Arquivo
Memorial
(Dados históricos e variados temas para conhecimento) |
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Aqui se registam vários temas de acontecimentos,
dados documentados, documentação de interesse e registos históricos,
que fazem parte da história escrita de Loriga e da sua gente. |
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REQUALIFICAÇÃO DA
ESTÂNCIA DE ESQUI DA SERRA DA ESTRELA (X) *
AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL |
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EXPOSIÇÃO |
(nos termos da
Consulta Pública publicitada pela CCDRC no Aviso de 24 de Janeiro de
2011) |
INTRODUÇÃO
Não se pretende
com esta exposição uma análise exaustiva a todo o estudo
de impacto ambiental apresentado. Ele é extenso e com inúmeras
adendas o que logo revela a ligeireza com que toda a problemática ambiental
(e não só…) tem sido encarada pela entidade "dona
da obra"e proponente.
Não se pretende fazer qualquer
analise à parte técnica, pois, para isso, haverá gente
muito mais habilitada, que terá em conta se os mecanismos são
práticos, caros, agressivos, rentáveis e se viáveis.
O que se pretende essencialmente
com esta apresentação é de certa forma um olhar mais atento
sobre a realidade do que se tem passado ao longo de várias dezenas de
anos com uma concessão que, bem analisada, conserva em si tudo o que
de mau tinha o antigo regime; por isso essa concessão está informado
dum espírito em nada conforme com a modernidade e dinâmica que
hoje se exige. A começar, no não envolvimento(antes pelo contrário….)das
pessoas e entidades locais, nomeadamente as autarquias e outros representantes
das comunidades que têm terrenos baldios integrados na zona concessionada.
Nunca houve preocupações
com os impactos que tal actividade tem tido no alto da Serra, quer a nível
ecológico quer a nível social, sendo notória a sua resistência
à efectivação deste estudo por parte da concessionária.
Pretende-se pois questionar as muitas
lacunas que existem no referido estudo, quer as soluções para
a minimização dos impactos ambientais, quer a sua componente
económico-social, até por se localizar sobretudo na NUT Serra
da Estrela, que apresenta hoje os piores índices de rendimento do país.
Não se pretende vedar aquela
área à prática de actividades de lazer e desporto; pretende-se
sim, que tal actividade seja desenvolvida em harmonia com a fragilidade daquele
ecossistema, garantindo um ambiente saudável para o presente e para
o futuro; pretende-se ainda, que recursos gerados pela ocupação
e utilização daquele espaço revertam para os legítimos
titulares, contribuindo para o seu desenvolvimento socioeconómico e
dinamizar outras actividades conexas nesta área da serra da Estrela
e do concelho de Seia, o que, até agora, não se verificou.
Exige-se desde logo o respeito por
esta área da serra, que constitui a encosta sudoeste da Serra da Estrela,
mais concretamente os Vales de Loriga e Alvoco da Serra e o concelho de Seia
e que são pura e simplesmente desprezados no estudo em causa, com caracterizações
aligeiradas e sem a profundidade que um estudo desta natureza exige.
Esta explanação focará
alguns pontos que se consideram pertinentes e que devem ser plasmados no estudo
para o tornar credível e susceptível de merecer aprovação.
Que reflectem uma exigência das populações de Loriga e
do próprio Concelho de Seia que tem simplesmente sido marginalizado
da gestão desta parte do seu território, quer na fiscalização,
quer na obtenção de recursos, nomeadamente os fiscais. Existe
ali actividade económica, na freguesia de Loriga e concelho de Seia
que gerarão lucros e impostos.
Mas também, e não menos
importante, a conservação dos valores ambientais que serão
postos em causa, dado o aumento pretendido de actividade humana num ecossistema
extremamente frágil e degradado por anos a fio de exploração
desregrada.
Bastará, como fundamentação
deste documento, a mera observação directa que ao longo das últimas
décadas se tem da área em apreço, materializada aqui na
apresentação de algumas peças fotográficas da nossa
autoria e de amigos próximos que acordaram na sua utilização.
Assim, e como o próprio documento
refere, praticamente toda a área ocupada pela Estancia de Esqui localiza-se
na freguesia de Loriga, excluindo uma faixa estreita que vai da estrada de
acesso a Torre, do lado esquerdo, de montante para jusante, e que forma ali
o inicio da drenagem para o Rio Zêzere. |
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VILA DE LORIGA
CARACTERIZAÇÃO
DA AREA DA ESTANCIA DE ESQUI |
Caracterização geo-morfologica
(ver estudo) |
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Titularidade
A área em
estudo está localizada na sua grande parte nos limites da freguesia
de Loriga, fazem parte dos baldios de Loriga, geridos actualmente pela freguesia
de Loriga.
Os Baldios são inalienáveis
desde tempos imemoriais e só podem ser ocupados por infra-estruturas
ou construções de grande interesse público; a sua gestão
é assegurada pela Freguesia ou comissão de Compartes, moradores
da freguesia, em cujos limites se localizem.
Os proveitos reverterão a
favor dos moradores, assim considerados na lei actual se na freguesia forem
eleitores.
Como ilação, apenas
se conclui que os terrenos abrangidos não são e jamais poderão
ser apropriados por quem quer que seja.
Os baldios não são
sequer do domínio público, são das populações
e, por isso é devido o pagamento pela sua ocupação a quem
gere os baldios, neste caso à freguesia de Loriga.
Lamentável é a própria
caracterização feita a Loriga, que ofende um passado e ainda
presente centro social dinâmica, com grande riqueza patrimonial a nível
industrial, paisagístico e ecológico.
Igualmente lamentável a omissão
à estrada nacional 338, também ela um acesso à Estância
e que permite até mais rapidamente o acesso dos utilizadores de e para
Loriga, sendo um factor 5
potenciador da utilização
das suas unidades hoteleiras e restauração, e, eventualmente,
fomentar novas actividades conexas.
Despreza ainda o estudo todo concelho
de Seia revelando uma tendência, que é significativa, a favor
da encosta sul da Serra da estrela, ou seja ao município da Covilhã.
Ora, a Estância de Esqui fica
quase exclusivamente na freguesia de Loriga, concelho de Seia, não podendo
uma concessionária olhar só para o lado da serra onde tem a sua
sede. |
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Medidas concretas
a serem previstas no Estudo de Impacto ambiental e relevantes para aceitação
de qualquer actividade nos ora chamados Baldios de Loriga, denominados cartograficamente
como Covões de Loriga e onde se encontra instalada, ilegalmente, há
muitos anos uma Estância de Esqui |
1ª Manutenção
da qualidade das Aguas. |
A área dos
Covões de Loriga, onde se localizam as pistas de Esqui, são drenadas
por 2 linhas de água: uma escorre para o Covão do Quelhas, a
outra, de formação artificial recente, acompanha o estradão
de acesso à Base da Tele-cadeira e flecte para a direita, para uma charca•
que depois, através de uma linha de água, se precipita até
ao Covão Boieiro, continuando depois na que poderemos já denominar
Ribeira de Loriga, para o Covão do Meio, onde é represada e,
durante o Inverno, é transvazada para a Lagoa Comprida pelo túnel
ali existente. Também as águas do Covão do Quelhas, vazantes
na época do funcionamento da estância, drenam para o Covão
do Meio e são transvazadas para a Lagoa Comprida através do já
referido túnel, indo reforçar o sistema hidroeléctrico
da Serra da Estrela, que existe do lado norte da Serra na encosta do Rio Alva,
entrando assim a água no complexo de produção de electricidade
e distribuição de água, centralizada na ETA da Senhora
do Desterro. Assim, a poluição das águas na Estância
não prejudica somente a bacia da Ribeira de Loriga. |
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Fotos: Algumas imagens
que testemunham a poluição das aguas, na linha de agua que acompanha
o estradão até a base da Telecadeira. |
A observação
directa permite constatar, como as imagens anexas bem atestam, que do edifício
de apoio e principalmente do Bar, no fim da época da Estancia, as fossas
ou são pura e simplesmente descarregadas na linha de água que
acompanha o estradão de acesso à Base da Telecadeira, ou são
rupturas que provocam essas descargas; o cheiro pestilento e os indícios
muito fortes da existência de detritos provenientes de instalações
sanitárias em nada abonam a favor do controlo e da qualidade que uma
Estância de Esqui deve manter.
Não se entende, assim, que se pretenda apenas monitorizar a Lagoa do
Covão do Quelhas e se deixe de fora essa linha de água que leva
os efluentes directamente ao Covão Boieiro, quando na "charca"existente
do outro lado do estradão, junto á base da Telecadeira até
olhos menos atentos descortinam, com muita facilidade, a existência de
detritos e a nitrificação dos solos na área envolvente,
prova da existência de detritos fecais. |
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Em suma, a poluição
das águas provocada pela Estância tem sido uma constante ao longo
dos anos, como também pelos esgotos dos Edifícios da Torre, pelas
suas deficientes condições de tratamento. Nunca se registou grande
preocupação no tratamento dos efluentes gerados na Estancia nesta
área extremamente sensível. Não sendo tomadas as medidas
urgentes, estaremos a comprometer seriamente o futuro de todo o sistema ecológico
daquela área com influência não só no Vale de Loriga
mas também em toda a rede de distribuição de água
às habitações que são servidas pelo Município
de Seia. O pretendido aumento da área de esqui e eventualmente de mais
utilizadores levará, como é óbvio, à produção
de mais detritos, envenenando, logo na nascente, um dos maiores doadores de
aquíferos do país, tanto para a produção de electricidade
mas também, e sobretudo, para fornecimento de água às
populações, a jusante.
Exige-se a fiscalização
das fossas, verificação das suas condições de estanquicidade
e do cumprimento rigoroso da sua limpeza. Não poderemos esquecer o que
se passou na praia Fluvial de Loriga em 2003, com a existência de salmonelas
nesse Verão que bem pode ter sido provocada por alguma descarga de fossas
a montante, sendo que, as únicas existentes se situam precisamente na
estância de Esqui.
Assim, não deverá ser
apenas monitorizada a Lagoa do Covão do Quelhas mas também a
linha de água que escorre directamente para o Covão Boieiro e
também a Ribeira de Loriga a montante da praia Fluvial. |
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2º Poluição
e degradação dos solos |
O preocupante não
é só o arrastar dos inertes para a fixação das
estruturas e nivelamento das pistas. O preocupante é que eles não
são tratados e ficam ao sabor das intempéries e erosão.
Basta ver, através da Internet, os Mapas do Google Earth onde se identificam,
com muita clarividência, as cicatrizes que teimam em não sarar:
Há ainda a quantidade de detritos que fica sob o coberto vegetal e aos
poucos se deposita nas linhas de água, atrofiando-as e alterando os
próprios cursos de água (grandes quantidades de plásticos,
vidros, latas de refrigerantes etc., provenientes também dos contentores
mal acondicionados, junto ao apoio do bar). |
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Por ex., nas margens
da Lagoa do Covão Boieiro é fácil constatar a existência
de quantidades enormes de plástico, já recortado e moído,
que ali se acumulou, ao longo de anos, provenientes da área da Estancia
de Esqui. |
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Basta fazer uma
visita ao local para ver tudo isso, principalmente no verão.
Assim, é necessário acabar de vez com o uso massivo de plásticos
e que os detritos sólidos, gerados pela exploração da
Estancia de Esqui, sejam devidamente acondicionados e removidos para aterro
próprio. No fim da época de Neve a concessionária tem
obrigação, que não deve endossar a entidades públicas
pagas com os nossos impostos, de promover a limpeza de toda a área retirando,
do solo e linhas de água, todos os desperdícios, plásticos
e utensílios, abandonados pelos utilizadores das pistas de Esqui e dos
Trenós.
Além e tal é omitido
neste Estudo, os solos, que com a actividade de Inverno ficaram desprotegidos,
são ainda brutalmente usados durante o Verão como pistas de todo
o terreno.
Torna-se fundamental a proibição
de toda e qualquer actividade de lazer que inclua meios motorizados durante
a época de estio. |
Fotos: Linhas de
água atulhadas com detritos resultantes de obras e actividades na Estancia |
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LORIGA
A área onde
se localiza a Estancia de Esqui faz parte do artigo rústico 1309º
da freguesia de Loriga, que confronta de Norte com Limite do Sabugueiro, de
Sul com limite da Covilhã, de Nascente com Limite de Manteigas e de
Poente com Joaquim da Ponte e outros. Tem a área de 5.968 hectares e
está descrito como• Uma terra de Pastagem e Lameiros•. É
titular do imóvel a Freguesia de Loriga e não se encontra descrito
no dito artigo qualquer edifício. Não houve qualquer destaque
do artigo rústico depois de 1982 data das últimas avaliações.
Os edifícios existentes são ilegais. Não tiveram projecto
nem foram licenciados. Deveria poderar-se a sua demolição e,
eventualmente, respeitada que fosse a devida tramitação legal,
serem substituídos por outros mais consentâneos com a sua localização
numa área protegida.
A freguesia de Loriga deveria sempre
ser parte neste processo. |
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Este estudo e naquilo
que diz respeito a Loriga é revelador da já referida ligeireza
ou ignorância e resume toda a relação que existe com o
tecido social envolvente
A descrição que fazem de Loriga é disso exemplo
Loriga é uma aldeia tipicamente Beirã, situada entre as freguesias
do Sabugueiro e Alvoco da Serra, caracterizando-se pelas cinco capelas, cruzeiros
e fontenários•
Para só se referir a parte ecológico-morfológica, basta
citar Orlando Ribeiro ou e tantos outras eminências da ecologia e da
geografia que aqui fizeram, e ainda fazem, os seus estudos e caracterizam o
Vale de Loriga como uma das Jóias ecológicas e paisagísticas
não só do Pais mas também da Europa e do mundo. |
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Por Loriga, pela
Região envolvente, pelo Município de Seia, exige-se a protecção
dos nossos recursos naturais, evitar-se a sua degradação e acordos
que prevejam contra-partidas pela ocupação dum bem pertencente
à Comunidade. |
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Loriga é um
potencial que não pode ser desprezado nem espoliado. |
Notas Finais
A concessão
em exclusivo da exploração do turismo e dos desportos num qualquer
território é uma aberração nos tempos modernos.
Não existe em nenhuma outra região do país ou da Europa!
E logo o havia de ser para um destino turístico nacional, e também
internacional, de referência.
Que a justifica hoje? Deixamos a pergunta para os responsáveis políticos,
para, eventualmente, responderem publicamente.
Esta questão é crucial para se aferir da viabilidade de qualquer
empreendimento duma entidade cuja legitimidade está inquinada.
O turismo deve trazer desenvolvimento e harmonia para a população
residente; sem estes requisitos não há salvaguarda ambiental
que resista. Sem a envolvente participação das pessoas os impactos
ambientais serão negativamente potenciados. Ora, o processo que estamos
a analisar tem um histórico• de rejeição das
comunidades que nada permite antever de positivo, enquanto este enquadramento
não for alterado.
O aproveitamento que o regime democrático fez duma concessão•,
de matriz totalitária como era próprio do regime que a engendrou,
é inconcebível à luz da modernidade a que a região
e as populações têm direito. Para cúmulo, a reformulação
de 1986 ainda consagrou mais a intenção de ostracizar as populações
e de, pelo menos, terem uma palavra nos destinos s dar aos seus recursos, que
já de si tão escassos são, afastando as autarquias da
entidade concessionária.
Está é, como se disse, uma questão prévia que urge
enfrentar, para se avaliar qualquer impacto ambiental. Não há
preservação de ambiente sem envolver as populações
o que, como se evidencia, neste contexto é bastante problemático.
Depois há o outro histórico•, também negativo,
e que poderia ter minimizado a questão prévia que explanámos.
A concessionária poderia ter amenizado e amaciado esta relação
pouco amistosa( pela forma como se enquadra)encetando um relacionamento franco
e cordato, contratualizando com os representantes das populações,
depois destas serem ouvidas como é óbvio, as condições
de utilização dos espaços necessários ao concretizar
da concessão. Ora, pelo contrário nada isto ocorreu. Mesmo um
acordo que teria havido no sentido de haver um pagamento( mais que simbólico….)
parece que jamais foi cumprido. O nome dado à Estância e a instalação
da torre duma operadora de comunicações é um acinte provocatório
à população da freguesia detentora de direitos sobre aqueles
terrenos. Tudo em nome do lucro e da receita, subconcessionando o que só
com a devida autorização o poderia ser. Mesmo as relações
e os entendimentos que obrigatoriamente teriam que existir com as entidades
que também devem ser ouvidas, como o Parque Natural da Serra da Estrela,
são de uma confrangedora sobranceria. Os compromissos não são
respeitados, os acordos não são cumpridos. E, como se infere
da documentação disponível, também com o Instituto
de Desporto de Portugal e com a Federação Portuguesa de Sky as
relações não são de apaziguamento e de respeito,
mas sim de prepotência.
