultura da sua terra e da região.
(* ap)


José Diogo Brito Pina *
03.08.1944 - 21.05.2008

Recordar o Zé Diogo, como assim o chamávamos, é voltar aos meus tempos de criança, também ele pertencendo aquela geração de ouro de "quando em Loriga éramos mais". Pertencia ao chamado "Fundo" (zona da parte baixa da vila), que sendo um pouco mais velho que eu, por isso já de um patamar mais à frente, recordo-o como um rapaz humildo muito activo, um verdadeiro rival do "Cimo" (zona da parte alta da vila), nos jogos da bola e não só.

Recordo-me de ele essencialmente por ser pacato e também de ser um verdadeiro insigne nadador, penso mesmo ser dos maiores, conhecia as ribeiras de Loriga como ninguém, estou mesmo a crer que devia ter nadado em todos os poços existentes ao longo das duas ribeiras de Loriga. Recordo-me naquelas disputas a subir, nomeadamente a ribeira das "Naves" (do Poço Forte ao Zé Lages) ser sempre o primeiro a chegar, tal era a sua agilidade a subir as pedras e ultrapassar os poços a nadar com uma leveza de admirar.
Na hora de cada um seguir o seu rumo, o Zé Diogo foi até à grande Lisboa, onde se fixou, durante muito tempo nunca mais o vi, nos últimos anos e de quando em vez o voltei a ver por Loriga, parecia-me o mesmo dos tempos da nossa meninice.
Faleceu aos 64 anos após doença prolongada. Durante a sua doença com que passou a lutar fez um curioso pedido à sua família.
"Quando morresse que fosse cremado e as suas cinzas fossem espalhadas na ribeira de Loriga" ribeira que tão bem conhecia e que ficou para sempre guardada num cantinho do seu coração.
Segundo sei, esse seu desejo foi cumprido pela sua família, com as águas cristalinas da ribeira das
"Naves" a levarem as suas cinzas numa última passagem por aqueles percurso que ele tanta vez o percorreu e que amava. Assim vimos partir mais um da nossa geração de "uma Loriga de outras eras" e "quando em Loriga éramos mais".
A Paz esteja contigo Zé Diogo. Até um dia
(* ap)


João Martinho Pereira *
05.10.1943 -04.05.2008

Esposa, Filhos e restante Família, na impossibilidade de o poder fazer pessoalmente vêm pelo presente meio expressar o seu agradecimento a todos os que se dignaram a assistir à missa de corpo presente, o acompanharam até Á sua última morada, ou de qualquer outro modo se associaram a este momento de grande consternação e dor. O Sr. João Serra permanecerá sempre vivo na lembrança de todos aqueles que de algum modo conviveram e fizeram parte da sua vida.
Agradecemos também a todas as entidades, colectividades e organismos que de uma forma ou de outra prestaram a sua última homenagem, em especial a SOCIEDADE RECREATIVA E MUSICAL LORIGUENSE pela cerimónia fúnebre.

Elogio Fúnebre

Viemos acompanhar um amigo á sua última morada.

O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO.
O Senhor João caminhou connosco durante 40 anos, com sol, chuva, vento…
Conviveu com 10 Maestros, aperfeiçoando sempre os seus conhecimentos musicais.
Nada o impedia de levar o seu saxofone barítono a todos os lugares, alegrando o coração de todos os que gostavam de ouvir a Banda Filarmónica.
Até que o seu coração o traiu, morrendo no passado domingo no final de mais uma jornada musical.
A cultura de Loriga ficou mais pobre.
Que a sua vida seja um exemplo para os mais novos na competência e dedicação com que sempre se entregou á causa da música.

Paz á sua alma
Até sempre João Serra
Descansa em paz

* A Familia


António Santos Pereira
.. .. - 07.07.2008

Recordar o António Santos Pereira popularmente mais conhecido pelos amigos como "Tónio Zé da Vide" é falar numa figura simples de um bairrismo puro pela sua terra que tanto adorava.
Foi para Lisboa ainda de novo, ali se radicou toda a sua vida, trabalhando na profissão de barbeiro, com ele passei a conviver praticamente desde que cheguei a Lisboa, era eu ainda praticamente uma criança, antes já ele era amigo da minha família, era mesmo um assíduo visitante da nossa casa, ao ponto de o considerar como familiar.
Tive uma fase da minha adolescência em que todos os dias me encontrava com ele, tanto eu como ele trabalhávamos perto um do outro em Campolide - Lisboa. Recordo-me que era um verdadeiro falador nato em que a sua boa disposição era contagiante, fazendo amigos com relativa facilidade em que era bem relevante a amizade e estima como tratava toda a gente.
Amava Loriga como ninguém, direi mesmo que foi o maior bairrista que conheci na divulgação da sua terra a toda a hora e a todos os momentos enquanto trabalhava, como eu próprio testemunhei, penso mesmo que nunca cortou um cabelo ou fez uma barba aos seus clientes, que não falasse da sua querida Loriga.

Nunca faltava às festas da vila que se faziam em Loriga na década de 1950/60, foi até dos primeiros loriguenses apresentar-se com máquina fotográfica, por isso, nessa altura conseguiu coleccionar imensas fotografias, como nunca ninguém tinha conseguido ter até então.
Decorria o ano de 1966, era eu ainda um adolescente, fiz com ele uma farra no Bairro Alto em Lisboa, entramos em vários bares e por fim e já altas horas da noite damos connosco numa das mesas dum bar bem conhecido na altura, ele a fazer quadras sobre Loriga e eu a tomar apontamentos delas, foram muitas, ele era um perito arrimar quadras, pena foi que perdi todos esses apontamentos, que hoje teriam para mim um valor incalculável.
Era um trabalhador incansável, de segunda a sábado a trabalhar cortando e fazendo barbas e aos domingos à tarde e (dias de futebol) lá estava no estádio de Alvalade (estádio antigo) a alugar almofadas ou a vender amendoins ou gelados.
Deixei de o ver durante largos anos, por motivo da minha ida para o estrangeiro, mesmo por incrível que pareça as nossas idas a Loriga eram desencontradas, quis o destino que dois anos antes da sua morte e ao chegar a Loriga ele também ali estava de visita. Passo na "Carreira" estava ele sentado num dos bancos, com a sua esposa, aproximei-me olhei e lhe disse:- "amigo António ainda se lembra de mim"…. Olha para mim e logo de imediato como que movido por uma mola se levanta e me abraça num abraço de largos minutos, que ia repetindo de quando em vez que me olhava. Nesse dia e no outro e no outro foi possível colocarmos a conversa em dia, recordamos as nossas vidas os nossos tempos por Lisboa, foi de facto gratificante que me marcou para sempre esse nosso e último encontro. No ano seguinte já não o encontrei em Loriga, que por motivo de andar doente já não foi à sua terra adorada.

Um dia o telefone toca em minha casa para me dizerem que tinha falecido o "Tónio Zé da Vide" fiquei apreensivo e sentidamente triste, por momentos pensei, ao fim de tantos anos tinha-mos tido o nosso encontro, tínhamos colocado a conversa em dia, tínhamos acima de tudo dado aquele abraço de amizade que estava em falta à longos anos, mal sabendo que aquele nosso encontro na "Carreira" foi ao mesmo tempo o da despedida.
Até um dia amigo António, quando nos voltarmos a encontrar para novamente voltarmos a dar aquele abraço da amizade que sempre esteve presente em nós. Descanse em Paz.
(* ap)


Paula Cristina Pina Fernandes Santos *
03.06.1969
- 17.09.2008

A Paula nasceu em Loriga em 3 de Junho de 1969, filha de Manuel Fernandes Aparício e Maria Helena Martins Pina. A vida é uma passagem na terra, o destino por vezes é injusto e cruel ao tornar essa passagem curta. Ainda jovem ainda muito nova mesmo e quando tinha tanto para dar, a Paula Cristina deixou-nos com muita saudades.
Recordar a Paula é falar numa jovem cheia de uma força impressionante, alegre e sempre pronta no ajudar ou outros e que tinha na família a sua adoração. Unindo-me laços familiares, era minha sobrinha, pude estar no acompanhamento da sua luta contra a doença que a vitimou. Apesar de a adversidade da vida lamentavelmente ter acontecido, deu-nos uma lição de luta, coragem, força, determinação e resignação, perante uma doença que parece hoje estar cada vez mais presente na sociedade actual.
Algumas vezes a visitei, que tal como eu vivia no país que nos acolheu, longe do nosso e da nossa terra, a sua Loriga que ela tanto adorava. A sua vontade de viver era contagiante e nada parecia demonstrar o mal que sabíamos que continuava a estar presente no seu corpo.
Foi em Setembro de 2008, que partiu desta terra dos vivos voltei à terra onde ela viveu para assistir às cerimónias exéquias, que a família, os muitos amigos e a comunidade portuguesa em geral quiseram realizar em sua memória, numa bem demonstrativa manifestação de carinho, amor e amizade, antes da partida do seu corpo para a última viagem nesta vida com destino a Loriga sua terra natal.
A sua morte deixou para sempre em todos nós uma saudade imensa, partiu desta vida apenas fisicamente, porque continua presente em nós. Residindo longe do seu país e da sua terra, regressou numa última viagem à terra que tanto amava, para então sim ali descansar em Paz. Até um dia Paula. (* ap)


José Nunes Pinto *
04.09.1932
- 30.11.2008

Faleceu no dia 30 de Novembro, após algum tempo doente o bem conhecido loriguense José Nunes Pinto, popularmente conhecido por "Zé Moita". Sportinguista convicto, está ainda na memória de muitos de nós, em ter sido um dos primeiros a ter uma telefonia no Bairro de S.Ginês e Almas, que cada vez que dava o relato do Sporting, levantava bem o som da telefonia para que todos pudessem ouvir, bem como, quando na rádio passava um fado da Amália Rodrigues de imediato voltava a levantar bem alto o som, para que todos na rua ouvissem essa diva do Fado português. (* ap)


José Lages Carreira *
16.01.1943
- 17.05.2009

Falecido recentemente com a idade de 66 anos, José Lages Carreira popularmente conhecido por "Zeca Carreira" era um verdadeiro amigo de Loriga.
Impressionando-nos de certa forma a sua calma aparente, a sua figura elegante era bem conhecida de todos, gostava de falar com os amigos que por ele tinha imenso respeito e admiração que o tornavam muito popular e que todos com ele gostavam de falar.
Alguns tempos a esta parte sempre doente por motivo dos várias problemas de saúde, no dia 10 de Maio entrou num semi-coma, que veio a culminar com a sua morte a ocorrer no dia 17 de Maio.

Era um fervoroso adepto e associado do Sport Lisboa e Benfica e desde sempre manifestou à sua família o desejo de ser sepultado em Loriga, e que ao morrer levasse na lapela a Águia de Prata do seu Clube do coração que tinha recebido das mãos de Vale de Azevedo, então presidente do SLBenfica, bem como, levar consigo um terço que tinha comprado já algum tempo em Carcóvia, terra do Papa João Paulo II
Infelizmente a família não conseguiu encontrar a "Águia de Prata" nos pertences do "Zeca Carreira" que levou que fossem dados passos até ao Estádio da Luz, para comprar uma cópia. Registe-se que apresentado o caso à direcção do SLBenfica, esta de imediato se prontificou a oferecer uma nova "Águia de Prata" que foi assim colocada na lapela, satisfazendo assim o seu desejo.
Quando o seu corpo chegou a Loriga o dia estava lindo, passando a Portela do Arão a maia amarela cobria a Serra e ladeava a estrada, como que, a enfeitarem para a sua última passagem por ali. Muitos amigos e colegas de escola e do colégio de Gouveia estavam presentes vindo da Guarda, de Trás-os-Montes, do Alentejo, de Gouveia, Seia, Vilacova do Alva, para o acompanharem à última morada
(*
Joao Carreira)


José Mendes Fernandes *
12.05.1936
- 31.05.2009

A vida por vezes prega-nos cada partida, que nos faz meditar. José Mendes como era mais conhecido na Alemanha, transbordava de felicidade ao chegar a esta cidade verdejante de Wahlstedt, que lhe deu as boas vindas com o sol sorridente e radiante de claridade.
Feliz por ver sua filha, genro, netos e restante família, reviver amigos e antigos colegas, passear nas ruas desta cidade que tão bem conhecia, onde viveu cerca de trinta anos da sua vida e de felicidade.
Aproveitando a sua presença nessa cidade, foi convidado de honra do Clube Português de Wahlstedt na festa do Pai realizada, no dia 21 de Maio, nas instalações de um clube português que ele próprio também ajudou a criar e que ainda hoje continua a ser uma presença portuguesa bem viva, nesta região nórdica da Alemanha

Planeava com uma euforia a festa que já vinha idealizando para o dia 22 Agosto celebrando as Bodas de Ouro de casamento. Estava eu próprio também já com ele envolvido na programação dessa festa que ele parecia viver com ansiedade.
De momento, uma súbita alteração de saúde o fez visitar o médico, que nos primeiros momentos pareceu tudo estar normal, com o senão de uma certa constipação que o atormentava. Pouco depois a necessidade de uma emergência que foi necessário chamar e, imediatamente disponibilizada com os meios mais sofisticados, primeiro ainda em casa e depois já numa Clínica das mais especializadas na região. Nos primeiros exames parecia estar tudo estabilizado, mas depois de mais exames e estes mais aprofundados, com a chamada da família à unidade hospitalar pouco depois, temeu-se logo o pior, que veio a ser confirmado com a comunicação à família da notícia que menos se esperava e que culminou quarenta horas depois com o seu falecimento.

Eram precisamente 23h30 na Alemanha do dia 31 de Maio, meia hora antes de acabar o mês de Maio, Mês de Maria, o mês do seu aniversário que tinha celebrado em Loriga, três dias antes da sua viagem para a Alemanha, faleceu rodeado de familiares e amigos, terminando assim a sua passagem de vida na terra. O seu corpo regressa a Loriga, sua terra natal, porque em memória a sua vida não chegou dali a sair.
Descanse em PAZ, até um dia Zé, quando nos voltarmos a encontrar, mas dessa vez já nessa parte de lá que já conheces.
(* ap)


Carlos Alves da Costa *
05.11.1925 - 12.05.2009

Homem de enorme virtude que muitos recordam pela sua bondade e de bem. Muito disponível em prol da comunidade passou pelas direcções das várias colectividades da sua terra:- Cooperativa, Socorro, Banda, Grupo Desportivo, serviços de Acção Católica e de grupo Corais, sendo na verdade um exemplo a seguir.
Está ainda na memória de todos os muitos anos que se disponibilizou a cantar a Ementa da Almas, sempre com muito respeito e devoção que quando notava algum modo menos correcto muitas das vezes dizia chamando atenção "Olha lá!... Tem de haver respeitinho pelas nossas Almas".
Sem dúvida alguma o Carlos Costa morreu na santidade. Ai, se homens todos assim fosse. Por certo que não tinham sido inventadas as espingardas…. Um dia , quando todos nos juntarmos, não te esqueças do meu pedido, faz lá esse favorzinho, porque tu já vives entre os eleitos. Até breve!
(* a.brito)


Maria Helena Pereira Figueiredo *
01.09 .1926
- 12.08.2009.

Foi um referência em Loriga, Maria Helena Pereira Figueiredo, popularmente conhecida por "Menina Lena", ficou marcada de certa forma numa geração loriguense a quem deu pela primeira vez a conhecer os primeiros passos da catequese e, também os primeiros ensinamentos de escola.
Residindo no Lar da Nossa Senhora da Guia em Loriga há já algum tempo, e também já algum tempo muito debilitada, chegou ao fim a sua passagem na terra dos vivos, provavelmente, para ser recompensada no céu, pelos bons ensinamentos da doutrina de Deus, que durante parte da sua vida fez chegar às criancas das sua terra.
(* ap)


Mário Pires da Costa *
20.01.1926
- 16.10.2009

Encontrei-me com o senhor Mário acerca de dois anos, para um encontro previamente combinado, para falarmos e tirar alguns apontamentos sobre o seu mais de meio século de músico da Banda de Loriga.
No dia, hora e local definido, lá estava o senhor Mário à minha espera numa das mesas do Café "Império". À minha frente estava um homem com um brilho no rosto e com um sentimento saudoso dos seus 54 anos (na altura) como elemento da Banda de Loriga e orgulhoso também de como elemento da Banda ter comemorado o Cinquentenário e Centenário desta Instituição loriguense que nos habituamos a ver como embaixatriz de Loriga.

Contou-me numerosas histórias, recordamos as pessoas, direcções, maestros, companheiros, enfim, uma vida de dedicação à Banda da sua terra, com ele sempre mais vocacionado para os instrumentos de percussão, que com muito empenho e dedicação quase todos os tocou, principalmente, o bombo que de tanto o bater junto ao peito o seu coração passou a dar-lhe sinal que chegava, por isso, aconselhado a deixar esse instrumento passando novamente a tocar a "caixa" e a partir de 2003 passou a ser o "Porta Bandeira" até 2008, quando finalmente deixou a Banda, completando 56 anos, ficando para a história da Banda, como o músico que mais tempo esteve ao serviço da Banda de Loriga, que foi a sua segunda família durante mais de meio século
Foi reconhecido esse mérito, recebendo a Medalha de Ouro da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, a única distinção entregue a um músico desde sempre na história da Centenária Banda Filarmónica de Loriga.
Quando o telefone tocou com o som que vinha de Loriga, alguém me disse faleceu o Ti Mário "Coroado" como popularmente era mais conhecido, veio-me logo à recordação esse nosso encontro, tendo ainda presente aquele brilho no seu rosto ao estarmos ali a falar da "sua" Banda à qual dedicou quase toda a sua vida.
O seu funeral realiza-se hoje em Loriga, fará a sua uma última passagem por aquele percurso que tantas vezes o fez com a música a tocar, só que desta vez a "sua" música não irá a tocar, mas de certo a vai continuar a ouvir lá céu.
Até um dia senhor Mário. Descanse em Paz.
(* ap)


Carlos Alberto Brito Mendes *
06.11.1958
- 27.11.2009

Encontrei-me com o Carlinhos, (como assim era tratado no seio da família) fez no passado verão um ano, quando em Loriga nos juntamos, já com a grave doença a afectá-lo com mais intensidade e que eu conhecia em profundidade a situação. Admirava-o na sua determinação e optimismo, falávamos de várias coisas e sempre vinha à tona Lisboa, dos tempos que eu também por lá andava, onde ele um dia se radicou e vivia uma vida feliz com sua esposa e filho.

Ligado eu também à família, por parte da minha esposa, tinha para com o Carlos uma certa estima, apesar de o não ver muito amiúde, no entanto, nutria por ele uma amizade e até certo carinho e, com quem gostava de conversar, porque na realidade era um homem de bem e de uma certa simpatia que valia a pena compartilhar.
Sabendo eu do diagnóstico da sua doença, que se previu de gravidade, passei admirar ainda muito mais o Carlos, admirando a sua determinação e a sua luta que foi travando com a grave enfermidade de que padecia e, que nos transmitia a ideia de que apesar de tudo o não fazia desanimar. Mas na verdade a vida marca destinos por vezes dolorosos o quais parece não se poder fugir, por mais voltas que se possa dar.
A sua luta nesta vida terminou, faleceu no Hospital de Santa Marta em Lisboa, onde tinha sido internado algum tempo atrás, morreu com apenas 51 anos de idade, quando ainda tinha tanto para fazer nesta passagem pela terra dos vivos.
Até um dia Carlos. Descansa em Paz.
(* ap)


Flaviano Gonçalves dos Santos*
15.09.1928
- 14.12.2009

Recordar Flaviano Gonçalves dos Santos, filho de Eduardo Gonçalves dos Santos e Amália Lopes de Brito, tenho que recuar aos meus tempos de criança. Um certo parentesco ligava a minha família à sua mãe Amália Lopes de Brito, por isso uma aproximação de família que levava que todas as Páscoas ali íamos ao Cabeço, (onde viviam) na visita Pascal, recordo de muitas vezes o Flaviano me ter dado broinhas e biscoitos.
Era um homem bom, o recordo também quando entrava nos teatros que se faziam em Loriga nessa altura, atrás dessa pessoa boa, como que tímida, estava um grande e verdadeiro actor de teatro, tinha um certo talento para as peças dramáticas e de comédia, que ainda nos estão na memória.
Radicou-se na Guarda, onde viveu parte da sua vida, sem nunca esquecer a sua terra.
Faleceu na Covilhã, o seu funeral foi realizado para Loriga, onde ficou a descansar em Paz, no cemitério local.
(* ap)


Viriato Luis Brito Pina*
. .1935
- 08.01.2010

Natural de Loriga, a sua vida foi toda ela passada fora da sua terra, mas que nem por isso deixou de ter pela terra, que foi seu berço, um carinho especial e que muito adorava. Estava radicado em S. Tomé de Negrelos - Santo Tirso.

Professor de certo dinamismo, veio a licenciar-se em engenharia, no entanto, a sua personalidade empreendedora o levou a ter um método e capacidade de trabalho na prática em redor das profissões, nomeadamente na Formação Prática do Formador, bem elucidativo nos trabalhos publicados "Saber Instruir" e "Saber Comandar".
Tinha um contacto assíduo por correspondência com o senhor Eng. Viriato Pina, falava-mos de Loriga que regularmente ele visitava e onde tinha residência, trocávamos opiniões dos encantos e dos problemas que se debruçavam sobre a nossa terra. Logo assim que publicava os seus trabalhos, de imediato os fazia chegar até mim, inclusive, o seu último livro também colocado em DVD que também me endereçou e que passarei a guardá-lo como recordação visual.
Faleceu após algum tempo doente, com o funeral a ser realizado na terra que adoptou para a sua vida, deixando de Loriga de contar com um dos seus filhos, que mesmo vivendo fora dela nunca a esqueceu.
Até um dia senhor Viriato Pina. Descanse em Paz.
(* ap)


José Félix*
. . - 20.03.2010

Recordar José Félix é recordar uma pessoa que não sendo de Loriga é como se de ela fosse. Natural da Maceira perto de Vila Verde concelho de Seia, radicou-se em Loriga na década dos anos 1960, era na altura cobrador das camionetas da carreira. O seu trabalho levava a fazer o serviço para Loriga, sendo um comunicador nato, passando a ser muito conhecido no meio da comunidade loriguense, que tendo em conta de o serviço o obrigar a ter que pernoitar em Loriga, começou mesmo a ter uma certa afeição por esta terra, onde se veio a radicar definitivamente, e a qual passou a ser a sua terra de adopção.
Era uma referência em Loriga e por quem os loriguenses tiveram sempre uma admiração e respeito. Uma grave doença na garganta com intervenção cirúrgica o fez perder a fala, situação com a qual teve que viver durante muitos anos, mas nem por isso deixou de ser bem compreendido por todos.

Os últimos tempos da sua vida foram passados na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde veio depois a falecer já doente e muito debilitado. (* ap)


Fernando Brito Lages*
22.02.1945
- 09.03.2010

Recordar o Fernando Brito Lages é levar-me com alguma nostalgia a viajar no tempo de regresso aos meus tempos de meninos, pois o Fernando (Fidão) como popularmente era assim mais conhecido, fazia parte daquela geração que tinha como seus domínios o "império" chamado "Cimo" (zona alta de Loriga dividida por uma linha imaginária nos CTT que dividia o fundo da vila), que ele tal como eu do "Cimo" fazia-mos parte.