Que perpassa em todo este estudo... e que aliás resulta dum braço-de-força•
com o PNSE que não cedeu e impôs a sua realização.
Mas, infelizmente, estes procedimentos parecem enquistados e, pelos sinais
que se recebem, este ambiente• será, também, para
manter…
E ao longo do estudo são inúmeros esses sinais que, vergonhosamente,
desprezam, tanto as entidades públicas, como os detentores de direitos
na área afectada pelo estudo. Dispõe-se dos recursos a bel prazer
e sem quaisquer explicações, nem autorizações,
nem tentativa ou esboço de acordos.
É necessária mais água para a produção de
neve artificial? Pois….está ali na Barragem da Torre…é
só ligar, utilizar e não pagar! Impactos!? Mas qual impacto!?
É tudo nosso!
Mais tele-cadeiras? Expandir a área de esqui?. Toda aquela vastidão
disponível, à nossa livre disposição…sem
pagar um cêntimo…sem concurso de concessão sem nada…
Esta forma de lidar com a Serra, que é uma zona protegida por normas
nacionais e internacionais, está, assim, bem patente nas linhas deste
estudo. Nestas suas explanações e explicações,
mas também nas suas omissões; e, neste âmbito é
intolerável que, como se lê, não haja qualquer preocupação
ambiental ao não prever sequer, nos seus quadros, quaisquer técnicos
ambientais que prevejam e acompanhem os constantes impactos que a sua actividade
tem sobre o ambiente; a preocupação única são os
recursos humanos com a salvaguarda da sua exploração: condutores,
vigias, guardas e exploração comercial…e do seu património.
Assegurar receitas é o objectivo: quanto a encargos… que recaiam
(ainda para cúmulo!), no bolso de todos nós, contribuintes: a
candura com que se diz que a recolha dos resíduos sólidos e até
os óleos, compete ao PNSE é enternecedora…a empresa factura
e conspurca…os encargos com a limpeza pagamos todos nós!!!!
Estas são considerações que, num puro exercício
de cidadania, não poderíamos calar; dalgumas delas bem sabemos
não ser esta a sede para o seu tratamento. Mas o enquadramento é
fundamental para se perceber, não só a espuma da água,
mas a sua qualidade intrínseca.
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(Carlos Jorge Cardoso Amaro) *
_________________________________________________________
(Victor Brito Moura) * |
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(Registado aqui - Ano de 2011) |
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www.loriga.de - 10 Anos
na Net (IX) *
Costuma dizer-se, que numa
pessoa 10 anos é uma idade de criança, mas 10 anos na Net é já
um percurso longo, que por isso faz do www.loriga.de o Site de Loriga dos mais antigos
neste mundo tecnológico da Internet.
Idealizado para a divulgação de Loriga e sua história, foi também
na ideia de dar o seguimento às pesquisas e aos muitos escritos que fui escrevendo
através dos anos, e que fui depois fui começando a registar em computadores
já na década de 1980, quando a Internet era ainda nessa altura e em determinada
generalidade uma certa miragem.
Foi em 1999, recordo como se fosse hoje, o dia que lancei na Internet este meu Site,
na altura com o nome www.purespace.loriga.de, precisamente quando tinha acabado de
sair de uma grave intervenção cirúrgica a um dedo da mão
esquerda, que apesar disso, não impediu que nesse dia e na hora definida, colocasse
na internet todo um trabalho, praticamente já pronto, fazendo o resto apenas
com a mão direita, por isso ter o costume de dizer que em vez de ter entrado
com o "pé direito na Net!", neste caso com foi "com a mão
direita".
Conservando praticamente o mesmo visual tal como foi criado, apesar de o poder tornar
mais modernizado e mesmo mais sofisticado, esta opção tomada desde então,
de potencialmente o querer manter no mesmo nível e visual privativo, tem sido
na ideia de o tornar na Net como uma presença familiarizada, de fácil
acesso para quem o visite pela primeira vez, mantendo a continuação do
mesmo prisma de amizade e fraternidade para com os loriguenses espalhados pelo mundo.
Em 1999 quando apareceu a minha Homepage na Net, na altura existia já um Site
de Loriga, que penso ter sido o primeiro fazendo parte de uma orientação
e referência da "Roda dos Ventos", aliás, um Site muito bem
concebido. Pouco depois da minha Homepage e simultaneamente apareceram outros Sites
sobre Loriga, agregados ou em orientação de Index. Assim nesta forma
e em linha de conta de orientação directa na Net em (www) o www.purespace.loriga.de
(período de adaptação) e depois como www.loriga.de de hoje e no
mesmo formato, foi na realidade a primeira Homepage de Loriga na Net.
Neste prisma, não é relevante e pouco tem interesse que fosse o primeiro
ou seja o último, o importante e o que realmente interessa é continuar
de pedra e cal como se diz na gira, no mesmo enquadramento da divulgação
da terra que foi meu berço, dar a conhecer a sua história, lutar mesmo
por ela, tudo isso movido sempre pela mística que diferencia os loriguenses.
Perguntam-me alguns, até quando poderá ser a existência do www.loriga.de.
Para todos esses poderei responder, não o saber e não tenho definido
metas, o certo é, que este meu Site vai continuando no mesmo espírito
de divulgação e tudo fazer em prol de Loriga, tal como o fez chegar até
aqui.
Dez anos passados do www.loriga.de, neste mundo global na Net, penso para mim ter conseguido
o objectivo ao qual como seu autor me tinha proposto executar de elevar e levar bem
longe o nome de Loriga. Nunca imaginei, no entanto, ter tido a projecção
que teve todo este meu trabalho, reconhecido por todos aqueles que de uma de outra
forma me manifestam, dando o valor a todo este trabalho de muitas e muitas horas dedicadas
a Loriga.
Tenho consciência e sinto em mim a satisfação, que todo este trabalho
realizado, não foi movido por interesses, nunca procurei ter louros ou qualquer
outro tipo de oportunidades, apenas, isso sim, foi elevar o nome de Loriga, divulgar
esta maravilhosa terra e sua gente, ao mesmo tempo a ter presente comigo onde quer
que me encontrasse, porque acima de tudo a nossa Loriga merece todo o nosso esforço.
Sinto em mim um certo bem-estar de ter alcançado o que tinha então idealizado,
tenho para mim a alegria de o meu Site ter sido inspiração para outros,
sinto a satisfação de ter contribuído para que Loriga chegasse
mais além, tenho a felicidade ter criado amizades e ter encontrado muitos mais
bairristas, que me enchem de orgulho e de gostarem de Loriga tal como eu, fico contente
saber que muito do que consta no Site, já serviu de inspiração
e trabalhos em Universidades, colégios, escolas ou outros trabalhos de estudos,
sinto alegria de muito do que consta no meu Site, servirem para constar em muitos outros
Sites defensores de cultura e tradições, tenho orgulho de muita da minha
inspiração inserida no www.loriga.de ter sido aproveitada por outros
com é fácil de os cibernautas podem ver um pouco pela Net, em Sites do
país ou mesmo no estrangeiro.
Quero também aqui registar que todo este trabalho no www.loriga.de não
pertence só a mim, pertence a todos aqueles verdadeiro loriguenses, amigos ou
simplesmente conhecidos, que colaboraram comigo, de juntos podermos divulgar toda uma
história rica que as gerações vindouras irão um dia agradecer,
porque assim este trabalho digitalizado não mais se vai perder.
Infelizmente ao longo destes dez anos nem tudo foram louvores ou rosas, conheci quem
não goste de Loriga, que muito fizeram para denegrir a imagem da nossa terra,
nossa história e nossa gente, chocando-se até, que alguns sejam loriguenses,
que felizmente são apenas alguns, que se podem contar pelos dedos de uma só
mão e mesmo assim não é preciso contar os dedos todos.
Ao longo destes 10 anos na Net, conheci quem queira fomentar a intriga, dividir pessoas,
destruir amizades, invejas, tudo isso no envolver o www.loriga.de ou o seu autor em
variados temas na Net, fomentados em fóruns ou artigos dirigidos a Sites ou
Blogs, dos quais o www.loriga.de e seu autor nada terem a ver com eles. Resta-me a
consolação que as pessoas que conhecem bem o autor do www.loriga.de saberem
que não enveredo neste tipo de coisas, sabem da minha frontalidade de sempre
dar cara, por isso, por mais que tentem não me conseguem derrotar ou mesmo denegrir
Loriga.
Falo nisto porque desde sempre, mesmo logo após ter colocado na Net este meu
Site e já lá vão 10 anos, tal como ainda hoje acontece, dirigirem-me
insultos, acusações e mesmo até ameaças, que me leva a
perguntar. Porquê?.. Desconhecendo esse porquê da inveja, da maldade de
alguns, se apenas há um objectivo divulgar Loriga, que queiram ou não
hei-de sempre divulgar, lutar por ela, porque nada me faz mudar desse objectivo.
Poderia aqui confirmar tudo isto que aqui acabo de dizer, através desses muitos
Emails, que tenho coleccionado ao longo dos tempos, pode qualquer um fazer uma ideia
do número que já coleccionei. Só que por mais anónimos
que sejam, esses autores mal sabem que os tenho referenciados, pois tenho meios que
me levam até eles, hoje em dia é tudo mais fácil e sofisticado,
para chegar até eles, por isso, posso mesmo dizer que querendo poderei ter em
devida altura, caso seja necessário, uma resposta ou mesmo porque não,
objectividade de meios judiciais.
Perante tudo isso, só me ocorre dizer a todos esses "os cães ladram
e a caravana passa" e o www.loriga.de vai continuar como é seu timbre,
de maneira alguma se vai desviar do trajecto idealizado, para bem de Loriga, da região
e da sua gente.
Estando aqui a celebrar tão significativa data, de certa maneira nem seria relevante
estar aqui a falar destas coisas ou este lado negativo, no entanto, por vezes a revolta
cria limites, são desabafos que por vezes tem que ser ditos, para que aqueles
que tentam o derrotismo, saberem que as suas jogadas sujas, não chegam para
me derrotar pessoalmente ou mesmo derrotar e denegrir Loriga.
São 10 anos de um balanço que aqui estou a celebrar, por isso, ser também
necessário falar nestas coisas negativas. Porque ao fazê-lo tenho razão
para isso, o mesmo acontece com outros e bons loriguenses, que qualquer um poderá
ver através de fóruns em vários Sites, em que os envolvem nas
mais diversas intrigas, confusões, tentativa de divisão e colocar em
causa o bairrismo desses mesmos. Enfim, um sem números de coisas que como se
disse partem sempre desse maus loriguenses, escondidos nos mais variados nomes de anonimato.
Ao longo destes 10 anos, quero aqui agradecer a todas as pessoas que tem colaborado
comigo, agradecer a todos as pessoas que visitam este meu Site, a todos os visitantes
diários ou os que visitam pela primeira vez, a todos aqueles que diariamente
fazem chegar-me mensagens, aos meus familiares, amigos e apenas conhecidos, para todos
o www.loriga.de. e seu autor agradece com um gesto de gratidão e um BEM HAJEM.
Um agradecimento especial ao senhor José Pina Gonçalves (Zé Cruz)
pela disponibilidade da muita documentação e à minha prima Emília
Lages (Mila) pela colaboração prestada que foi de grande importância
e já agora também a Moises Carvalho, um jovem na altura, que nada o liga
a Loriga, mas que me incentivou a fazer este Site na Net decorria então o ano
de 1998.
Hoje em dia, Loriga é sem dúvida a localidade da região ou mesmo
do país, que mais Sites tem na Net. o que espelha bem aquela mística
loriguense de tudo fazerem na divulgação e em prol da sua terra, sejam
Homepages ou Blos, sediados em Loriga ou fora dela, que de certa maneira é de
enaltecer. Todos eles tem o seu espaço neste mundo global e todos merecem a
admiração e o rerspeito
Hoje em dia com o feito de os Blogs se implantaram de uma certa forma na Net, sem dúvida
que se não pode deixar de falar nos Blogs sediados em Loriga, http://vila-de-loriga;
http://toloriga52; http://zefernandes49; http://LorigaNetBlogspot; http://LorigaVerdejante,
louvando a disponibilidade dos seus autores, pela maneira activa de na hora e no momento
fazerem chegar a todo o lado o quotidiano de Loriga, merecendo por isso dos loriguenses
espalhados pelo mundo o carinho e gratidão.
Para as Homepages ou Blogs, fora de Loriga pelo país ou especialmente no estrangeiro,
onde se inclui o www.loriga.de; http://analor; http://filhaLoriga.Dulce; http://Combaro/SolJoaoCarreira;
http://LuizPauloPina; http://viladeloriga; entre outros mais, sem dúvida de
elementar merecimento a admiração de todos os loriguenses. -VIVA LORIGA.
Com amizade e fraternidade saudações para todos os loriguenses e amigos
de Loriga. |
* A.Pina (Ano 2009) |
(Registado aqui - Ano de 2009) |
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Curiosamente no passado
dia 12 de Junho, dia fatídico para mim e mais ao menos à mesma hora do
meu acidente, o contador existente nesta minha Homepage, contabilizava a visita 100.000 de registo de entrada. Podendo considerar ser de
relevância este número agora atingido nesse dia 12.6.2010, devo no entanto
também de considerar não ser para mim actualmente de grande relevo, porque
por lógica, este número de seis dígitos agora contabilizados (que
representa cada vez que alguém entra na minha Página) poderia ser já
há muito tempo atingido, tendo em conta que durante tempos essa contagem não
foi efectuada, nomeadamente, nos primeiros anos e depois ao longo dos anos terem algumas
vezes ocorrido falhas e deficiência informática, que durante vários
dias impossibilitou a regular contagem.
De qualquer das formas, devo no entanto reconhecer, que nos últimos
anos a esta parte e quando a internet passou a ser um meio mais generalizado no enquadramento
da sua existência em qualquer lar ou em qualquer família, foi notório
um crescimento significativo nas Visitas ao www.loriga.de que de certa forma me foi surpreendendo e ao mesmo tempo para mim de grande
alento.
Atingindo este impressionante número na minha Homepage, quero pois
aqui manifestar o meu apreço, reconhecimento e agradecimento, a todos os visitantes
desta minha Homepage dedicada a Loriga minha terra, principalmente, um agradecimento
especial aqueles de fidelidade diária, que não podem passar sem a visitar.
Neste meu singelo gesto de gratidão que aqui manifesto a todos,
tenho por dever de associar todos aqueles que entraram na minha Homepage e contribuíram
neste número 100.000, que a todos pertence. |
* A.Pina |
(Registado aqui - Ano de 2009) |
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Dia 12 de Agosto de 2012,
mais uma data marcante da minha Página www.loriga.de
ao contabilizar 200.000
registo de visitas, mais um número bem significativo e que muito me honra e
aqui tornar de realce este número.
Grato a todos os loriguenses, amigos de Loriga, meus familiares, meus amigos e conhecidos
e a toda a gente em geral que visitam esta minha Página, a eles devo este registo
bem marcante deste número 200.000, assim como também, não posso de
maneira alguma, esquecer, num particular, todos aqueles seguidores desta minha Página,
que diariamente a visitam
Praticamente e quase unicamente endereçada a minha adorada Loriga e ao seu povo,
a minha página www.loriga.de está prestes a completar 13 anos na Net,
portanto a referência de Loriga mais antiga, se olharmos bem, parece relativamente
ainda pouco tempo, mas na realidade é um longo caminho percorrido em prol da
minha adorada terra, que foi meu berço e que me preso ter sempre presente em
mim aquela mística, de a divulgar a lutar por ela, por isso, o tenho feito na
Net, desde o ano de 1999.
Idealizado para a divulgação de Loriga e sua história, foi também
na ideia de dar o seguimento às pesquisas e aos muitos escritos que fui escrevendo
através dos anos, primeiro com as velha máquina de escrever, depois uma
máquina de escrever mais sofisticada, já eléctrica, depois sim
começando a registar em computadores, em meada da 1980.
Em Outubro de 1999, coloco a minha página na Net, na altura ainda a internet
não estava tão generalizada como hoje, no entanto, ao criar esta minha
página e postada neste meio social que revolucionou o mundo, nunca imaginei
ter tido a projecção que teve todo este meu trabalho, reconhecido por
todos aqueles que de uma de outra forma me manifestam, dando o valor a todo este trabalho
de muitas e muitas horas dedicadas a Loriga.
Na era de outros meios sociais na Net, nomeadamente, o Facebook, a minha página
contínua firme, continuo a percorrer o mesmo o objectivo ao qual, como seu autor
me tinha proposto executar, continuando em mim o mesmo espírito de divulgação
e tudo fazer em prol de Loriga, tal como me fez chegar até aqui e continuar
na ideia de elevar e levar bem longe o nome de Loriga e a sua gente.
Tenho consciência e sinto em mim a satisfação, que todo este trabalho
realizado, não foi motivado por interesses, nunca procurei ter louros ou qualquer
outro tipo de oportunidades, apenas, isso sim, foi elevar o nome de Loriga, divulgar
esta maravilhosa terra e sua gente, ao mesmo tempo a ter presente comigo onde quer
que me encontre, porque acima de tudo a nossa Loriga merece todo o nosso esforço.
Um agradecimento à pessoas que colaboram comigo, um agradecimento especial ao
senhor José Pina Gonçalves (Zé Cruz) pela disponibilidade da muita
documentação e muita colaboração dada, à minha prima
Emília Lages (Mila) pela colaboração prestada que foi de grande
importância e já agora também a Moises Carvalho, que era um jovem
na altura, que nada o ligava a Loriga, me incentivou e me meteu na cabeça de
fazer este Site na Net, decorria então o ano de 1998, ano que comecei então
a idealizar essa ideia.
200.000
UM BEM HAJEM A TODOS POR ESTE NÚMERO, PARA MIM MÁGICO. |
(Registado aqui - Ano de 2012) |
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Escritos de outros -
"Uma tormentosa manhã em Loriga" (VIII)
*
Acabo de acordar ao som
da sirene de uma das fábricas, um dia mais das minhas férias começa
em Loriga, entra no meu quarto a claridade do Sol doirado, como que anunciando-me de
um novo dia que se adivinha de muito mais calor.
Levanto-me da cama e penso iniciar o meu passeio matinal, antes mesmo de o Sol aquecer,
parece-me um dia igual a qualquer outro, mas hoje penso procurar um novo itinerário,
assim pensando e ainda cedo já me encontro subindo caminhos bem lá para
o alto onde e para ao mesmo tempo poder olhar e contemplar a minha encantadora Loriga,
bela como sempre.
Já o Sol parecia queimar e aproveitando a sombra de um grande pinheiro, me sentei
numa pedra junto ao caminho, olhando um panorama encantador lá ao fundo, onde
Loriga poisa num altar lindo, de imediato me vem à lembrança muitas recordações
deste recanto que foi meu berço e que tenho sempre presente no meu coração,
por onde quer que ande.
Em meu redor toda uma Natureza em que eu também pareço fazer parte, um
silêncio me envolve como magia, apenas interrompido por uma aragem quente que
parecia fazer nesse momento e ainda pelo piar de um passarinho que ali perto me fixava,
eu olhava todo este encantador cenário que Deus criou para os Loriguenses amarem,
por momentos fecho os meus olhos verdadeiramente feliz por ali estar neste momento
e poder admirar esta paisagem de encantar.
Um olhar mais e um bate forte no meu coração faz-me abrir e fechar os
olhos numa constante e atormentada ansiedade. Mas!.. Mas!.. o que se está a
passar?.. - Olho para todos os lados e fixo o meu basculhado olhar lá longe
em baixo:- Mas!.. Mas!.. Onde está a minha Loriga que a não vejo!.. -Se
ainda agora aqui parei e olhava o lindo panorama, estou agora a olhar e não
vejo as casas, as ruas, os caminhos, não vejo ninguém, nada me parece
familiar, parece nada conhecer, em frente e no meu olhar onde devia estar a minha adorada
Loriga, vejo essa mesma colina vazia, triste, nua, um silêncio profundo se apodera
de mim que não consigo compreender, apetece-me gritar mas não posso.
Tento acalmar o meu pensamento, mas uma dor terrível na minha cabeça
não me deixa concentrar este meu espirito. -Mas o que se teria passado ou mesmo
o que se está a passar, onde está a minha adorada terra, as pessoas,
a minha família, os amigos, as casas brancas e lindas, onde está tudo
do que realmente pertence a Loriga?..
Por mais que tente arranjar forças para poder gritar não consigo. -Não!..
-Não!.. Devo estar a ver bem, tudo isto não deve ser real, possivelmente
será o calor que não me deixa ver. -Mas não!.. -Eu tenho os meus
olhos bem abertos e continuo a pensar naquele altar que bem conheço e que começa
no sopé da colina onde lá no alto se devia elevar Loriga, mas agora o
meu olhar apenas vê um normal monte de terra, de pedras, mesmo até de
pouca vegetação, mas que continua a elevar-se das ribeiras cheias de
abundante água. Vou fechando e abrindo os meus olhos, noto cada vez mais um
peso forte que não me deixa levantar a cabeça, parece que me arrancaram
tudo: - Cérebro, olhos, membros, sei lá que mais.
Um escuro invade os meus olhos que me causa um pavor horrível, quero afugentar
o meu pensamento para outras coisas mas não consigo, tenho as mãos molhadas
e o cabelo também, mas como é possível se não está
a chover, está até um dia lindo, sinto até a boca ressequida se
tivesse agora à minha frente um cântaro de água de certeza que
o bebia todo, mesmo não consigo mexer a língua, tento mais uma vez gritar
quero também falar e não posso.
-Mas falar com quem?.. Se neste momento não vejo ninguém em meu redor,
sinto que estou sozinho, pressinto isso mesmo, o meu coração bate num
ritmo bastante acelerado como que agarrado nesta minha visão e nestas terríveis
recordações, tento reflectir e acalmar os meus pensamentos, mas não
posso.
Um terrível medo se apoderou de mim como se me tivessem voltado do avesso, tenho
sim, ainda um resto de forças para pensar e poder constatar que neste momento
sinto-me como um farrapo que nada sente, rendo-me sem forças mais para reagir,
entrego-me a esta situação.
Uma vez mais tento novamente reagir, mas para que reagir se não consigo mexer
um músculo ao menos, sinto estar preso por uma força oculta que me adormece
os sentidos, parece que nada sentiria mesmo se fosse até picado, ora sinto frio
ora sinto calor, por mais que tente levantar a cabeça não consigo, o
meu coração parece querer saltar do peito o meu cérebro gira no
condicionalismo do meu pensamento, por mais que meus olhos abram, vejo sempre o mesmo
cenário, Loriga de facto não está ali não existe mesmo.
Será que estivesse a ficar louco?.. -Não!.. Louco não estou, pois
se tenho os olhos bem abertos, continuo a ter em frente do meu olhar o terrível
cenário, onde havia estar esse berço onde nasci, aqueles caminhos, as
ruas, casas, courelas, becos e "quelhas" que eu em menino tão bem
conheci, nada disso vejo, deixou de tudo isso de existir e de fazer sentido pois o
meu olhar nada disso consegue ver lá ao fundo.
Por mais que tente levantar-me para correr por ali a baixo, não posso, o meu
corpo parece estar morto, mas sinto que há ainda qualquer veia no meu corpo
que parece ainda ter vida, senti agora mesmo um calafrio doentio como uma corrente
de ar frio, como uma lamina de aço que pousou no meu pescoço e me agarra
e aperta, procuro fugir-lhe mas não consigo, lá no fundo do meu peito
consegui reunir ainda um pouco de ar para gritar, gritar pelos pulmões, mas
à minha boca apenas ecoou um som vago, desconexo, que mais me parece um suspiro.
A minha respiração parece por vezes parar, mas sinto que ainda vivo,
ainda penso e ainda vejo, por momentos tento concentrar-me nas ideias, mas aquela dor
na minha cabeça continua a não deixar em paz e em descanso este meu cérebro,
tento fixar cada vez mais o meu olhar procurando ver a minha querida Loriga lá
ao fundo ao cimo daquela colina onde pertence e onde devia estar.
Uma vez mais reúno o resto do que me resta das minhas forças tentando-me
levantar, mas as minhas pernas parecem não obedecer, quero até mexer-me
e parece até que nem me sinto.
Continua a ser grande a ansiedade dentro de mim, continuo com aquele suor frio a correr-me
pelo corpo parecendo-me que desta vez estou a ficar gelado, como se estivesse metido
no meio da neve.
Sinto alguém que me abana e me toca no meu ombro, abro os olhos receosos, pressinto
pairarem ainda os vestígios do pavor que ainda há pouco se apoderou de
mim, à minha frente está um velho e bom pastor que debruçado sobre
mim me diz: -"Olá meu rapaz agora não são horas de dormir".
Olhei em redor e o meu coração pareceu saltar, o meu espírito
tomou forma, os meus olhos se abriram ainda mais, da minha boca pareceu querer saltar
um grito. Lá ao fundo e em frente do meu olhar ali estava a minha Loriga bonita
como sempre, banhada por abundante Sol, afinal tinha sido um horrível pesadelo
que me atormentou ao ter-me ali deixado dormir à sombra daquele pinheiro.
Então não pude resistir à alegria que se apoderou de mim abracei-me
ao bom homem, não consegui conter as lágrimas, da minha garganta saiu
um grito bem alto, chorei, ri e a até cantei, de imediato me lancei numa correria
pelo caminho abaixo, para espanto do velho pastor que provavelmente me via desaparecer
lá no fundo a caminho da povoação, onde depressa cheguei e abraçava
de alegria toda a gente que encontrava pelo caminho e com essa mesma alegria eu chorava
e ria... ria e chorava... chorava e ria ... |
*A.S.M.B. (1991) |
(Registado aqui - Ano de 2009) |
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- Escritos de outros -
Normalmente registados em brochuras turísticas
(VII) *
Loriga foi sede de concelho
desde a outorga do foral, por D. Manuel, em 15 de Fevereiro de 1514, até à
data da sua extinção, ocorrida em 28 de Outubro de 1855. Tinha Câmara
Municipal, cadeia e pelourinho, monumento este que terá desaparecido durante
o século passado. Era constituído por uma coluna de pedra, oitavada,
com uma argola movediça de ferro forjado, tendo por base três degraus,
e encimado por uma pedra quadrangular, ostentando as armas da vila.
A vila de Loriga fica situada na encosta sudoeste da Serra da Estrela a 770 metros
de altitude. É a povoação central de um formoso vale de origem
glaciar que começa nas mais elevadas alturas da Estrela, a 1993 metros e desce
abruptamente até Vide, a 290 metros. É um vale repleto de história,
onde permanecem vestígios glaciares, espécies vegetais raras duma floresta
que cobria as encostas antes e após glaciação, construções
rudimentares de pastores transumantes, uma espantosa infinidade de socalcos intensamente
verdes, construídos para a cultura do milho, e também o passado e o presente
da indústria têxtil, principal ocupação das gentes de Loriga.
"Loriga já não é uma verdadeira aldeia da serra, antes uma
vila caiada e alegre, aninhada no fundo do vale e aconchegada à igreja paroquial,
num abraço terno de religiosidade". Foi há já muitos anos
que Quelhas Bigotte escreveu estas palavras, num tempo em que "a activa indústria
de lanifícios e malhas, uma metalomecânica próspera e dinâmica,
dá-nos a medida exacta do valor industrial duma terra que, apesar do absentismo
dos seus filhos, não pretende morrer".
Com a crise dos anos setenta, muitas dessas fábricas fecharam; entretanto, outras
abriram, sendo reposta a dinâmica. Mantendo-se inalterável, "a paisagem
que envolve Loriga surpreende-nos e encanta-nos. Pelas vertentes da serra arborizada,
as manchas verdes dos pinhais. Acima e abaixo da vila, uma infinidade de socalcos,
cavados pelos homens, onde se criam e sustentam animais e as suas pastagens crescem.
As águas abundantes descem pelas encostas, represadas aqui e além, repartidas
em levadas que regam milhos e pastagens".
À cavaleiro da vila, à maneira de moldura imponente, erguem-se dois formidáveis
baluartes da serra: a Penha dos Abutres (1819 metros) e a Penha dos Gatos (1768 metros),
ficando entre as duas a chamada "Garganta de Loriga". Na sua "Memória
Paroquial", o vigário João Roiz Ribeiro falava de sete cabeços
que formaram a defesa natural de Loriga. Seriam obstáculos intransponíveis
para qualquer invasor, locais ideais para a edificação de castros, o
que parece ter acontecido, pois o padre viu "vestígios dos alicerces dos
muros que ainda hoje se conservam na Cabeça do Castelo". E cremos que a
chamada "pedra incavalada, por ter uma grande pedra atravessada no cimo",
mais não seria que um monumento megalítico, a que o bom do prior não
soube pôr o nome.
Parece não haver qualquer dúvida quanto há existência, em
Loriga, de pelo menos um castro lusitano, havendo um local onde abundam montes de pedras,
que foi desde sempre denominado de "O Castro". A tradição diz
que os habitantes desse povoado castrejo, quando forçados pelos romanos a abandoná-lo,
desceram ao vale, onde no "Chão do Soito" fundaram a primitiva Loriga,
deslocando-se mais tarde para o actual assento da vila. Também algumas tradições
dão Loriga como berço de Viriato, existindo ainda, bem conservados, restos
do que dizem ter sido a sua habitação.
Os povos que se seguiram, romanos, suevos, visigodos e mouros, igualmente deixaram
os seus vestígios. Dos primeiros conservam-se sepulturas antropomórficas,
um troço de calçada e a ponte. A própria etimologia do topónimo
da freguesia parece radicar no termo latino "Lorica", uma armadura ou couraça
guerreira, frequentemente usada pelos romanos.
Ao nível do eclesiástico, Loriga foi uma vigairaria do padroado real.
Em 1706, tinha a igreja matriz e duas ermidas, S. Gens e Santo António. Em 1758,
além das duas capelas referidas possuía mais três, uma de S. Sebastião,
outra no Casal da Cabeça e a terceira, no Fontão. Quanto a irmandades
e confrarias, segundo o Pe. João, não existia qualquer uma.
O terramoto de 1755 quase destruiu a igreja paroquial, e como não se fizeram
obras a tempo, acabou mesmo por ruir. Era um templo românico com as características
da Sé Velha de Coimbra. Possuía uma abóbada artesoada com riquíssimos
quadros que alguns atribuem à escola de Grão Vasco. Tinha cinco altares
e dela hoje apenas resta a traça duma das portas que tem uma inscrição
visigótica dum salmo sobre o baptismo, e uma pedra, contendo inscrito o ano
de 1233, numa das portas laterais da actual igreja paroquial.
A grande devoção das gentes de Loriga é a Nossa Senhora da Guia,
venerada na sua capela, onde todos os anos na primeira semana de Agosto acorrem Loriguenses
de diversas paragens assim como outros visitantes. Visitantes que ao longo do ano encontram
nesta freguesia os mais variados atractivos: a diversão na neve, podendo-se
esquiar nas magníficas pistas, o mergulho nas águas frescas da ribeira,
e a descoberta da montanha, percorrendo inúmeros caminhos que, a cada momento,
proporcionam cenários únicos e inolvidáveis |
* Autor desconhecido |
(Registado aqui - Ano de 2009) |
|
- Padre António
Mendes Cabral Lages -
"O Histórico Padre de Loriga" (VI) *
O Padre António
Mendes Cabral Lages, nasceu em Loriga no dia 23 de Agosto de 1884, sendo ordenado sacerdote
em 18 de Julho de 1909 pelo Prelado Dom Manuel Vieira de Matos na Guarda, celebrando
a sua primeira missa em 25 do mesmo mês em Loriga.
Pouco tempo depois foi colocado como pároco encomendado, como se dizia na altura,
na freguesia de Santa Maria de Manteigas, em Abril do ano seguinte foi nomeado pároco
da freguesia de Aldeia da Ponte onde permaneceu até fins de Junho, entretanto,
como o seu tio e padrinho Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral pároco
da freguesia de Loriga, sua terra da qual tinha tantas saudades, que por falta de saúde
ficara impossibilitado de estar efectivamente à frente da paróquia, fez
o pedido ao Prelado para a sua vinda e colocação em Loriga o que veio
a acontecer em Julho desse mesmo ano de 1910.
Verdadeiro cristão e muito devoto do Sagrado Coração de Jesus
era acima de tudo um disciplinador e grande entusiástico e exigente no ensinamento
da catequese. Em Loriga fundou alguns organismos da Acção Católica
que mais tarde o seu sucessor reorganizou e que ainda hoje existem e se vão
mantendo.