Nessa altura era já um pouco mais maduro que eu, sendo ele mais velho, recordo o Fernando como um exemplo de liderança, era um rapaz humilde e de bem, não se notando nele aquelas rebeldias que diferenciava muitos de nós. Recordo-o ainda como um verdadeiro devoto no místico da arte de jogar futebol, que com o passar dos anos ter-se ficado com a ideia que poderia ter dado um grande jogador.
O tempo não parou e cada qual foi seguindo outros destinos, de quando em vez e muito de fugida lá o ia vendo na nossa Loriga, continuando sempre na sua maneira própria de pessoa de bem, daquelas pessoas com as quais se pode conviver. Infelizmente, uma grave doença o passou a atormentar e com a qual passou a viver durante alguns anos e que eu fui tendo conhecimento.
Nos últimos tempos tive mesmo conhecimento que a maldita doença o passou a atormentar ainda mais, quando o telefone toca na minha casa e do outro lado da linha alguém me diz
"Olha!.. Mais um dos nossos do "império" do Cimo que nos deixou, morreu o Fernando (Fidão)" um sentimento de tristeza me percorreu e dei comigo a olhar o horizonte que pareceu vermos nos ainda ainda crianças saltando e pulando, como que com o medo de crescer, mas que agora e aos poucos vemo-nos a desaparecer.
Até um dia Fernando, quando nos voltarmos a encontrar nessa
parte de lá. Descansa em Paz. ( * ap)


António Mendes Gonçalves*
. .1948 - 15.06.2010

António Mendes Gonçalves de 62 anos de idade, era popularmente conhecido pelo "Tónio Bilito".
Recordo o "Tónio" do meu ano e da minha geração, e tenho ainda presente o dia em que fomos à inspecção a Seia, o dia da sua primeira saída de Loriga, acompanhou-me todo o dia não me largando um só momento.
Nestes últimos anos a viver na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, assim que me via ali chegar vinha até mim, para me dizer
"Adelino estou muito doente" na verdade assim era, estava bastante doente e debilitado.
Figura alegórica de Loriga, que parte de uma vida, que de certa forma lhe foi madrasta. Descansa em Paz Tónio.
( * ap)


Emídio Mendes Garcia*
27. 05.1923 - 23 .06.2010


Emídio Mendes Garcia de 87 anos, foi uma legenda de Loriga que ficou na história como o primeiro loriguense aparecer na televisão. Além de meu compadre, foi meu vizinho porta com porta no pitoresco bairro de São Ginês, que com a sua partida ficou mais pobre e mais vazio o Beco do Bairro São Ginês.
Como disse recordo o bem conhecido Emídio Garcia, como o primeiro loriguense a aparecer na televisão, estava-mos então no princípio da década de 1960, quando foi um dos concorrentes ao concurso "Quem sabe sabe" transmitido em directo pela RTP e apresentado por Artur Agostinho.
Nesse dia ou mais concretamente à noite Loriga parou, as poucos televisões existentes na altura, apenas nalgumas casas e numa ou noutra associação, bem como, no café do "Ti Zé Maria" foram insuficientes para tanta gente, que queria ver o Emídio Garcia lá longe nos estúdios em Lisboa e, chegar até todos por "aquela caixinha mágica" que tinham ali em frente. ( * ap)


Eduardo Gomes Melo*
10.09.1925 - 26.06.2010

Eduardo Gomes Melo de 85 anos, foi uma referência de Loriga tido como um verdadeiro e fervoroso adepto Sportinguista e foi um dos maiores guarda-redes do Grupo Desportivo Loriguense nas décadas 1940/1950, sendo um verdadeiro ídolo da juventude de Loriga na altura na qual eu me incluo.
Foi durante anos trabalhador na Metalúrgica Vaz Leal, sendo mesmo dos primeiros trabalhadores dessa firma. Até que se radicou em Moçambique durante vários anos.
A sua grande paixão em Loriga foi sempre o Grupo Desportivo Loriguense, onde desempenhou funções directivas e orientador de equipas de futebol, pois o futebol para ele era o principal e única modalidade que deveria existir no seu Grupo Desportivo da sua terra.
Faleceu no dia 26 de Junho de 2010 nos HUC-Hospitais da Universidade de Coimbra onde se encontrava internado, depois de uma alteração de saúde, tinha 85 anos.
( * ap)


Aurora Lopes Macedo*
14.05.1913 - 30.08.2010

Recordar Aurora Lopes Macedo é recordar a senhora minha mãe. Faleceu no dia 30 de Agosto 2010 tinha 97 anos e, à data da sua morte era a loriguense mais idosa a residir em Loriga (Casa de Repousa da Nossa Senhora da Guia) e era a segunda loriguense com mais idade e ainda vivas.
Uma longevidade de vida na doração à família.- 6 filhos, 13 netos, 10 bisnetos e 1 Trineto. O Senhor a chamou para o seu Reino, mas continua presente no seio da sua família.
Nascer, viver e morrer, faz parte da existência do nosso ser, também fazendo parte da lei natural da vida, numa conjugação de mais ou menos longevidade que se possa passar nesta nossa vida.

A senhora minha mãe, natural de Loriga onde nasceu em 14 de Maio de 1913, filha de Manuel Martins da Mota e de Maria José Lopes Macedo, Sempre com uma lucidez bem clara, nada lhe parecia escapar, com todos os detalhes contava-me coisas da vida passada, fossem elas mais recentes ou mesmo de há setenta e oitenta anos atrás, tendo uma memória fantástica que nos deixava a todos nós admirados. Nos últimos seis meses a vida pareceu aos poucos fugir-lhe, a lucidez da sua memória foi aos poucos perdendo a luz, acabando mesmo de a sua memória se ofuscar, ao ponto de só a espaços reconhecer a família e as pessoas em seu redor. Os anjos cantaram ao abrirem-se as portas do reino de Deus para a receberem em festa, era Segunda-Feira dia 30 de Agosto após um dia radiante de sol e de muito calor, fechou seus olhos para sempre quando eram precisamente 21h00, deixando assim esta vida dos vivos.
Sua morte deixou nossos corações numa profunda tristeza, mas a esperança de que nos tornaremos a ver no céu, suaviza os nossos lutos e enche de esperança os nossos corações e as nossas saudades.
Foi na terra a nossa alegria e o nosso orgulho, será no alto do céu a nossa força e a nossa esperança. Uma lágrima por vós derrama-mos e se evapora, uma flor sobre o tumulo murcha, mas uma oração por sua alma recolhe-a Deus. A morte e a levou do convívio dos seus, que perpetuamente a vão recordar com a dor de uma saudade indelével.

Mãe

Fiz para ti este simples poema
Inspirado numa rosa perfumada
Pois fostes a melhor riqueza
Ter-te como Mãe e amada

Os meus olhos ficaram tristes
Vertendo lágrimas também
Ouvi os sinos da torre a tocar
E esses sons a levarem minha Mãe

Com saudade a vimos partir desta vida e do meio de nós, só que apenas a vimos partir no seu estado físico, porque na verdade vai continuar sempre presente no meio de nós. Descansar em PAZ é o que me resta dizer à minha Mãe e dizer-lhe até um dia. Misericordioso Jesus, dai-lhe o eterno descanso. ( * ap)


Armando Miguel Pereira Alves*
20.08.1951 - 30.08.2010

Recordar aqui Armando Miguel Pereira Alves é levar-me aos meus tempos de menino e recordar mais um do nosso grupo do Bairro de "S. Ginês" numa Loriga de outras eras. Tal como todos os outros dessa geração e pertencente ao grupo do bairro de "S. Ginês" o Armando "Galinha" como assim era chamado era de uma irrequietude própria desses tempos, só que ao mesmo tempo parecia ter uma acalmia fora do vulgar, que era bem notório nas brincadeira de então.
Com a chegada do dia de cada um seguir caminhos diferentes deixando Loriga e os nosso domínios, os contactos foram-se escasseando. O Armando foi para Alenquer onde passou a morar com a sua família, só o voltei a ver em Loriga decorria o mês de Junho de 1968, encontro selado com um abraço e voltar-mos a recordar os nossos tempos de menino e de rebeldias.
De quando em vez lá ia sabendo suas notícias por intermédio dos seus irmãos, os mesmos que um dia me disseram de uma grave doença que o afectava. Um dia chegou-me a noticia da sua morte, estava eu em Loriga, no dia em que eu também de luto ao falecer a minha mãe.
Vemos assim partir um dos nossos desse grupo do Bairro de
"S. Ginês". Foi sepultado em Bucelas - Alenquer onde passou a repousar. Até um dia Armando quando nos voltar-mos a encontrar nessa parte de lá. ( * ap)


António Ferreira Marrão*
30.08.1941 - 20.09.2010

Recordar António Ferreira Marrão é recordar um loriguense de raça radicado na região de Sacavém, sendo de relevo as suas qualidades de grande seriedade e de um carácter irrepreensível de uma tolerância invulgar para com os erros dos seus semelhantes.
Muito dedicado ao associativismo passando em várias associações, é de destacar a sua participação sempre disponível na ANALOR, associação da sua terra sediada em Sacavém, onde desempenhou cargos em vários Corpos Sociais, com um trabalho notável e sempre numa activa colaboração, quando se tratava de algo em prol da sua terra.
A doença com que passou a lutar o impossibilitou de prestar mais colaboração na associação que muito adorava, sendo bem notado essa ausência, com a ANALOR a ficar mais pobre.
Faleceu em Setembro de 2010, com Loriga a ver partir mais um dos seus filhos, que fixando-se em Loriga, nunca deixou de tudo fazer pela sua terra.
( (* Excertos do Jornal "Garganta de Loriga")


Mário Gomes Pina*
12.07.1940 - 18.10.2010

Nasceu em Loriga decorria então o ano de 1940, mas a sua vida foi quase toda ela passada fora da sua terra natal, mais precisamente em Sacavém onde se radicou.
Falar de Mário Pina é recordar um loriguense bairrista e sempre pronto em prol de Loriga, muito conhecido a nível do associativismo, nomeadamente, na colaboração que sempre se disponibilizou a dar na ANALOR, onde integrou várias vezes os Corpos Sociais desta associação loriguense sediada em Sacavém, sendo de destacar a excelência do seu trabalho como tesoureiro da Direcção, conhecido pelo rigor das contas e pela correcção com que as apresentava.
Especialmente dotado para com o relacionamento com os outros, era um homem isento, muito amigável, compreensivo e com grande capacidade de trabalho. Todos se habituaram a vê-lo, nas sucessivas edições da Semana Serrana, quase sempre na sua
"Taberna Serrana" sempre amável e atencioso no contacto com os visitantes.
Sem dúvida que Loriga viu partir mais um dos seus filhos, que vivendo fora dela tinha a sua terra bem junto do coração.
( * Excertos do Jornal "Garganta de Loriga")


José Gomes Melo*
15.4.1918 - 24.2.2010

Recordar José Gomes Melo, é recordar mais um filho de Loriga que vemos partir desta vida dos vivos. Nascido a 15 de Abril de 1918 em Loriga, onde foi criado e residiu até à idade adulta, fez jus ao que de melhor associamos à solidariedade e benfeitoria das populações.
Co-fundador da Cooperativa Popular de Loriga e do Socorro Paroquial Loriguense, membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga, da L.O.C. e da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, Presidente da Secção de Loriga do Sindicato Nacional dos Operários da Indústria de Lanifícios, atleta do Grupo Desportivo Loriguense, tudo fez para que o desenvolvimento da sua terra e a solidariedade para com os mais desfavorecidos não fosse palavra vã.

Profissionalmente, exerceu a sua actividade na Fábrica "A Redondinha", onde os seus dons de trabalhador e amigo sobressaíram. A maioria dos tempos livres eram ocupados na arte de sapateiro, com a qual supria as necessidades do seu lar e acudia às carências dos vizinhos.
Rumou em meados dos '60 à então Vila de Seia à procura de melhor vida e sustento. Trabalhou na
Vodratex durante 17 anos no lugar que melhor sabia cumprir: afinador de teares. Desempenhando a Chefia de Secção, depressa se destacou pelo seu profissionalismo, sobriedade, dedicação e total solidariedade aos colegas a que tinha sido destinado servir. Assim, foi com naturalidade que os seus companheiros o começaram a tratar, profissional e carinhosamente, como "Mestre Zé".
Faleceu em Seia, com tranquilidade, tal como viveu a sua vida, no dia 24 de Dezembro último, véspera do Natal, tinha então já a bonita idade de 92 anos, numa certa longevidade de vida junto dos seus, de certo como uma verdadeira dádiva de Deus.
Como loriguense vimos assim
partir um dos nossos conterrâneos que muito fez por Loriga, nos competindo dizer Descanse em Paz senhor José Gomes Melo e até um dia. (* aeMelo & ap)


Maria Teresa Pinto de Moura*
. .1931 - 01.01.2011

Recordar a senhora Maria Teresa Pinto de Moura a "Teresa do Amaro" como assim era conhecida é falarmos de uma nossa conterrânea, que exerceu durante a sua vida uma vida apostólica deveras notável.
Pertenceu durante décadas a vários organismos religiosos da nossa paróquia, assim como, exerceu durante longos anos da sua vida dando catequese, atingindo nesta área uma missão de certa notoriedade e de grande relevância. Em nós os mais novos ficará para sempre um exemplo de alguém que se entregou aos outros e, que praticou na paróquia de Loriga uma missão de Bem-Fazer e em prol do Bem.
Como loriguense vimos assim partir desta vida a senhora Maria Teresa Pinto de Moura, Descanse em Paz é o que nos cumpre aqui expressar.
(
* nmaPereira)


Joaquim Alves Oliveira*
06.02.1936 - 23.02.2011

Não recordar Joaquim Alves Oliveira, popularmente conhecido por "Joaquim Ruas" seria algo de injusto se nada escrevesse sobre este homem, dizendo que foi talvez na arte de fazer o ferro um grande artífice, um dos maiores no seu tempo.
Nasceu de uma família numerosa, a família Oliveira mais conhecido por
"Ruas". Eram 10 irmãos e imãs. Honesto, fiel aos seus princípios e respeitador das causas humanas, neto, de um mestre pedreiro, que deixou como uma das obras-primas as centenárias fontes de Loriga, com o seu pai também a ficar ligado à beleza de Loriga, ao construir calçadas e muros.

Joaquim "Ruas" foi de muito jovem para Lisboa, onde foi um "bom vivente" foi ali que um dia me encontrei com ele, passando a partir de então a ter para com ele uma certa estima, de quando em vez me encontrava com ele em Loriga, ao cumprimentá-lo despontava sempre nele aquele seu sorriso contagiante e de pessoa de bem, esse sempre seu sorriso que eu tinha sempre presente em mim, tal como me brindou quando essa vez o encontrei lá por Lisboa
Voltou à terra que o viu nascer. Já adulto casou e dedicou-se ao cultivo do campo. Fruto de muito trabalho que na altura era pouco rentável, começou a construir família, teve cinco filhos. Deixou o campo e foi trabalhar para a "Metalúrgica Pedro Vaz Leal". Passados alguns anos foi construindo a sua casa que nesse tempo era algo fora do normal, lutou, como quem luta contra ventos e mares, nas por fim conseguiu atingir esse objectivo, com muito esforço e trabalho.
Na arte de trabalhar o ferro tinha uma verdadeira mestria, um artista como poucos, fez grande parte dos gradeamentos em Loriga que se podem ver um pouco por toda a vila. Como homem tinha nas suas virtudes exemplos a seguir, não fazia diferença nem do rico nem do pobre e a família para ele, era tudo do mais sagrado e que adorava como ninguém, aureolado numa felicidade de ter sempre ao seu lado uma grande mulher
.

Faleceu no dia 23 de Fevereiro de 2011, Loriga viu desaparecer um seu filho que deixou uma obra que a embelezam, para os amigos e principalmente para a família foi alguém que já partiu, que mesmo deixando um vazio continua a permanecer nos seus corações. Vi partir desta vida um grande homem, restando-me dizer até um dia Joaquim "Ruas" quando nos voltarmos a encontrar, só que desta vez nessa parte de lá. Descanse em Paz. ( * ap + excertos de escritos/família)


Alfredo Pereira dos Santos*
28.08.1933 - 12.02.2011

Recordar o senhor Alfredo Pereira dos Santos, mais conhecido por "Alfredo Moenda" é falar de uma pessoa muito conhecida no meio loriguense e não só, que tinha uma maneira própria de comunicador nato com quem eu muito conversava, pois era também um conhecedor de muito da nossa Loriga

Foi funcionário da firma "Metalúrgica Pedro Vaz Leal" onde durante toda a sua vida teve a sua actividade laboral. Tinha uma adoração especial pela sua terra, que era costume lhe ouvir dizer de não haver igual por esse mundo fora. Um dia resolveu adquirir uma casa senhorial pertencente à família do Professor Pedro de Almeida situada na Avenida Augusto Luís Mendes vulgarmente local conhecido por "Carreira" que com algumas obras de ampliação foi uma mais-valia e ao mesmo tempo veio a comutar uma carência na época, a nível de dormida para quem visitasse a nossa terra, mesmo ainda hoje bem presente.
Sempre muito solicitado era uma referência em Loriga, que no habituamos a ver sempre na condução da sua velha carrinha, percorrendo as estradas da região e para todo o lado quando procurado por muitas pessoas para os levarem aonde quer que fosse. Ainda no verão passado lá estávamos nós no café
"Império" onde habitualmente parava, numa mais agradável cavaqueira, vindo sempre às conversas episódios passados na nossa terra, que contava com um certo brilho e expressividade.
Foi logo a seguir ao verão que uma alteração de saúde o fez adoecer e desde então a viver com a doença. Com o agravamento da mesma passou a residir na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, para depois ser internado no Hospital de Seia onde faleceu Sábado depois de mais um agravamento da doença da qual padecia.
O seu funeral realizou-se ontem (Domingo) em Loriga, um
desaparecimento mais em Loriga, que muitos de nós vamos notar a sua falta quando voltarmos novamente à nossa terra.
Descanse em Paz senhor Alfredo é o que nos cumpre expressar e dizer até um dia.
( * ap)


Fernando Santos Cardoso*
. .1943 - 09.05.2011

Recordar o "Fernando Valério" como assim o chamava-mos, falecido na passada Segunda-Feira nos Estados Unidos da América, é falar de uma pessoa e de um amigo e regressar-mos aos nossos tempos de infância e ao nosso Bairro de S.Ginês de uma Loriga de outras eras, quando ali se vivia como que em família, compartilhando-se as alegrias e as tristezas numa verdadeira união de comunidade.
Filho de Valério Cardoso (uma legenda de Loriga e de Alvôco da Serra) e da senhora Filomena Santos, no Bairro de S.Ginês floria as crianças e jovens que tornavam aquele recanto de Loriga muito populosos, o Fernando era um pouco mais velho e, nós os mais novos o víamos com respeito, aliás, ele parecia estar sempre atento às rebeldias dos mais novos, ao mesmo tempo que transmitia a todos nós ensinamentos e aconselhamentos de bem-fazer, passando mesmo a ser uma referência e ao mesmo tempo de certa forma um exemplo para todos nós aqueles mais novos.

Adorava o futebol para o qual tinha uma certa aptidão, nomeadamente de guarda-redes, defendendo ainda muito novo a baliza do Grupo Desportivo Loriguense naqueles famosos jogos de futebol de verão, ainda na recordação de muitos de nós.
Radicou-se nos Estados Unidos da América já a largos anos, criou a sua própria empresa FC Maschinery LLC em Milford CT da qual era proprietário e operador. Chegou também a ser treinador de futebol de equipas de crianças, onde chegaram a jogar os seus próprios filhos, tendo ainda dentro de si o gosto pelo futebol que o acompanharam desde os seus tempos de Loriga. Esteve também ligado ao associativismo português, pertencendo a quase sempre à Casa da Cultura Clube Português em Milford CT
Encontrei-me com ele em Loriga acerca de pouco mais de dois anos, foi a última vez que com ele estive, dava gosto de o ouvir falar de Loriga e dos tempos passados. Era um sonhador pela sua terra que tanto adorava e que tinha sempre presente no coração, ao ponto de um dia registar com o nome de
"Loriga" a matrícula do seu carro que orgulhosamente nos amostrava a fotografia a passear pelas ruas da cidade onde vivia na América.
Depois desse nosso encontro, pouco tempo depois foi do conhecimento o diagnóstico da doença com a qual passou a lutar, impossibilitando mesmo de voltar a Portugal e á sua querida Loriga. Era casado com a Isabel Pina também ela loriguense, tinham três filhos e quatro netos, uma família feliz que era tudo para ele.

Faleceu na Segunda-Feira (dia 9 de Maio de 2011) no hospital em Vassar Brothers Medical Center, com o funeral a realizar-se hoje Quinta-Feira, às 11 horas para ser sepultado no Cemitério Fishkill Rural.
Mais um residente do nosso Bairro de São Ginês que vemos partir, até um dia Fernando quando nos voltarmos a encontrar, mas agora nessa parte de lá, por agora só nos cumpre dizer Descansa em Paz.
( * ap)


Joaquim Santos Ferrito *
. .1914 - 14.05.2011

Recordar Joaquim Santos Ferrito, senhor "Ferrito" como era assim mais conhecido no meio loriguense é falar de um residente mais do pitoresco Bairro de S.Ginês que vimos partir desta vida, tendo atingido uma longevidade de vida, que o tornava já um dos loriguenses mais idosos da nossa terra. Era muito conhecido no meio loriguense, durante longos anos, foi sempre bem conhecido por nunca faltar para pegar no andor da Nossa Senhora da Guia, da qual era devoto.
Vivendo em Lisboa não falhava na sua visita a Loriga para passar as suas férias, tinha a sua casa no Bairro de S.Ginês pertinho da capela da Nossa Senhora do Carmo, ainda parece que o estou a ver com o olhar de criança, a chegar com a família para passar o mês de Agosto, era por ali muito estimado e no dia da partida juntavam-se a vizinhança para lhe desejar boa viagem de regresso á capital, com o seu carro bem carregado com especialidades de Loriga.

Lembro ainda um rude choque que sofreu, quando do falecimento da sua filha já adolescente, com toda a gente a chorar no meu Bairro, logo assim que se soube da notícia, um choque tremendo para toda a gente, que levou mesmo algum tempo a sarar.
Mais tarde e ainda nos meus tempos de jovem, já em Lisboa, trabalhando eu na "baixa" habituei-me a vê-lo, na altura, já um conceituado comerciante, chegando mesmo a ser proprietário da famosa "Casa Braz" junto à Praça da Figueira, onde se manteve durante longos anos.
Ainda não há muitos anos se via a passar muito mais tempo em Loriga, muitas vezes tive a oportunidade de conviver com ele em muitas conversas cavaqueiras entre amigos, sendo contagiante a sua boa disposição e, como era engraçado ouvi-lo contar algumas das perícias, que teve na sua já longa vida, na altura, a entrar na casa dos noventas.
Ultimamente um pouco debilitado de memória, talvez próprio da sua já longa vida, uma alteração de saúde o levou ao seu falecimento, ocorrido na passada terça-feira dia 14 de Junho, sendo realizado o funeral para Cemitério do Alto São João, onde foi cremado, vendo-se partir mais um residente do nosso Bairro de S. Ginês, que cada vez o vemos com menos gente.
Descanse em Paz senhor Ferrito e até um dia.
( * ap)


José Joaquim Antunes Simão *
02.07.1965 - 25.05.2011

Recordar José Joaquim Antunes Simão, o "Zeca do Minilor" como assim era conhecido é recordar um amigo e mais um residente do meu pitoresco "Bairro de S.Ginês" que cada vez mais vejo as pessoas a desaparecer.
O Zeca era um bairristas, muito popular no meio loriguense, adorava a sua terra e o seu querido Bairro de S.Ginês que muitas vezes me dizia
"temos que programar uma festa ali no nosso Bairro" mandarmos vir a gente que está fora, mas tem que ser uma festa de arrombo. Fomos adiando esta ideia e o tempo foi passando e ficou para tarde.

Recordava-mos o nosso Bairro com uma nostalgia que nos fazia sentir bem, falamos das pessoas e dos acontecimentos e de tudo o por ali passamos, quando parecia ser-mos todos uma mesma família numa mesma comunidade, tinha uma maneira própria e bem sentida quando nos púnhamos a conversar e a recordar as pessoas do nosso Bairro de S.Ginês, que tantas saudades nos deixaram.
Proprietário do popular
"Café Minilor" o Zeca ia completar no próximo dia 2 de Julho os seus 46 anos de vida (1965-2011) era uma referência em Loriga, sempre amigo do amigo e pronto para ajudar a todos e a tudo. O seu café era o meu primeiro poiso assim que chegava a Loriga, apesar de por vezes não estar, perguntava logo por ele, a sua partida tão depressa desta vida, quando ainda tinha tanto para fazer e para dar, vou notá-la assim que novamente voltar a Loriga.
A lutar com grave doença já algum tempo, o Zeca impressionava-me pela sua força e estímulo que dava, foi ele próprio um grande lutador resignando-se à sorte madrasta de muito ter que sofrer com a doença que o atormentava.
Quando o telefone tocou na minha casa e a voz do outro lado que chega me diz morreu o
"Zeca do Minilor" sentimos uma frustração e ao mesmo tempo uma certa revolta, ainda tão novo e com tão curta passagem por esta vida, nos faz ao mesmo tempo meditar, mas nada à fazer, temos que nos resignar e continuar-mos em frente, mas que vamos notar a sua falta, sim eu vou notar.