Formado em Teologia no Seminário da Guarda além de sacerdote sentia-se
político, era caracterizado pela sua frontalidade e determinação,
defensor dos mais desfavorecidos e dos pobres, conhecia bem na sua terra as diferencias
sociais existentes por vezes não justas e, apesar de não concordar com
elas estranhamente no entanto, era com aqueles que tinham o estatuto de "ricos"
que mantinha o mais estreito relacionamento em todos os aspectos.
De família abastada, tinha a virtude de ter uma atenção para os
desfavorecidos, tinha mesmo um postura frontal e de olhar judicial na determinação
das suas decisões, nada receando e pelo qual os seus paroquianos tinham para
com ele muito respeito, e até por vezes certo receio.
Foi também sem dúvida (segundo reza a história em relatos de pessoas
antigas) um dos Párocos mais controverso que esteve à frente da Paróquia
de Loriga e do qual muito ficou por contar nos mais variados aspectos, sabendo-se até
que muito também não seria agradável se saber, tendo em conta
de ser um filho da terra e de família de bem e credenciada, por isso, teve o
condão de apesar de tudo e ao longo da sua vida, ser sempre muito acarinhado
e admirado pelos seus conterrâneos.
Diga-se também que foi dos Padres que mais tempo esteve na Igreja de Loriga,
tendo em conta também de ser desta paróquia e ter sempre presente a adoração
que tinha por Loriga, sabe-se até que foi fazendo sempre muita pressão
para nela continuar, apesar de muitas vezes já estar na mira dos seus superiores
eclesiais, para uma eventual colocação para uma outra Paróquia.
O Padre Lages era essencialmente um homem de cariz social e de muito sentimento humano,
durante a grave epidemia que assolou a vila de Loriga no ano de 1927, foi determinante
o seu desempenho espiritual nessa fase difícil da sua terra, que mesmo tendo
em conta esse sentimento humano que tinha, nessa altura sentiu-se na realidade afectado
psicologicamente, pois era raro o dia que não tinha que sacramentar doentes
ou fazer funerais aos seus conterrâneos e paroquianos.
Uma das causas que o viria também a marcar socialmente, foi quando por altura
do ano de 1930 tomou partido, no caso da controvérsia "Dr. António Gomes" ou o "partido
do médico"
como outros historiadores assim chamaram a este caso e que veio dividir profundamente
os loriguenses nesse tempo, desenrolando-se em Loriga uma certa e marcante "revolução"
muito conhecida e da qual foi feito eco imenso, que disso nos dá conta a imprensa
escrita regional, que fez na altura correr muita tinta.
Na ideia que nos podemos debruçar é que o Sr.Padre Lages durante a sua
vida de pároco na sua terra, nunca teve vontade de abandoná-la, pois
amava demais a sua terra para desistir de lutar por ela, chegou a ser o Presidente
da Freguesia de Loriga em 1944, precisamente nos anos da segunda guerra mundial onde
a lei e justiça eram superados pelos interesses dos mais poderosos, talvez fosse
esse seu desempenho à frente da autarquia que foi a causa mais marcante para
que o Bispo lhe retirasse a paróquia da sua terra, sendo então nomeado
para o substituir o Sr. Padre Prata natural de Manteigas, nesse mesmo ano.
Já depois de substituído como pároco de Loriga e ainda no desempenho
das funções de Presidente da Freguesia que mais tarde abandonou, pediu
ao Bispo da Guarda para lhe ser atribuída a paróquia da Cabeça
que entretanto estava sem pároco, sendo autorizado, ali foi colocado e durante
os anos que esteve naquela localidade realizou um trabalho de relevo e de grande valor
ainda hoje muito lembrado nessa localidade. Foi inclusivamente, o grande obreiro na
edificação da igreja de bela arquitectura, que ainda hoje se pode ver
e admirar.
Considerando-se um verdadeiro bairrista, foi sempre grande defensor da sua terra e
tinha uma preocupação constante em saber da história de Loriga,
foi até por vezes crítico para com os seus antepassados conterrâneos,
por deixarem perder muito dessa história, procurava por todos os meios saber
tudo relacionado à sua terra e ao longo dos anos foi guardando o melhor e o
mais possível. Infelizmente como que por heroína do destino, não
se sabendo bem o que aconteceu, após a sua morte muito de todo esse seu espólio
não foi devidamente salvaguardado e que hoje seria de verdadeiro interesse e
de grande valor histórico para a sua terra.
E digo que não foi salvaguardado porque muito desse espólio, nomeadamente
escrito, se perdeu, sendo até concretamente destruído e queimado, essa
certeza é elucidativa pelo facto de haver alguém em determinada altura
ter encontrado num vazadouro público de Loriga alguns escritos e mesmo até
um documento original, que estavam para ser queimados, inclusivamente, muito já
tinha entretanto sido devorado pelas chamas.
Por isso existe a certeza de que muitos escritos, documentos e mesmos livros se perderam
e quem contribuiu para que tudo isso acontece-se, foi por demais evidente a sua ignorância
ou mesmo má fé, porque assim a vila de Loriga ficou muito mais pobre
na sua história.
Parece estar na memória de muitos loriguenses a sua figura já envelhecida
nos finais da década de 1950 e principio dos anos 1960, enfiado no seu velho
casacão, fosse inverno ou verão, passando largas horas do dia no café
do "Ti Zé
Maria" fumando
o seu cigarrito talvez o único prazer que lhe restava, parecendo triste e abandonado
e quem sabe desgastado e vergado pelas frustrações vividas. Curiosamente,
foi mesmo como pároco da sua terra que passou essas maiores frustrações,
que o veio afectar socialmente e profundamente, até mesmo com consequências
marcantes.
Já nesta altura refugiava-se na solidão da sua casa e na sua velha máquina
de escrever, passava muitas das horas a "teclar" as suas memórias, que intitulou de "Para Constar" escrevendo o mais possível para deixar
às gerações vindouras muito da história de Loriga, se mais
não conseguiu escrever foi porque entretanto a memória também
foi falhando e a saúde também foi faltando, vendo-se aos poucos a desmoronar-se
uma das figuras mais marcantes da Igreja de Loriga.
Por certo conhecimento que fui tendo nas pesquisas sobre o Senhor Padre Lages, houve
entretanto, alguns seus escritos, que se salvaguardaram desses muitos que escreveu
e que fazem também parte de "Para
Constar" e nessa
sua escrita dão-nos conta de acima de tudo de um homem determinado e sem receio
de espécie alguma e até oposto a certo condicionalismo da vida, sem contudo
pôr de parte a sua condição para com a igreja. Escrevia dentro
da sua ideia e do que sentia e do que viu, sempre actualizado na leitura diária
tanto nacional e internacional, tinha muito interesse no conhecer sempre mais por isso
mesmo durante a sua vida viajou muito.
Depois de deixar a freguesia da Cabeça e já estar de novo e definitivamente
regressado a Loriga e à sua casa, já velho e cansado, foi nessa altura
por estranho que pareça, proibido de realizar as suas missas no altar-mor da
Igreja de Loriga, só o podendo fazer no altar da capela da Nossa Senhora da
Fátima anexada no interior da Igreja Matriz, razão pela qual nunca se
chegou ao saber ao certo, mas que foi uma imposição vinda da Diocese
da Guarda
Possuidor de muitos bens, nomeadamente casas e terrenos, ainda em vida resolveu deixar
tudo à igreja da sua terra. Contributo importante para a Acção
Social e Religiosa da igreja de Loriga, pois passado pouco tempo foi colocada em Loriga,
uma delegação de uma Ordem Religiosa de Irmazinhas com sede em Gouveia,
que veio a ser de grande valor para a vila de Loriga.
A partir de então ali passou a viver o Senhor Pardre Lages, acompanhado e acarinhado
o resto dos seus anos de vida, alguns anos mais tarde e após doença viria
a falecer no dia 19 de Outubro de 1968 com 84 anos de idade, terminando com dignidade
o seu restante tempo nesta vida. Foi sepultado no cemitério da sua terra amada,
onde pode finalmente descansar em Paz, após uma vida dedicada à Igreja,
à sua terra e à sua gente.
Muito mais haveria para dizer desta marcante e ilustre figura e grande benemérito
de Loriga, terra que foi seu berço e onde também conheceu a glória,
a intriga, o ódio, a solidão, a frustração e o abandono.
Ao fechar seus olhos para sempre, teremos que reconhecer e compete-nos dizer, independente
de tudo mais que se possa ter dito sobre esta grande figura, ter Loriga perdido um
seu filho querido, que se notabilizou como Padre, como histórico, como bairrista
e acima de tudo como um Grande Loriguense.
* Pesquisas de:- Adelino Pina
(Ano 1992 |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
|
- ZIF -
PROJECTO DE REGULAMENTO INTERNO |
De acordo com o Artigo N."
17, Capítulo III, do DL N." 1271 2005 de 5 de Agosto |
Artigo 1"
(Designação) |
A Zona de Intervenção
Florestal (ZIF) Serapitel, com um total de 1346,59ha, abrange 5 freguesias
(Cabeça, Loriga, Sazes da Beira, Alvôco da Serra, Vide) pertencentes a
1 concelho (Seia). |
Artigo 2."
(Objectivos) |
1. Promover a gestão
conjunta dos espaços florestais, de uma forma sustentável, no respeito
pelo património natural e arqueológico na área da ZIF.
2. Como objectivo especifico, para os primeiros ' 5 anos de funcionamento da ZE Serapitel,
considera-se a promoção de novos espaços florestados, prioritariamente
a rearborização das áreas ardidas, numa óptica de potenciação
dos recursos hídricos e do espaço rural através da multi-funcionalidade
do mesmo. |
Artigo 3."
(Sede) |
1. A ZIF Serapitel possui
sede na freguesia de Seia, R. Leonardo Pessoa Homem, Edifício das Nogueiras,
Lote 12 - RIC, 6270-408 Seia.
2. A ZIF Serapitel pode mudar a sua sede para qualquer outra freguesia pertencente
a sua área de abrangência, por deliberação da Assembleia
Geral. |
Artigo 4."
(Aderentes da ZIF Serapitel) |
1. Podem ser aderentes da
ZIF Serapitel pessoas singulares ou colectivas, publicas ou privadas, que sejam proprietários,
rendeiros ou comparsas de exploração florestal ou agrícola na
área da ZIF.
2. Para aderir a ZIF o proprietário ou produtor florestal terá que apresentar
a prova de titularidade da propriedade (Certidão de Teor ou Registo da Conservatória).
3. Para rendeiros, cujo objectivo seja a florestação, além dos
documentos referidos no número anterior, terão que apresentar o contrato
de arrendamento, por um mínimo de 20 anos. Os rendeiros deverão possuir
contratos de arrendamento compatíveis com a gestão florestal.
4. A cada aderente será atribuído um cartão identificativo da
sua situação de aderente a ZIF Serapitel.
5. A admissão é da competência da Entidade Gestora, perante proposta
escrita do aderente, através do preenchimento de uma ficha de adesão,
cabendo recurso da decisão de não admissão para a primeira Assembleia
Geral que a seguir se realize.
6. Quando um aderente da ZIF Serapitel pretender deixar de o ser, terá que manifestar
por escrito a sua vontade, em carta registada dirigida a Entidade Gestora. Esta, por
sua vez, agendará este propósito para a próxima Assembleia Geral.
Depois de analisada, em Assembleia Geral, esta proposta, se outras indemnizações
não houver a considerar, o aderente desistente terá que mandar elaborar
um plano de gestão para a sua propriedade que submeterá a aprovação
da DGRF. |
Artigo 5."
(Direitos dos aderentes) |
1. Eleger e ser eleito para
os Órgãos Sociais.
2. Exercer o direito de voto.
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3. Obter uma compensação pela privação do uso das suas
propriedades quando tal decorrer da instalação de infra-estruturas colectivas
de interesse comum.
4. Requerer a convocação de Assembleias Gerais, nos temos deste regulamento.
5. Participar nas reuniões da Assembleia Geral.
6. Fazer-se representar na Assembleia Geral, mediante procuração.
7. Recorrer para a Assembleia Geral de decisões da Entidade Gestora.
8. Nesta primeira Assembleia, e até ser estabelecido um novo sistema, cada participante
terá direito a um voto.
9. Os aderentes que forem pessoas colectivas indicarão à Entidade Gestora
quem são os seus representantes individuais. |
Artigo 6."
(Deveres dos aderentes) |
1. Aceitar e desempenhar
com zelo e assiduidade os cargos para que forem eleitos.
2. Prestar aos Órgãos Sociais toda a colaboração necessária
para a prossecução das suas actividades.
3. Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares, bem
como as deliberações dos Órgãos da ZIF Serapitel proferidas
no uso das suas competências.
4. Regularizar/actualizar os registos das suas propriedades.
5. Participar no inventário cadastral das propriedades.
6. Disponibilizar as suas propriedades para a instalação de infra-estruturas
colectivas de interesse comum.
7. Cumprir os planos aprovados para a ZIF Serapitel.
8. Contribuir para o fundo comum. |
Artigo 7."
(Orgãos da ZIFJ |
A ZIF Serapitel dispõe
dos seguintes órgãos:
a) Assembleia Geral de Aderentes;
b) Conselho Executivo;
c) Conselho Fiscal. |
Artigo 8"
(Eleição e exercício dos cargos) |
1. Os membros da mesa da
Assembleia Geral, do Conselho Executivo e do conselho Fiscal são eleitos por
escrutínio secreto, no sistema de lista completa, por maioria simples de votos
e pelo período de 2 anos, sendo. permitida a - reeleição de qualquer
aderente em qualquer lugar, em períodos sucessivos.
2. A eleição para os Órgãos Sociais far-se-á em
sessão ordinária da Assembleia Geral, a realizar durante o mês
de Dezembro sendo a sua posse conferida até ao dia trinta do mês seguinte,
pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral.
3. Chegado o termo dos mandatos, os Órgãos Sociais manter-se-ão
em funções até à tomada de posse dos novos membros.
4. A destituição de qualquer membro dos Órgãos Sociais
carece de deliberação da Assembleia Geral que, no caso de atingir mais
de um terço dos membros de qualquer órgão, deverá desencadear
o processo de nova eleição. |
Artigo 9"
(Constituição e Competências da Assembleia Geral) |
1. A Assembleia Geral é
o órgão supremo da ZIF Serapitel e as suas deliberações,
tomadas nos termos legais e regulamentares, são obrigatórias para os
restantes Órgãos Sociais da ZIF Serapitel e para todos os aderentes.
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2. A Assembleia Geral é constituída por todos os aderentes que se encontrem
no pleno gozo dos seus direitos de aderente e que não se encontrem a cumprir
qualquer penalidade imposta nos termos deste regulamento, sendo a sua constituição
divulgada, pela Entidade Gestora, por afixação no local da reunião,
uma hora antes de cada Assembleia Geral, bem com na página da Internet da Entidade
Gestora.
2. A Assembleia Geral reúne por convocação do seu Presidente da
Mesa, por carta, para cada um dos aderentes, com a antecedência mínima
de 10 dias.
4. Da convocatória deve constar a indicação do dia, hora e local
da reunião bem como a respectiva ordem de trabalhos.
5. A Assembleia Geral terá obrigatoriamente duas sessões ordinárias
em cada ano, uma em Dezembro, para aprovação do plano de actividades
e orçamento, e outra em Março para aprovação do relatório
de actividades, do relatório de contas e do parecer do Conselho Fiscal, relativos
ao ano anterior.
6. A Assembleia Geral reunirá extraordinariamente sempre que seja convocada
pelo seu Presidente, seja por iniciativa própria, seja a pedido da Entidade
Gestora, do Conselho Executivo ou do Conselho Fiscal, seja ainda, quando tal lhe for
requerido por vinte por cento dos aderentes.
7. A Assembleia Geral, ordinária ou extraordinária, só poderá
funcionar, validamente, a hora marcada se nela estiver presente, pelo menos, metade
dos aderentes. Porém, trinta minutos mais tarde poderá funcionar com
qualquer número de aderentes.
8. A Assembleia Geral extraordinária requerida por um grupo de aderentes, só
poderá funcionar desde que nela sejam presentes pelo menos setenta e cinco por
cento dos requerentes.
9. A mesa da Assembleia Geral é constituída por três membros efectivos
- Presidente, Vice-presidente e Secretário - e por um suplente.
10. Nas reuniões da Assembleia Geral não poderão ser tomadas deliberações
sobre matérias estranhas a ordem de trabalhos excepto se estiverem presentes
todos os aderentes e todos concordarem com o aditamento.