Descansa em Paz Zeca. Até um dia quando nos voltarmos a encontrar, nessa altura te direi se foi concretizada a festa no nosso Bairro de S. Ginês, com a qual tu e eu sonhamos. ( * ap)


António Mendes Fernandes *
. .1933 - 31.05.2011

Recordar o senhor António "Sapateiro" como assim muitos o conheciam é falar de uma pessoa boa, ao qual de certa forma eu estava ligado, irmão do meu cunhado José, mantendo assim um estreito relacionamento com ele.
O senhor António Mendes Fernandes era como obrigatório o ver sempre que eu ia a Seia, que depois daquele abraço de amizade, tinha-mos sempre algo que falar com notícias familiares pelo meio, em que entre várias virtudes tinha um seu sorriso contagiante, que valia a pena compartilhar, por vezes era à pressa que nem dava tempo para nada, no entanto, era gratificante o ver e pelo menos o cumprimentar.

Saiu de Loriga há longos anos, mas não foi para muito longe dela, fixou-se na vila de Seia com assim era na altura, onde trabalhou e viveu grande parte da sua vida, onde passou a ser muito estimado e muito conhecido nos meios senenses.
Já algum tempo que estava doente, sofria de doença com a qual passou a lutar, nos últimos tempos foi notório um agravamento mais presente e que culminou com o seu falecimento no último dia do mês de Maio, tinha então 78 anos, curiosamente falecido no mesmo dia do seu irmão José, meu cunhado, falecido à dois anos atrás, quando visitava a sua família na Alemanha.
Depois das cerimónias fúnebres realizadas em Seia terra de adopção, foi sepultado em Loriga sua terra natal, que teve como privilégio de ter vivido não muito longe dela
Descanse em PAZ senhor António e até um dia.
( * ap)


Luís Carlos Almeida Pinto *
05.11.1955 - 29.07.2011

Recordar o Luís Carlos Almeida Pinto, filho do "ti Zé Maria" como popularmente o seu pai era assim conhecido, é poder falar de um amigo, de uma pessoa de bem, com quem tive o privilégio de conviver numa fase das nossas vidas quando éramos jovens, logo após da minha chegado da chamada "Guerra do Ultramar".
O Luís Carlos, fazia parte de uma certa geração de jovens loriguenses, que lhes fervia no sangue o gosto pelo desporto. Com uma visão inteligente de ver o futuro, na altura ainda adolescente, era já um exemplo, sabia o que queria e tinha uma maneira muito própria de ver o futuro e o horizonte, sendo mesmo uma referência que sobressaia.
Decorria os primeiros anos da década de 1970, a juventude era muita em Loriga, muitos dos jovens estavam a empreender de certa forma, no seguimento dos estudos, por isso, não era estranho haver muitos jovens a estudar e muitos outros, com menos possibilidades a empregarem-se nas firmas locais, sendo bem notório em todos eles a vocação para jogarem futebol e não só, numa altura em que o desporto em Loriga parecia estagnado no tempo, com actividade desportiva praticamente nula por parte do Grupo Desportivo Loriguense.

Foi um dos fundadores do Futebol Clube "Os Dragões", um projecto idealizado por essa juventude, no sentido de criarem um Clube virado para o desporto, que chegou a ter uma certa projecção, ao qual aderiram todos os jovens de Loriga de então, com muita alegria e determinação que foi também contagiante para a juventude já mais velha, que de imediato aderiram, onde eu próprio me incluo.
Foram tempos bonitos e que ficaram marcados em muitos de nós, que para mim passaram depressa, porque pouco depois deixei Loriga saindo do país, no entanto, deu para ter ficado com as maiores e gratas recordações do Luís Carlos, um verdadeiro lidere e de uma inteligência rara, que marcou muitos de nós. Fizemos na época coisas extraordinárias e o Luís Carlos era de facto aquela pessoa que valia a pena ter como amigo
O Luís Carlos enveredou por uma carreira de professor, o destino nunca me deu oportunidade de o voltar a encontrar, ficando sempre em mim a recordação de mesmo não nos vendo ter ficado em nós aquela amizade. Perguntava sempre por ele, mas uma vez houve que me informaram não estar bem de saúde, com as noticias de uma doença de que sofria e com a qual teve que conviver, mesmo até isolando-se e tornando-se um pouco mais reservado, por fim a chegarem até mim mais noticias que me davam conta da continuada gravidade da sua saúde.
Quando o telefone toca e do outro lado da linha uma voz me diz "morreu o Luís Carlos" o tempo pareceu parar para mim e depois voltar a andar e me levar aqueles saudosos tempos, recordando algo que ficou em nós, em que parecíamos que tínhamos todo o tempo do mundo para viver.
Faleceu, quando ainda tinha muito para dar, voltou à sua terra natal para ali ser sepultado, que naqueles tempos algumas vezes me dizia "Olha Adelino a nossa terra é a melhor terra do mundo". Deixou-me saudades e de certeza o irei recordar sempre. Até um dia Luís Carlos quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nessa parte de lá. Descansa em Paz..
(* ap)


Maria do Carmo Fernandes Marques *
21.01.1932 - 29.02.2012

Recordar Maria do Carmo Fernandes Marques, mais conhecida por "Senhora do Carmo do Belarmino" e falar de uma mulher por quem tive sempre uma admiração e estima. Mulher de uma bondade pura e de uma simpatia contagiante, que muito me prezou pertencer ao seu círculo de amigos, conhecia desde que quando um dia se fixou em Loriga, localidade que escolheu e passou a ser a sua terra de adopção.
Natural de Sazes da Beira, estabeleceu-se em Loriga com o seu marido o
"Ti Belarmino", com assim o passamos a chamar, tomaram conta da Taberna onde está hoje instalado a Charcutaria "Neve & Sol" no princípio da Rua Coronel Reis (antigamente chamada Rua da Amoreira) desde então a sua maneira própria de simpatia depressa granjeou a amizade e a estima dos loriguenses.

Recordo-me ali saborear os seus bons petiscos, era um local privilegiado de quando visitava Loriga era como que obrigatório juntamente com os amigos ali fazermos as nossas "Migas" ainda parece que a estou a ver, preparando para nós uma das suas especialidades, sempre com o seu sorriso de simpatia com qual nos saudava.
Quando me encontrava com ela, ainda longe me brindava com o seu sorriso, gostava muito de com ela conversar, falava-mos de tempos passados e de Loriga, considerava uma mulher determinada e franca e também preocupada com os momentos menos bons das pessoas em seu redor. Nem sempre teve uma vida fácil as vicissitudes da vida a fizeram passar por rudes golpes, quando da perda de entes queridos, nessa altura admirei sempre a sua força e a sua resignação.
Uma alteração de saúde foi o princípio do desenlace que levou ao seu falecimento, vendo nós os loriguenses partir uma pessoa de bem, que mesmo não sendo natural da nossa terra é como se dela fosse.
Mais uma perda para Loriga, tinha 80 anos feitos no Janeiro passado, quando eu voltar a nossa terra vou notar a sua falta, no entanto, ficará em mim a recordação de uma mulher de bem, que tive a alegria de com ela conviver.
Até um dia senhora Maria do Carmo, como eu a tratava, de certo que um dia nos voltaremos a ver com o seu afável sorriso com que que espalhava a simpatia.

Descanse em PAZ. (* ap)


Filomena Nunes Brito Ascensão *
30.06.1925 - 2.03.2012

Recordar hoje aqui a senhora D. Filomena Nunes Brito Ascensão, é poder falar de uma mulher notável e, à qual fiquei ligado familiarmente ao ter entrada para a família através do casamento com a sua sobrinha, desde então me cativou a sua maneira amável e por quem passei a ter uma grande admiração e estima.
Já à muito que se mantinha na sua casa, derivado à sua situação saúde, era ali que eu a visitava, era uma mulher amável, meiga e de grande sensibilidade e ternura, eu tinha por ela uma grande admiração, gostava muito dela, sabia também que ela por mim tinha também uma certa estima.

Eu gostava muito de conversar com ela, por que era uma pessoa que tinha muito para contar e que me deliciava ouvir. Cheguei a passar alguns serões na sua casa e sabendo que eu era guloso por bolos ali tinha sempre à minha espera um bolinho com o qual me deliciava. Muito religiosa e convicta, me chegou a confessar a pena que tinha não poder ir à Igreja, como sempre o tinha feito quando se podia movimentar mais facilmente.
Continuava a conservar a tradição da visita da imagem da Sagrada Família na sua casa, aliás, era ali que estava a maior parte do tempo visto que nalgumas casas essa tradição foi simplesmente acabando, era mesmo a zeladora dessa imagem da Sagrada Família naquele local de Loriga, onde vivia, encarregava-se de recolher as ofertas, que por sua vez, as entregava à Paróquia para obras de caridade.
Foi cozinheira de casamentos, baptizados, e outros eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária, foi ela que fez a boda do meu casamento, numa altura em que havia dificuldades, no entanto, fez o melhor que se pode imaginar que ainda hoje recordo pela maneira subtil como fez esse nosso banquete.
Mãe extremosa de 12 filhos que deu ao mundo, que criou e educou com o maior desvelo e carinho, principalmente quando teve um rude golpe com a morte do seu marido, a família para ela era tudo na vida, que procurava os ter sempre presente, razão disso ter sempre junto a si as fotografias de todos, filhos, netos e bisnetos, que eu próprio também muito admirava ver ali, todas aquelas fotografias expostas.
Mais uma das pessoas que eu particularmente vou sentir muito a sua falta, quando um dia voltar a Loriga, não mais voltarei a ouvir a sua voz afável e meiga como me recebia, não estará mais à minha espera o docinho que guardava para mim, vou recordá-la como uma grande mulher que me marcou e pela qual tive sempre uma grande adoração.

Faleceu na Sexta-Feira (2.3.2012) em Coimbra no hospital, onde se encontrava após o agravamento da sua enfermidade, completava 87 anos no próximo dia 30 de Junho, a lei da vida é esta e os loriguenses viram partir uma sua conterrânea pela qual todos tinham uma admiração, respeito e estima.
Se há lugares no céu guardados, tenho a certeza que a
"Tia Filomena" como eu também assim a tratava, um desses lugares espera por ela. Até um dia "Tia Filomena" quando nos voltarmos a encontrar só que dessa vez será nessa parte de lá, por agora ficará sempre na minha recordação. Descanse em PAZ. (* ap)


Carlos Gouveia Cabral *
20.10.1943 - 12.06.2012

Recordar aqui o Carlos Gouveia Cabral, popularmente conhecido pelo Carlos das "Mobílias" é poder falar de uma pessoa, com o qual tive o prazer de conviver em certa altura das nossas vidas, pois ele tal como eu pertencíamos à vasta comunidade loriguense que estava radicada e trabalhava na Grande Lisboa.
O Carlos foi desde sempre muito determinado nas suas ideias, tinha sempre presente uma visão de querer mais, em certa altura lembro-me de ele trabalhar ali para os lados da Praça do Chile, tinha então um carro Volkswagem "Carocha" muito bem apetrechado, que para ele era uma das suas paixões, com ele viajava muitas vezes a Loriga passar os fins-de-semana.
Decorria os primeiros anos da década de 1970, mais concretamente em 1973, quando passei a conviver mais com ele, passei a fazer parte dessas viagens com ele a Loriga, porque entretanto, eu começava a namorar por lá e o Carlos também piscava por lá o olho a uma outra rapariga.

Eram viagens empolgantes, saiamos de Lisboa pela tardinha de Sexta-Feira, depois do trabalho, o Carlos era na realidade um excelente condutor, cada viagem que se fazia, se pensava fazer no menos tempo possível, autênticas aventuras próprio de jovens que eramos. Chegava-mos a Loriga cerca da meia-noite e por vezes até mais tarde, ali passava-mos o fim-de-semana até domingo à tardinha, quando regressava-mos de novo a Lisboa, partiamos de Loriga conscientes de termos passado um belo fim-de-semana e na esperança de no semana seguinte voltarmos outras vez, só que nem sempre isso acontecia, porque nem todos os fins-de-semana era possível.
O Carlos nessa altura costumava dizer-me, "somos ainda novos vamos ter tempo de fazer muitas coisas", na realidade assim foi, eu enveredei para o estrangeiro, ele ficou fiel e continuou por Lisboa. Algum tempo depois, tive então conhecimento de que as suas ideias determinadas o fizeram lançar-se no negócio de mobílias, onde segundo sei teve até um enorme sucesso, tornando-se mesmo um conceituado e reconhecido comerciante e empresário.
Nas minhas idas a Portugal, deixei de o ver regularmente, uma ou outra vez ainda o encontrei, em determinada fase tive até conhecimento que o seu negócio estava um pouco mais em baixo, passando até uma fase menos mal, até que por último, deixei mesmo de ter notícias dele.
Tive conhecimento da sua morte passado já algum tempo, pois a notícia do seu falecimento não chegou até mim, lembrei-me então daquelas palavras que me dizia "somos ainda novos vamos ter tempo de fazer muitas coisas" na realidade assim foi só que parece que o tempo passou de pressa e nessa altura, nunca imaginávamos que esse tempo também tivesse o seu fim.

Faleceu no dia 12 de Junho de 2012, com 69 anos de idade, vemos assim partir um nosso conterrâneo amigo do seu amigo, que tinha naquela sua determinação um exemplo que me ficou sempre na recordação. Até um dia Carlos. Descansa em Paz. (* ap)


Alzira Brito Moura
12.1.1918 - 24.6.2012

Recordar aqui a D. Alzira Brito Moura, popularmente conhecida por "D. Alzira do Carreira" é poder falar de uma distinta senhora, de extremosa educação e de um relacionamento com os outros, que levava a granjear a estima e amizade das pessoas que com ela conviviam.
Durante muitos anos viveu no Brasil, fazendo parte da grande colónia loriguense sediada em Belém do Pará, tal como seu defunto marido, onde hoje em dia continua ainda a viver grande parte da sua família, nomeadamente os seus três filhos, netos e bisnetos.

Resolveu um dia voltar para a sua querida terra, que tanto adorava, onde passou a viver tranquilamente, de quando em vez lá voltava ao Brasil para visitar a família, mesmo ainda nestes últimos anos e já com a idade avançada, não receava a viagem, ao pondo e muitas vezes sozinha enfrentar a viagem com naturalidade, sendo digno de realce como se movimentava pelos aeroportos, surpreendendo os seus ocasionais acompanhantes nessas viagens.
Quando eu visitava Loriga, muitas vezes conversava com ela, era uma faladora nata, sempre atenta e de uma memória incrível, que valia a pena com ela falar, admirava nela a sua agilidade como se movimentava pelas ruas da nossa terra, sendo mesmo uma referência, apesar da sua idade, recordo mesmo muitas vezes estar com ela a conversar na "Carreira" pouco depois abalava, não tardando muito tempo e já a via na ponte do Porto a caminho da sua casa, interrogando-me muitas vezes, como foi possível já estar ali, quando ainda relativamente poucos minutos dali tinha partido.
Tive sempre pela senhora D. Alzira do "Carreira" muita admiração e estima, existia até um estreito relacionamento da minha família para com ela, ficando em mim marcado as visitas que com regularidade fazia à minha finada mãe, quando da sua enfermidade, levando-lhe um pouco de conforto e amizade.
De muita bondade, devota e religiosa, eram atributos que a caracterizavam, por isso ser muito respeitada e admirada pelos seus conterrâneos, que muito a estimavam e pela qual nutriam por ela muita simpatia.

Poucos meses atrás, uma alteração de saúde a fez estar internada no hospital de Seia, que depois de recuperada e para uma melhor vigilância de saúde, foi viver para Lisboa, onde a morte agora a surpreendeu, aos 94 anos de idade feitos no passado dia 12 de Janeiro (nasceu em 1918), uma longevidade de vida na adoração para com a família e amigos, como uma graça de Deus.
Faleceu ontem dia 24 de Junho o dia de São João, quando o povo festejava um puco por todo o lado os festejos populares, os anjos a quiseram vir buscar neste dia para a levarem para o céu, onde por certo um lugar por ela espera. O funeral realiza-se hoje para a sua terra, regressando assim à sua adorada Loriga, subirá mais uma vez a rua do Porto onde tinha a sua casa e onde vivia, só que desta vez seguirá para um pouco mais além, onde vai passar a ter a sua última morada. Até um dia senhora D. Alzira, descanse em Paz.
(* ap)


João António Lopes Romão *
10.05.1960 - 29.09.2012

Recordar João António Lopes Romão, meu sobrinho por via matrimonial com a minha sobrinha e afilhada Maria da Guia, é poder falar de alguém de muito querido na nossa família, mesmo como que uma referência e como que fosse mesmo por via directa do nosso sangue.
Muito dinâmico, alegre, divertido, amigo da família e uma maneira própria de criar amigos, o João, natural de Ferreira do Alentejo, era um apaixonado por Loriga, da qual ficou enamorado logo desde o primeiro dia que a visitou, passando a gostar tanto dela como todos nós, para ele passou mesmo a ser a sua terra de opção.
Recordo ainda o dia que eu o conheci pela primeira vez, vai para perto de três dezenas de anos, quando numa das visitas a Portugal e de visita a casa dos meus pais na Amadora, tive conhecimento que um rapaz andava par ali a deitar a
asa à minha afilhada e sobrinha Maria da Guia, que também para além disso esta nossa sobrinha, era como que a nossa irmãzita mais nova, por isso, principalmente nós, os irmãos mais novos, estávamos também muito atentos.

Ao ter esse conhecimento, do que se estava a passar, notei na parte da minha mãe alguma oposição, numa tentativa clara de também influenciar os próprios pais da Maria da Guia, já perto da noite e sabendo que o rapaz andava ali perto da porta, saí à rua e fui ter com ele, me parecendo um pouco envergonhado e também como que receoso, pareceu-me mesmo até se encolher, à medida que eu me aproximava, cheguei junto a ele e nesse primeiro contacto tive logo para com ele uma certa afinidade, depois da respectiva apresentação, lhe pedi para me acompanhar e assim o levei para dentro de casa dos meus pais, recordo até aquele seu receio estampado no seu rosto, o apresentei à família ali presente nessa altura, desde então o João a partir daí foi cultivando a estima, amizade e a consideração de todos.
A sua mulher e filha que as amava perdidamente, a família dele que tanto adorava, tal como a nossa, tudo isso para ele, era tudo na vida. O João na nossa família na verdade, era mesmo uma referência e de certa forma um certo ídolo, todos gostavam dele e ele também gostava de todos, tendo mesmo por todos nós, mas mesmo por todos nós uma certa adoração.
De trato fácil, comunicativo e de uma imensa alegria de viver, era na verdade amigo do seu amigo e pronto para ajudar quem quer que fosse, granjeava com relativa facilidade amizades, era muito conhecido em Lisboa, Odivelas e Famões onde residia, era mesmo uma referência, nomeadamente no meio da classe dos taxistas lisboeta, porque na verdade, na sua actividade do ramo de manutenção automóvel, era considerado de uma competência sem igual e um verdadeiro profissional do mais alto nível.
Como disse, gostava de Loriga como todos nós os naturais de lá, o amor que tinha pela nossa terra era na verdade um caso à parte, passou a conhecer e a dar-se com toda a gente, parecendo mesmo como se da nossa terra fosse, bem como, os loriguenses tinham para com ele uma verdadeira estima e admiração. Todo esse amor por Loriga o levava a ficar mesmo eufórico, quando visitava esta sua terra de opção, onde se sentia verdadeiramente bem, recordo mesmo a tristeza estampada no rosto, quando depois partia de regresso a Lisboa, ao despedir-me dele, como aconteceu algumas das vezes, me pareceu a mim ver nos seus olhos, a humidade de algumas das suas lágrimas.
Fervoroso adepto do Sporting, era um sportinguista convicto, por norma nunca faltava à Festa dos Convívios Sportinguistas realizadas anualmente na vila de Loriga, chegou mesmo a fazer parte de comissões, mas de qualquer maneira era sempre um colaborador nato e incansável na sua ajuda, muitas das vezes verdadeiramente preciosa e imprescindível.
Quando a notícia do seu falecimento súbito, chega até mim, o céu pareceu-me cair em cima, tanto eu como todos ficamos sem reação, da minha voz recordo apenas sair atabalhoadamente algumas palavras
"Não!.. Não!.. Não pode ser" senti-me a tremer para então momentos depois cair na realidade do presente e reparar não ser sonho, dou depois comigo a meditar, "mas afinal de um momento para outro não somos nada".
Mesmo estando longe quis ir ter de imediato com o João, só que à minha espera já não estava aquele abraço que trocava-mos e o seu sorriso com que sempre me recebia, mas isso não será relevante, porque de qualquer maneira, quero continuar a ter sempre presente na minha memória a sua imagem e aquela maneira própria como sempre o conheci e por isso quero assim ter sempre presente essa recordação.

Somos imponentes e nada se pode fazer, o vi fisicamente pela última vez já no seu sono profundo, juntou em seu redor a família, os amigos, os colegas ou simplesmente conhecidos, todos unidos na mesma manifestação de pesar, que a mim pessoalmente me sensibilizou, um mar de gente esteve sempre presente, parece que todos os caminhos foram ter aquele local fúnebre da igreja de Odivelas e depois no cemitério de Camarate, sabia-mos que tinha muitos amigos, mas sinceramente nunca imaginei que assim fosse.
Também os loriguenses espalhados pela região da Grande Lisboa, não faltaram, também eles quiseram estar presentes, prestando a homenagem a um filho de outra terra, mas como que fosse filho de Loriga, que assim viram
partir de certa forma, como que um seu conterrâneo e por quem nutriam grande admiração e muita estima.
Faleceu no dia 30 de Setembro de 2012, era sábado à tarde, tinha apenas 52 anos e quando ainda tinha tanto para fazer e viver, de um momento para outro, uma alteração de saúde o levou a sentir-se mal, foram canalizados os socorros possíveis, mas infelizmente foram infortunoso para evitar o triste acontecimento, a sua morte deixou-nos a todos nós consternados, mas cientes de termos ainda alguma força para a se ter paciência perante o destino da vida.
Até um dia João, quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nessa parte de lá, que agora passastes a conhecer, para nós não morrestes, apenas te deixamos de ver fisicamente. Vais repousar na nossa Loriga, que tanto adoravas, que estamos certos que vais ali - Descansar em Paz.
(* ap)


Alfredo dos Santos Figueiredo *
11.09.1938 - 1.11.2012

Recordar aqui Alfredo dos Santos Figueiredo, é poder falar de uma pessoa do meu circulo de amigos, boa pessoa e de trato fácil, companheiro também das nossas "migas" que tal como ele muitas vezes me dizia "é o melhor que se leva desta vida".
O
"senhor Alfredo" como eu o tratava, foi emigrante no Luxemburgo durante largos anos, foi ali que numa das minhas primeiras visitas aquele país, há mais de três dezenas de anos, ali o encontrei com outros loriguenses, num princípio de noite; no velho café do "Rito" na localidade de Kayl, que no meio de alguns tragos ali estávamos todos a recordar a nossa Loriga e quando demos conta já todos cantava-mos as cantigas que se cantavam na nossa querida terra.
Passou por um rude golpe quando do falecimento da sua esposa Aurora do Correia, como assim era conhecida, filha da lendária figura de Loriga e Serra da Estrela
"Ti Emídio Correia", um dos maiores pastores da nossa terra e região, desde então o senhor Alfredo com esse rude golpe que viveu passou a encarar a vida de uma maneira diferente, algumas vezes me dizia "olha que a vida é só dois dias.

Gostava de conversar com ele, pois valia a pena, sabia, recordava e contava coisas de Loriga de tempos passados que me dava todo o prazer ouvir e das quais muitas eu fixei com alguns dados, até de certa importância, que passaram a fazer parte dos meus relatos da história de Loriga.
Era uma figura que obrigatoriamente tinha que ver quase todos os dias, quando me encontrava em Loriga, este verão passado assim já não foi, pois já nessa altura estava doente e dia para dia para lhe fazer uma visita a sua casa, isso não aconteceu, não se proporcionando o que sinceramente lamento, pois é assim, quando estamos em Loriga o tempo parece passar rápido de mais.
No entanto, quase diariamente ia estando a par da sua enfermidade, que se foi agravando, sendo a necessidade do seu internamento no hospital da Guarda, onde esteve ainda algum tempo, até que ao despertar a manhã do dia 1 de Novembro 2012, dia de Todos os Santos, chegou a sua hora de
partir desta vida dos vivos, tinha então 74 anos de idade, celebrados no passado dia 11 de Setembro.
Vejo assim
partir mais um amigo de longa data, mais uma pessoa do meu relacionamento quer vou notar falta, quando voltar novamente à minha terra, mas a vida é assim mesmo.
Até um dia
"senhor Alfredo" quando nos voltarmos a encontrar, nesse lado de lá. Descanse em Paz. (* ap)


Jorge Mendes de Brito *
8.12.1962 - 2.2.2013

Recordar Jorge Mendes de Brito, que no meio loriguense e carinhosamente as pessoas o chamavam "Jorgito" é poder falar de uma pessoa de bem, que tinha em todos um amigo, foi ainda um verdadeiro exemplo de vida na luta constante com a sua doença
O Jorgito
partiu! Deixou órfão todos aqueles que dele gostavam, todos aqueles que viam nele um exemplo de vida, um homem de coragem, um lutador pelos ideais e valores.
Um homem que nos últimos anos da sua vida foi combatendo de forma desigual os fatores agrestes da vida, sem no entanto esmorecer ia fazendo o seu percurso de homem lutador e conseguindo as suas vitórias. Hoje o Jorge partiu... Hoje o Jorge não resistiu e juntou-se a todos aqueles que há muito partiram e o receberão de braços abertos. Deixa um testemunho incrível de resistência, de combate por ideias que pareciam muitas vezes adiantadas no tempo. Um grande Loriguense e amigo de toda a gente. Aos pais, irmãs e restantes familiares que sempre, mas sempre estiveram ao seu lado as minhas sinceras condolências. O Jorgito ficará nas nossas memórias pela sua forma de ser, pela humildade, pelo carinho, pelo exemplo de luta e pela grande amizade...
Era um verdadeiro amante da boa música, estando sempre a par dos sucessos musicais que partilhava com os outros.
Nos últimos tempos da sua vida ainda recebeu um transplante, mas que infelizmente não foi eficaz. Faleceu no dia 2 de Fevereiro no hospital dos Covões (Coimbra) com apenas 50 anos de idade e quando ainda tinha tanto para dar e fazer. Será mais, um até um dia! Descansa em Paz Jorgito.

( * Escrito de Carlos Amaro + com complemento de a.p)


Manuel Lopes de Brito *
. .1922 - 4.3.2013

Falar de Manuel Lopes de Brito, é poder recordar um homem que me marcou na vida. Ligando-me laços familiares, o "primo Manuel" como assim o chamávamos na família, era muito mais que um simples primo, tive sempre para com ele uma certa consideração, admiração e respeito. A ele fiquei a dever alguns ensinamentos da vida, naqueles meus tempos de adolescente, quando eu vivia em Lisboa.
Partiu muito novo para a capital, pouco depois de ter ficado órfão de pai e mãe, comeu o pão que o diabo amassou, lutando muito para construir a sua vida, tornando-se num conceituado gerente de uma das casas mais afamadas de Lisboa na década 60 e ainda 70, a bem conhecida pastelaria
"Castanheira" na Baixa de Lisboa.

Radicou-se em Queluz, a sua segunda terra de opção, sem no entanto esquecer a sua adorada terra, que visitava sempre que podia. Homem de bem e de uma bondade que sempre foi bem demonstrativa na amizade que nutria para com toda a família, nomeadamente, para a minha, sempre pronto para ajudar, quando nos via necessitar de ajuda.
Tive o privilégio de trabalhar com ele, considerava-o homem sábio que me ensinou muito, numa época em que a liberdade estava sempre em perigo, marcou-me para a vida, por isso o nunca o poder esquecer, teve sempre presente a ideia de me transmitir aquele lema, lutar e vencer, tal como ele sempre teve presente na sua vida e que eu fui conservando também em mim.
Era um grande sportinguista, chegou mesmo a ser sócio do Sporting C.P. Recordo aqueles tempos em que ir ao futebol era uma festa de família, muitas vezes lá íamos até Alvalade ou a outros estádios, via-se as reservas, os juniores e as equipas principais, na realidade o futebol era uma festa.
A vida foi-lhe madrasta em certo aspeto, com rudes golpes que o foram acompanhando por toda essa sua vida, primeiro a doença da sua esposa depois o seu falecimento ainda nova, depois a perda do seu filho e da sua filha, quando ainda estavam na flor da vida, depois os seus irmãos, enfim, uma vida repleta de acontecimentos envolvidos em drama, que muitas vezes nos interrogávamos, a onde ia buscar as forças, para conviver com tanto infortúnio.
Já idoso, cansado e só, restavam-lhe os netos e a sua última irmã Laura residente em Loriga, para a casa onde ia quando visitava a sua terra natal, decidiu voltar á sua origem, para passar os restos dos seus dias descansado na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga, mas apenas dois dias depois da sua chegada, logo após uma súbita alteração de saúde o fez ir para o hospital de Seia, onde ontem faleceu, vindo à minha ideia aquele ditado popular
"as pernas nos ande levar aonde havemos de ficar".

Tinha 90 anos, manifestando sempre a vontade, de querer ser sepultado no cemitério de Queluz junto à esposa, para onde o funeral foi realizado, para ali ficar a repousar para sempre em paz, nessa sua segunda terra de opção.
Até um dia
"primo Manuel" quando nos voltarmos a encontrar, mas dessa vez já nesse lado de lá. (* ap)


Ismael Pinto Gonçalves *
16.11.1961 - 6.3.2013

Recordar o Ismael, é poder falar de mais um amigo loriguense, que resolveu um dia emigrar para o Luxemburgo, em busca de uma vida melhor, onde ali se radicou já há largos anos, era mais um dos nossos conterrâneos que pertencia à vasta comunidade loriguense sediada naquele pequeno país no centro da Europa.
Nas minhas visitas ao Luxemburgo uma ou outra vez me cheguei a encontrar com ele, tinha-mos sempre muito para dizer, o mesmo acontecia quando nos encontrávamos de férias por Loriga, era sempre agradável conversar com o Ismael.

Sempre pronto e contributivo na comunidade em tudo que fosse feito em prol de Loriga, pessoa de bem e chegado à hora alegre e divertido, gostava de cantar muitas vezes era vê-lo em sessões de Karaoke ou em convívio de amigos, dando a sua contribuição para uns bons momentos de música.
Aqui alguns anos atrás começou a sofrer e a lutar com a sua doença, que de certa forma foi um herói, quando o encontrei depois de ter superado essa sua doença, surpreendeu-me pela sua maneira ativa, parecia-me mesmo um novo homem determinado, ninguém diria que tinha sofrido tanto e tinha passado muitos momentos de aflição e ansiedade, pensei mesmo que tinha derrotado esse seu mal que muito o atormentou.
Ainda há poucos meses atrás tinha sofrido um rude golpe, ao perder a sua querida filha com apenas 25 anos de idade, sem dúvida uma grande constrição e ao mesmo tempo revolta, conseguindo mesmo assim buscar forças para enfrentar tão grande perda prematura.
Estive com ele em Loriga, no passado mês de Setembro, ainda tivemos tempo de conversar um pouco, tinha passado ainda poucos dias da morte da sua filha, o vi conformado, apesar do drama vivido, me dizia que era a vida, nada se podia fazer perante o destino, gostei de o ver assim resignado.
Quando o telefone toca e do outro lado da linha me dizem,
"morreu o Ismael" no momento parece que nem se acredita, para depois se entrar na realidade, sentimos aquele tremor, como que mais uma vez nos parece despertar aquele bate no cérebro, como que a dizer-nos "afinal de um momento para o outro não somos nada".
Faleceu sereno e calmo sentado na sua casa, nesta quarta-feira passada, tinha 51 anos, assim vemos partir mais um amigo, quando ainda tinha tanto para fazer e viver, na verdade a vida é cruel.

Deixou este mundo em terras distantes, regressa à sua terra que tanto adorava, só que desta vez numa última viagem das tantas que fez, O funeral vai-se realizar para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, para então ali descansar em paz.
Até um dia Ismael, quando nos voltarmos a encontrar nessa outra vida, descansa pois em Paz, junto da tua adorada filha.
(* ap)


Carlos Moura Santos *
1.1.1947 - 15.6.2013

Recordar Carlos Moura Santos, o "Barbas" como popularmente era assim conhecido, porque durante muitos anos resolveu usar barbas, era um amigo dos meus tempos de infância, era mais ou menos da minha idade, portanto fizemos parte de uma geração que nos uniu sempre a amizade.
Lembro-me do amigo Carlos, como que uma força viva, a sua característica estrondosa de novo continuou a acompanhá-lo já depois de homem, mesmo numa época que nada parecia haver, era vê-lo sempre com a mesma disposição que o parecia diferencial de muitos de nós.

Amigo do seu amigo durante grande parte da sua vida foi trabalhador municipal ao serviço das populações, desempenhou ainda a nobre função de coveiro, com muitas histórias para contar, tendo até uma delas ultrapassado para lá dos nossos montes altos e chegado ao conhecimento de todos o país, que ainda hoje ainda é tema de gargalhadas.
Era um trabalhador incansável que não descansava enquanto o trabalho que tinha em mãos não terminasse, a sua presença era sempre bem notada, pela sua maneira alegre e divertida, cada vez que me encontrava com ele, já sabia que tinha que estar preparado para falarmos muito tempo, tinha sempre muito para contar.
Estava sempre disposto a ajudar quem dele precisa-se. Talvez muitos nem se lembrem disso, mas a chapa colocada numa das fragas no Covão da Areia e que ainda hoje se lá pode ver, foi um trabalho seu e também de outros, levado a efeito em 1989, fazendo os buracos para ser aparafusada a dita chapa, alusiva aquela caminhada a pé realizada até ali, onde foi também nesse dia realizada ali uma missa campal.
Alguns anos a esta parte começou a adoecer, passou então por fases um pouco complicadas, teve mesmo que deixar de trabalhar mais cedo, deixamos então de ver o Carlos como estava-mos habituado a ver, muito mais reservado e já se privando mais de certos abusos.

Nos últimos tempos o seu estado de saúde foi-se alterando para pior, a notícias que se iam sabendo não era animadoras, quando disso tinha conhecimento, percorria-me um sentimento de frustração, porque a vida era ingrata e estava ser ingrata para com o Carlos.
Estava ultimamente nos Cuidados Paliativos do Hospital de Seia, onde faleceu na manhã de Sábado dia 15 de Junho. Quando o telefone toca em minha casa e uma voz me disse, que tinha acabado de falecer o Carlos, um bate me percorreu ao saber da partida desta vida de mais um amigo, mais uma vez me fez meditar, o que na verdade é a vida.
Até um dia Carlos, DESCANSA EM PAZ.
(* ap)


Urbana Duarte Pina *
14.5.1911 - 20.6.2013

Recordar aqui Urbana Duarte Pina, mais conhecida no meio loriguense por "Urbana do Calado" é poder falar de mais uma residente do meu Bairro de S. Ginês", quando se encontrava em Loriga (a sua casa era mesmo em frente da porta da capela da Nossa Senhora do Carmo) tendo em conta que desde sempre e há muitos e longos anos estava radicada em Lisboa.
Senhora distinta sempre se conheceu com uma aparência revivescida, muito determinada e de uma enorme graciosidade, com uma maneira muito própria de se arranjar, aliás, sempre assim foi conhecida no nosso Bairro, viveu uma longevidade de vida como que uma dádiva de Deus, penso mesmo ter sido a loriguense que mais anos viveu, precisamente 102 anos 1 mês e 6 dias
Recordo-me da senhora Urbana do
"Calado" desde criança, quando vinha passar as férias em Loriga, na altura ainda para casa onde vivia a sua irmã Adélia, já nessa altura era admirada na vizinhança pela sua maneira elegante como se vestia e tratava da sua figura, que mostrava ao mesmo tempo ser uma mulher de bom gosto.

Fazia anos no mesmo dia da minha mãe, 14.Maio, só que a senhora Urbana tinha mais dois anos, eram amigas, por isso, entre as famílias havia um certo relacionamento, lembro-me até e ainda em criança e já em Lisboa, ter ido a casa dela com o meu pai, vivia na altura no Lumiar e tal como a conhecia em Loriga, assim a vi ali muito distinta, uma característica como sempre nos habituamos a vê-la e assim a conhece-la toda a sua vida.
Com regularidade visitava a sua terra natal, algumas vezes tive a oportunidade de a ver, admirava-me muito com a sua sempre mobilidade, que parecia que os anos não passavam por ela, há quatro anosa atrás e na altura que tinha feito os 98 anos, sabendo que ela se encontrava em Loriga, solicitei à família para lhe tirar umas fotos, assim foi, no dia e na hora marcada ali estava eu na sua casa, ela esperando por mim, muito bem arranjada, maquilhada e já como que numa preparação fotogénica, tudo isso como que uma vedeta, que me surpreendeu, ao pensar cá para mim, como é possível uma senhora assim já com tanta idade e continuar a viver ainda com um verdadeiro espírito bem jovem.
Faleceu em Lisboa, na manhã do dia 20 de Maio de 2013, deixando assim a sua vida na terra, estava na contagem centenária, os loriguenses vêm
partir a sua conterrânea querida e que todos a admiravam.
O funeral foi realizado para Loriga, terra que foi o seu berço e onde viu a luz do mundo pela primeira vez e, o contemplou durante mais de 100 anos. Sendo sepultada no cemitério local sua última morada, onde passou a Descansar em Paz.
(* ap)


Carlos Alberto Gouveia Marques *
7.7.1949 - 22.7.2013

Recordar Carlos Alberto Gouveia Marques, o "Carlos Alberto da Volta" como era mais conhecido no meio loriguense, é poder falar de mais um amigo da minha infância, daqueles que tinha uma virtude de grande sensibilidade e cheio de bondade, que valia a pena ter como amigo.
Admirava o Carlos, pela sua personalidade bem vincada, diferenciada de muitos de nós, a sua maneira calma e divertida, principalmente quando em grupo de amigos se contava episódio passados em Loriga, onde com aquela sua acalmia pelo meio, ele dava o ar da sua graça que nos fazia divertir.
Cada qual segue o seu rumo e os encontros que passei a ter com o Carlos Alberto, aconteciam raras vezes em Loriga e por vezes de fugida, no entanto, continuava a ter para com o Carlos aquela amizade a admiração, radicou-se lá para os lados de Setúbal, cá ia perguntando por ele à família, quando via que não estava por cá na mesma altura em que eu também me encontrava cá por Loriga.

Numa das vezes de visita à nossa terra, tive conhecimento de um problema de saúde que o começou a atormentar, tempos mais tarde vou tendo conhecimento que o problema de saúde se ia tornando cada vez mais grave, levando-me a pensar que a vida por vezes é ingrata, quando vemos que há pessoas que não mereciam essa ingratidão e o Carlos Alberto na verdade não o merecia.
Foram longos anos a lutar com a doença que parecia o não o deixar em paz, por vezes sentimos revolta do destino que vemos traçado para quem levava uma vida de honestidade, de trabalho e de amizade para aqueles que o rodeavam. A família e os amigos sentem-se imponentes de nada poderem fazer perante o destino traçado para a sua vida, nomeadamente, no sofrimento com a doença, vindo-me por vezes ao pensamento que a vida por vezes é mesmo madrasta para pessoas de bem.

A notícia da sua morte apanha-me desprevenido, apesar de saber que o seu estado de saúde era mesmo grave, faleceu Segunda-Feira dia 22 de Julho, tinha 64 anos completados ainda à poucos dias e quando ainda muito tinha para fazer e viver, o seu funeral foi realizado em Loriga, ainda bem que já estava bem perto e de imediato resolvi me por a caminho, para assim o poder acompanhar até à sua última morada.
Até um dia amigo Carlos, quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez já será nesse lado de lá. DESCANSA AGORA EM PAZ.
(* ap)


Mário Fernando Alves Mourita *
(4.9.1949 - 7.10.2013)

Recordar hoje o Mário Fernando Alves Mourita, é poder falar de mais um amigo da minha criação e dos meus tempos de escola primária, que vejo partir mais cedo desta vida física.
Quando eramos miúdos, víamos já no Mário Fernando, um idealista e muito determinado, notava-se nele aquela ideia de crer ir mais além, a sua calma era deveras contagiante. Nascido no meio de família religiosa, cumpria com aprumo os deveres cristãos, por isso, logo assim o termo da escola primária o vejo enveredar pelo caminho do seminário, tal como aconteceu com muitos mais outros rapazes, o que era ser o normal numa Loriga desses tempos.

Quando se acabava a escola primária, cada qual tomava o seu rumo, venho a encontrar o Mário Fernando, desta vez já já em Lisboa, mais precisamente em Sacavém, numa altura que já tinha abandonado o seminário, desde logo notei nele aquela sua ideia bem fincada de ir sempre mais além, tal como eramos em criança.
Vivia com familiares em Sacavém, estudava e trabalhava, sendo ali que me encontrava com ele quando das minhas visitas a casa desses nossos familiares, falava-me em projetos, tal como cada qual alimentava, próprio da nossa adolescência, mas as vidas vão tomando o seu rumo e por isso o deixei de ver durante algum tempo.
Nas minhas visitas a Portugal, uma vez ou outra o encontrava, continuava a ver o Mário Fernando igual a si próprio, aquela sua maneira calma, o seu modo de bondade continuavam a fazer parte dele, mesmo quando nem tudo estivesse a correr bem na sua vida, recordo-me numa das vezes e por alto me dizer que um dia também havia de partir para fora, mas eu não levei a sério.

No entanto, assim aconteceu quando venho a saber da sua ida para Moçambique, onde ali se veio a radicar e onde esteve alguns anos largos, deixei então de o ver e só uma vez me lembro de ter falado com ele por telefone.
Naquele país deu um novo rumo à sua vida, alguns anos a esta parte, vou tendo conhecimento de um problema de saúde que, entretanto, o seu filho de tenra idade começou a ter, foi então que empreendeu uma luta de demover o mundo e tudo para a cura do seu filho. Há cerca de oito meses um problema de saúde começou a mexer com ele, com o mundo a parecer desabar quando o diagnóstico não foi o mais satisfatório, começou então uma luta constante com o seu mal, regressa a Portugal onde é submetido a tratamentos, têm uma força grande de conseguir vencer, aos poucos se vai tendo conhecimento de algumas melhoras o que era sempre de grande satisfação, ao saber-se que ia vencendo o mal.
Por altura da festa da Nossa Senhora da Guia, vai a Loriga, foi ali que o voltei a ver novamente depois de tantos anos, depois daquele abraço de cumprimentos, falamos apenas um pouco, porque entretanto, nesse momento, muita mais gente o queria também cumprimentar e abraçar.
Fiquei deveras satisfeito de o ver naquele momento, aquela sua alegria e a sua boa disposição ali demonstrada nesse nosso encontro, deu-me aquela impressão, que o amigo Mário Fernando tinha superado o seu mal, gostei muito de o ver ali. Disse-me que ia novamente voltar a Lisboa, dentro de uma semana, para assistir à Festa do Sporting, do qual era também um fervoroso adepto.

Assim foi, voltou à sua terra para assistir a afamada festa Sportinguista, vestiu-se mesmo a rigor com a camisola do seu Sporting, sempre animado e bem-disposto, parecia dar uma alma nova a todos nós de o vermos assim como que recuperado.
Foi então ali na festa do Sporting que vi pela última vez, entretanto, já estando por cá, ia sempre tendo conhecimento da sua situação de saúde, até que à poucos dias tive conhecimento da sua ida com urgência para o hospital, sabendo assim também que a situação não era a mais satisfatória.

O telefone toca e a notícia me chega, são momentos de meditar e ao mesmo tempo recordar o Mário Fernando, vejo assim partir mais cedo, mais um amigo, vêm-me à memória os tempos de infância, "numa Loriga de outras eras" eramos mais ou menos da minha idade (uma diferença de um ano), tinha 64 anos feitos ainda no mês passado.
Vejo parti-lo cedo de mais, quando muito ainda tinha para fazer e viver, deixa esposa e o seu filho com apenas 11 anos de idade, que tanto dele ainda precisava, por isso, termos sempre aquele desabafo, o "destino é cruel e não é na verdade justo".
Até um dia Mário Fernando, quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nesse lado de lá. Descansa agora em PAZ.
(* ap)


Cipriano de Jesus Pereira *
( . .1933 - 6.10.2013)

Recordar aqui Cipriano de Jesus Pereira, o "Ti Cipriano do Fontão" como era assim conhecido, mesmo não sendo de Loriga é como dela fosse, é poder falar de uma pessoa boa e castiça da acolhedora povoação do Fontão anexa de Loriga, com qual era uma obrigatoriedade sempre com ele me encontrar quando eu por ali vou. Homem vergado pelos rudes anos de trabalho nas terras, amava muito o seu recanto e agora já nestes últimos anos, considerado o último bastião, assim como, sua mulher, da resistência desta desertificada localidade, agora possivelmente a ficar sem habitantes.
Ainda aqui há dois anos me disse, que saudades tinha quando no seu Fontão as crianças floriam e por todo o lado havia vida, mesmo até nos tempos que a luz ainda ali não chegava, a vida era outra e com mais encanto. Na verdade, isso era assim, lembro-me disso nos meus tempos de criança.
O
"Ti Cipriano" sempre a brindar-nos com o seu sorriso de simpatia, era na verdade um pessoa amável, acolhedora, de verdadeira pureza que nos demonstra bem como são diferentes as pessoas longe dos meios mais movimentados, onde para ele o seu Fontão era tudo, mesmo parecendo ficar por ali parado no tempo e naquela nostalgia do sossego e no meio do verde que o rodeava, era esse o seu mundo, não se importava nada que para além dos montes altos existia outras vidas.
Numa das minhas visitas há dois anos atrás aquela acolhedora localidade, escrevi aqui nesta minha página sobre o "Ti Cipriano" que volto aqui hoje a recordar.

Os últimos residentes de um Fontão desertificado

"De visita ao Fontão, a localidade anexa da freguesia de Loriga, mais uma vez ao chegar ali parece que estou num mundo à parte, como que mesmo parar no tempo, o silêncio e uma acalmia que predomina parece que penetra no nosso espírito e alma que nos faz sentir bem.
Hoje a população resume-se a três pessoas ali residentes, o "Ti Cipriano" com 80 anos é uma dessas pessoas, homem vergado pelos anos e do duro trabalho no campo, que o tornam hoje numa legenda do Fontão e um dos últimos residentes de um Fontão desertificado que nos traz à memória os tempos passados, quando a população floria ali por todo o lado.
Ao ver o "ti Cipriano" e esposa na varanda da sua casa, por momentos me deram uma imagem de duas sentinelas vigilantes, guardando o seu Fontão, me veio à memória como será os dias e noites de invernos ali passados, provavelmente esquecidos de que para lá dos montes altos que os rodeia existe outro mundo.
Passar no Fontão sem visitar a adega do "ti Cipriano" é como ir a Roma e não ver o Papa. Mal se entra e já o "ti Cipriano" se apressa a encher os copos, a sua jeropiga é de facto especial e bem conhecida, que tal como ele diz "venham daí molhar a garganta" só que não se resiste e em vez de se molhar só a garganta se faz escorregar pela garganta abaixo, várias vezes, que por vezes nos vamos esquecendo que temos uma estrada de curvas para deixar-mos o Fontão, que ao sair-mos dali e à medida que vai ficando para trás, parece termos a sensação de termos estado num mundo diferente e melhor, mesmo talvez muito mais saudável".

Voltarei um dia outra vez ao Fontão, mas vou notar a falta do "Ti Cipriano", aquele seu sorriso contagiante não o vou mais ver, irei olhar para a sua casa, para a sua adega, ficando em mim a sua recordação. Até um dia "Ti Cipriano". Descanse agora em Paz, na sua última morada no cemitério de Loriga e assim o povo loriguense o irá sempre recordar, com saudade. (* ap)


António Fernandes Carreira *
12.3.1932 - 10.1.2014

Recordar aqui o senhor António Fernandes Carreira, é poder falar de mais um residente do meu Bairro que nos deixou ao partir desta vida dos vivos. Este meu Bairro de S.Ginês cada vez mais desertificado, já parecendo estar longe quando era o local mais populoso de nossa vila de Loriga.
Tive sempre um relacionamento muito próximo com o senhor António, pelo qual tinha uma certa admiração e estima, que desde criança que me habituei a viver quase porta com porta com ele e a família, o que aliás, o nosso Bairro de S.Ginês, era um local de Loriga onde parecia que toda a gente era uma só família, pois ali se partilhavam as mesmas alegrias e as mesmas tristezas.
O senhor António, foi um dos residentes do meu Bairro, sempre fiel às suas origens e àquele lugar, nunca de maneira alguma ambicionou deixar a casa dos seus antepassados, diga-mos mesmo, que foi um verdadeiro bastião de resistência em manter sempre bem firme essa ideia de viver na sua casa e naquele cantinho que sempre adorou.