1 1. Compete especificamente à Assembleia Gerai:
a) Eleger a Mesa da Assembleia Geral;
b) Eleger os titulares dos Ór3ãos Sociais;
c) Destituir o Conselho Executivo e ou o Conselho Fiscal;
d) Aprovar, por pelo menos 50% do universo dos proprietários e produtores florestais
aderentes que detenham, em conjunto, mais de metade da superfície da área
da ZLF, o plano anual de actividades e o relatório de contas;
e) Aprovar o relatório de actividades, o orçamento e o parecer do Conselho
Fiscal;
f) Aprovar a Entidade Gestora da ZIF;
g) Decidir pela substituição - da Entidade Gestora- da ZIF quando isso
corresponder a vontade de mais de 50% do universo dos proprietários e produtores
florestais aderentes e deter, em conjunto, mais de metade da superfície da área
da ZIF ou quando o plano anual de actividades e o relatório de contas não
for aprovado por pelo menos 50% do universo dos proprietários e produtores florestais
aderentes que detenham, em conjunto, mais de metade da superfície da área
da ZIF;
h) Decidir sobre os recursos materiais e financeiros que lhe sejam submetidos;
i) Aplicar a medida de exclusão de aderentes pelo não cumprimento do
regulamento interno da ZIF;
j) Alterar e aprovar regulamento interno, quando expressamente convocada para o efeito
para o que se exige o voto favorável de três quartos dos aderentes presentes
e desde que estes representem, pelo menos, 25% do universo de aderentes da ZIF detentores
de pelo menos 50% da área da ZIF;
k) Extinguir a ZIF Serapitel, quando expressamente convocada para o efeito - para que
se
exige o voto favorável 50% do universo dos proprietários e produtores
florestais aderentes e deter, em conjunto, pelo menos metade da área da ZIF;
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l)Em Assembleia Geral que se vote a dissolução da ZIF Serapitel, os votos
serão obrigatoriamente nominativos e não serão permitidas abstenções,
por ficar expressamente convencionado, nesta constituição do regulamento,
que no caso de dissolução todos os aderentes serão solidariamente
responsáveis por todos os compromissos e obrigações assumidos
com vista a constituição e a realização dos seus objectivos;
m) Fixar, mediante proposta da Entidade Gestora, as importâncias das contribuições
dos proprietários e produtores florestais aderentes para o Fundo Comum;
n) Autorizar o Conselho Executivo a demandar os membros dos Corpos Sociais para actos
praticados no exercício dos seus cargos;
o) Alterar a área territorial da ZIF sobre proposta devidamente fundamentada
da Entidade
Gestora com uma periodicidade não inferior a cinco anos;
p) Promover uma reunião, para todos os proprietários e produtores florestais
abrangidos pela área territorial da ZIF, de aprovação do Plano
de Defesa da Floresta contra Incêndios, do Plano de Gestão Florestal,
que deverão estar disponíveis para consulta pública durante 30
dias, para apreciação nos termos do no 1, do artigo 23" do Decreto-Lei
no 12712005 de 5 de Agosto;
q) Remeter os planos referidos no número anterior, após aprovação
em Assembleia Geral, as respectivas entidades, Comissão Municipal de Defesa
da Floresta Contra Incêndios (CMDFCI) e a Direcção Geral dos Recursos
Florestais bem como a outras entidades que a
Direcção Geral dos Recursos Florestais venha a considerar relevantes
nos termos do definido no artigo 23" do Decreto-Lei no 12712005 de 5 de Agosto;
r) Definir o valor e forma de remuneração da Entidade Gestora,
s) Deliberar sobre a intervenção em prédios de que se desconheça
o proprietário ou o seu
paradeiro.
12. A excepção dos casos expressamente determinados nas alíneas
d), g), j) e k) do numero anterior, as deliberações da Assembleia Geral
são válidas quando tomadas por maioria absoluta dos votos presentes.
13. Às reuniões da Assembleia Geral poderão assistir todos os
proprietários da área da ZIF mas, apenas os aderentes poderão
participar.
14. De cada reunião da Assembleia Geral será lavrada a acta, indicando
o número de aderentes presentes e o resultado das votações e deliberações
havidas, sendo assinada pelos membros da Mesa. |
Artigo 10"
(Competências do Presidente da Assembleia Geral) |
São da competência
própria do Presidente da Mesa da Assembleia Geral:
a) Convocar reuniões da Assembleia Geral;
b) Dar posse aos titulares dos Órgãos Sociais;
c) Dirigir os trabalhos da Assembleia Geral e assegurar a ordem e disciplina dos mesmos;
d) Velar pelo cumprimento do regulamento interno. |
Artigo 11"
(Constituição e do Conselho Executivo) |
1. O Conselho Executivo
é o órgão de Acompanhamento da Entidade Gestora da ZIF Serapitel.
2. O Conselho Executivo é constituído por três membros efectivos:
Presidente, Tesoureiro, Secretário - e por um suplente.
3. O Conselho Executivo reúne quando convocada pelo seu Presidente ou a pedido
da maioria dos seus membros.
4. Compete ao Conselho Executivo, assegurar o período de transição
em caso de demissão da Entidade Gestora.
5. Compete, em especial, Presidente:
a) Convocar a . reuniões do Conselho Executivo;
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b) Convocar, sempre que o entender, reuniões com a Entidade Gestora, de forma
a acompanhar o processo de gestão da ZIF;
c) Decidir, em caso de empate, exercendo o voto de qualidade;
d) Assinar, ou fazer assinar, no seu impedimento, por um seu substituto expresso, os
documentos que obriguem a ZIF, conjuntamente com outro membro do Conselho Executivo. |
Artigo 12"
(Competências da Entidade Gestora) |
A Entidade Gestora possui
as competências definidas no Decreto-Lei N.' 127J2005, de 5 de Agosto de 2005.
Assim, tem competência para decidir sobre todas as matérias relacionadas
com os objectivos da ZIF que não estejam expressamente reservadas por este regulamento
ou pela lei a Assembleia Geral, ao Conselho Executivo ou ao Conselho Fiscal. Compete,
nomeadamente, a Entidade Gestora:
a) Definir, orientar, executar e fazer executar as directrizes traçadas pelo
regulamento, pela Assembleia Geral ou por si mesma;
b) Exercer o poder disciplinar necessário para dar cumprimento ao presente regulamento
interno;
c) Propor a Assembleia Geral a aquisição ou alienação de
bens imóveis da ZIF;
d) Requerer ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral a convocação extraordinária
da mesma;
e) Criar um centro de custos específico da ZTF ;
f) Elaborar e apresentar a Assembleia Geral o Plano de Actividades e Orçamento
Anual;
g) Elaborar e apresentar a Assembleia Geral o Relatório de Actividades e Contas
Anuais, juntamente com o parecer do Conselho Fiscal;
h) Divulgar na Assembleia Geral Ordinária de Dezembro, a lista geral de proprietários
aderentes a ZIF.
i) Apresentar candidaturas aos apoios disponíveis para a área da ZIF.
Executar os planos comuns da ZIF Serapitel. |
Artigo 13"
(Conselho Fiscal) |
O Conselho Fiscal é
o órgão de fiscalização e controle económico-financeiro
da ZIF.
O Conselho Fiscal é constituído por três membros efectivos - Presidente,
Vice-presidente e
Secretário - e por um suplente.
O Conselho Fiscal reunirá anualmente e sempre que for convocado pelo seu Presidente.
O Conselho Fiscal só pode deliberar com a presença da maioria dos seus
membros, sendo as deliberações tomadas por maioria
de votos dos presentes, tendo o Presidente voto de qualidade.
Compete ao Conselho Fiscal, designadamente:
a) Fiscalizar os actos da Entidade Gestora;
b) Examinar a escrita da ZJF;
c) Conferir os saldos da caixa e quaisquer outros valores;
d) Requerer a convocação duma Assembleia Geral extraordinária
quando assim o entenda;
e) Dar parecer escrito sobre o relatório, balanço e contas anuais, bem
como sobre qualquer
outro assunto que lhe seja suscitado pelo Conselho Executivo ou pelo Presidente da
Mesa da Assembleia Geral. |
Artigo 14."
(Fundo Comum) |
A constituição
do fundo comum é obrigatório e destina-se a financiar acções
geradoras de
benefícios comuns e de apoio aos proprietários aderentes.
A constituição e gestão do Fundo Comum é efectuada pela
Entidade Gestora.
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Constituem receitas do fundo comum:
a) As contribuições dos proprietários e produtores florestais
aderentes;
b) Receitas provenientes de candidaturas aos apoios disponíveis;
c) Prémios e incentivos que venham a ser definidas na Lei;
d) Quaisquer outras permitidas por Lei.
Constituem despesas do fundo comum:
a) O financiamento de acções geradoras de benefícios comuns e
de apoio aos
proprietários e produtores florestais aderentes
b) Todas as decorrentes do exercício das suas actividades de gestão florestal
e iniciativas, consoante as decisões da Entidade Gestora de acordo com o presente
Regulamento e as deliberações da Assembleia Geral;
c) As correspondentes a remuneração da Entidade Gestora.
d) As despesas que lhe forem impostas pela lei vigente. |
Artigo 15."
(Alteração da ZIF) |
A área territorial
da ZIF Serapitel, definida no Artigo 1" do presente projecto de regulamento
interno, poderá ser alterada por períodos não inferires
a 5 anos, desde que tal sejam satisfeitas cumulativamente as seguintes condições:
a) A alteração seja objecto de agenda em Assembleia Geral de aderentes;
b) Exista o voto favorável de três quartos dos aderentes presentes e desde
que estes representem, pelo menos, 50% do universo de aderentes
da ZIF; |
Artigo 16."
(Extinção da ZIF) |
A extinção
da ZIF Serapitel, em Assembleia Geral, quando expressamente convocada para o efeito
- para que se exige o voto favorável 50% do universo dos proprietários
e produtores florestais aderentes e deter, em conjunto, pelo menos metade da área
da ZIF - conforme definido na alínea k) do no 1 I do artigo 9".
Em conformidade com o disposto na alínea 1) do no 11 do artigo gO, na Assembleia
Geral que se vote a dissolução da ZIF Serapitel, os votos serão
obrigatoriamente nominativos e não serão permitidas abstenções,
por ficar expressamente convencionado, nesta constituição do regulamento,
que no caso de dissolução todos os aderentes serão solidariamente
responsáveis por todos os compromissos e obrigações assumidos com vista a constituição e a realização
dos seus objectivos;
Quando estas duas cláusulas S. verificarem poderá ser extinta a SIF Serapitel.
Contudo, se na data desta extinção, existirem bens comuns, os mesmos
deverão ser leiloados de forma a fazer face as despesas e indemnizações
inerentes ao processo. |
Artigo 17."
(Norma Transitória) |
Até a tomada de posse dos Órgãos
Sociais, a administração da ZIF Serapitel será assegurada pelos
representantes do Núcleo Fundador e pela Entidade Gestora da ZIF, aprovada na
reunião de Audiência Final.
Página 6 de 6. |
Fonte ZIF - Ano 2005 (Registado aqui - Ano de
2008)) |
|
- Saída e entrada
de Século -
"Festa da Passagem ao Século
XX" (V) *
Quando se aproximava o
ano 2000 e por conseguinte a entrada do século XXI, seria curioso saber como
foi à 100 anos atrás a entrada do século XX em Loriga, por isso,
fazendo-se umas pesquisas mais aprofundada foi possível encontrar um registo
de que aqui vamos dar conta.
Assim viemos a saber ter havido uma festa dedicado a tão importante acontecimento
que foi a passagem dos anos de 1899 para o ano 1900 (século XIX para o século
XX).
Muito antecipadamente as entidades civis e eclesiásticas do País, iam
inspirando a população portuguesa para levarem a efeito algumas iniciativas,
inclusivamente, de aspecto festivas ou religiosas ao mesmo tempo recomendando uma melhor
preparação para a entrada dum novo século.
Por todo o lado durante o ano 1899, foram-se efectuando festas alusivas à passagem
do século, Loriga também não podia ficar alheia a essa data memorável,
assim sendo, com a devida antecedência essa festa comemorativa da passagem do
século foi programada para começar em Agosto, principiando mais concretamente
a nível religioso. Essa Festa foi realizada em três dias 14, 15 e 16 desse
mês de Agosto de 1899.
Com antecedência necessária foi encomendado a um artista da cidade de
Braga, a escultura de Nossa Senhora da Boa Morte à qual foi essa festa dedicada.
As ruas foram enfeitadas com cordões de verdura, bandeiras e balões à
veneziana desde da casa do pároco até à Redondinha, visto serem
mordomas D. Ermelinda Guimarães Mendes e Maria Vicencia Lages.
As fronteiras das casas das ditas mordomas iluminadas com tigelinhas à maneira
do Minho e as ruas enfeitadas dava um aspecto bonito à freguesia, sendo realizadas
procissões e era bem visível no povo a alegria pela realização
dessa festa, onde ao mesmo tempo a expectativa de ansiedade era grande por estarem
a poucos meses da entrada de um novo século.
As missas solenes nos três dias, os respectivos sermões e a orquestra,
ainda hoje ficavam bem em soleníssimas festas de cidade. A orquestra regida
pelo sacerdote Luiz Augusto Viegas, na altura perfeito e professor no Seminário
da Guarda e que veio a falecer em Seia de onde era natural, faziam também parte
seu irmão Padre António Augusto Viegas, veio a Loriga uma afamada cantora
de Viseu e ainda vários cantores e executantes da Vila de Seia.
Durante esses três dias de festa foram de beleza e dum brilhantismo inexcedível,
em que todos os Loriguenses tomaram parte activa em colaboração com os
promotores, havendo pregação por um Cónego da Sé de Viseu
que durante toda a semana foi preparando a freguesia para a festa que se ia realizar
no fim-de-semana seguinte.
As despesas totais desta festa foram saldadas por Augusto Luís Mendes abastado
proprietário industrial e senhor das propriedades e das fábricas de lanifícios
existentes no local chamado de "Redondinha"; também pelo pároco
de Loriga Padre António M. Gouveia Cabral e ainda pelo irmão deste Sr.
José Mendonça Gouveia Cabral.
Nessa altura o regozijo das pessoas nas festas religiosas, não era com grandes
bailes ou grandes musicadas, não querendo dizer-se com isso, que por vezes não
houvesse uma ou outra dança em algum largo da vila de Loriga, no entanto, a
alegria do povo consistia a passear pelas ruas, principalmente as filhas com as mães,
os rapazes matreiros para os namoriscos, os homens a beberem um pouco mais de vinho
pelas tascas e as pessoas sentadas às soleiras das portas cantando à
Nossa Senhora da Boa Morte ou à Nossa Senhora da Guia versos lindos que ainda
hoje se cantam, muitos deles arranjados pela Sra. Maria Hermínia Mendes Lages
que os preparou para a chegada da imagem de N.S. da Boa Morte e que o povo durante
muito tempo cantou.
Foi de facto uma Festa que ficou na memória das pessoas de então, com
Loriga cheia de gente, principalmente à noite com a janelas iluminadas com velas
e candeeiros a petróleo, dando uma imagem diferente á vila, ficando assim
realizada a festa que era já alusiva à passagem ao século seguinte,
tendo ao longo dos messes seguintes sido efectuado outras iniciativas singelas intitulada
de "passagem do século" que culminou no último dia do ano,
quando na realidade se deu a mudança do século, com o povo a sair para
a rua dando largas ao seu contentamento, mas que mesmo assim esteve sempre presente
no povo a ideia deixada de ter sido a Festa de Agosto a solenizar em Loriga a festa
comemorativa da saída de um século e entrada de um outro.
Está a aproximar-se uma nova passagem de século, cerca de 100 anos já
passados de uma festa religiosa em que era pedido ao Criador a bênção
e protecção divina, Loriga tem-se sempre manifestado na Fé, no
Crer e na Devoção, como que a continuidade da recomendação
deixada por esses antepassados de hà um século, entretanto já
passado.
De certo que a próxima passagem do século em Loriga, ou seja o século
XXI, que vai ocorrer dentro de dois anos, vai ser totalmente diferente, possivelmente
haverá muitas festas com muita música, divertimento, alegria, foguetes,
bebidas a escorregar pelas gargantas etc.. Mas de certo também com muito menos
actos religiosos, que foi o mote da passagem do século XIX para o século
XX agora a chegar ao fim.
* Pesquisas de:- Adelino Pina
(Ano 1993) |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
|
- Recortes da história
de Loriga -
"Memórias que o Fogo não
queimou" (IV) *
"Decorria o ano 1910 e tendo ficado impossibilitado por falta de saúde
o meu tio e padrinho, Monsenhor António Mendes Couveia Cabral de continuar à
frente da freguesia, pedi ao Exmo. Prelado a minha vinda para Loriga.