A vida é feita de recordações, que nos ficam para sempre e por vezes nos marcam, como é o caso, quando comecei a ver o mundo com olhar de criança, passando a ter para com o senhor António e toda a sua família uma certa estima. Assim, é nestas alturas que então vemos partir mais um dos nossos vizinhos e residente do nosso Bairro, que nos vem à memória recordações daquele cantinho de Loriga, que me prezo sempre recordar e hoje com o olhar muito distante, também hoje me faz compreender, que aquele cantinho, na altura, era na verdade um mundo à parte.
O
"Ti António" como eu o tratava muitas vezes, um dia partiu procurando um melhor meio de sustento para a família, assim, foi mais um dos muitos loriguenses que optou por emigrar para a França, seu país de acolhimento, onde durante largos anos ali viveu, atingindo assim o seu objetivo, de conseguir noutras terras, um meio de vida melhor.
Era nessa fase, que anualmente nos encontrávamos lá por Loriga, as nossas conversas iam de certa maneira sempre endereçadas às nossas vidas pela estranja, muito se tinha para contar, onde pelo meio e como não podia faltar, era vir sempre ao de cima as aventuras das viagens por essas estradas fora, algumas até que nos faziam estremecer.

Algum anos a esta parte a sua vida foi-se alterando, com o seu estado de saúde também a sofrer alguma alteração, inclusivamente, passando a ser utente no Lar da Nossa Senhora da Guia em Loriga, onde passou a viver alguns meses atrás.
Nestes últimos tempos o seu estado de saúde teve tendência agravar-se. Faleceu sexta-feira dia 10 de Janeiro de 2014, vendo assim
partir para esta viagem sem regresso, mais um residente do meu Bairro, que assim aos poucos e cada vez que por ali passo, vou deixando de ver gente que desde sempre me habituei a estimar.
Até um dia senhor António. Descanse em Paz.
(* ap)


José Augusto Lopes Prata *
20.3.1936 - 29.5.2014

Recordar aqui José Augusto Lopes Prata, é poder falar de uma pessoa que desde muito novo habituei-me admirar e a respeitar. Vindo do seio de uma família muito religiosa era filho de Mário Lopes Prata (1910-2000) e de Maria dos Anjos Pina (Lopes Prata) (1913-2006).

Durante as nossas vidas, todos temos momentos e pessoas que nos marcam, e claro nos ficam na memória, o senhor José Prata, foi uma dessas pessoas. Ele desde muito cedo recebeu os ensinamentos da igreja, que depois foram úteis para ensinar os outros, foi meu catequista, na altura quando da preparação para a Comunhão Solene, como se dizia na época, hoje Profissão de Fé, um rito mais no nosso percurso no seio da religião católica.
Nessa altura distinguia-se pela sua grande dedicação à igreja, tinha uma maneira sublime de ensinar a doutrina que me ficou na memória, aprendendo com ele muitos dos ensinamentos da igreja, que me foram também úteis ao longo da vida, se bem que sendo apenas naquele pequeno período, que mais de perto com ele convivi, foram no entanto, suficientes para ter para com ele uma certa estima e admiração.
Tal como muitos foi também um dos loriguenses a deixar a sua terra, procurando outras terras de opção, de vez em quando o via pela nossa terra, quando a noticia nos chega dando a notícia do seu falecimento, vem à minha memória os tempos e as recordações, se a vida é toda ela feita de lembranças, por dever recordar o senhor José Pratas, é um Requiem a uma pessoa que vejo partir e do qual conservo em mim muitos dos seus ensinamentos no caminho da fé à igreja cristã.
O senhor José Pratas, encontrava-se internado no IPO de Coimbra há cerca de dois meses, faleceu nesta quinta-feira passada, com o funeral a ter lugar em Loriga, onde vai passar a DESCANSAR EM PAZ
(* ap).


Abílio Moura Gomes *
14.6.1942 - 13.6.2014

Disse um dia Fernando Pessoa "só serás lembrado em duas datas, na que nascestes e na que morrestes" ao lembrar hoje aqui o Abílio Moura Gomes, o Abílio "Rápido" como assim era mais popularmente conhecido no meio loriguense é recordar um nosso conterrâneo, que de certa forma a vida lhe foi madrasta.

Ao longo da vida todos temos momentos altos e baixos, por vezes em muitos sempre mais visíveis que outros, como o caso do popular Abílio, que nos habitou a vê-lo sempre com uma vida de certa forma agitada e descuidada e ao mesmo tempo persuasível dele próprio, para muitos mesmo era considerado uma figura emblemática, no entanto, muitos provavelmente desconhecem que esta popular figura de Loriga, foi um herói na Guerra do Ultramar.
Um dia lá por aquelas terras em que o sol queima mais, o seu grupo militar ao cair numa emboscada com baixas logo de imediato, por momentos alguns pensaram que era o fim, pois pareciam não terem hipótese de se salvarem, a imediata reação do Abílio veio ao de cima, respostou com a sua coragem e valentia serrana, conseguindo o seu grupo sair daquela situação complicada e mais ainda com a sua enérgica coragem, conseguiu salvar os seus colegas, um Feito que lhe valeu ter sido até condecorado, no entanto, aquela sua maneira desprendida da vida, parecia nada contar para ele, penso mesmo que deixou extraviar essa sua condecoração.
O Abílio chegou a sua hora de nos deixar nesta terra dos vivos, passamos nós os loriguenses de deixar de ver uma figura característica, que desde sempre nos habituamos a ver por Loriga, digo mesmo que ficou mais silencioso aquele lugar do Reboleiro, onde viveu quase toda a sua vida. O Funeral realiza-se hoje. Descansa agora em PAZ caro Abílio e até um dia.
(* ap).


Aurora Brito Pina Ribeiro *
21.10.1925 - 29.7.2014

Recordar aqui a senhora Dona Aurora de Brito Pina Ribeiro, a "Dona Aurora do Ribeiro" com era assim mais conhecida no meio loriguense, é poder falar de mais uma residente do meu bairro que vemos partir deste nosso mundo dos vivos, que assim vou vendo este recanto de Loriga, cada vez mais sem ninguém, quando me recordo de ter sido o local da nossa terra mais populoso.

Senhora distinta, de bondade, tinha uma característica própria de gostar de falar com toda a gente, desde pequeno que me habituei a ter por ela muita admiração e estima, aliás, toda a gente no meu bairro tinha por ela muita consideração.
Recordo-me de ter sido a sua casa, uma das primeiras a ter televisão na nossa terra, lembro-me de nas cerimónias do 13 de Maio em Fátima, de abrir sempre as suas portas, colocando a televisão de maneira que todos pudessem ver essas cerimónias transmitidas em direto daquele altar do mundo, assim uns dentro e outros fora espalhados ali naquele local, ninguém perdia essa oferta de ver na televisão essas grandes cerimónias, ao mesmo tempo que todos rezavam e mesmo cantavam os versos, como que estando a viver e estando presentes lá longe.
Sempre muito religiosa, durante toda a sua vida teve sempre presente a doutrina de Deus, fez parte em organismos da igreja da sua terra, lembro até, que foi das primeiras pessoas em Loriga a ter permissão para dar a comunhão, tendo na altura frequentado um curso na Guarda, numa altura quando a igreja começou a ter uma outra abertura e um certo processo de transição.
Senhora amável e de trato fácil, gostava muito de falar com ela, tinha sempre muito para falar, era como uma referência vê-la na janela da sua casa, falar para as pessoas que por ali passavam.
Em Dezembro de 2005, sofreu um rude golpe com o falecimento do seu marido, desde então ficando sozinha, pouco tempo depois foi viver para junto dos seus filhos em Lisboa, até há bem pouco tempo, quando decidiu voltar novamente a viver na sua terra e na sua casa.

Estando ainda relativamente há pouco tempo em Loriga, foi afetada por uma alteração de saúde, sendo necessário o seu internamento no hospital de Seia, onde esteve durante algum tempo.
Recentemente tinha dado entrada como utente, na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde uma nova alteração de saúde fez com que necessita-se da ida com urgência ao hospital da Guarda, onde veio a falecer no passado dia 29 de Julho.
O seu funeral realizou-se no dia seguinte em Loriga, sendo sepultada no cemitério local, onde passou a ter a sua última e a Descansar em Paz.
(* ap).


Maria Helena Martins de Pina *
15.9.1940 - 23.8.2014

Maria Helena Martins de Pina, viúva de Manuel Fernandes Aparício, a "Lena Palha" como assim era mais conhecida no meio loriguense, que hoje me pertence aqui recordar dizendo que era a terceira nesta listagem dos irmãos "Palhas" (como assim somos mais conhecidos) e que hoje ao vermos partir esta nossa irmã, a nossa árvore genealógica ficou reduzida, em relação há aqueles que nesta vida do vivos, ainda por cá vamos andando.
Uma das minhas primeiras referências que tenho desta minha irmã Lena, é dever a ela os primeiros ensinamentos escolares quando entrei para a escola, depois na segunda e terceira classe, era a ela que recorria para me ajudar a fazer os trabalhos de casa, para levar para a escola, por ter medo depois das reguadas que o professor dava se não se levassem os trabalhos feitos.

De muito nova começou a servir na casa do senhor professor Pedro de Almeida, onde a minha avó paterna era a governante. Essa casa é situada na "Carreira" hoje a chamada "Casa Moenda", lembro muitas vezes, nomeadamente, em dias de muito vento ali a ir chamá-la para me ajudar a travessar a "Carreira" quando ia para a escola, porque num olhar de criança, aquele local parecia que se tornava um lugar medonho, onde na realidade as rajadas fortes ali pareciam ser diferentes, com relatos de muitas vezes se ter que agarra as árvores para que o vento não empurra-se as pessoas para as courelas.
Enquanto, que todos os seus irmãos optaram para saírem de Loriga, procurando outras terras de opção, nomeadamente, para Lisboa e estrangeiro, ela permaneceu em Loriga, sempre fiel às suas origens, mesmo até, ter ficado sempre agarrada ao nosso Bairro de S.Ginés, onde praticamente residiu toda a sua vida.
Na verdade, hoje o nosso Bairro de S.Ginês, ficou muito mais pobre, mais uma sua residente que partiu, aliás a minha irmã era já das últimas baluartes, deste local típico de Loriga, que cada vez o vemos mais desabitado.
Tenho a grata recordação, de ter vivido algum tempo na sua casa, quando do meu regresso da guerra colonial e quando resolvi ficar por Loriga deixando o rebuliço da capital onde vivia. Foi nessa altura um dos períodos dos mais belos que passei em Loriga, dando-me guarida na sua casa, fiquei sempre para com ela e seu marido com um eterno agradecimento.
Esposa dedicada e mãe extremosa e protetora dos seus cinco filhos, teve uma vida de trabalho doméstico dura. Sempre também muito amiga da família, queria para os seus o melhor do que pudesse haver. Alguns anos a esta parte a vida lhe pareceu transformar-se em madrasta, a falecimento súbito do seu marido e a morte prematura da sua filha mais nova, foram rudes golpes para ela e par o seio da família, que agregados a outros acontecimentos, deixou de fixar o horizonte com um olhar mais alongado.

Alguns meses atrás e depois de uma alteração de saúde, o diagnóstico de uma grave doença, deixou a todos nós familiares preocupados, o agravamento do seu mal parecia ser uma realidade, parecia mesmo que nada havia a fazer. Durante mais de um mês esteve internada nos Cuidados Paliativos do hospital de Seia, onde a toda a família e amigos a passaram a visitar quase diariamente.
Com alguns sintomas de melhoras, foi encontrada a solução do seu internamento num lar, passando a ser utente na Casa do Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga, onde passado duas semanas, nova alteração de saúde surgiu e a necessidade dos sua entrada nas urgências do hospital de Seia, onde veio a falecer no passado sábado dia 23.8.2014
O seu funeral foi realizado ontem domingo dia 24.8.2014, sendo sepultada o cemitério de Loriga, onde passou a ser a sua última morada e onde vai agora repousar para sempre. Até um dia Lena, quando nos voltarmos a encontrar. DESCANSA AGORA EM PAZ.
(* ap).


Augusto Marques Pereira *
22.11.1952 - 18.2.2015

Recordar hoje aqui o Augusto Marques Pereira, que mesmo tendo nascido no Fontão, era um loriguense que me prezo aqui recordar e que agora nos deixou partindo desta vida, que como costumo dizer, é mais um daqueles nossos conterrâneos em que a vida de certa forma lhe foi madrasta.
Para mim pessoalmente é mais um daqueles amigos que vejo partir e que vou notar a sua falta quando voltar à nossa terra, vou ter saudades de já não o encontrar por lá e a vir ter comigo assim que me via, para me cantar aquelas quadras populares, com que brindava quase todos os dias e a toda a hora, quando me encontrava, alusivas a um trágico acontecimento
numa Loriga de outras eras ….."Lá em cima nos bicarões há lá um poço sem fundo caiu p´ra lá a Maria Emília que logo foi ter ao outro mundo……..…....." quadras que as vou mantendo na minha audição como sua recordação.

Uma vida de certa forma descuidada, mas que para ele era convincente, poderiam muitos o ver como uma figura emblemática, o que não o era, sabê-lo compreender era talvez o que mais nos faltou fazer, pois sempre nos habituamos a vê-lo naquela sua maneira própria, envolvido numa vida de impertinência.
Chegou a hora do Augusto de nos deixar nesta terra dos vivos, passamos nós os loriguenses de deixar de ver uma figura característica, que desde sempre nos habituamos a ver por Loriga, é mais uma falta que vou notar, pois era só me ver e ali vinha ter comigo, muitas vezes me contava coisas que eu já nem me lembrava delas e pelo meio algumas piadas atabalhoadas, mas com algum sentido que me faziam rir.
Algum tempo atrás, não muito, tive conhecimento de que o Augusto se encontrava internado no ABPG (Associação de Beneficência Popular de Gouveia) fiquei contente em saber que ali estaria bem, entretanto, o agravamento do seu estado se saúde foi-se registando, por isso, necessário a ter de recorrer aos serviços hospitalares, o que veio acontecer ao ser levado para o hospital da Guarda aonde veio a falecer ontem quarta-feira, pela manhã.

O seu funeral realiza-se hoje em Loriga. Descansa agora em PAZ caro Augusto e até um dia onde vais esperar por todos nós e nos voltarás a cantar "Lá em cima nos Bicarões ………….." PAZ À SUA ALMA (* ap).


António Pinto Nunes *
25.4.1948 - 27.3.2015

Recordar aqui o António Pinto Nunes, o "Tó Moita" como era assim mais conhecido no meio loriguense, é poder falar de mais um amigo da mesma criação, como se diz na gíria, ao termos nascido no mesmo ano.
Era um amigo daqueles que valia a pena ter, tivemos sempre um contacto muito estreito, mesmo até quando nem sempre era possível a gente se encontrar. Resolveu um dia emigrar tal como eu, teve como destino o Luxemburgo, onde então empreendeu uma vida de trabalho, que o fez conseguir todos os seus objectivos e pelos quais sempre ambicionou.
Cada vez que a gente se encontrava tinha-mos o condão de muito falarmos, de recordamos os nossos tempos de menino, de jovens, da nossa ida à inspecção, das nossas comissões na guerra do ultramar, que ele tal como eu e na mesma altura, esteve em Angola também pelo Leste, onde mantivemos sempre em contacto permanente através da via dos famosos aerogramas, assim um ao outro lá íamos trocando as noticias da nossa querida Loriga.

Caracterizado como pessoa pacata, humilde e amigo do seu amigo, o amigo "Tó" desde muito novo começou a trabalhar em Loriga, uma vida dura, lembro-me de quando trabalhou numa padaria local, de muitas vezes o ver com o grande cabaz do pão às costas no caminho a pé para a vizinha freguesia da Cabeça, fizesse frio ou calor, chovesse ou estivesse sol, muitas vezes me dizia "isto é uma vida dura, mas temos que fazer pela vida".
Tentou sempre concretizar os seus sonhos, com o fruto do seu trabalho, por isso pensou na emigração na procura de uma vida melhor. Foi sempre um trabalhador incansável para conseguir o melhor para si e para a família. Um dia o visitei lá pelo Luxemburgo, na localidade de Pétange, numa altura que tinha acabado de ali adquirir a sua casa, mais um dos seus sonhos conseguido, bem demonstrativo no seu olhar de felicidade enquanto me mostrava a sua nova casa.
Quis o destino que passasse-mos a ser vizinhos em Loriga, foi pois com satisfação que o vi construir a sua casa junto à minha, que tal como eu concretizamos mais um dos nossos sonhos em ter uma casa na nossa Loriga. Desde então e na altura do verão ali nos encontrávamos, aproveitando a pormos sempre a conversa em dia. Só que pouco depois de ali começar a morar, o azar pareceu bater-lhe à porta, quando nos últimos anos e sempre quando se encontrava de férias em Portugal, começou a ter alterações de saúde, acontecendo até, que uma da vez teve que ficar internado num hospital do nosso país.
Não há muito tempo ainda, foi-lhe diagnosticado uma doença de certa forma grave, com a qual passou a lutar. Fui tendo conhecimento do seu estado de saúde, que de certa maneira também não eram animadores. Lutou enquanto pode com o mal que o atormentava.

A notícia me chega a casa, que apesar de saber que o seu estado de saúde era na verdade grave, deixa-me de certa forma consternado, me veio ao pensamento recordações de tudo que falamos e que deixamos de falar, custa na verdade receber-se assim notícias, mas a vida é assim e tal como diz aquele provérbio popular "hoje ele amanhã nós".
Faleceu no dia 27 de Março de 2015, mais um amigo que nos deixa nesta vida dos vivos, deixou este mundo em terras distantes, o seu corpo deixou assim o Luxemburgo com destino à vila de Loriga, numa sua última e derradeira viagem de regresso à sua adorada terra.
Foi sepultado no dia 1 de Abril de 2015, no cemitério de Loriga, onde passou a ser a sua última morada, para ali repousar no seu sono eterno. Até um dia
"Tó" quando nos voltarmos a encontrar nessa outra vida, descansa agora em PAZ. (* ap)


Fernando Alves Pereira *
10.8.1937 - 21.7.2015

Recordar Fernando Alves Pereira, o "Requinta" como popularmente assim era conhecido no nosso meio loriguense, é poder falar de um amigo que valeu a pena o ter no meu meio de amizade e por quem sempre tive muita estima.
Alfaiate de profissão quase toda a sua vida as agulhas movimentavam-se nos seus dedos como uma arte que só ele parecia saber manejar, pessoa de bem que muitas vezes me parecia exíguo por pensar que estaria a fazer mal, onde para ele a maldade parecia não existir.
Um contador nato de histórias, muitas delas que passou durante a sua vida, que valia a pena escutar, muitas vezes me deliciei o estar ouvir, pelo meio os risos contagiantes sempre presente na sua também boa disposição, que fazia ter por ele uma admiração grande.
Músico da Banda durante 50 anos, teve a sua primeira saída quando tinha apenas 11 anos de idade, a partir de então o ensaio da música passou a ser a sua casa e os seus colegas a sua família, foram décadas e décadas a dar o melhor por essa sua paixão, passou mesmo a ser uma referência na Banda, ao mesmo tempo um exemplo para os mais novos.
Contava a sua vida na Banda como se estivesse a viver cada momento. Histórias sem fim que era um regalo e muito divertido se escutarem. Um dia no meio de uma divertida conversa me dizia
"olha 50 anos assoprar para o instrumento, imagina tu se todo esse assopro saísse agora todo de uma só vez do instrumento, não ficava uma casa de pé em Loriga".

Cantador da Amenta das Almas, que cantava com um enorme sentimento e sempre numa profunda recordação para com todos aqueles que já tinham partido desta vida. Ator de teatro e muitas vezes também cantou as melodias de sempre esse tradicional complemento nessas sessões teatrais. Deu também o seu contributo nas Marchas Populares, enfim, estava sempre disponível e pronto para tudo quando fosse em prol da sua terra, tal como alguém um dia disse "o Fernando "Requinta" é na verdade um loriguense multifacetado".

Eu tinha para com o amigo Fernando um estreito relacionamento, muitos escritos antigos me fez chegar à mão, ele tinha o condão de guardar tudo que fosse antigo só que por vezes muito desarrumado, que quando precisava alguma coisa para me dar nem sempre encontrava. Habituei-me sempre a mandar-lhe o cartão das Boas Festas na altura do Natal, mesmo agora que estamos na época da eletrónica e a quase já esquece-mos mandar postais, para o amigo Fernando o fazia ainda e ele com a sua natural dificuldade em escrever sempre me respondia.
Era o homem do presépio, como assim hoje se ouvia dele falar, na realidade fazia o presépio em sua casa ainda há maneira antiga que regalava o olhar, alguns anos atrás tive a oportunidade de isso constatar pessoalmente quando ocasionalmente estava em Loriga, nessa vez me dizia que assim que estivesse pronto me chamava para o ver e tirar as fotografias, assim foi, logo que terminou foi à minha procura e lá fui ver, fiquei encantado, tudo imaginado ao pormenor e à sua maneira e com aquele cheiro dos musgos frescos, me veio à recordação os tempos de menino, quando o presépio era a verdadeira simbologia do Natal
Ultimamente não estava tanto disponível como o conhecemos, agora a sua disponibilidade era toda ela concentrada no auxílio e apoio à sua irmã Helena, que presentemente tem algumas dificuldades na sua mobilidade, por isso, a necessidade da sua presença a todo o momento junto a ela, que por isso nem sempre era possível o ver.

A notícia começa a circular pela população, da ida do Fernando "Requinta" na ambulância, desde logo muitos de nós ficamos apreensivos, correndo até conversas que não ia muito bem, nem se queria acreditar, eu pessoalmente ainda na véspera tinha estado com ele no café e como sempre acontecia a boa disposição foi reinante, contando-me mais uma das suas histórias.
No dia seguinte terça-feira dia 21 de Julho e logo pela manhã a notícia nos chega, faleceu o amigo Fernando
"Requinta" uma certa consternação se apodera de todos nós, ficamos sem fala e os momentos seguintes passam a ser de meditação e nos vem à memória aquele velho e sempre desabafo, "afinal de um momento para outro não somos nada".
Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos queridos, o presépio já o não vamos ver mais, o amigo Fernando já o não vou encontrar mais com o seu sorriso largo com que me recebia assim que me via, os amigos já não vão mais ouvir as suas histórias, o seu assobio tocando algumas marchas da Banda já não mais se vai fazer ouvir.
O funeral realizou-se hoje 22 de Julho, os amigos ali estavam para o acompanhar à sua última morada, onde agora ali vai descansar em Paz e esperar por todos nós. Até um a dia amigo Fernando.
(* ap)

Nota: Um dia o amigo Fernando fez chegar até mim um simples mas significativo poema que fez, do qual se orgulhava e que muito gostava de o pronunciar, algumas vezes reparei que do canto do seu olhar vertiam algumas lágrimas, quando lhe pedia para o ler, que o fazia com uma verdadeira e sincera nostalgia. Aqui registo nesta hora esse seu poema como minha singela Homenagem.

O Rosto de Minha Mãe *

Do meu local de trabalho

Vejo o cemitério Além
Ciprestes erguidos ao céu
E por trás de um fino véu
O rosto de minha mãe.

Fecho os olhos lentamente
P´ra neles reter essa imagem
Vejo depois com saudade
Que o que parecia verdade
Era simplesmente um miragem


* Fernando Alves Pereira (Requinta)


José Manuel Pina Fernandes *
24.07.1961 - 23.08.2015

Recordar aqui José Manuel Pina Fernandes, meu sobrinho e afilhado é poder falar de um membro da nossa família que parte desta vida ainda novo, vítima de terrível doença, com a qual vinha lutando a já algum tempo.
Sempre muito dinâmico e determinado, enfrentava a vida com uma certa ousadia, foi sempre muito decidido ao enfrentar desafios, por isso, aquela maneira própria de estar na vida muito bem vincada nessa sua característica, que por vezes me admirava ver.
Lembro-me de ter ido a Tancos, ao seu juramento na tropa, como pára-quedista, ramo militar do qual teve sempre muito orgulho ter pertencido, nessa altura chegou-me mesmo a confidenciar que andava com ideias de seguir a tropa, cheguei mesmo a vê-lo muito entusiasmado com isso, só que por qualquer razão algum tempo depois colocou de parte essa ambição
Passou grande parte da sua vida em Loriga, sua terra que ele muito adorava, passou pelos Bombeiros Voluntários de Loriga, onde desempenhou atividades com grande notabilidade, muito reconhecido pela sua maneira destemida e corajosa que o distinguiam, sendo na verdade um ativo sempre muito útil em prol desta nobre instituição da sua terra.
Trabalhou na construção da Praia Fluvial de Loriga, em que muito se orgulhava por ter contribuído para que aquele espaço seja hoje um dos atrativos do verão mais importantes da sua terra, dizia-me mesmo que era um dos que mais podia falar como foi construído todo aquele espaço e a casa de apoio ali existente.
Um dia resolveu procurar um outro desafio na ideia de uma vida melhor, vendo na emigração um objetivo de ambição, depois de uma passagem curta e não bem sucedida pelo Luxemburgo, resolveu ir para a Suíça, onde se fixou e por lá vivia já alguns anos, chegando-me a dizer que agora sim estava bem e que estava como desejava.

Uma alteração de saúde algum tempo a esta parte lhe foi diagnosticado um problema preocupante, com o tempo veio mesmo a saber que esse seu problema era na verdade de certa gravidade, desde então passou a viver e a lutar com aquela adversidade, foi submetido a tratamentos próprios para essas doenças, que o deixavam muito em baixo, foi também tentando tudo o que estava ao seu alcance, inclusive, submetendo-se depois a outros tratamentos novos, entretanto descobertos, recorreu mesmo a uma consulta à famosa Fundação Calouste Gulbenkian, uma das mais prestigiosas e líder na investigação das doenças dos dias de hoje, pois tudo foi tentando no sentido de conseguir alguma esperança.
Na verdade a esperança parecia cada vez mais distante, a sua luta sem tréguas o fez lutar até não poder mais, que na verdade deu-nos uma lição de luta, coragem, força, determinação, que me impressionou, por fim também a resignação perante a doença que continuava teimosa em o não deixar descansado.

A última vez que estive pessoalmente com ele, ocorreu há precisamente à um ano atrás, quando do falecimento da sua mãe e minha irmã Maria Helena Martins Pina. Nessa altura me chegou a dizer que já nada havia a fazer para o seu problema, no entanto, tinha ainda ciente de continuar com os seus projetos de trabalho, notei até no seu olhar um certo brilho ao dizer-me que ia lutar até onde fosse preciso e que havia de vencer.
Esteve ainda em Loriga há duas semanas atrás, quando do casamento de uma sobrinha, já muito debilitado e na verdade a saber-se que as forças já lhe iam faltando. Regressou pouco depois à Suíça, dando entrada num hospital com o seu estado de saúde cada vez agravar-se mais, vindo a falecer quase no final do dia 23 de Agosto, precisamente no dia que sua mãe faleceu há um ano atrás, tinha então chegado ao fim as suas forças.
Faleceu com apenas 54 anos de idade, que tinha completado no passado mês de Julho, quando ainda tinha tanto para fazer e viver, mas o destino não se compadece e assim vemos partir mais um dos nossos familiares, ainda tão novo. Faleceu lá longe com um desejo enorme de que fosse sepultado na sua terra, com o seu corpo a fazer a sua última viagem por estradas que ele tão bem conhecia, o seu desejo foi cumprido foi sepultado no cemitério da sua querida terra, hoje dia 27 de Agosto, onde passou a ser a sua última morada. Até um dia Zé Manuel, descansa em PAZ.
(* ap)


Maria Emília Martins Lages *
22.9.1948 - 3.1.2016

Recordar aqui Maria Emília Martins Lages, a "Mila" com assim era chamada no meio familiar e de amigos, é poder falar de uma familiar, minha prima, que para mim era mais que isso, era minha "irmã de leite" com se diz na gíria popular, quando as crianças são amamentadas pela mesma mulher.
Na verdade a Mila nasceu 3 meses e 13 dias depois de mim, sua mãe na impossibilidade de dar o leite de mama, foi amamentada pela minha mãe durante algum tempo, desde então a Mila foi sempre especial na nossa família. Segundo nos dizia os nossos pais, desde de tenra idade e durante crianças eu e a Mila nos tornamos inseparáveis, não nos podíamos ver um sem o outro que fazia admirar toda a gente.
Tive sempre um carinho especial e uma grande estima pela Mila, aliás, na família foi sempre muito querida, tinha uma postura de bondade que nos contagiava, com uma cultura acima da média foi sempre muito determinada e lutadora na vida no sentido de conseguir os objectivos com os quais tinha como horizonte.
Depois de completar alguns dos seus estudos e continuando a estudar e ao mesmo tempo a trabalhar, passou a viver na nossa casa na Amadora, numa altura em que estava só em Lisboa, a amizade que tínhamos para com ela éramos como irmãos.
Algum tempo depois trouxe a sua mãe para Amadora e desde então passamos a viver relativamente muito perto uns dos outros, tempos houve que com os meus pais já idosos e a viverem por lá sós, a Mila era uma sentinela vigilante e a qualquer alarme que acontecesse ali estava ela logo presente, o que de certa maneira nos deixava tranquilos.

Durante grande parte da sua vida levou uma vida profissional muito activa na área da função pública, mas mesmo assim continuando a estudar sempre com aquele sentido de valorização cada vez mais e com a qual se sentia bem. De trato fácil, afável e de simpatia, conjugadas naquela sua maneira própria de simples e discreta a caracterizavam, que levava a granjear a amizade e estima dos seus superiores e colegas e de todas as pessoas em geral com as quais se relacionava.
Adorava Loriga tal como eu, a ela fiquei a dever todo o empenho e determinação com que se disponibilizou quando em 1999 criei a minha página www.loriga.de colaborando num visionamento aprofundado da escrita, de maneira que ficasse com um português mais correcto e ajustado, numa altura quando eu tinha alguma dificuldade para que isso acontecesse.
Fez parte dos órgãos sociais da Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga e colaborou entusiasticamente em algumas iniciativas em prol da sua adorada terra, como por exemplo, na recolha do receituário antigo loriguense, para a criação do livro
"Loriga, Sabores de Sempre" sendo também bem notório e oportuno o seu empenhamento na "Rota da Broa de Loriga", sendo também a co-autoria do texto que serviu de guião ao vídeo "Loriga, uma Estrela na Serra", produzido para a inauguração da Exposição "Memórias com Alma" no Museu da Cerâmica de Sacavém.

Há pouco mais de três anos uma brusca alteração de saúde, veio confirmar um diagnóstico de certa maneira preocupante, desde logo se foi tendo a consciência da gravidade da doença, que ela própria nos dizia saber do mal que a estava atormentar. Empreendeu então um combate constante contra esse mal que a apoquentava, foi verdadeira heróica, mesmo até quando os tratamentos a deixavam muito em baixo, deu-nos uma lição de coragem e de luta que nos surpreendeu a todos nós.
No passado verão foi comigo da Amadora para Loriga para assistir à festa da Nossa Senhora da Guia, a sua última ida à sua terra da qual tanto gostava, por lá passou alguns dias, notei no seu olhar um certo brilho por estar ali, mal eu sabia que seria a última vez.
Passou o Natal e a Passagem do Ano junto da sua irmã, cunhados e sobrinhos, apesar de nestes últimos dias já não se sentir muito bem, ainda trocou mensagens de Boas festas e de Novo Ano, as forças pareciam que lhe estavam a fugir, veio a falecer na sua casa no passado domingo dia 3 de Janeiro deste novo ano de 2016.
A notícia chegou até mim, por momentos meditei, muito vem ao pensamento, vejo partir esta minha prima por quem tinha grande amizade e admiração, a vida é tudo e num momento não é nada, penso que partiu muito cedo quando ainda tinha tanto para fazer, mas a vida é assim.
A cerimónia fúnebre vai ser realizada hoje. Até um dia Mila, quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será já nessa parte de lá, para nós não morrestes, apenas te deixamos de ver fisicamente, para sempre ficarás na nossa recordação - Descansa em Paz.
(* ap)


Carlos Alves de Moura *
5.9.1930 - 17.4.2016

Recordar Carlos Alves de Moura é poder falar de certa forma de uma figura de Loriga, que muitas vezes esteve ao serviço da comunidade na sua terra, contribuindo dessa forma em prol de Loriga.
Ainda de muito novo pertenceu a vários organismos da Igreja, como a JOC e LOC, logo após a fundação destes grupos de jovens em Loriga, pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966), nessa altura esteve muito relacionado na Igreja, ficando para sempre ligado numa grande amizade com o senhor Padre António Prata.
Foi um dos loriguenses que outorgaram a escritura para a fundação da Cooperativa Popular de Loriga, em 13 de Fevereiro de 1954, tendo sido mesmo na sua residência que se procedeu ao acto da constituição da Escritura deste organismo, sob a forma de sociedade anónima, designadamente Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada, tendo na altura se deslocado expressamente a Loriga para esse efeito, Virgílio Calixto Pires, Notário na Secretaria Notarial do Concelho de Seia. Curiosamente, fazia parte do órgão diretivo deste organismo de Loriga, quando do seu encerramento, ocorrido no dia 11 de Janeiro de 2014.

Passou grande parte da sua vida em Viseu, onde se radicou e desempenhou a sua atividade profissional, regressando anos depois á sua terra, para se dedicar à casa comercial de seu pai, o senhor José Alves de Moura, o "ti Zé do senhor" como era assim conhecido no meio loriguense, vindo então a tornar-se um comerciante na área de papelaria e livraria, venda de jornais, artigos religiosos e outros artigos de bijutaria.
Então já radicado na sua terra, dedicou-se ao associativismo, passando por órgãos sociais de várias associações de Loriga, onde sobressaio o trabalho de relevo na Banda de Música, dando continuidade ao trabalho que vinha de trás e que levou a um grande esforço de uma visão de futuro e de responsabilidade para aquisição da Sede própria da banda.
Já neste século e sempre muito atento aos problemas de Loriga, resolveu um dia criar um Núcleo de Loriguenses Apoiantes do Progresso e Desenvolvimento de Loriga, cognominado por Movimento de Opinião Formal (MOF) que se veio a tornar problemático e que fez correr muita tinta, que não chegou a ter o real valor para o qual tinha sido criado.

Também teve certo relevo politicamente a nível da sua terra, fez parte de uma lista do partido CDS às Eleições Autárquicas, que perdeu por margem mínima, a única vez que este partido conseguiu a quase destronar o PS (Partido Socialista) crónico como vencedor das eleições em Loriga. Nas Eleições Autárquicas de 2011 voltou a ter algum realce, desta vez fazendo parte em lista do PSD (Partido Social Democrático).
A grande amizade que manteve toda a vida com o senhor Padre António Prata, depois da morte desta grande figura de Loriga, tudo fez para que o seu corpo fosse sepultado em Loriga, sendo de relevo o muito empenhamento num processo moroso, tendo em conta de o corpo já ter sido sepultado em Manteigas, terra natal desta figura de Loriga. Nunca desistindo foi recompensado ao ser transladado para o cemitério de Loriga o corpo do senhor Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, onde então passou a ser a sua última morada.
Nos últimos tempos, foi-se tendo conhecimento que senhor Carlos Moura, se encontrava doente, notava-se mesmo debilitado, uma alteração mais grave de saúde, foi internado no hospital de Coimbra, onde veio a falecer no dia 17 de Abril de 2016, tinha 85 anos de idade, vendo os loriguenses partir um seu conterrâneo que muito fez por Loriga, sendo sepultado no cemitério da sua terra onde passou a repousar em Paz.
. (* ap)


Manuel Abreu Pina *
31.5.1941 - 20.4.2016

Recordar aqui Manuel Abreu Pina, o "Manel Calçada" como era assim conhecido no meio loriguense, é poder falar de mais um amigo, que vemos partir, um dos últimos baluartes da arte de sapateiro da nossa terra, que nos habituamos a ver sempre agarrado a esse nobre trabalho artesanal de consertar ou fazer calçado.
De muitos irmãos que tinha, foi o único que enveredou pela atividade de seu pai António Moura Pina (1907-1988), o senhor
"António Calçada" como era assim conhecido e que foi um dos mais conceituados sapateiros da nossa terra, sendo digno de ver o desempenho da continuação dessa profissão pelo seu filho Manuel como do melhor sabia fazer, resultante dos ensinamentos que seu pai lhe deixou como herança.
Sempre muito prudente no cumprimento horário e dos seus afazeres, numa sua maneira própria de viver, passou quase toda a sua vida agarrado às raízes, parecendo nunca ambicionar ir mais além, quem lhe tirasse o recanto da sua casa e o recanto da sua sapataria tirava-lhe tudo. A sua velha sapataria pareceu parar no tempo e ali foi resistindo como que afastado das modernices atuais e mais práticas, que foram deixando para trás essa dignificante profissão de sapateiro.
Foi subsistindo ali naquele recanto, sempre na espera que lhe entrassem pela porta dentro sapatos para consertar, que com os tempos isso se foi tornando cada vez menos real, uma certa vez chegou a dizer-me
"…olha hoje em dia quase não mandam arranjar sapatos, repara que hoje compram sapatos por 5Euros ou menos e como podes ver nem vale a pena arranjar se o valor de um concerto é quase isso e meias solas é ainda mais…."

Algumas vezes pela sua sapataria passei, atraído ainda pela nostalgia daquele local, que tempos houve era um lugar de tertúlia e de paragem obrigatória, mesmo muitos anos passados e quando ali entrava, parecia-me ainda ouvir ali as cordas da velha guitarra tocada pelo seu pai, senhor António Calçada, como só ele o sabia fazer.
Homem simples e de trato fácil, o
"Manel Calçada" tinha uma maneira própria e discreta de viver, adorava a sua Loriga e tudo que a envolvia, para ele era todo o seu mundo, nada mais ambicionava do que viver tal como sempre viveu, estando muito longe de pensar que a vida lhe fosse madrasta nos últimos anos da sua vida. Um erro cometido e indesculpável, perpetrado talvez pela sua ignorância e a sua maneira própria de simplicidade, que o não fazia ver a gravidade do mesmo, ou mesmo até vítima de uma sociedade em que hoje vivemos, encontrava-se atualmente a pagar esse seu erro, um rude golpe na sua vida que nunca pensou lhe viesse acontecer.

Acerca de pouco mais de dois anos atrás, foi então fechada a velha sapataria, o nosso amigo "Manel Calçada" deixou de viver na sua querida terra, indo para longe dos seus e dos amigos que lhe restavam, a sua vida passou a ser vivida diferente inserido numa comunidade condicionada e isenta de uma normal autonomia, uma transformação grande no seu conviver e que nunca previu, provavelmente passando a ser envolvido na tristeza e no arrependimento, um passo mais ligeiro que o viria a decimar.
Entretanto, foi-lhe diagnosticada uma grave doença, que se foi agravando e cada dia que passava o foi tornando cada vez mais debilitando. Não conseguiu resistir a esse problema de saúde que o apoquentava, veio a falecer no passado dia 20 de Abril, em CaxiasHP sua residência ocasional, com a notícia a chegar ao nosso meio loriguense que deixou a sua família e amigos consternados.
Loriga deixou de contar com um dos seus últimos bastiões da arte de sapateiro, nos deixando a meditar que a vida de um momento para outro dá voltas que provavelmente não se imagina, como foi o caso deste nosso amigo e conterrâneo
"Manel Calçada" que vemos partir desta terra dos vivos, com o seu corpo a regressar à sua terra que tanto adorava, para ser sepultado no cemitério local. Até um dia "Manel", descansa agora em PAZ. (* ap)


Joaquim Lemos Conde *
23.2.1938 - 24.6.2016

Poder falar aqui de Joaquim Lemos Conde, é poder falar de mais um amigo que vejo partir e por quem tive sempre uma admiração e carinho e que valeu a pena o ter tido como amigo.
Desde sempre me lembro do amigo Joaquim, viveu quase toda a sua vida bem juntinho ao meu bairro de S. Ginês que ele também dizia ser dele, pessoa de trato fácil, de uma humildade assinalável e homem de bem, gostava imenso de falar com ele, o que aliás isso muitas vezes acontecia, nomeadamente, quando gostava de recordar o seu tempo de quando era também emigrante.
O "ti Jaquim" como carinhosamente assim o tratava algumas vezes, foi um dos meus ídolos a jogar futebol na nossa terra. Novo ainda foi um insigne jogador do nosso Grupo Desportivo, como defesa central do melhor que existia, que com o meu olhar de criança me impressionava e me deliciava vê-lo jogar. Hoje por aquilo que vemos, penso que tal como outros na nossa terra, naquele tempo, passou ao lado de uma grande carreira futebolística.

Emigrou tal como muitos de nós, deixando Loriga com destino à França onde esteve radicado durante vários anos, lembro-me de ter um dia viajado com ele de comboio para aquele país onde me desloquei para buscar o meu carro, que tinha deixado lá depois de ter tido ali um acidente de viação quando viajava da Alemanha para Portugal, isso nos meus primeiros anos também de emigrante, não esqueço das suas palavras de apoio que ele me transmitiu durante o percurso e que foram bem importantes, ao mesmo tempo que foram de ensinamento para mim.
Homem de trabalho por terras de França longe da sua terra, mas sempre com o pensamento no seu país e na sua Loriga que esperava a ela regressar, o que veio acontecer após alguns anos e assim voltar às suas origens, com ideia de não a mais a abandonar. Recordo como curiosidade quando regressou à sua terra trouxe com ele o seu automóvel Peugeot 104 do Ano de 1977, verdadeira paixão que nutriu sempre por essa sua viatura, que para ele era na verdade muito especial, hoje uma verdadeira relíquia com cerca de 38 anos de existência, que ainda existe e é considerada a mais antiga viatura a circular em Loriga.
Quando regressou às suas origens não ficou parado, começando por passar parte do seu tempo na quinta familiar situada nas Lamas de Cima, bem no sopé da "Penha do Gato" colhendo da terra alguns géneros conseguidos da lavoura que tinha gosto de fazer naquele local para ele como seu habitar desde criança.

Foi com certa surpresa que recebi a notícia, quando o telefone tocou e alguém do outro lado da linha me dizia "morreu o Joaquim "Chora", por momentos fiquei sem responder, logo depois me ponho a meditar vindo à minha memória o amigo Joaquim, que vou deixar de ver e com ele conversar quando voltar a Loriga, mais uma falta que vou notar nessa nossa Loriga, onde cada vez mais vou vendo desaparecer pessoas com que convivi e que de certa maneira me marcaram.
Faleceu na última sexta-feira dia 24 de Junho, em sua casa, onde amigos e familiares o foram encontrar logo depois de notarem a sua falta, vendo-se assim partir este nosso amigo, mais um nosso conterrâneo que nos deixa, que cada vez que ali volto à nossa terra me faz viver de recordações de pessoas que tanto gostamos e que vamos vendo partir desta nossa terra dos vivos.
Até um dia amigo Joaquim, descanse em PAZ.
(* ap)


Joaquim Martins Pina *
17.7.1934 - 2.2.2017

Recordar aqui o meu irmão Joaquim Martins Pina, é falar do primeiro filho dos nossos pais, José Nunes de Pina e de Aurora Lopes Macedo, nascido no Bairro de S. Ginês, um recanto de Loriga e pelo qual o meu irmão tinha também uma Paixão especial.
Teve uma infância igual a todas as crianças da época, na escola primária teve um super desempenho, que o fez distinguir de outras crianças. Assim que terminou a escola primária foi de imediato para empregado do único e primeiro café em Loriga, do qual era proprietário o senhor António Machado, que se situava na garagem do prédio do "Zé Maria" como é assim foi sempre conhecido esse imóvel.
Como também acontecia com a maioria das crianças na época, quando terminavam a escola, não tardou que rumasse para Lisboa na companhia do nosso pai, onde teve uma adolescência não muito fácil e tal como muitos outros jovens, comeu o pão que o diabo amassou, como se costuma dizer na gíria popular.
Ainda relativamente muito novo, decorria o ano de 1957, quando foi para o Brasil mandado ir pelos meus padrinhos e tios, recordo que partiu de barco e enquanto durou a viagem, todas as noites por volta da meia-noite, com a minha mãe e mais família, lá íamos todos rezar à capela da Nossa Senhora da Guia, só terminando este ritual, quando era recebida a notícia que já estava no Brasil. Na época em Loriga, era assim um procedimento muito comum no seio das famílias, quando um dos familiares partia de viagem para o Brasil.
Não foi fáceis os seus primeiros anos no Brasil, foi um lutador e foi muito determinado a enfrentar os percalços que lhe foram aparecendo, tinha uma força interior extraordinária que o não fazia desanimar, sofreu para poder vencer. Só voltou a Portugal 10 anos depois de ter partido, recordo que foi uma festa quando chegou, nessa altura já toda a nossa família estava a viver na Amadora.

De regresso ao Brasil e enfrentando uma nova contrariedade, resolveu arriscar e colocar de parte o medo, decidindo enveredar sozinho por um novo rumo, lutou muito e padeceu, a sua vontade era grande de superar, colheu assim os seus frutos tornando-se anos mais tarde num conceituado comerciante, muito reconhecido em Belém do Pará.
Muito chegado a toda a família, que amava como ninguém, era uma referência e muito querido e adorado por todos, com uma sempre boa presença e disposição que nos contagiava a todos, o mesmo acontecendo no meio dos amigos que com facilidade granjeava a estima e consideração de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer.

Apesar de mais de setenta anos fora da sua terra natal e vivendo muito longe, tinha um fascínio por Loriga que o distinguia, era um verdadeiro bairrista como poucos, atrevo-me mesmo a dizer que era daqueles loriguenses dos "sete costados", como se costuma dizer na gíria popular, vezes sem conta visitou a sua querida terra, nomeadamente, com mais frequência nestes anos mais recentes que não faltava de maneira alguma, principalmente à festa da Nossa Senhora da Guia.
Muito católico e praticante, foi o que mais herdou com essa dádiva da nossa mãe, o que aliás foi sempre assim e desde muito novo, contavam os nossos país que ainda muito criança tinha um queda para fazer procissões lá por casa e pelo Beco de S. Ginês, que por vezes os vizinhos tinham hábito de dizer que o "Quinzito" devia dar um bom padre.
Muito devoto e com muita fé na Nossa Senhora da Guia, muitas vezes me disse que era a Ela que muitas vezes recorreu para ter forças para enfrentar as contrariedades da vida, nunca faltou às festas realizadas em honra desta Virgem, que os emigrantes brasileiros cognominaram a Padroeira dos Emigrantes, quer nas festas realizadas em Belém ou quando estava em Loriga.
Pessoa de trato fácil e de uma bondade absoluta, muito amigo para com todos aqueles que o rodeavam, sempre disponível para causas em prol dos outros, foi durante muitos anos muito ativo e muito contribuiu no meio do associativismo, passou como diretor por vários organismos em Belém - Pará, nomeadamente, pelo Centro Loriguense de Belém - Pará. Ainda no passado ano de 2015, foi homenageado pelo Grémio Literário e Recreativo Português, pelos seus 56 anos de associado, no qual se registou como sócio dois anos depois de ter chegado ao Brasil, sem dúvida um registo assinalável.
Em 2001, sofre um rude golpe na vida, com o falecimento inesperado da sua amada esposa Isabel, também loriguense, com o apoio da família, dos amigos e a enorme fé que tinha para com Nossa Senhora da Guia, foi aos poucos superando esse infortúnio, na verdade um rude golpe e de grande preocupação para todos nós familiares, sendo de registo aquela sua grande força que teve para o conseguir ultrapassar.

Tinha-mos por hábito todos os anos por esta altura do ano, começarmos a planear as nossas idas no verão a Portugal, este ano não fugiria à regra, parecia até entusiasmado em poder estar em Portugal mais cedo, para poder assistir ao centenário das Aparições de Fátima, como assistiu quando da comemoração dos Cinquenta anos, tinha este ano um enorme desejo de assistir agora ao Centenário, que infelizmente já não pode concretizar esse seu desejo.
O meu irmão Joaquim, era já um dos poucos naturais e genuínos de Loriga, da vasta comunidade loriguense que chegou a existir nesta grande cidade de Belém do Pará, bem ao norte do Brasil, ainda há pouco me tinha dado uma relação com os nomes que se reduziam apenas a 21 loriguenses.
Na passada quinta-feira dia 2 de Fevereiro, já se não levantou muito bem, também derivado a uma gripe que o apoquentava, foi levado ao hospital e já lá teve uma alteração súbita de saúde, de imediato tive logo conhecimento da situação e do que se estava a passar, situação que teve o seu agravamento não conseguindo então superar e pouco depois faleceu.