Comecei a paroquiar em Julho do mesmo ano e no mês de Agosto após a festa
da Nossa Senhora da Guia, fui de peregrinação ao Santuário de
Nossa Senhora de Lourdes. Nunca me esqueceram os insultos que em Espenha e mesmo na
França nos eram dirigidos pelo nefando crime de 1 de Fevereiro de 1908, consumados
em Lisboa: -o regicidio, planeado e executado pela maçonaria, que não
contente com a nódoa de sangue Real, então derramado, continuava a manobrar
nas alfurjas. Regressando de Lourdes no dia 17, sentia-se bem, desde que entramos em
Portugal a escaldante atmosfera politica, resultante da propaganda eleitoral daquele
que em breve devia ser o coveiro da Monarquia, o Conselheiro Teixeira de Sousa. Com
tal desassossego, como poderia eu, novo e sem experiência, organizar e assenhorear-me
do estado moral e religioso duma freguesia que não fosse a terra onde nasci
e me criei, desde os primeiros anos de seminário me habituei a auxiliar o pároco,
organizando a catequese, fazendo toda a escrita da paróquia, inclusive as certidões,
que por terem efeitos civis eram de grande responsabilidade.
Realizadas as eleições em 27 ou 28 de Agosto, passaram os politicos uma
boa parte do mês de Setembro a apurar se o governo contava ou não com
a maioria e chega-se aos primeiros dias de Outubro passados em festa com a passagem
por Lisboa do Marechal Hermes da Fonseca, presidente eleito da República brasileira.
O assassinato do Dr.Miguel Bombarda por um louco do hospítal onde ele era director
e o suicidio do Almirante Cândido dos Reis, que julgou gorada a revolução
em que estava comprometido, mortes que malevolamente foram atribuidas aos ultramontanos
(monarquicos dedicados e jezuitas, esta designação compreende todos os
católicos) a revolução saiu para a rua e a 5 de Outubro era implantada
a República. Nem aqueles que deram à luz tinham outro programa organizado
mais do que acabar com a Religião em duas ou três gerações.
Expulsar frades e freiras, encerrar e incendiar templos, matar padres, derribar imagens
dos altares, depôr e degradar bispos, caluniar todos os que defendiam as crenças
dos seus maiores, eis o magnifico programa com que os novos dirigentes se apresentaram
ao país para os livrar do banca-rota em que estava preste a afundar-se. O ódio
à Coroa ficou igualmente bem patente na pressa que se deram, em amputar às
pedras de Armas, das frontarias dos edificios públicos, escolas, chafarizes
e até de prédios particulares, d,onde diziam às gerações
dos grandes Feitos "de Albuquerques, Cabraes e outros que tanto se sublinaram"
e nisto consistiu durante bastantes anos a administração pública.
Entendeu tambem o governo que era preciso entrar no atalho da economia, visto as novas
Instituições terem encurralado os celebres adeantamentos à Casa
Real e para isso começou a "lauta boda" não para os espanhois,
mas para os precursores, para os herois da rotunda, que já sentados à
mesa ainda não viam a que deitar o dente, para os que perseguiam os talassas
e até para muitos, que alapardados nas mais sertanejas aldeias, só tiveram
conhecimento da recem nascida alguns meses após o seu advento, porque tinham
lampada acesa nos.... Loriga mantendo-se na expectativa, lastimava quanto de agressões
às suas crenças se praticavam por esse Portugal além e preparou-se
para a luta que em breve ia iniciar-se.
Tinha sido proibido a oração e o ensino da doutrina cristã nas
escolas e a saudação tão portuguesa "Seja louvado Nosso Senhor
Jesus Cristo", outra sucedera um seco "bons dias". O governo manhosamente,
decretára a proibição do ensino de qualquer religião nas
escolas e todos vimos logo que a punhalada fora simplesmente vibrada contra a Igreja
Católica e na nossa terra todos o percebemos, porque as estampas, terços
e catecismos com que era costume premiar os melhores alunos, foram sibstituidos pelo
"Manual politico" de Trindade Coelho, livro maçudo, impróprio
para crianças, quer pelo volume e peso, quer pelos assuntos que trata, todos
de propaganda anticatólica.
Não podia nem devia o paróco ficar calado perante tal ousadia que só
tinha em vista semear o ódio à Religião nas familias dos alunos
e não nestes, porque alem de maçudo, era tudo menos livro próprio
para prender a atenção de crianças, todo ele ressumbrava ódio
e despreso pela religião.
À estação da Missa paroquial do dia 8 de Dezembro, dia consagrado
à Rainha de Portugal, que os portugueses desenerados pertendiam apear do seu
trono de Misericórdia, tive de fazer compreender aos Loriguenses a obrigação
que lhes assistia de rasgarem ou queimaremm veneno tão pernecioso em lares cristãos
e que segundo as leis em vigor, os professores não podiam, nas escolas, falar
pró ou contra a religião (pobres alunos de tão tristes tempos,
que pelo simples facto de assistirem à Missa eram saudados à entrada
da escola com um autentico arraial de pancadaria).
No dia seguinte, intimado pela autoridade, entrei pela primeira vêz, na Administração
do Concelho, onde um Administrador, novo, simpático até, que como médico
trazia na sua bagagem injeções e tizanas para fazer esquecer aos seus
subordinados os 8 séculos de gloriosa história e das tradições
religiosas em que Portugal, foi baptizado tendo por madrinha Aquela, que sempre reservou
para o novo afilhado o melhor afolar a Virgem Nossa Senhora.
Logo de entrada, numa tirada comiceira pertendeu fazer-me compreender, que a aurora
que à poucos dias raiára, era tão brilhante e bela que desejava
acolher a todos os portugueses no paraiso de felicidades em que iamos viver e que por
isso, o meu dever era inscrever-me no livro de adesões à nova forma de
governo. Mas.... a marca dos seus dentes já estavam bem patente nos umbraes
dos templos.
Quando percebeu que não comovera, com as estirada oratoria e nem me dispunha
a assinar a minha adesão, veio com a ameaça, dizendo, que o crime contra
o templo da instrução e seu zelo sacerdote, por mim praticado era de
tal forma grave, que só podia ser expiado com um passeio até Angola,
porque, sobrinho de jesuita, nunca na Metrópole podia purificar-me de tal nódoa.
Tive dó do pobre esculápio pelo argumento aduzido e sorrindo-me, respondi:
-fico contente por se encontrar no Portugal, que os nossos Reis deram a Portugal "à
beira mar plantado" um cantinho de terra portuguesa onde se possa viver em sossego.Com
pouco mais terminou a minha primeira visita à autoridade que ameaça castigar
alguem por "crimes" de outrem e por esta pequena amostra se avalia da fazenda
que tinhamos de usar.
Mas deixemos os politicos históricos e adesivos estregues ao regabofe das persiguições,
das vinganças e do ridiculo em que logo de principio começaram a atascar-se
e voltemos aos factos da Igreja de Loriga, sendo todavia certo, que falando da vitima
terei muitas vezes de me referir ao carrasco. Somos chegados aos fins de 1910. Os habitos
talares, foram a "só para ingles usar" porque enquanto o clero nacional
estava proibido de usar batina, os padres e seminaristas irlandeses continuaram a usá-la
e a passear as ruas de Lisboa. Seria por a batina branca dos dominicanos meter menos
medo aos nosso estadistas do que a sotaina (é assim que ainda hoje lhe chama)
negra do clero portugûes?.. O motivo deve ter sido outro. É que, saidos
à pouco das tenebrosas alfurjas, não podendo ainda enfrentar a luz, pareceu-lhes
vêr cavalaria em marcha sobre a terra portuguesa, nos cavalinhos das loirinhas
libras inglesas e por isso os deixaram à vontade.
Não pense o leitor, que o concelho de origem do famigerado Ministro da Justiça
do Governo Provisório, Dr.Afonso Costa, que em 24 de Abril de 1911, após
a publicação da celebre intangivel lei da Separação, na
cidade de Braga declerára "urbi et orbi",ir acabar com a Igreja Católica
em duas ou três gerações, fosse realmente o local escolhido para
os melhores ensaios de persiguições. Graças ao Chefe de Secretaria
da Administração do Concelho, António Augusto de Oliveira Santos,
só eu por ser sobrinho de um Jezuita fui três vezes chamado à presença
da Autoridade: -e seja-me permitido frizar um episódio passado no Parlamento,
relacionado com as persiguições no concelho de Seia.
Certo Deputado,vermelhusco ao maximo, increpou o Ministro da Justiça por se
não cumprir a lei da Separação e nomeadamente no concelho de Seia.
Em resposta o Ministro nomeou Administrador do nosso concelho um certo encadernador
de livros de Cascais, com recomendação expressa de.... deixar à
solta todos os ladrões e.... prender os padres que tivessem o atrevimento de
sair à rua de hábitos talares. No primeiro dia em que entrou no exercicio
das suas funções, apenas chegou à Repartição vê
passar o Reitor que vinha de celebrar na Igreja da Misericordia "facundo e não
irado" chamou o Secretário ordenando-lhe que fizesse um oficio intimando
aquele padre a comparecer na Repartição naquele dias às três
horas da tarde: -Olhe Sr.Administrador, responde o Secretário, aquele Sr.Padre
é o paroco da Vila, bondoso, caritativo, que nunca fêz mal a ninguém
e se souberem que V.Exia. o intimou a vir aquí, ainda antes de ele chegar o
largo será pequeno para conter a gente que se há-de juntar. O nosso concelho
tem estado em sossego e muito tem contribuido para isso o clero, que em todas as freguesias
recomennda ordem e acatamento às instituições e se V.Exia. vem
na disposição de pertubar a ordem, então acho preferivel que não
se demore a voltar para Lisboa. Aconselho até V.Exia. a oficiar aos parocos
a agradecer-lhes o muito que têm feito para o sossego no concelho e a pedir-lhes
que continuem a pregar a paz. Efetivamente poucos dias depois recebiamos da Administração
esse oficio e o pobre encedernador, talvez em Lisboa tivesse de dar a desculpa de que
não podia suportar os ares fortes da Serra da Estrela.
Quanto valeu a prudência deste homem, posso eu dize-lo, porque por duas vezes,
acabando de fazer oficios de intimação para mim, mandava na frente um
portador aconselhando-me a sair da freguesia.
Alguem poderá vêr em tudo quanto temho dito, depois de 5 de Outubro, o
ódio, a má vontade contra as novas Instituições. Puro engano:
-porque, se é certo que a Monarquia representava a tradição desde
o principio da nossa nacionalidade é tambem certo que depois do liberalismo,
as instituições monárquicas eram uma farça e o Rei um joguete
que tinham de se deixar manobrar pelos politicos e quando pela primeira vêz,
quiz levantar o país à altura das tradições históricas
deu-se o crime do Terreiro do Paço de 1 de Fevereiro de 1908. Todo o país
recebeu a revolução de braços abertos, esperando medidas tendentes
a melhores dias para a Nação: -só trazia um gravissimo defeito,
as mãos manchadas de sangue Real de que não se purificára e como
todo o crime tem de ser expiado, todos nós e principalmente os católicos
sentimos o peso do castigo. A menos de um mês da implantação da
República (3 de Novembro), fomos brindados com o primeiro decreto com força
de lei, o divórcio. É preciso ser filho de.... mulher solteira para ser
esperto e velhaco -estava nestas condições o ministro da Justiça
do Governo Provisório para brindar os portugueses em 25 de Dezembro de 1910
com leis de família. Nem ao menos respeitar esta data!.. É que ele nunca
conhecera os encantos da alegria da família na noite de consoada!.. Era seu
desejo que de futuro se considerasse em terras de Portugal como dia de Natal o 5 de
Outubro.
Em 18 de Fevereiro de 1911 foi publicado o decreto com força de lei, que tornava
obrigatório o Registo Civil. A Igreja tinha que vêr com este decreto e
o clero até folgava com tal lei que aliviava de trabalho que vinha tendo desde
1860 sem remuneração alguma: -mas o grande desejo do grande estadista
da justiça era manifestar a mà vontade que tinha à Igreja e por
isso continuava sempre a empregar os meios que julgava eficazes, para acabar com Ela:
-daí, o artigo 313, que impedia os parócos de assistir ou cooperar em
baptizados, casamentos ou óbitos sem ter em seu poder o Boletim sob pena de
pesada de multa.
Vinte de Abril de 1911: -o mesmo legislador (sempre o mesmo) publicou o Decreto que
o havia imortalisar através de todos os tempos, a lei da Separação
do Estado da Igreja que melhor fora chamar-lhes de expoliação, porque
o Estado começava desde então a ser o senhor absoluto de tudo o que à
Igreja pertencia.
Mas como um acto de indeciplina perante a grei, era um crime teve Sua Exia. de ir de
chapéu na mão, submete-la à aprovação da Associação
do filhos da Viúva, cujo chefe Dr.Magalhaes Lima, ao vêr obra tão
completa, esfregando mãos de contente, dissera extasiado: -dentro de poucos
anos não há quem queira ser padre em Portugal. Ó perseguidores
da Igreja!.. Deixai-vos de profecias porque outros mais feras do que vós morreram
desesperados por não conseguirem o mesmo fim que vos propondes realizar.
Loriga vivia por estes tempos um nervosismo fora do vulgar devido ao republicanismo
histórico (de 7 de Outubro de 1910), do professor Pedro de Almeida. Tinham chegado
à nossa terra uns longinquos rumores de revolução em Lisboa na
tarde de 5 de Outubro e enquanto uns, davam já a República com implantada,
outros entre eles Pedro de Almeida, afirmavam afoitamente, que a revolução
não vingará e o histórico ao despedir-se dum grupo de amigos,
rematou com esta frase: -os amigos vão dormir com a república enquanto
eu continuo a dormir com a monarquia. No dia 7 dirigiu-se a Seia a saudar os heróis
na pessoa da autoridade concelhia, declarando ser republicano desde.... que nascera
e oferecendo os seus serviços como missionário de propoaganda. Em 9 de
Abril de 1911, veio a Loriga o primeiro funcionário concelhio de Registo Civil,
Dr.António Borges Pires, que encontrou a nossa terra em pé de guerra
contra as novas instituições, chegando a levar uma bofetada duma mulher
chamada Ana da Marta, que depois tratou sempre por madrinha. Assim como a história
de Portugal arquivou nas suas páginas o nome de Brites de Almeida, a celebre
padeira de Aljubarrota, justo é, que fique tambem guardado o nome de Ana da
Marta. |
* Recortes de Memórias escritas pelo Sr.
Padre António Mendes Cabral Lages (1951)
(Este é um registo dos vários
e muitos escritos de memória do Sr.Padre Lages, que chamou "Para Constar"
que se pensam serem escritos apartir da década dos anos 50, que se recuperaram,
quando se pensou estarem perdidos destruídos pelo fogo, por isso o titulo "Memórias
que o Fogo não queimou" com que se intitula este registo aqui descrito). |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
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- Coronel Mendes dos Reis
-
"Uma grande carreira militar" (III) *
Não sendo natural
de Loriga, cedo se assumiu Loriguense e tinha a nossa terra sempre em pensamento, filho
de José dos Reis e de Maria Águeda Mendes Lemos naturais de Loriga, nasceu
no dia 11 de Abril de 1873 em Macapá concelho do Pará-Brasil.
De seu nome completo, José Mendes dos Reis, de muito novo escolheu aquilo para
o qual ele pareceu ter nascido, que era a carreira militar e assim com apenas 16 anos
alistou-se como voluntário na Infantaria 5, no dia 19 de Novembro de 1889.
Viveu realmente em tempos muito difíceis e de mudanças sociais, não
só no nosso país como também no panorama internacional, sendo
o de mais realce em Portugal a implantação da República e na Europa
a primeira Guerra Mundial de 1914-18.
Um apoiante incontestável e lutador da República, teve um grande envolvimento
nos complicados primeiros anos desse novo regime destacando-se em 1911-1912 por ocasião
das incursões e movimentos monárquicos no norte do país, comandado
um Grupo de metralhadoras com operações em Braga, Arco de Valdevez e
Montalegre e como comandante do destacamento sufocado a rebelião de Celorico
de Bastos em 1912.