Mesmo compreendendo que a vida é assim mesmo e por vezes sem se esperar, foi um choque para todos nós familiares, apoderando-se de nós um sentimento de angústia que nos faz meditar mais uma vez e nos vem ao pensamento os planos, os sonhos, tudo isso numa vida que afinal é apenas uma passagem, o meu irmão partiu, deixou-nos fisicamente mas vai continuar sempre, mas sempre junto de nós.
Loriga vê também partir desta vida um seu filho que mesmo levando uma vida longe dela, a amava e a tinha sempre presente no seu coração, no próximo verão se lá chegarmos para mim já será diferente, não será igual a muitos outros, tenho que me resignar por esta vontade sublime de Deus, pois a vida é assim mesmo.
O funeral foi realizado na cidade de Belém do Pará, a sua terra de opção, foi sepultado no cemitério "Recanto da Saudade" desta cidade, repousa agora junto da sua adorada esposa, onde passou a ser a sua última morada, nesta terra dos vivos.
Até um dia Joaquim quando nos voltarmos a encontrar. DESCANSA EM PAZ.
(* ap)


Pedro Mendes Fernandes *
21.3.1936- 8.2.2017

Recordar Pedro Mendes Fernandes, o "Pedro da Lapa" como assim era conhecido no meio loriguense, que acabamos de ver partir desta terra dos vivos, é poder aqui fazer uma singela homenagem a uma pessoa que admirei, um verdadeiro artista que numa mestria impressionante a manejar com um torno e não só, fazia coisas decorativas e com muita imaginação só ao alcance dos artistas.
Assim, recordando aqui nesta minha página este nosso conterrâneo, reproduzo uma anotação que fiz sobre ele, quando um dia estivemos juntos numa Festa Sportinguista no recinto da Nossa Senhora da Guia, ao mesmo tempo expressando. Até um dia caro Pedro, Descanse em Paz.

"Pedro Mendes Fernandes, de 74 anos popularmente conhecido por "Pedro da Lapa" é na verdade um génio na arte de trabalhar com o torno. Torneiro de profissão esteve também alguns anos radicado na África do Sul, para onde tinha emigrado na ideia de uma vida melhor.
Num recente encontro que tivemos com ele, venho a reparar nos trabalhos que vai executando à mão ou recorrendo ao torno, fazendo artigos decorativos onde desponta a imaginação e ao mesmo tempo uma misteriosa idealização de um trabalho de verdadeira perfeição, que é digno de admirar.
Nesta foto aqui reproduzida em madeira podemos ver uma esfera movimentada dentro de um octógono onde não se visionando uniões, nos leva a imaginar um certo mistério numa criatividade de um trabalho perfeito de elevado espírito de bem-fazer.
Sei que já fez várias exposições, no entanto, muitos outros trabalhos ainda não foram divulgados o que espero com oportunidade fotografar, para mais tarde aqui colocarmos na divulgação de um trabalho que vale a pena visionar".

www.loriga.de - Agosto 2010

(* ap)


João Carlos Martins Silva *
11.8.1968 - 19.3.2017

Recordar aqui nesta minha página, João Carlos Martins Silva, natural de Barcelos, é poder falar de uma pessoa que valeu a pena ter conhecido, radicou-se em Loriga acerca de duas dezenas de anos onde passou a desempenhar a sua vida profissional, sendo de destaque a sua maneira própria e tão eloquente de facilmente se ter integrado na comunidade loriguense, que temos por dever de enaltecer.
Tive sempre uma grande consideração e estima por este nosso amigo e meu vizinho, apesar de não ser de Loriga, encantou-me sempre ao vê-lo a fazer parte em certos organismo da nossa terra, algumas vezes pessoalmente o saudei, por isso, também várias vezes lhe demonstrei todo esse meu apreço e admiração, que tinha para com ele.

Loriga passou a ser a sua terra de opção, foi ao longo dos anos granjeando admiração, amizade e o respeito de um povo que passou a ser também dele, parece não haver em Loriga pessoa alguma que não tivesse por este nosso amigo uma certa simpatia, gostei de algumas vezes falar com ele sobre Loriga, nalguns pontos de vista pontuais e importantes na nossa terra.
Pessoa simples e de trato fácil, me impressionava a sua maneira calma e uma pronta vontade bem expressa e sempre disponível em colaborar em prol da comunidade loriguense, era mesmo um exemplo para todos nós, passou por várias instituições e organismos da nossa terra, nomeadamente, destacando aqui a nossa Banda onde vinha despenhando um trabalho de relevo como diretor e elemento filarmónico, bem como, não se podendo esquecer, a sua disponibilidade junto da Igreja, ao serviço da Paróquia.

Amigo do seu amigo, trabalhador incansável, um profissional de alto gabarito e de competência, a par de lealdade e de pessoa de bem, dons que o caracterizavam-no e como eu disso valeu a pena o ter conhecido e ter feito parte do meu rol de amigos que muito admiro e pelo qual nutri por ele a minha simpatia, a minha admiração e a minha amizade.
No quase final da tarde, dum dia ironicamente como sendo o dia do pai, um dia de domingo que parecia ser igual a muitos outros, no desempenho das suas funções na Assembleia Geral, que estava decorrer na sede da nossa Banda, uma alteração repentina de saúde que se previu logo ser grave, foi de imediato acionado e a intervenção do pronto-socorro para o efeito, que numa luta constante se veio a tornar infortúnio todo o esforço dispendido e algum tempo depois ser confirmado o seu óbito, sendo na verdade um choque que deixou Loriga e os loriguenses consternados.
Loriga ficou na realidade mais pobre, o povo loriguense ficou em choque, a vida por vezes reserva-nos estas injustiças, levando a meditarmos na crueldade que vamos vendo, quando vemos partir assim prematuramente desta vida dos vivos, pessoas que tanto tinham ainda para fazer e para viver, levando muitas vezes a surgir dentro de nós um certo grito de desabafo e ao mesmo tempo revolta, ao dizer-mos que
"há momentos em que a vida é mesmo madrasta e cruel".

Quando a notícia me chegou por momentos pensei não acreditar, depois de cair em mim pensei que quando voltar a Loriga de certo que vou notar muito a falta deste meu vizinho, vai ser diferente, já não o verei ir e vir do trabalho como quase sempre isso acontecia quando estou por lá, como loriguenses e já o considerando um dos nossos, vou notar mais um vazio, vindo-me à lembrança que cada vez se vai ficando menos.
O funeral foi realizado em Loriga, com o seu corpo a ficar sepultado no cemitério da nossa terra a sua última morada, ficando para sempre junto dum povo que o acolheu e numa terra que passou também a ser sua e que esta muito lhe ficou a dever.
Até um dia caro João Silva. Descanse agora em Paz.
(* ap)


António Abrantes Costa *

Com o falecimento de António Abrantes Costa, no passado domingo dia 30 de Abril, que deixou consternada a comunidade loriguense sediada no Luxemburgo, poder recordá-lo aqui nesta minha página é poder falar de um grande amigo de Loriga e dos loriguenses, natural da nossa vizinha localidade de Sazes da Beira, era muito ligado à nossa terra que passou também a ser sua por opção.
Radicou-se desde muito novo no Luxemburgo, pequeno estado no centro da Europa, enveredando assim para a sua vida de emigrante, deixando para trás a sua terra natal, tal como muitos outros, na procura de uma vida melhor.
Conheci este nosso amigo no Luxemburgo há três dezenas de anos, desde logo fiquei com aquela impressão enorme de estar perante uma pessoa de bem e de bondade e fácil de cativar a amizade e a estima de todos.

Casado com a loriguense Margarida Coelho, desde logo passou a ficar muito ligado a Loriga, que passou também a gostar dela como todos nós, ali construiu a sua casa, ajudou muito e muitos dos nossos conterrâneos loriguenses a ir para o Luxemburgo, era daquelas pessoas sempre prontas a ajudar, por vezes até em prejuízo próprio.
Era um apaixonado por Loriga e sempre muito presente junto da comunidade loriguense sediada nesse país, foi um dos impulsionadores para a criação da Association les Amis dos Loriguenses no Luxemburgo, sendo mesmo um dos fundadores e fazendo parte também dos corpos sociais, associação que como sabemos ainda é jovem, que é hoje o segundo organismo loriguense sediado no estrangeiro.
Pai de três filhas e muito dedicado à família, não faltava em Loriga na altura do verão, muto conhecido no meio da comunidade no Luxemburgo, um trabalhador incansável e sempre muito ao dispor daqueles que dele necessitassem. Tinha passado à reforma no mês de Janeiro último, comentando por vezes
que agora não havia relógios a despertar e que a vida era agora mais calma e que era uma outra coisa estando aposentado

Faleceu subitamente nas ruas da cidade de Paris, onde a comunidade loriguense se deslocou em excursão que anualmente é realizada por esta altura: Quando tudo parecia ser mais um passeio de festa e de convívio virou tragédia, este nosso amigo António Costa sem se queixar de nada, cai bruscamente para não mais se levantar, deixando assim esta vida dos vivos.
Foi na verdade de comoção e um choque grande para a família e para a comunidade loriguense, mas a vida e o destino prega-nos assim estas partidas, Loriga ficou mais pobre e os loriguenses viram partir prematuramente um grande amigo que ainda tinha tanto para fazer por a nossa terra e tanto para viver junto dos seus entes queridos e de todos.
Resta apenas dizer até um dia caro amigo. Descanse agora em PAZ.
(* ap)


Carlos Alves Pereira *
12.3.1948 - 29.12.2017

Recordar aqui Carlos Alves Pereira, conhecido no meio loriguense por "Carlos Galinha" ou o "Carlos do Miguel" é poder falar de um amigo da velha guarda, como se tem por hábito dizer, amigo de infância do mesmo ano, frutos de uma criação ali no nosso Bairro de S. Ginês, onde uma geração despontava para a vida, que mais parecia como sendo tudo uma só família.
Era uma Loriga de outras eras, onde no Bairro de S. Ginês a crianças mais pareciam um bando de pardais à solta, o nosso amigo Carlos já nessa altura era muito determinado naquilo que fazia, espontava nele uma calma de encher os olhos, recordo estar sempre pronto para ajudar na padaria o seu avô António Galinha, distinguia-se de nós todos pelas ideias avançadas que demonstrava e que me surpreendia a mim particularmente.
Entrava-mos na década de 1960, na altura já com os nossos 12 anos, lembro-me ter sido a um dos primeiros que disse que eu ia partir para Lisboa, ficou para sempre na minha memória o seu olhar a fixar-se em mim e dizer-me
"tens cá uma sorte já ires embora daqui, quem me dera que fosse eu também", mas algum tempo depois também ele partiu de Loriga, com os seus pais e irmãos tendo como destino a bela vila de Alenquer onde se fixaram.
Deixei de o ver a partir dessa altura, mas cada vez que passava naquela estrada nacional a principal do país, que passava bem perto de Alenquer, lembrava-me sempre do amigo Carlos, que só nos voltaríamos a encontrar quando fomos a Loriga à inspecção para a tropa, foram dias de farra e marcantes que com pena nossa foram de pouca duração, para depois nos voltarmos a despedir mais uma vez, para percorrer os trilhos da vida, que se vieram a cruzar na vida de emigrante.

Tal como eu resolveu ele também procurar noutro país dar um rumo novo à sua vida, desde então e mesmo ao estarmos no mesmo país, deixei de o ver regularmente visto estarmos longe um do outro, durante alguns anos eram poucas as vezes que ele ia por Loriga e assim mais difícil se tornava para o encontrar, no entanto, ia tendo sempre notícias dele, sabendo que se adaptou também muito bem ao país de acolhimento, profissionalmente chegou a ser chefe de turno na firma onde trabalhava, teve ainda uma vida de sindicalista activa, assim como, muito activo na sua vida pessoal e em prol da comunidade.
Alguns anos depois passou a ir até Loriga com muita mais frequência, nomeadamente, na altura do verão, a partir de então nos voltamos a encontrar com muita mais regularidade, assim como, o encontrei uma ou outra vez na Alemanha, quando fui de visita à região onde ele vivia, nos nossos encontros tínhamos sempre que falar e muito, principalmente dos nossos tempo de criança e de Loriga e dos seus problemas mais vistos por quem vai de fora.

Tal como eu tinha o Sporting no coração, gosto que nos acompanha desde os nossos tempos de crianças, o nosso amigo Carlos era na verdade um Sportinguista convicto, fazia tudo para poder estar presente nas festas do Sporting anualmente realizadas em Agosto na nossa terra, ainda bem há poucos anos fez parte de uma das comissões de festas, foi ele o grande impulsionador para aquisição de umas dezenas de mesas para as Festas Sportinguistas, que veio a comprar na Alemanha e enviou para Loriga, que muito jeito fizeram, inclusive, também passaram a fazer muito jeito à comunidade loriguense, pois vezes sem conta já foram cedidas para os mais diversos eventos.
Depois de mais de três dezenas de anos como emigrante na Alemanha, resolveu regressar definitivamente a Portugal e em princípio à sua origem, pensou mais que uma vez fixar-se em Loriga, no entanto, decidiu achar por bem ir viver para São Romão, mais precisamente na Catraia, mesmo assim não muito longe da terra que foi seu berço.
Ainda não há muito que tive conhecimento de um mal que o atormentava, que se veio agravando com o tempo, neste último ano não tive a oportunidade de o ver, mas ia tendo conhecimento que a doença se agravava, por isso, já não estando presente na Festa do Sporting do verão passado por falta de forças. Mesmo eu sabendo do agravamento da doença que o molestava, foi com choque que recebi a notícia e me leva a pensar, que de um momento para o outro não somos nada.
Vejo partir desta nossa vida um grande amigo, um loriguense amigo da sua terra, um sportinguista, mais um do meu ano e da minha infância que vejo partir mais cedo, quando ainda também tinha tanto para fazer, só me resta agora dizer até um dia amigo Carlos, quando nos voltarmos a encontrar nesse caso já desse lado de lá. Descansa agora em Paz.
(* ap)


Maria de Lurdes Lopes de Moura *
3.5.1936 - 14.9.2018

Poder recordar aqui como um singelo preito, Maria de Lurdes Lopes de Moura, a senhora "Lurdes do Maurício, como assim era mais conhecida no meio loriguense, é poder falar de uma das últimas residentes do nosso Bairro de S. Ginês, dizendo mesmo, que foi das residentes que mais tempo viveu ali naquele pitoresco recanto de Loriga, que com mágoa foi-se percebendo a ficar cada vez mais deserto e praticamente sem ninguém.
Mulher de trato fácil, determinada, divertida e sempre de uma grande aptidão para falar, na verdade no nosso Bairro era um exemplo de comunicação, dedicou grande parte da sua vida na arte da costura, o seu local de trabalho na sua casa, era um verdadeiro local de tertúlia, onde de tudo se falava e se passavam horas infinitas de grande vivência, amizade e convívio entre vizinhas.
Infinitas eras as horas de trabalho nessa sua ocupação de costura, parece que ainda ouço a máquina da costura a trabalhar, para o arranjo das mais variadas peças de roupa, recordo-me também quando essas horas de trabalho diário se prolongavam pelas horas da noite dentro, às vezes até altas horas e já bem perto da madrugada, principalmente quando aprontava ainda a roupa para alguém usar nalguma festa a realizar no dia seguinte.

Muito dedicada às brincadeiras, lembro-me quando ainda criança, um susto que ela fez apanhar à garotada e até alguns homens, quando por influência dela e com outras amigas irem apanhar abóboras grandes, ou seja botelhas, tirarem o miolo e fazerem uma cara que depois punham dentro uma vela, colocando as mesmas iluminadas no muro da capela da NSCarmo, que como se poderá compreender na escuridade da noite o medo que muitos apanharam.
Excelente na confecção de bolos, nomeadamente do Bolo Negro, colaborou também no livro
"Loriga, Sabores de Sempre", foi também sempre como que uma sentinela vigilante da capela da Nossa Senhora do Carmo, mesmo com o nosso bairro a ficar cada vez mais deserto, lá íamos continuando a estar habituados com a presença da senhora de Lurdes do Maurício, como que uma resistente que nos deixava ainda pregados às recordações.

Mas a vida não se compadece e alguns anos a esta parte, começamos a ter conhecimento de estar doente, que com o tempo foi sendo cada vez mais notório, que mesmo com um dom de lutadora e de resistência as forças também foram sendo cada vez menos, estando nestes últimos anos internada como utente no Lar de Idosos do Centro Paroquial da Freguesia de Sazes da Beira, localidade vizinha de Loriga..
A notícia do seu falecimento chegou até mim, ontem dia 14 de Setembro de 2018, desde então fui envolvido na nostalgia das recordações do meu Bairro, vendo assim partir desta nossa vida dos vivos, mais uma residente e das últimas resistentes genuína desse recanto da nossa Loriga. O seu funeral foi realizado hoje sábado dia 15 de Setembro, sendo sepultada no cemitério da nossa terra.
Até um dia senhora Lurdes do Maurício, Descanse em PAZ.
(* ap)


Fernando Moura Aparício
2.3.1940 - 30.3.2019

Recordar aqui como preito Fernando Moura Aparício, é poder falar de uma pessoa por quem sempre tive uma amizade e estima, ao qual de certa maneira fez parte do meu círculo familiar, ao ser irmão de um cunhado meu.
Tenho ainda na memória, quando com ele e com o seu irmão Manuel ia para as terras de cultivo que tinham para lá da Campa, onde cultivava o seu pai, o amigo Fernando era uma força da Natureza, que muito me deu a conhecer o que era a vida do campo e desde esses tempos passei a nutrir por ele uma simpatia, uma admiração e uma certa consideração.
No objectivo de uma vida melhor e proporcionar uma vida também melhor para a sua família, resolveu partir um dia na aventura da emigração, foi para a França onde esteve radicado uns bons e largos anos, era então no verão que me encontrava com ele, também eu já andava na lides e também aventureiro na emigração.

Era então no verão que nos encontrava-mos em Loriga, muito conversávamos dessas nossas vidas pela estranja, como se costuma dizer na gíria popular, o Fernando trabalhava incansavelmente, dizia-me muitas vezes que era uma vida rude, mas tal como todos nós dizemos via-se o fruto do trabalho, notava nele sempre a aclimatada ideia de mais tarde ou mais cedo regressar para a nossa terra, os anos foram passando e por lá continuava era bom com ele conversar com as nossas conversas ter como tema o meio e vida da emigração onde estávamos inseridos.
Até que um dia um grave acidente de trabalho bateu-lhe à porta, por algum tempo deixei de me encontrar com ele, quando algum tempo depois nos voltamos a encontrar já estava mais ou menos recuperado, me chegou a dizer então já não se sentir o mesmo, algum tempo depois pensou afincadamente voltar a Loriga, o que viria acontecer regressando à sua querida terra o seu berço e também à sua adorada família.
Alguns problemas de saúde entretanto foram surgindo na sua vida, com o tempo foi ficando cada vez mais atenuado quando os problemas de mobilidade passaram a ser uma realidade na sua vivência, passei a encontrar-me com o ele lá pela sua porta, na altura já se não atrevia a sair dali, porque a doença estava cada vez bem presente, que não lhe permitia poder ir mais além.

Era um sportinguista convicto e dos sete costados como se costuma dizer, tinha também o hábito de assistir às Festas Sportinguistas em Loriga, que se realizam no verão, só que com a doença deixou de poder ir. Tenho ainda presente a última que ele assistiu ainda há poucos anos, quando alguns amigos o foram buscar e o levaram até ao recinto da Nossa Senhora da Guia, onde decorria a festa, lembro-me o ver bem emocionado e nos seus olhos um brilho de felicidade de estar ali, foi mesmo gratificante o ver ali nessa festa onde passou alguns momentos muito feliz.
Ultimamente o passei a ver na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde era utente, uma última vez que eu ali estive ainda recordamos com saudade tempos que nos ficaram na lembrança. Recentemente uma alteração de saúde originou que não conseguisse resistir, falecendo no sábado dia 30 de Março, tinha 79 anos de idade.
Recebi a notícia do seu falecimento, por momentos medito e penso no caro amigo Fernando, que termina a sua passagem na vida e na terra, foi sepultado na sua adorada terra hoje dia 1 de Abril de 2019. Fica-me em mim a recordação de mais um amigo que vejo partir desta terra dos vivos. Até um dia amigo Fernando descanse agora em PAZ.
(* ap)


José Nunes Dias *
19.10.1945 - 28.5.2019

Recordar o amigo José Nunes Dias, o "Zé Lino" como assim era conhecido no nosso meio loriguense, é poder como tributo falar de um amigo da velha guarda, desde os nossos tempos de criança, que vivendo bem junto ao Bairro de São Genês, fazia por isso também parte, daquele recanto de Loriga.
Naquela altura quando crianças, era notório em alguns uma mais irrequietude do que noutros, o Zé Lino era daqueles diferenciava por ter uma maneira calma e descontraída, tal como quase todos dessas idade, o jogar à bola era como que uma obsessão, o amigo Zé tinha uma certa aptidão a jogar a guarda-redes, por isso o eleito para a baliza nos nossos jogos de futebol entre o
"Cimo" e "Fundo" de gratas recordações.
Lembro-me como se fosse hoje quando o vi entrar para a Banda Filarmónica de Loriga, tendo eu arregalado o meu olhar ao vê-lo fardado todo impecável, ao mesmo tempo que me parecia como que tímido e estranho, mas na verdade ali o via todo ancho, verdadeiramente feliz e com aquele seu sorriso que demonstrava uma paixão enorme, que parecia já estar a viver, mal eu sabia que o ia ver assim décadas de anos de um amor grande pela Banda da sua terra.
Na altura de crianças e jovens chega depois a hora que cada um seguir o seu destino, alguns foram sempre fiéis à nossa terra e por lá ficaram, tal como o amigo Zé Lino, outros tal como eu seguiram outro rumo deixando para trás aquele nosso cantinho, só o voltei a encontrar alguns anos mais tarde quando voltei novamente a Loriga, numa altura também em que ele tinha chegado da vida militar e do ultramar e eu estava a começar essa caminhada.

Fez a sua campanha de guerra por terras de Moçambique, integrado na Companhia de Caçadores 1618, conhecida por "Toupeiras da Selva" que estiveram naquelas paragens e em cenário de guerra de 1966 a 1968. Chegou-me a contar alguns episódios bem marcantes que passou, me dizendo muitas vezes que apesar de tudo teve sorte de regressar bem, o mesmo não puderam dizer alguns seus camaradas que tombaram em combate, bem como, outros dos seus companheiros que foram feridos.
Depois da vida militar cumprida, chegou a assistir a muitos dos convívio de confraternização que a sua companhia foi fazendo todos os anos, até que um dia resolveu ser ele a organizar um desses convívios em Loriga, que se traduziu num grande sucesso, conseguindo reunir e trazer à nossa terra cerca de 110 pessoas entre antigos colegas e familiares, vindos das mais variadas regiões do país, com a recepção a ser efectuada nas instalações da Banda de Loriga, depois houve um cortejo a pé até à Igreja Matriz onde decorreu uma missa cantada por vários elementos da Banda da Música, seguindo-se o Almoço do Convívio realizado na Nossa Senhora da Guia (um belíssimo cenário para este géneros de convívios) onde na "Casa do Fogueteiro" decorreu um almoço, num ambiente de grande amizade e fraternidade.
Depois do seu regresso da vida militar, já então casado, resolveu então também tentar a aventura da emigração, à procura de uma vida melhor, emigrou para Alemanha deixando assim a sua querida terra, na hora da partida transportou com ele toda uma nostalgia da saudade, com a qual passou a viver diariamente. Por essas terras da estranja uma das prioridades foi comprar um rádio com as respectivas ondas curtas que desse para apanhar a RDP internacional, numa avidez enorme para saber as noticias do seu Portugal, tornando-se dessa forma durante os anos que por lá andou, num assíduo ouvinte dessa emissora portuguesa transmitida de Lisboa.