Foi de facto invejável o currículo militar desta ilustre figura, por
isso, ao notabilizar-se em determinadas ocasiões da sua carreira militar, viria
a pagar caro a sua audácia, assim durante muitos anos teve por perto uma vigilância
de movimentos, por parte da ditadura que governou o país durante mais de quatro
décadas. Sendo talvez esta situação a causa determinante que influenciou
muitos loriguenses, com receio, de terem para com ele um mais estreito relacionamento,
levando por isso, a ficar num relativo esquecimento.
Foi depois da sua morte e após a revolução dos cravos de Abril
de 1974, que passou a ser visível muitas das suas Condecorações
e altos Louvores que fazem parte de um grande espólio com que foi distinguido
ao longo da sua carreira militar e que hoje pertence a Loriga e por conseguinte justificadamente
à guarda da Junta de Freguesia local.
Sendo acima de tudo um verdadeiro militar e também um politico, no entanto,
ao longo das sua vida foi na carreira militar que mais sobressaiu os seus feitos dignos
de registo, fui em busca de muitos desses registos e saber um pouco mais da vida desta
tão prestigiosa figura do povo loriguenses, que me levou em busca da sua carreira
militar que foi de elevado relevo que passo a transcrever nalguns recortes:
"Depois de ter tirado o curso da sua arma, tornou-se oficial, sendo promovido
a Alferes em 28.11.1895, tendo alcançado o posto de Coronel em 11.3.1922. Tirou
o curso de mestre-de-armas na Escola Prática de Infantaria de Mafra, foi alí
depois professor de esgrima e instrutor de tiro, Leitura de Cartas e Reconhecimento
Militares. Foi também professor de esgrima na Escola do Exército, na
Escola Prática de Cavalaria, no Centro Nacional de Esgrima e em vários
estabelecimentos militares.
Foi premiado altamente em diversos concursos de esgrima, vogal de júris de exames
para picadores e campeonatos militares de sabre na Semana Militar Portuguesa, serviu
em várias unidades e serviços da sua arma e foi vogal da comissão
técnica de Infantaria.
Ainda como oficial subalterno fez campanha em Moçambique e no ano de 1915 já
no posto de Capitão esteve em Angola comandando um grupo independente de Metralhadoras
participando em operações no sul desta província contra os Alemães
Após as campanhas pelas Colónias de regresso à Metrópole,
foi-lhe entregue o comando da força de Infantaria e Metralhadoras que forçou
o Batalhão de Infantaria 21, mobilizado, a depor a sua atitude de recusa a marchar
para o C:E.P., em França. Comandou também uma força que prendeu
os oficiais de Infantaria 34 que se recusavam (1917) a embarcar para França
o seu regimento, conseguindo depois o embarque voluntário das praças
dessa unidade. Foi 2. Comandante da Escola de Guerra, onde em 1918, dominou um esboço
de insurreição monárquica de alunos.
Em 1918 esteve em França, incorporado no C.E.P., e em Inglaterra como chefe
de uma missão militar de oficiais da Escola de Guerra para actualizarem os seus
conhecimentos de instrutores de alunos dessa escola. Nesse ano foi Promotor da Justiça
no Concelho Superior de Promoções. Em Janeiro de 1919 assumiu o comando
do Corpo de Tropas de Guarnição de Lisboa e organizou as primeiras forças
republicanas para atacar os revoltosos monárquicos concentrados no Monsanto
e a seguir chefiou um destacamento de tropas de todas as armas com 3.200 homens, que
marchou para Aveiro e bateu as forças da Monarquia do Norte em Fossos, Angêja,
Canelas, Sabrece e Estarreja, entrando no porto em Fevereiro de 1919.
Foi depois governador militar de Viana do Castelo. Em 1922 foi Presidente da Comissão
Executiva de Educação Física do Exército. Em 1923 comandou
a Escola de Tiro de Infantaria. Em 1924 foi vogal da Comissão nomeada de estudo
do Regime dos Tabacos em Fevereiro desse ano, para reduzir as despesas do Ministério
da Guerra, bem como presidiu à Comissão Executiva da Comemoração
das Campanhas de África e foi vogal da Comissão organizadora do Congresso
Nacional de Natação. Em 1924-25 foi a Moçambique proceder a um
inquérito à Companhia do Niassa. De 1919 a 1926 foi Senador da República
em quatro legislaturas consecutivas 2. e 1. Secretário dessa Assembleia e representou-a
como vogal no Concelho Colonial.
Depois de 15 anos já passados após a implantação da República,
o nosso país continuava confuso, os diversos governos, alguns provisórios,
não conseguiam encontrar meios de uma estabilidade política, por isso,
as revoluções era uma constante permanente, assim, o ano de 1927 foi
determinante e ficaria marcado para o Coronel Mendes Reis, como o lado difícil
e negro da sua carreira.
Em 7 de Novembro de 1927 chefiou a revolução contra o governo, saído
do movimento de 28 de Maio desse ano. Foi afastado e separado do serviço de
15.11.1927 a 11.7.1930, tendo sido preso e deportado para Angola e reformado a 12.7.1930.
Passando pela ilha da Madeira por motivo de saúde, ali secundou o general Sousa
Dias em 4 de Abril de 1931, aderindo ao movimento revolucionário popular eclodido
no Funchal contra o governo já de Salazar, que ficou conhecida pela "revolta
da farinha" que ainda hoje se comemora naquela cidade, tendo sido novamente preso
e demitido do Exército nesse mesmo mês.
Em 1937 foi reintegrado na situação de reforma e assim permaneceu a tal
como atrás dizemos sempre vigiado pela ditadura.
Em 1959 volta a ter alguma atenção pela soberania militar, ao ser solicitada
a sua presença, por ocasião da despedida da Companhia Expedicionária
de Metralhadoras Nr.1 que seguia para a Índia, para a inauguração
no gabinete do Comandante da unidade de uma sua fotografia, como Comandante da 2. Bateria
Expedicionária a Angola em 1914 e que tinha conquistado para a Unidade a Cruz
de Guerra da 1.Classe com Palma de Ouro. Inauguração esta presidida pelo
Subsecretário do Exército em nome do Governo português.
Como dizia um pouco atrás desta crónica, a folha de serviço militar
do Sr. Coronel Mendes dos Reis, regista dezenas de Altos Louvores e Condecorações
o que vem demonstrar a sua verdadeira capacidade militar que por esse meio lhe foi
com justifiça reconhecida:
"Medalha de Ouro
comemorativa das Campanhas do Exército Português com a legenda "Sul
de Angola" 1914-1915; Medalha Comemorativa do C.E.P. com a legenda "França-1917-1918;
Medalha da Vitória com Estrela; Cruz de Guerra de 1. Classe; o grau de Oficial
da Ordem de Torre e Espada com palma dourada; Medalha de Ouro de Serviços Distintos
no Ultramar com a legenda "Homenagem Nacional aos Heróis da Ocupação
do Império 1943; Medalhas militares de ouro e prata da classe de Comportamento
Exemplar; Medalha de prata da classe de Valor Militar com a letra "C";Medalha
de prata da classe de Bons Serviços com Letra "C"; os graus de Comendador
das Ordens de Cristo e de Santiago da Espada, os de cavaleiro desta mesma Ordem de
Santiago de cujo Concelho foi vogal da Ordem de Avis (cavaleiro, comendador e grande
oficial); a Cruz de Benemerência (Portuguesa) e finalmente a Ordem de Mérito
Militar de Espada com distintivo branco".
Nascido em terra distante, seus pais o trouxeram para Portugal, ainda em criança
passando Loriga a ser a terra do seu coração, que a não esquecia
apesar de estar permanentemente afastado dela. Tendo até tido uma certa influência
junto aos governos em que pertenceu, para que Loriga passa-se a ter Estação
de Correios Centrais o que veio a acontecer, que na altura já se fazia sentir
essa necessidade na região da nossa terra. O
senhor Coronel Mendes Reis também não poderia ser esquecido por Loriga
e assim com justiça foi homenageado perpetuamente na Toponímia da sua
terra ao ser atribuído à antiga Rua da Amoreira o seu nome.
Ao retratar-se nesta crónica com alguns recortes desta figura notável
da vila de Loriga, se poderá concluir durante a sua carreira militar, se para
alguns foi inimigo para muitos outros foi considerado um Herói. Grande parte do seu espólio, incluindo, as
condecorações que teve, foram entregues à Junta de Freguesia de
Loriga, que depois do 25 de Abril foi possível ser exposto e dado a conhecer
a todos os loriguenses em geral.
Faleceu com 98 anos de idade, no dia 19 de Novembro de 1971, Durante muitos anos ficou
refugiado na sua residência e no seio da sua família, com a sua casa a
ser sempre vigiada pelo poder governativo, por motivo de todos os contornos e audácia
ao longo da sua vida militar.
* Pesquisas de:- Adelino Pina
(Ano 1993) |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
|
- História da Emigração
Loriguense -
"Uma História da Emigração
para o Brasil" (II) *
O Zé Janeiro era
um rapaz que tendo nascido em Loriga, se preparava em 1841 a completar os vinte e quatro
de vida. Era alto, espadaúdo, de tez morena quase a roçar pelo caboclo
ou café com leite, devido às inclemencias da serra e de voz de trovão
fora do vulgar preparava-se nesse ano para ir lidar para o Brazil com os patricios
que o antecederam e que de vêz em quando mandavam às famílias uns
tantos mil reis, produtos das suas economias e fruto do seu aspero trabalho naquelas
paragens.
Seus pais eram o "ti" Braz e "tia" Guitéria, que ambos de
cor de centeio com que diariamente se alimentavam, em conversa íntima diziam
o primeiro à companheira:-Temos de mandar o rapaz lá para os Brazis,
donde mandam tanto dinheiro os que por lá navegam, aquilo parece que é
bom e tú bem vês a vestia com que se apresenta o Toino do Reboleiro, que
chegou um dia destes e que por cá andava sempre à mira, como estão
para ir o Chico do Vinhô, o Zé Direito e o Alturas, que são nossos
primos, o rapaz com eles vai bem, pode ser feliz e ir mandando dinheiro para vivermos
melhor o resto da vida.
A "tia" Guitéria que nunca se oponha à vontade do marido, levou
a ponta do mandil aos olhos a enxugar traiçoeira lágrima, respondeu que
sim, pois ela sabia que o rapaz era tão esperto que ainda à pouco tempo
tinha conseguido vender por um pataco a pele de ovelha que os lobos mataram enquanto
os outros as venderam a trinta reis. Como naquele dia em que teve de descer a serra
para vêr o pai atacado de maleiras, o seu parente e companheiro Chico do Vinhô
como ele se demorasse de mais chegou às assomadas da Penha do Gato e brada-lhe
de lá:-Ó Janeiro já cosi as batatas e já fervi o leite:-Queres
que migue do teu pão ou do meu ?.. Olha não se ouve cá nada, mas
miga do teu.
Bem dizia a "tia" Giutéria que o seu filho era mesmo esperto e muito
capaz de arranjar fortuna lá pelos Brazis, mas que o seu coração
lhe dizia que iria ter muitas saudades dele, não tinha a menor dúvida
já chorando por todo o lado essa saudade.
Feitos os preparativos da viagem, primeiro consistia pedir empréstimo, à
confiança, umas tantas moedas (moeda em ouro do valor de 4.800 reis) e como
nesse tempo a consciência e honradez valiam mais do que as letras e escrituras
de hipotécas, não foi dificil ao "ti" Braz conseguir o respectivo
empréstimo.
O Zé Janeiro mandou logo fazer uns buseguins (botas de cano) já sem a
grossa brôcha que usava na serra, a vestia e bragas de briche, enquanto sua mãe
lhe arranjava o bragal (roupa branca de grosseiro linho, fiado em família nos
serões do inverno) tudo isto a pobre mãe arrumava com todo o cuidado
na arca de pinho.
No dia 12 de Abril de 1841 vespera da saída despediu-se dos parentes, dos amigos
e da Maria Feia, que mais tarde se Nosso Senhor lhe desse sorte seria a eleita do seu
coração. Vai à Igreja e ajoelha diante do sacrário e mais
do que nunca percebe que fala com Alguém que bondosamente o escuta, esse Alguém
que ele sempre saudava tirando respeitosamente a carapuça quando do cimo da
serra avistava a igreja. O Zé Janeiro que nunca chorara com medo dos lobos ou
do frio lá na serra, derrama agora sentidas lágrimas já de saudade
instintivamente leva a mão ao bolso das bragas com receio de pela primeira vêz
se ter esquecido do terço que sua mãe lhe recomendava todos os dias ao
sair para o gado.
Chega o momento da partida com a casa já cheia de parentes e amigos que vêm
dar o último adeus, ajoelha mais uma vêz debulhado em lágrimas
junto a sua mãe e beija respeitosamente as calosas mãos de seu pai, aperta
a mão a todos os presentes, entre os quais está a Maria Feia e lá
segue a caravana dos quatro a pé que partiam a caminho da Portela do Arão,
onde param para com um olhar de tristeza darem o último adeus às serras
tão suas conhecidas.
Na sua casa as pessoas ficam por algum tempo, antes de seguirem para os trabalhos de
todos os dias, rezando "pelos que andam sobre as àguas do mar" como
sempre todas as famílias rezavam ao terminar a ceia.
Depois da grande caminhada pelos caminhos dos montes e pinhais, chegam à Venda
de Galizes, local onde tomavam a diligência de transporte, que levava 6 passageiros
dentro e 3 na boleia, viagem até Coimbra que levava três dias, as paragens
era para as refeições do viajantes e eram feitas nas locandas das catraias
onde istintamente todos comiam, desde homens honrados e sérios como assassinos
e salteadores.
Ao fim de três dias chegaram a Coinbra e depois de um dia de descanso era iniciada
a viagem para Lisboa, agora numa diligência maior e melhor chamada "mala-posta"
que levava 14 passageiros. O nosso Zé Janeiro, porque ia um pouco mais à
larga e porque os solavancos do veículo eram menos violentos e ainda por ter
comido pouco tempo antes começou a cabecear e por fim adormeceu e sonhou com
a pobre mãe limpando as sentidas lágrimas à ponta do mandil e
com a Maria Feia que só era feia no nome e que no último adeus lhe dissera:
-Vai que sempre te esperarei.
Depois de mais 6 dias desta viagem chegam finalmente a Lisboa e já ia entretanto
em cerca de 15 dias desde que tinham saído de Loriga, como só tinham
que pagar a passagem, pois nessa altura ainda não havia passaportes, mesmo ninguém
lhes perguntava se tinham roubado ou matado e a vida militar era só para parvos
que não fugiam para a serra, quando de surpresa chegava à aldeia um tenente
das milicias acompanhado de meia dúzia de subalternos, que aprisionavam e levavam
para o quartel todos os rapazes que viam de boa côr de altura regular e a transbordar
de boa saúde.
Ainda nessse dia da chegada a Lisboa o Zé Janeiro e os seus conterraneos, levaram
as bagagens ao cais, pagaram a respectiva passagem, souberam do dia e da hora da saída
do navio e foram-se instalar numa velha taberna e ao mesmo tempo modesta pensão,
esperando pelo dia da partida. Para passar o tempo, os quatro, iam passeando pelas
ruas circundantes sempre olhando e dmirando as casas, dentro da simplicidade de habitantes
de pequena povoação, mas tudo parecia os aborrecer e só aspiravam
entrar no navio que os levavam à terra de maravilha, a cidade de Belém.
No dia 28 de Abril, dia aprazado da partida e depois de pagaram as despesas da hospedagem
lá estavam no cais cheios de curiosidade para vêr o navio e de bilhetes
na mão esperando a ordem de embarque. No cais lá estava o navio "Senhora
de Nazareth" tão cheio de cardame que pendia dos mastros que mais parecia
teia de aranha gigante, este navio levava 30 passageiros, não porque não
podesse levar mais, mas porque era preciso levar boa carga de mantimentos, pois a viagem
tanto poderia ser de um mês como de seis ou até nove meses, conforme o
vento fosse de boa ou má feição.
Já no navio o Zé Janeiro e os companheiros depois de entregarem o bilhete
e lhes indicarem o local que lhes era indicado a tudo assistiam embasbacados ao verem
subir o mastro acima um homen para o cesto da gavea grande e de seguida ouviram o sino
a dar cinco badaladas, era comamdante com tal sinal dava ordens aos arrais para içaram
as velas apropriadas e não tardou muito que o navio ficasse enfeitado com as
velas indicadas, de seguida o comandante e tripulação voltam ao cais
para se despedirem da família e dos amigos e estes dizem: A nossa Senhora de
Nazareht vos leve e traiga com bem, ao quais respondem Deus e Nossa Senhora assim o
permitem. Feitas estas despediadas e com os olhos mareijados de lágrimas voltam
aos seus lugares soam as últimas badaladas, é içada a ancora,
são desamarradas as cordas que prende o navio ao cais e os arrais já
agarrados ao leme vão fazendo as necessárias manobras para descolar e
a pouco e pouco vêm desligar-se o navio do cais que lá vai seguindo em
direcção ao oceano: Que Nossa Senhora vos leve com bem, vão repetindo
ainda os que ficaram no cais e vão rezando pelos que andam sobre as àguas
do mar.