Esteve sediado na Alemanha durante 10 anos (de 1972 a 1982) nessa altura só nos encontrávamos na altura do verão e assim íamos pondo a conversa em dia, pelo meio notava nele aquela ideia de que não estaria por muitos anos nessa vida de emigrante, aquele bichinho da saudade dentro dele parecia ser cada vez mais forte, não me surpreendendo ao ter conhecimento do seu regresso, voltando assim às suas origens e à sua adorada terra com o qual sempre sonhava.
Quase meio século de músico, que na verdade passou a ser uma referência na nossa Banda de Loriga, onde andou cerca de 44 anos, que poderiam até traduzir em 60 anos, se não fossem interrompidos quando esteve emigrado na Alemanha durante 10 anos e 3 anos no serviço militar, acrescentando-se ainda mais 2 anos, que após o seu regresso da Alemanha, que tendo uma vida laboral muito ocupada numa Padaria local o impossibilitava de poder dar o seu contributo à Banda. No entanto, no meio de tudo isso e principalmente quando estava emigrado e estando de férias na sua terra, estava sempre pronto e disponível a dar o seu contributo à sua querida Banda.
A sua paixão pela música e pela Banda de Loriga era algo sedutor, foi na verdade uma vida dedicada a esta nobre instituição loriguense. Cerca de três anos atrás, quando completou o seu 71º. Aniversário a sua família, esposa, filhos e netos resolveram homenageá-lo pela sua dedicação à Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, uma festa bonita, culminada com uma surpresa, ao lhe ser oferecido pelo seu filho Pedro as partituras da Marcha de Rua
"Zé Lino" que mandou elaborar, que na verdade o comoveu muito e mais emocionado ficou quando a Banda de Loriga a tocou pela primeira vez, ficando assim perpetuado para sempre aquela paixão com que sempre viveu de amor à Banda.
Era o músico com mais idade a tocar na Banda de Loriga, quase todos os anos me dizia que estava na hora de terminar, no entanto, aquele bichinho que tinha pela Banda o fazia recuar, muitas vezes lhe disse que não acreditava, bem como, vezes sem conta lhe disse que ele era uma referência que era mesmo eterno, mas nos últimos tempos que estive com ele notei que na verdade seria dessa vez, que ia mesmo pôr-se de parte, porque entretanto também, a sua saúde foi-se alterando.
A doença foi-se apoderando dele, tentou lutar e sempre pensei que superava, fui tendo conhecimento que o problema era na verdade grave. No passado dia 12 de Maio, deu entrada no hospital da Guarda, após uma súbita alteração ao seu problema de doença, as notícias que entretanto eram do meu conhecimento não era animadoras.
A notícia chegou até mim ao ser informado que o amigo Zé Lino, não conseguiu vencer a batalha que estava travando, tinha então acabado de partir deste nosso mundo dos vivos, nesta segunda-feira dia 27. Maio 2019, muitas lembranças me vieram à memória, mais um amigo que vou notar a sua falta quando voltar a Loriga, mas a vida é assim, por vezes ingrata, fica-me a recordação do Zé, que tive o privilégio de ter como amigo.
O funeral foi realizado hoje (terça-feira) dia 28. Maio em Loriga. Até um dia amigo Zé, quando nos voltarmos a encontrar mas agora nesse lado de lá. Descansa agora em PAZ.
(* ap)


Emílio Moura Abrantes +
(4.3.1944 - 14.1.2020)

Recordar aqui Emílio Moura Abrantes, é poder homenagear um velho amigo, por quem tive uma certa amizade e estima, que ao partir já desta nossa vida fica-nos a sua recordação.
Percorremos juntos os primeiros passos da emigração, quis o destino que ao partirmos para Alemanha no mesmo dia, fomos parar à mesma cidade onde passamos a viver e a trabalhar, enquanto eu um ano mais tarde dali sai e fui para outra região, o amigo Emílio por ali ficou, mas relativamente pouco tempo, a saudade da família e da terra, começou a falar mais alto e resolveu regressar a Loriga que tanto adorava.
Na altura eram tempos diferentes, estando nós na mesma cidade, vivia-mos em locais oposto, mas nos encontrávamos muitas vezes, nomeadamente aos fins-de-semana, foi para mim um exemplo de vida, sendo eu mais novo e ainda solteiro e ele já casado e muito mais experiente na vida, transmitiu-me ensinamentos e conselhos importantes que foram marcantes, para o meu viver no quotidiano dos primeiros tempos dessa nova vida, quando não era fácil quando se chegava ao estrangeiro.
Regressou a Portugal e a Loriga onde passou a trabalhar numa fábrica malhas local, era no verão quando me encontrava com ele, era então quando colocávamos a conversa em dia, principalmente falarmos da nossa vida pela estranja, de vez em quando me ia dizendo que tinha saudades da Alemanha e que já estava arrependido de ter regressado um pouco cedo, no entanto, estava feliz por estar em Loriga e junto da família.

A sua maior ambição era ter uma casa, vezes sem conta lhe ouvi esse seu maior desejo, tenho na recordação de uma das vezes que me encontrei com ele em Loriga, ver nos seus olhos um brilho de felicidade ao dizer-me que ia construir uma casa que já tinha o terreno e que em breve ia começar com as obras, ficando eu próprio feliz por ver nele toda essa felicidade e o ver concretizar um sonho que tanto ambicionava, que tanto desejava e que tantas vezes lhe ouvi falar nessa sua ambição.
Homem determinado, trabalhador incansável, com ideias fixas e bem fincadas, com o fruto do seu trabalho na fábrica onde trabalhava e na dedicação ao seu trabalho na agricultura, lá foi conseguindo lutar por uma vida melhor. Esse seu gosto no maneio das terras de cultivo, era para ele um prazer enorme de poder colher o que a terra lhe podia dar. Junto à sua casa e apesar do terreno muito irregular, conseguiu construir esse seu cantinho de cultura que me dava a entender que tinha conseguido todo o seu sonho, ter a sua casa e ter um cantinho para cultivar junto à mesma, estar na sua terra que tanto adorava e viver a vida, foi na verdade tudo com que tinha idealizado.

Alguns tempos a esta parte e cada vez que eu ia a Loriga e o visitava, lá me ia dizendo que se sentia doente, na verdade problemas de saúde o iam atormentando, notei então nele alguma falta daquela mesma e sempre energia como sempre o conheci, mas mesmo assim não parava de trabalhar no manejo das terras daquele seu recanto, que tinha gosto de me mostrar e me ir dizendo, que tudo o que ali eu via foi conseguido através de muito e muito seu trabalho.
Neste último ano, quando estive pessoalmente com ele e depois falando mais através do telefone, fui tendo conhecimento do acentuado e notório agravamento dos problemas de saúde que o afectavam, eu próprio comecei a notar a vê-lo perder aquela sua força lutadora de verdadeiro guerreiro contra essas suas enfermidades, que sistematicamente teimavam em atormentá-lo.
Faleceu no hospital de Seia, para onde foi transferido depois de ter esta no hospital da Guarda, eram seis horas da manhã deste passado dia 14 de Janeiro de 2020, quando o amigo Emílio deixou esta terra dos vivos, ficando em mim mais um amigo que parte e assim nos deixa, mas que vai manter-se em mim e na minha recordação.
Até um dia amigo Emílio quando nos voltarmos a encontrar, só que dessa vez será nesse lado de lá. Descansa em PAZ.
(* ap)


José Duarte Marcos *
24.2.1945 - 17.11.2021

Recordar aqui José Duarte Marcos, é um Tributo a um amigo desde os nossos tempos de infância no nosso Bairro de S.Gínês, um amigo que vejo partir desta nossa vida, na certeza de me ter deixado gratas recordações, mais um que vou sentir a sua falta quando voltar à nossa Loriga.
Ainda me lembro ele ir para Coimbra muito novo, já espigadote o vemos um dia chegar a Loriga e de imediato ali estava connosco no Terreiro da Lição, um dos seus lugares de habitar, juntando-se aos seus amigos de infância que continuavam ainda por ali a viver. Trazia para nós já uns conhecimentos avançados, adquiridos lá por Coimbra, um deles ainda recordo nos ensinando a fazer umas bombitas que faziam ir bem alto as latas de graxa dos sapatos, que fazíamos estremecer ali o nosso bairro, ao mesmo tempo que fazíamos arreliar a nossa gente mais idosa.
Entretanto, cada um começa a tomar o seu rumo e a saída de Loriga da maioria era um facto real, como foi o meu caso só voltando ao nosso berço alguns anos depois, me voltando a encontrar com o amigo Zé, já ele estava trabalhando na Metalúrgica Pedro Vaz Leal, ao mesmo tempo ajudando o seu pai, conhecido e conceituado comerciante, que tinha a sua pequena loja de mercearia na rua José Mendes Veloso, bem encostado ao nosso típico e histórico bairro.

Depois do falecimento de seu pai, mesmo tendo a sua ocupação profissional como trabalhador na Metalúrgica Pedro Vaz Leal, com o legado dos ensinamentos comerciais deixado pelo seu pai, o amigo Zé continuou a gerir a loja, até que um dia resolveu abrir uma casa de electrodomésticos no Vinhô, sidiada na casa do senhor Augusto Nunes de Pina, naquele pitoresco lugar e histórico da vila de Loriga, onde esteve algum tempo nesse ramo como casa de electricidade.
Tempos depois e ao deixar a sua ocupação como trabalhador na Metalúrgica, então sim, o mote em endereçar pela via comercial, foi logo um passo bem significativo para se dedicar a tempo inteiro, tendo cada vez mais a sua loja bem equipada com electrodomésticos da moda, que na verdade foi de muita utlidade para muita gente em Loriga.
Como que um
chamamento, resolveu regressar às suas origens, ao transferir a sua casa comercial para o Terreiro da Lição, onde permaneceu até aos tempos actuais, regressando ao Bairro que ele tão bem conhecia, ocupando uma pequena loja que também faz parte da história de Loriga, pois por estranho que pareça, aquele espaço apesar de pequeno, já ali esteve instalado os Correios, a Junta de Freguesia, uma Barbearia, uma casa de fotografia, entre outras.

A casa de electrodomésticos do José Duarte Marcos ali no seu Bairro de S.Ginês, foi pois uma casa onde se encontrava tudo relacionado artigos eléctricos e, que mesmo não havendo no momento o que uma pessoa pretendia, tudo fazia para rapidamente mandar vir e assim satisfazer os seus clientes, por isso, se chamar uma verdadeira "Casa de Bairro" que bem necessária foi em Loriga, que foi dessa forma resistindo aos tempos, em que o seu proprietário tinha como lema o bem servir.
Alguns anos a esta parte o amigo Zé, foi lutando com uma certa enfermidade que o ia a tormetando, mas mesmo assim quando o encontrava, a sua maneira determinante de comunicador e sempre disposto para falarmos e recordarmos, transmitia para os amigos uma contagiante disposição, com aqueles mommentos recordações que nos fazia como que renascer.
Ultimamente o seu estado de saúde se foi agravando, encontrava-se por último internado na UCP (Unidade de Cuidados Paliativos) integrada no espaço do hospital Nossa Senhora da Assunção em Seia, onde faleceu na noite do passado dia 17 de Novembro 2021, deixando esta nossa vida dos vivos, vendo eu partir um amigo que indo mais cedo esperará por todos nós. Até um dia amigo Zé. Descansa agora em PAZ.
(* ap)


António Mendes Pina *
(1949 - 26.12.2021)

Recordar aqui o nosso camarada António Mendes Pina, é um Tributo a este nosso Ex Combatente Loriguense do Ultramar, que agora nos deixa, após já algum tempo a lutar com uma doença que o atormentava, mas que lamentavelmente a Covid19 veio a complementar para este desfecho.
Amigo do seu amigo era uma pessoa de bem, honesta, humilde e de trato fácil, que tinha uma maneira própria de estar na vida, com o seu sempre presente e contagiante modo de dizer uma graça, granjeando ao longo da vida a estima e consideração dos seus conterrâneos, que o foi caraterizado por ser como que o "empreiteiro do povo" quando a ele recorriam, porque na verdade muita vez transformava o velho para novo, nos ficando a recordação de toda a sua dedicação ao trabalho nas obras.

Foi um dos voluntários na edificação do monumento "Aos Nossos Combatentes do Ultramar" que com a sua evidente calma e com os seus conhecimentos e mestria, foram na verdade fundamentais e muito importantes na colocação e assentamento milimetricamente do enorme e pesado bloco de pedra, ao ser ali colocado naquele local.
Foi na realidade um trabalho digno de registo, tudo planeado ao pormenor e ao milímetro, para que nada faltasse e ficasse perfeito, o que veio a acontecer, em que o nosso camarada Pina empreendeu todo o seu esforço para que isso fosse possível. Por isso, com o seu contributo e onde foi bem notório o seu empenhou e profissionalismo, ficou bem patente para a história ser também um dos obreiros na construção deste nosso Monumento, hoje considerado um ex-libris na vila de Loriga.
Podemos ainda aqui recordar um pouco da sua vida militar, em que prestou serviço na Marinha, tendo feito a sua comissão do Ultramar no Arquipélago de Cabo Verde e também em Angola, no período de 1971 até 1973. Na altura que esteve em Cabo Verde, esta zona era de privilégio para os pescadores japoneses na pescaria do atum, por conseguinte era muito fácil adquirir camaras fotográficas das mais sofisticadas na época, que esses próprios pescadores traziam.
Assim, o nosso camarada Pina, logo que ali chegou adquiriu ao japoneses uma máquina fotográfica tornando-se logo de imediato o fotógrafo da sua unidade, que segundo se sabe tinha até um certo jeito, passando a registar as suas fotos e dos seus camaradas para depois mandarem para as famílias, tendo até nos confessando, ter ainda ganho alguns cobres nesta sua nova faceta no período da sua vida militar.

A notícia da sua morte deixa-nos desolados ao vermos partir desta vida o nosso amigo Pina. Faleceu no hospital da Guarda onde tinha dado entrada depois de uma nova alteração de saúde. O funeral foi realizado em Loriga hoje dia 27.12.2021, pelas 16h30, onde foi sepultado no cemitério local para descansar em Paz.
Deixou esta vida na Terra, quando ainda tinha tanto para fazer, tal como, recentemente também nos deixou Carlos Pinto Nunes, outro nosso ex combatente, na verdade duas populares figuras que de certa forma deixaram mais pobre a nossa Loriga e que nos deixaram com as recordações e saudades.
Até um dia Camaradas.
*
(ap) - (Subescrevendo na íntegra este texto retirado da Página dos Ex Combatentes aqui me prezo a registar) (Dezembro/2021)


José Nunes Pereira *
(23.2.1942 - 24.1.2022)

Recordar José Nunes Pereira, é um Tributo que me prezo aqui fazer a um amigo que nos deixa nesta vida física, mas na certeza de ficar para sempre nas nossas memórias.
Mesmo se considerando não ter nascido em Loriga, mas sim na vizinha localidade de Alvoco da Serra, onde sua mãe ali se encontrava casualmente, nesse dia do seu nascimento, era no entanto, um daqueles bairristas que adorava a nossa terra, digo mesmo com argumento de um loriguense dos sete costados como se diz na gíria popular.
Convicto e determinado numa maneira própria de olhar Loriga, conhecia muita da história da nossa terra e seus locais, mais ainda identificava a serra como ninguém, conhecia, desenhava e percorria trilhos como que só ele sabia fazer, uma outra vez fui com ele para me mostrar muito dos mistérios da serra e que eu desconhecia, por vezes me parecia que falava mesmo com as pedras ali há milhares de anos silenciosas.

Um verdadeiro artista em trabalhos artesanais, um colecionador nato de muitos objectos antigos e um colecionador de pequenas pedras originais de muitos outros países pelo mundo, onde só ali se podem encontrar, criou um seu museu num espaço específico para colocar todo esse seu espólio, que me deslumbrava ao vê-lo, tudo tratado carinhosamente e tudo muito bem catalogado, irei sempre recordar quando me explicava as pedras e os seus mistérios, que eu pensava serem todas iguais, quando na verdade são diferentes umas das outras.
Na procura de uma vida melhor resolveu também emigrar, foi um dos milhares oriundos da nossa região que partiram no tempo do grande êxodo emigratório, tendo como destino os países europeus. Fixou-xe na Holanda, adptando-se muito bem ao esse país de acolhimento, tanto a nivel profissional como social, por lá esteve longos anos mas sempre que podia vinha às suas origens e era um prazer com ele me encontrar, tendo sendo uma história para me contar.
Ex Combatente do Ultramar, fez a sua comissão em Angola, passou por lá tempos complicados e a viver em paredes meias com o perigo, que como dizia sobreviveu. Fez parte comigo na Comissão dos Combatentes no ano de 2018, sendo também desde a primeira hora um grande entusiasta com o Monumento "Aos Nossos Combatentes do Ultramar" em Loriga, pelo qual nutria um carinho especial, ficando na memória aquele seu gesto de registo, que cada vez que ia à nossa terra, uma das primeiras coisas que fazia era adquirir flores naturais para ali colocar, homenageando dessa forma todos os camaradas, nomeadamente os falecidos.

Algum tempo atrás comecei a ter conhecimento que padecia de uma enfermidade, entretanto surgida, que se foi agravando e pela qual ia lutando dentro das suas forças. Na ultima sua ida a Loriga chegou mesmo a confidenciar a alguns amigos "que era a última vez que ia a Loriga"
O telefone me toca e uma voz amiga me diz "morreu o nosso amigo Zé da Luz", noticias que se não gosta de ouvir, mas na realidade é assim a vida, caimos em nós e passamos a recordar os momentos dos nossos encontros que tivemos, o vemos partir mais cedo e vai esperar por todos nós.
Faleceu na passada segunda-feira 24.1.2022, na Holanda, ondeserá realizado o seu funeral.
Até um dia Amigo Zé, DESCANSA EM PAZ.
(* ap)


António Mendes Guilherme *
(12.1955 - 3.4.2022)

Recordar aqui como um Tributo o "Tó Guilherme" como assim era também conhecido, para além de ser meu familiar é também poder aqui falar de um amigo e de uma pessoa de bem, que nos deixa um espaço vazio e do qual vamos ter muitas saudades.Comecei a ter um contacto permanente com o Tó, era ele ainda um jovem, decorria o ano de 1972, quando do meu regresso da Guerra do Ultramar e quando decidi fixar-me em Loriga, na altura fazia ele parte dessa geração de jovens loriguenses, que lhes fervia no sangue o gosto pelo desporto, quando o nosso Grupo Desportivo Loriguense, passava por mais uma crise de actividade desportiva praticamente nula.
Nesse prisma, os jovens resolveram fundar o Futebol Clube
"Os Dragões" um projecto idealizado principalmente para o futebol, que na época chegou a ter uma certa projeção com quase todos os jovens aderirem, em que era enorme um gritante entusiasmo pela vila, complementado com muita alegria, que também foi contagiante para gente com idade mais à frente, que de imediato também se uniram, onde eu próprio me incluo e com eles me envolvi nesse grande projecto já em marcha.
Um dos fundadores desse projecto foi o amigo "Tó Guilherme" muito motivado e já com muita visão virada para o futuro, ao mesmo tempo determinado e decidido, impressionava-me a sua maneira calma que o fazia sobressair na juventude dessa época, por isso, era visto como uma voz certa, nada sendo feito sem a sua opinião, foi ele mesmo o criador ao apresentar o nome Futebol Clube
"Os Dragões" que depois todos concordaram.

Foi pena ter sido tempos que passaram depressa, pois entretanto, as vidas de cada um de nós começaram a ter rumos diferentes, ficando para trás uma época marcante enquanto jovens, que nos deixou saudades e que muita vez recordava com ele, tendo sido um choque grande para ele e para mim, quando do falecimento do nosso amigo Luís Carlos Almeida Pinto (1955-2011), o grande obreiro também desse projecto dos "Dragões".
Anos mais tarde tive o privilégio de ele entrar para a minha família por meio do matrimónio com a minha sobrinha Maria do Rosário, desde então, se eu já tinha enorme simpatia e admiração por ele mais fortaleceu. Entrou na nossa família e logo tivemos para com ele uma certa adoração. Muito amigo da família e de todos, estava sempre pronto a ajudar no que pudesse ser prestável, trabalhador incansável e amigo do seu amigo, era na verdade uma pessoa de bem, que valeu a pena com ele conviver.
Foi diretor em alguns organismos em Loriga, nomeadamente, no Grupo Desportivo, onde chegou a ser também jogador. Resolveu um dia partir emigrando na busca de uma vida melhor e também para os seus. Fixou-se na Suíça onde esteve durante alguns anos, mas sempre que podia vinha até à sua adorada Loriga, até que um dia resolveu regressar definitivamente à nossa terra, chegou-me a dizer que foi uma experiência de vida de emigrante que de certa forma foi gratificante.

Foi durante parte da sua vida atormentado com problemas de saúde e com o qual passou a viver, mas nestes últimos tempos o foi apoquentando ainda mais. Foi internado no hospital em Viseu, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica, mas e quando menos se esperava infelizmente chegou a sua hora nesta terra em que vivemos. Falecendo na noite de domingo do dia 3 de Abril de 2022.
Cá longe o telefone toca, voz conhecida me dá a notícia que nunca se espera e não se queria receber, mas é a realidade desta vida, um choque nos percorre e nesses momentos me fez cair em mim, me fez recordar os belos tempos que passamos, que conversávamos e recordávamos, mas o mais lamentável de tudo, é ver
partir uma pessoa de bem e do qual foi uma ventura em o ter tido como amigo.
O funeral foi realizado em Loriga, onde foi sepultado, ficando Loriga e todos nós mais pobres. Até um dia amigo Tó, quando nos voltarmos a encontrar nesse lado de lá, que agora passastes a conhecer. DESCANSA EM PAZ AMIGO.
(* ap)


António Luís Pina *
(2.8.1920 - 8.6.2022)

Recordar aqui o senhor António Luís Pina, é um tributo que faço a uma grande figura de Loriga e grande bairrista, mas também lembrar uma pessoa amiga e notável, por quem tive uma enorme estima e consideração e que tive o privilégio do ter feito parte do seu meio de amigos.
Uma longevidade de vida como que uma dádiva de Deus, atingindo a bonita idade dos três dígitos, sendo para mim gratificante poder com ele falar, como até ainda há bem pouco tempo, sempre com uma disposição contagiante e o seu dom de bom conversador, que me deslumbrava cada vez mais ao recordar-me da sua idade, ultimamente a sua surdez impossibilitava de poder mais vezes com ele falar.
Vou sempre recordá-lo como um amigo e como uma pessoa fascinante, ainda como um comunicador nato em que a sua lucidez e a sua memória prodigiosa que me encantava, sempre pronto para conversar comigo logo assim que me via, principalmente, no verão quando de visita também a Loriga ali nos encontrávamos, sempre tinha uma história para me contar, dos tempos antigos da nossa terra, que me deliciava o ouvir.

A sua vida foi um autêntico livro, sempre gostou de escrever, mesmo ainda há bem pouco tempo e apesar da sua avançada idade, continuava nele aquele bichinho de escrever coisas de Loriga, são conhecidos muitos dos seus artigos publicados em jornais, nomeadamente, no Jornal "Garganta de Loriga" em que tinha todo o prazer de dar a conhecer muito de Loriga antiga, que muitos de nós desconhecia.
O senhor António Pina vai ficar para sempre na minha recordação como uma pessoa de bem, amável, por quem tive uma simpatia especial, ficará para sempre na memória de Loriga como um seu filho que mesmo vivendo fora dela a não esquecia, recordando sempre com nostalgia o seu amado cantinho
Viveu quase sempre em Lisboa, até que um dia resolveu ter uma sua casa em Loriga, a terra que foi seu berço e que tanto adorava, onde pudesse ir e assim matando saudades, ao mesmo tempo regalar-se com os ares puros e viver com a recordação dos seus tempos quando por ali viveu.
Alguns anos atrás passou a residir no Algarve radicando-se em Olhão, um dia ao passear eu pelo aquelas zona dou com ele numa esplanada nesta acolhedora cidade, foi uma festa e ali estivemos numa cavaqueira mais, eu estava apenas de passagem mas foi bonito e foi bom ali me encontrar com ele, que no mesmo pensamento se exclamou "como o mundo é pequeno".

O telefone tocou e me chega a notícia do falecimento do senhor António Pina, meditei e me veio à lembrança numas das última vezes que falei com ele me dizer, que ainda nos tinha-mos que encontrar ou em Loriga ou em Olhão, mas a vida é mesmo assim a sua presença física na terra tinha chegado ao fim. Tinha 101 anos e a pouco mais de um mês de completar os 102 anos.
Faleceu bem cedo na manhã do dia 8 de Junho de 2022, na sua residência em Olhão. Até um dia caro amigo senhor António Pina. Descanse em Paz. (* ap)


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