Logo que o "Senhora de Nazareth" entrou no oceano o comandante tocou novamente
a sineta de novo dá ordens aos arrais, porque o navio toma a direcção
do sul e o vento é de melhor feição, as ordens vão sendo
dadas: giba, sobre da proa, sobre grande, joanete de proa, joanete grande, vela grande
etc. O navio que era de três mastros dá a impressão de grande gaivota
de asas estendidas voando para o alto e o Zé Janeiras pensa quantas vezes terá
de ouvir a já conhecida vóz a dar as ordens apesar de só à
pouco a ter começado a ouvir.
De seguida foi destribuido pelos passageiros uns utensilios de que tinham de se servir
até Belem no Brasil e que eram: uma colher, um prato e um copo de lata, que
pena pensaria o Zé Janeiro não ter trazido a sua cucharra que sempre
era melhor do que aquele badalo de chocalho.
Nova chamada dos passageiros, era uma campainha que sôa de popa à proa
anunciando a hora da ceia e os emigrantes ficam a entender que a bordo só duas
vozes se fazem ouvir, os arrais a dar ordens aos marítimos e o comandante a
dar ordens aos arrais.
Munidos dos utensilios que lhes haviam destribuido os emigrantes lá vão
na direcção da cozinha, enquanto o cozinheiro lhes media o apetite pelo
tamanho da concha que trazia e lançava em cada prato que mal podiam segurar
pelo demasiado calor do conteudo, um dos ajudantes lançava um naco de carne
no mesmo prato e um outro ajudante lhes dava um pão.
Porque o mar estava calmo cada um logo que estava servido embora cambaleando devido
aos balanços do navio, retirava-se para qualquer canto onde podesse sentar-se
a comer a primeira sopa de emigrado e porque todos estavam com fome, muitos entenderam
que era pequena a ração que lhes fora destribuida.
O Zé Janeiro foi dos primeiros a estender-se na enxerga para dormir, porque
se sentia mal disposto por motivo de enjoo e dizia ele que lhe andava a cabeça
as voltas, mas uma surpresa o esperava no lusco-fusco do porão deparou com uns
vizinhos do lado apenas separados por um tapume de grossas pranchas e que eram uns
dez corpulentes bois ou vacas para serem abatidos durante a viagem. Não teve
tempo de voltar a sonhar com a Maria Feia, porque nem sequer conseguiu dormir por causa
dos barulhentos vomitos provenientes do enjoo que chegavam mesmo a espantar os vizinhos
animais.
Levantou-se já alto ia o dia e lá foi como pode até ao andar de
cima e aspirar o ar fresco do mar que decerto lhe fez bem, porque acabou com os enjoos
e lhe trouxe a vontade do almoço e com ansiedade bem esperou a hora de ouvir
a campainha anunciando a refeição.
Até às àguas da ilha da Madeira tudo foi bem sem casos dignos
de mençao, mas quando já viam a ilha o navio dá-lhe para mudar
a carangueijo e como se alguma coisa lhe tivesse esquecido em Lisboa começa
a andar para trás sem que a tripulação, pela forte ventania que
soprava da ilha, podesse arrear as velas. Isto constituia tão sério perigo
que os passageiros foram mandados recolher aos porões e encerrar a escotilha,
estes cheios de medo devido ao barulho das àguas que batiam no costado rezavam
fervorosamente à Nossa Senhora de Nazareth que lhes valesse nesta tão
grande aflição
Ao fim de 18 dias do embarque aportavam na Ilha da Madeira são e salvos, tendo
entretanto sido feitas 560 milhas aproximadamente. Na ilha da Madeira demorou o navio
5 dias a meter àgua doce, mantimentos e o mais que viriam a precisar na longa
viagem até à cidade de Belem. Aportaram ainda em S.Vicente de Cabo Verde,
mas só para passarem rigorosa revista às diversas escotas, vergas, mastareus
etc., porque a viagem era longa e o mar tantas e tantas vezes se encapelava ao passarem
em frente da Serra Leoa, pois já estavam habituados a tomar todas as preocupações
que a experiência lhes aconselhava a verificar se tudo estava nas devidas condições,
depois de tudo verificado os passageiros confiantes na devina providência lá
sentiram o navio seguir na direcção sudoeste com vento favorável
Os serranos quase esquecidos dos sustos que tiveram ao chegar à ilha da Madeira,
já mais pareciam homens do mar de que homens da serra, mesmo até já
nem enjoavam, porque o mar também continuava calmo e por isso se sentiam bem.
No entanto passavam horas inteiras a olhar para o mar, sem exprimirem uma palavra de
admiração ou de aborrecimento pela vestidão do oceano, mas apenas
pensando nas suas famílias já distantes, nas ovelhas, nos lobos que tantas
vezes os arreliaram.
Poucos dias depois os quatro Loriguenses deixaram de ser bisonhos para se tornarem
alegres e comunicativos e com as suas anedotas e feitos heroicos faziam rir os companheiros
de viagem. O Zé Janeiro nem se quer esqueceu de contar a do vozeirão
que quase fez tremer a Penha do Gato, nem as correrias que obrigou a dar a alcateias
de lobos, que pretendiam arrebatar-lhe alguma das ovelhas.
Era ainda ele que todos os dias depois da ceia pegava no terço, que sua mãe
tanto lhe recomendara, rezando em comum com todos os passageiros da viagem, a que se
associavam tambem os maritimos que estavam de folga, ao romper do sol tambem se não
esquecia em voz alta de rezar o Padre Nosso ao nascimento do Menino Jesus, pedindo
a Sua vinda a todos os corações, por tudo isto podemos concluir que maritimos
e passageiros eram uma família, cuja a habitação era o navio "Senhora
de Nazareht".
Já passava de três meses que tinham saido da ilha da Madeira, mas nenhum
tinha a curiosidade de perguntar a qualquer maritimo se a viagem ainda demorava muito,
o que mostra que os nossos serranos já nem se lembravam das ovelhas que tinham
deixado. Foi o contra-mestre do navio, uma figura apagada de que só agora damos
conta, que expontaneamente disse a um pequeno grupo de passageiros: Se não houver
contra tempo, daqui a três dias devemos estar em Belem.
Tal notícia em poucos momentos era conhecida por todos, que exultavam de alegria
por irem pisar terras do Brazil e sentiam ao mesmo tempo saudade da boa camaradagem
em que viajaram parecendo até já nem acharem saborosas as refeições
de bordo.
A ansiedade de abraçarem patricios e parentes que já lá moirejavam,
fazia-os passar tempo sem fim a olhar o mar na direcção da rota que o
navio seguia, ainda mesmo sem verem terra, já pressentiam próximo o fim
da viagem, o aparecimento lá longe das mensageiras de terra próxima,
as gaivotas, tinham a certeza de para breve verem terra.
Tal como o contra-mestre tinha anunciado no dia seguinte e logo pela manhã começaram
a divisar terra na linha do horizonto, que mais parecia ao princípio simples
negrume de neblina e que a pouco e pouco se foi contornando tomando relevo, até
que finalmente divisaram o primeiro agregado populacional, era Soure, já na
foz do Tocantins e no fim de mais dois dias a almejada cidade de Belem, que de futuro
passava a ser a sua terra.
Desembarcaram depois do meio-dia no dia 31 de Agosto, tendo gasto em toda a viagem
desde a sua saida de Loriga, quatro meses e seis dias e mesmo assim foi das viagens
mais rápidas que se fizeram por esses tempos.
Ao desembarcarem lá estavam no cais à espera destes novos emigrados,
não só conterrâneos loriguenses que já por alí trabalhavam,
mas tantos de outras terras que esperavam também patricios. Foi uma decepção!..
Os quatros loriguenses que chegavam apesar do enjoo, dos balanços do navio e
dos quatro meses de viagem, se tivessem dinheiro e meio de transporte de boa vontade
tudo esqueceriam e voltariam à terra onde nasceram, ao depararem com seus conterraneos,
parentes e amigos, completamente nús até à cintura com uma tanga
que lhes cobria o corpo até aos joelhos e a servir-lhes de sapatos uns pedaços
de pau que seguravam com estreitas tiras de cabedal, e porque o calor era insuportável
um farrapo de sarapilheira que lhes servia de chapéu e ao mesmo tempo de rodilha
para carregarem volumes à cabeça e para complemento de tão extravagante
indumentaria a grosseira corda de esparto, com que atavam os volumes que tinham de
transportar às costas.
Pareciam nativos pela côr bronzeada por efeitos do sol ardente que diariamente
suportavam e ainda pelo calão que empregavam nas conversas, ao ponto de os recem-chegados
se convencerem que estavam a falar com mestiços e não com conterrâneos.
Só uma coisa lhes dizia que eram seus patricios pelo facto da ansiedade de saber
notícias da familia e da terra.
Aos quatro Loriguenses acabados de chegar nunca lhes havia passado pela imaginaçao,
que fosse tão negro o pão dos emigrantes. Supunham encontrar os patricios
vestidos de ternos de fazenda muito superior à saragoça usada na sua
terra, de botas engraxadas e em vêz da carapuça tão precisa para
proteger as orelhas do frio da serra, que vinham encontrar usando os inteiriçados
palhinhas com que se apresentavam em Loriga.
Mas ou fosse por prudência ou pelas lições aprendidas nos quatro
meses de viagem, certo é, que não deram a conhecer a desagradável
surpreza que tiveram neste primeiro encontro e lá se dirigiram com os patricios
para a estância (barracão de madeira onde viviam numerosos emigrados de
qualquer terra e nacionalidade, com cozinha em comum e em cuja dependência mais
ampla à noite armavam redes de dormir) era ali que muitos loriguenses residiam
e ao anoitecer primaram em fazer uma ceia de festa aos patricios agora chegados.
Pouco tempo depois começaram a afluir à estância outros loriguenses,
que viviam noutras estâncias, àvidos de saber noticias das famílias,
da terra e de tudo quanto interessa a quem vive distante do meio em que se criou, era
um nunca acabar de perguntas a que o Zé Janeiro e companheiros tinham que responder,
era já alta a noite e ainda não tinham terminado a ceia, tantas vezes
interrompida por muitos outros pressurosos conterraneos que continuavam a chegar alí
para abraçar os novos companheiros e dar-lhes as boas vindas.
Terminou por fim a tão prolongada refeição, tendo-se retirado
o último patricio que alí não pernoitava, estenderam as redes,
procuraram conciliar o sono que muito custou a vir, principalmente aos recem-chegados
pelas impressões tão desagradáveis que tiveram.
Ao romper do dia lá foram quase todos para os pontos onde costumavam ganhar
o pão de cada dia: "O ver o peso" "o largo da Polvora" "O
São Raimundo" "o largo da Sé" e outros lugares, onde era
quase certo haver trabalho, enquanto três dos patricios ficaram a fazer companhia
aos chegados e a industria-los na arte de ganhar dinheiro.
No fim de três dias já os quatro recem-chegados tinham adquirido a farpela
que tanto os conternou no momento da chegada e ei-los transformados em autenticos caipiras,
aqueles que quatro meses antes eram verdadeiros serranos.
Entregues às novas ocupações os humildos e arrojados filhos de
Loriga, que arrostando com inumeras dificuldades de toda a ordem, tornaram conhecida
a nossa terra pela sua dedicação ao trabalhos e pelo amor à familia,
foram subindo gradualmente na vida e ao mesmo tempo evoluindo em todos os aspectos
sociais.
O Zé Janeiro que à mercê de Deus por esse mundo da emigração
foi vivendo a vida num mundo em grande evolução, supera tudo e todas
as dificuldades, torna-se próspero e reconhecido comerciante e nesta história
da emigração foi pois um vencedor…..
* (História narrada nos escritos de memória
do Sr.Padre Lages) (1951)
(Mereceu alguns dados rectificados sobre tema de algum
arranjo à escrita actual) |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
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- Viriato (180 a.C. -
139 a.C.) -
"Herói do povo Lusitano" (I) * |
Foi um dos líderes
da tribo lusitana que confrontou os romanos na Peninsula Iberica. Ele foi traído
por um punhado de seguidores por dinheiro. Contudo, depois de Viriato morrer, os seus
seguidores foram mortos ou escravizados.
Viriato, um pastor e caçador nos altos montes da Lusitânia, actual Serra
da Estrela,de onde era natural (de Loriga), foi eleito chefe dos lusitanos. Depois
de defender vitoriosamente as suas montanhas, Viriato lançou-se decididamente
numa guerra ofensiva. Entra triunfante na Hispânia Citerior, (divisão
romana da Península Ibérica em duas províncias, Citerior e Ulterior,
separadas por uma linha perpendicular ao rio Ebro e que passava pelo saltus Castulonensis
(a actual Sierra Morena, em Espanha), e lança contribuições sobre
as cidades que reconhecem o governo de Roma.
Em 147 a.C. opõe-se à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio
que os teria cercado no vale de Betis, na Turdetânia. Mais tarde derrotaria os
romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície de Guadalquivir da costa
marítima da Andaluzia, onde viria a matar o próprio Vetílio. Mais
tarde, nova vitória contra as forças de Caio Pláucio, tomando
Segóbriga e as forças de Cláudio Unimano que, em 146 a.C. era
o governador da Hispânia Citerior. No ano seguinte as tropas de Viriato voltam
a derrotar os romanos comandados por Caio Nígidio.
Ainda nesse ano, Fábio Máximo, irmão de Cipião o Africano,
é nomeado cônsul da Hispânia Citerior e encarregado da campanha
contra Viriato sendo-lhe, para isso, fornecidas duas legiões. Após algumas
derrotas, Viriato consegue recuperar e, em 143 a.C. volta a derrotar os romanos, empurrando-os
para Córdova. Ao mesmo tempo, as tropas celtibéricas revoltavam-se contra
os romanos iniciando uma luta que só terminaria por volta de 133 a.C. com a
queda de Numância.
Em 140 a.C. Viriato inflinge uma derrota decisiva a Fábio Máximo Servilliano,
novo cônsul, onde morreram em combate cerca de 3000 romanos. Servilliano consegue
manter a vida oferecendo promessas e garantias da autonomia dos Lusitanos e Viriato
decide não o matar. Ao chegar a Roma a notícia desse tratado, foi considerado
humilhante para a imponência romana e o Senado volta atrás, declarando
guerra contra os Lusitanos. Assim, Roma envia novo general, Servílio Cipião
que tinha o apoio das tropas de Popílio Lenas. Este renova os combates com Viriato,
já enfraquecido das lutas e preparando a paz, e força-o a pedir uma nova
paz, obrigando-o a entregar alguns companheiros, como Astolpas, seu sogro (também
conhecido por A.C.). Envia, neste processo, três comissários de sua confiança,
Audas, Ditalco e Minuros. Cipião recorreu ao suborno dos companheiros de Viriato,
que assassinaram o grande chefe enquanto dormia.
Após o seu assassinato, Decius Junius Brutus pôde marchar para o nordeste
da península, atravessando o rio Douro subjugando a Galiza. Júlio César
ainda governou o território (agora Galécia) durante algum tempo.
* LSE PT [lse_pt@yahoo.com] |
Nota: - Viriato o herói
Lusitano
Tendo em conta ter de certa
maneira relevante dizer-se que Viriato, o herói Lusitano, nasceu em Loriga,
como certos escritos indicam, temos de considerar isso de menos importante, que apesar
de tudo e no fundo nada se saber em concreto do local exacto do seu nascimento.
No entanto, tem os loriguenses razões
para considerar Viriato como um seu antepassado conterrâneo, independente de
ter sido um herói. Se outras terras reclamam para si o local de nascimento do
herói Lusitano, porque não Loriga também reclamar para si o local
do seu nascimento, que como tudo indica continua a ser um mito apenas se sabendo que
o local de nascimento de Viriato foi nos Montes Hermínios, como assim se chamava
toda a região hoje Serra da Estrela.
De qualquer das formas, vamos pois continuar com a convicção que o chefe
lusitano Viriato nasceu em Loriga, na mesma convicção que outras localidades
bem conhecidas consideram que foi nelas que nasceu Viriato. |
(Registado aqui - Ano de 2008) |
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